Pov
Luna não conseguia tirar da cabeça, tudo de estranho que estava acontecendo com ela, naquele momento. Era como se o mundo ao seu redor tinha parado de girar da forma correta. Ela não entendia nada do que estava acontecendo. As luzes piscando, a raiva que sentiu naquele momento e como tudo foi embora, quando ela se acalmou. Sem falar na figura que apareceu, durante o banho. O que era aquilo? Não dá para acreditar que estou alucinando. Que adquiri a esquizofrenia da minha avó. Sim, todos sempre diziam que Anastácia, avó materna de Luna, que ela era louca. Que via coisas que não existiam, para justificar as bizarrices que ela dizia, mesmo que muitos da família soubessem da habilidade de vidência da mulher. Elisa sabia da verdade, e rezou para aquele "mal" não a alcançasse, contudo, seu medo se estendia para Luna. O que a mulher não sabia era que seu medo estava se tornando real, só que Luna não fazia ideia da herança familiar, e acreditava estar louca. Quando o motorista lhe deixou na porta da escola, ela ainda estava presa em seus pensamentos mais sombrios, tentando entender o que estava acontecendo com a sua cabeça. Com seu fone de ouvido, tocando uma melodia melancólica, algo que amava, ela adentrou o saguão, com seus livros na mão, até que foi atingida por um enorme corpo, musculoso, que a fez derrubar tudo o que segurava. Ela tombou para frente, quase caindo, então, ao se equilibrar e levantar os olhos, viu Adrian, também estava distraído, só que ele, por sua vez, não parecia arrependido por ter esbarrado na garota. - Garota, você é cega? – Ele disse, ríspido. - Você quem esbarrou em mim. – Luna tirou os fones e o encarou, com seus olhos pegando fogo. Os dois se encararam por um tempo. Adrian viu algo no fundo daqueles olhos verdes, que o deixou encantados. A raiva era o de menos, ele gostou de provocar a garota. Ele a achava estranha, com o nariz arrebitado que não a fazia recuar ou teme-lo, muito diferente da maioria ali. - Você quem apareceu na minha frente. – Desviou dos olhos de fogo, pois achou que Luna estava tentando ler seus pensamentos, e ele não manteria aquela banca toda, se ela descobrisse que ele sentia um certo agrado por ela. – Deveria ter mais cuidado. Ela riu, de deboche. Adrian cerrou os olhos. - Desculpa, senhor gostosão – Foi uma ironia. Tanto que ele pareceu confuso. Era a primeira vez que alguém ousava fazer isso perto dele. – Você é o dono de tudo isso, de cada metro quadrado, por isso ninguém pode estar na sua frente, mas tenho uma péssima notícia para lhe dar – Luna não percebeu que estava se aproximando dele, o encarando bem de perto. Perto o bastante para sentir sua respiração quente. – Não sou como esses idiotas que veneram você. – Adrian não estava tão irritado, como achou que ficaria, ao ser desafiado por alguém. – É um garoto mimado que tem tudo nas mãos, contudo, saiba que eu não vou baixar a cabeça para um babaca como você, senhor Bolton. O tempo ficou mais lento quando ele sorriu. Ela encarou aqueles lábios grossos e sexy, quando ele o fez. Ficou tão encantada que esqueceu onde estava. Até que Mary Ann chegou, os libertando daquele momento. - Luna – Ela disse, parecendo envergonhada. Quando A garota olhou em volta, todos os alunos os encaravam, curiosos, impressionados e surpresos. Ela sentiu uma pontada de desespero, contudo, se recompôs e se afastou dele. - Tenha um péssimo dia, Adrian. – Falou, antes de se agachar e pegar suas coisas, saindo dali. Ao subir as escadas, os olhares dos curiosos ainda estavam nela. Algo que a garota odiou. Mary correu atrás dela, a fazendo companha. Por dentro, a garota estava orgulhosa da nova amiga. Ninguém nunca fez algo parecido, com Adrian. As pessoas ali tinham receio, ou medo, de enfrenta-lo. Sua família era muito influente, consequentemente, ele também era. - Luna – Correu, para ficar mais perto da colega. – Você peitou Adrian Bolton. Luna revirou os olhos, ao chegar em seu armário, e disse: - E daí? - Ele é Adrian Bolton. – Mary se encostou aos armários, ao lado do dela, e viajou em seus pensamentos. – Todo mundo aqui venera ele. - Todo mundo menos eu. – Apontou. – Não acho que as pessoas o veneram. – Curiosamente, Adrian apontou no corredor. O clima ainda estava quente, os alunos estavam fervorosos, cochichando. Luna, novamente, o encarou. Dessa vez, traduzindo todo o seu ódio naquele olhar, assim como ele, que fez questão de não tirar os olhos dela. Mesmo que seus colegas de time, brincavam sobre o assunto, ao seu lado. – Acho que eles têm medo dele. Adrian Bolton é um idiota. Adrian, com sua audição aguçada, ouvia o que ela estava falando, assim como os batimentos do seu coração, que aceleravam com a aproximação dele. O garoto deu um sorriso orgulhoso. Descobriu que, realmente, Luna ficava nervosa com a presença dele. La embaixo, ele achou que era o calor do momento, contudo, apesar do clima ainda estar quente, ela deixou escapar esse segredo. Outra coisa que ele sentia era o seu perfume. Sutil. Ela parecia odiar cheios fortes, isso era bom, pois Adrian também tinha o olfato apurado e seria desagradável estar perto dela, assim como as outras garotas. - Ai cara – Os colegas, idiotas, dele, o empurraram, chamando a sua atenção. – A garota peitou você, e deixou, como um cachorrinho adestrado. A piada desagradou a Adrian. Analogia assim o deixava furioso, mesmo que os babacas não soubessem o porquê. Adrian encarou o garoto, que ria da piada, sem reparar no amigo, e quando fez, encontrou os olhos castanhos, escuros, cerrados, emitindo uma raiva fora do comum, que o deixou realmente amedrontado. - O que você disse? – Adrian era volátil. Muito disso se devia a sua origem. Ainda mais tão perto da lua cheia, perto da sua transformação completa. – Repita! - Cara, foi só uma piada. – Explicou. - Se fizer outra, arranco a sua língua. – Avisou, batendo no armário, o que fez um enorme barulho. Até amaçou um pouco. Todos no corredor viram. Inclusive Luna. Adrian saiu dali, ainda muito chateado. Ele gostou da emoção de ser desafiado. Isso o deixaria excitado, mas ser chacota, não.LunaConfesso que passei muito tempo presa nas lembranças dos momentos em que adentrei este colégio, hoje pela manhã. Parece que minha vida estava virando de ponta a cabeça e eu não tinha controle nenhum sobre ela. Eu estava chateada com tudo, com os meus pais e comigo mesma. Então, do nada, Adrian esbarra em mim e eu esqueço de tudo ao nosso redor.Tive vergonha de mim mesma quando percebi que estava discutindo com o nosso garotinho preferido do colégio, na frente de todo mundo. Ainda mais daquela forma, daquele jeito e sentindo aquelas coisas que eu jamais senti. Aquela emoção. Minha vida era rodeada de coisas fúteis. De momentos nos quais eu não fazia ideia que iria guardar na memória, de tão banais que eram. Então, Adrian apareceu em minha frente e tudo simplesmente acabou como mágica. Quando pisquei os olhos, eu estava no meio do colégio, discutindo com ele. E quando fui embora, eu queria voltar para aquele momento.Era louco. Eu mal prestei atenção nas aulas de química, mesmo
AdrianLuna Vargas. Nunca a vi, nem ouvi falar, mas essa garota chegou em minha vida para mudar o rumo das coisas. Bem em um momento complicado, no qual tenho que abdicar de tudo o que mais gosto.Meu caso com a professora de química não é romântico. Nunca me envolvo com alguém, esperando despertar sentimentos. É apenas uma diversão, pois as garotas da minha idade não fazem ideia de como satisfazer um cara.Ser pego por Luna, no mesmo dia em que tivemos uma briga acalorada, na frente do colégio todo, foi uma péssima surpresa. Ela claramente me odeia, mesmo sentindo uma atração, que devo confessar que me impressiona, e se essa história chegar aos ouvidos, muito bem apurados, do meu pai, as coisas podem piorar, para o meu lado.Meu pai não é um cara ruim, ele só é muito exigente, controlador, e odeia ser contrariado. Coisa que adoro fazer. Contudo, ser o líder da alcateia significa muito, muitas responsabilidades, e se eu pisar fora da linha, ele, com certeza, irá me punir.Não já basta
A noite estava sombria, e Luna só queria respirar o ar fresco. Ela sentia que havia alguma coisa errada. Seus pensamentos estavam longe, em um garoto no qual ela dizia odiar, mas que por dentro ela sentia curiosidade e desejo. Não sabia quanto tempo ficou naquela janela, pensando em tudo o que aconteceu, na conversa que os dois tiveram em um determinado momento. Acreditou que Adrian estava ali, observando no meio dos arbustos e das árvores enormes.Com um calafrio, ela entrou, fechou a janela, sentou em sua cama e pensou no que iria fazer em seguida. Aquela cidade trouxe para ela muitas dúvidas e surpresas, na qual ela não sabia se era agradável ou não. Luna respirou fundo, decidiu que era hora de dormir. Se colocou entre as cobertas, desligou o abajur e fechou os olhos, mas o sono demorou a vir. Na verdade, quando ela finalmente conseguiu adormecer, foi sequestrada pelos seus sonhos, ou melhor dizendo, pesadelos, que a atormentavam a todo o momento. E dessa vez, parecia ainda mai
Essa noite foi muito estranha para Luna. Parecia que ela estava em um sonho no qual nunca acordava. Ela jamais acordava. Mesmo fechando os olhos, espremendo e pensando muito, muito mesmo em acordar. Quando saiu para o colégio, ela não fazia ideia do que iria acontecer neste dia de lua cheia. Estava tão presa em seus pensamentos que ela simplesmente esqueceu de tudo. Apenas lembrando daquele sonho, ou daquele plano no qual ela transitava entre os vivos e os mortos. Assim como sua avó havia dito. Uma maldição?Ela repetiu em sua cabeça. As pessoas que aqui estão?Ela não entendeu. Não deu muito tempo. Quando achou que teria respostas, foi trazida de volta, sem saber o final da história. Ela tinha que entender melhor tudo que estava acontecendo, ou simplesmente, como sua mãe mesmo disse, sua avó era louca e Luna estava seguindo seus passos, mesmo não querendo. Notando que estava há muito tempo distraída, ela piscou os olhos, balançou a cabeça, virou o fundo e tentou prestar atenção
Adrian estava furioso por ter que ficar preso, como um cachorro feroz, mas sabia que era necessário. Ele tinha que admitir que não conseguia se controlar, ainda mais em um dia como esse.Ele passou o café todo, pensando em como fugir daquela jaula, contudo, não faria isso. Tinha medo de si mesmo.Talvez, ele pensou, todos tinham razão. Ele não conseguia se controlar. Deveria, já que muitos dos novatos, aprendem a fazer isso já nos primeiros meses, antes da transformação total.- Está com raiva, novamente. – a voz da sua mãe era como um calmante natural. Ele a encarou, com um sorriso. Se culpava por dar tanto trabalho. – Não precisa se preocupar. Vai aprender a controlar.- Acho que estou quebrado. – Comentou, encarando o chão. Adrian se martirizava. Era o único que estava dando tanto trabalho. – Eu já deveria ter aprendido a me controlar.A mulher acariciou seus cabelos, escuros como a noite, o trazendo para a realidade. Adrian amava a sua mãe. Ela era carinhosa, tinha uma paciência i
Quando Luna chegou em casa, ela subiu as escadas e tudo estava muito silencioso. Provavelmente seu pai ainda não chegou do trabalho e sua mãe estava escondida em algum lugar dentro desta enorme mansão.Ela cautelosamente subiu as escadas e ao passar no corredor, viu uma porta aberta. Ela entrou e descobriu a sua mãe sentada no chão, com algumas caixas em volta. Ela olhou tudo aquilo e não conseguiu entender a caixa específica em que ele estava mexendo. Então, se aproximou cautelosamente, no qual sua mãe levou um susto ao perceber sua presença.— Pelo amor de Deus, você quer me matar de susto? — Elisa levou as mãos ao seu peito, fazendo a garota rir. — Por que está chegando assim?— Fiquei curiosa. — Se aproximou mais, vendo o conteúdo da caixa. Tinha coisas velhas, porta retrato. Logo que viu a imagem da sua avó, Luna sentiu um arrepio. A levou, novamente, para a noite passada. O sonho sinistro. — São coisas da vovó?Elisabete fez que sim. Ela não estava em um bom dia. Havia momentos
Luna sabia que não era uma boa ideia esperar todos dormirem, apagarem as luzes para que ela se levantasse, vestisse uma roupa de frio, pegasse o celular e fugisse pela janela.Óbvio que era uma péssima ideia. Já estava tarde da noite e o vento que era trazido lhe dizia que as coisas só iam piorar. Assim que ela pôs os pés fora de casa, desceu cuidadosamente e adentrou os grandes arbustos e troncos de árvores.Sabia que não tinha uma volta e que algo muito estranho e ruim poderia acontecer com ela. Então, como não tinha como voltar, pois sua coragem e curiosidade estavam maior do que a razão pela qual deveria voltar, e se manter segura dentro de casa, ela continuou. Ligou a lanterna do celular e resolveu andar. Bem, para onde ela iria? Não conhece nada ali. Não conhece os caminhos. Poderia se perder. Mas, o instinto dentro dela começou a guiá-la. Ela não conhecia ao mesmo tempo. Conhecia cada passo, cada árvore.E foi isso que a guiou, adentrando o escuro, ouvindo os animais que ali v
Luna Ainda não tive coragem de abrir o livro e ler o que tinha dentro dele. Quando voltei para casa na noite anterior, eu o escondi em um lugar seguro, onde sei que minha mãe nem meu pai conseguiriam encontrar. A noite de lua cheia, assim como a minha vó havia dito, foi uma surpresa e reveladora. Descoberta. Adrian simplesmente fugiu. A minha pergunta foi bem certeira, e mesmo que eu tivesse dúvidas naquele momento, foi selada. Com certeza ele era a pessoa a que minha vó atribuía o meu destino. Significava que nós dois estávamos ligados em algum ponto? Isso justificava tanta emoção e a raiva que sentíamos um pelo outro? Bem, eu não sei. Mas tenho certeza de que depois da noite passada, eu não o odiava tanto. Não faço ideia, já que ele ainda é o mesmo idiota de antes. Mas dessa vez parecia que eu entendia isso. E na noite passada eu senti que ele estava me protegendo de alguma coisa.Não faço ideia de como resolver todo esse problema. Eu tinha apenas 17 anos. Como posso lidar com o