capítulo 6

Luna chegou em casa exausta depois de um longo dia no novo colégio. Quando a porta do carro de luxo, que fora buscá-la no colégio, se abriu, ela saiu rapidamente, bufando. Ser a aluna nova estava sendo cansativo, e aquele era apenas seu primeiro dia. Ela olhou para a fachada elegante da mansão da família e ficou ali parada, pensando em como iria suportar viver naquela cidade nova, sem ninguém que se importasse com ela ou com o que sentia.

Parede que se passou dias, mas esse é só o primeiro dia. Como vou suportar passar mais tempo nesse lugar? 

Nessa cidade, sentindo que alguma coisa em mim, está errada?

A fachada da mansão era impressionante, com seus altos pilares de mármore branco e um jardim bem cuidado que parecia uma obra de arte. As janelas amplas e os detalhes arquitetônicos sofisticados destacavam a grandiosidade do lugar. Luna respirou fundo e, após perceber que havia passado bastante tempo ali, decidiu entrar.

Ao passar pela porta de entrada, de madeira maciça com entalhes detalhados, Luna foi recebida por um hall de entrada amplo e iluminado. O chão de mármore brilhava impecavelmente, e um lustre de cristal pendia do teto, espalhando uma luz suave e acolhedora. As paredes eram decoradas com obras de arte modernas e discretas, combinando perfeitamente com o estilo minimalista da decoração.

Luna caminhou em direção à sala, sentindo o peso do cansaço em seus ombros. A sala era espaçosa e decorada com móveis de linhas retas e cores neutras. Um grande sofá de couro branco ocupava o centro, acompanhado por poltronas elegantes e uma mesa de centro de vidro. Nas estantes, poucos e selecionados objetos de arte e livros estavam dispostos de maneira harmoniosa. O ambiente era sofisticado, mas de uma forma que transmitia uma sensação de ordem e calma.

De repente, Luna ouviu a voz de sua mãe conversando com seu pai. Aquilo a surpreendeu, pois não esperava que seu pai estivesse em casa naquela hora. Curiosa, ela se aproximou cautelosamente e se escondeu por trás da parede, ouvindo a conversa.

- Não acho que foi uma boa ideia ter a trazido para essa cidade. - Disse a mãe, com um pouco de preocupação. - Sabe o porque minha família teve que se mudar para outra cidade.

Luna franziu o cenho, confusa e curiosa. Sua mãe falava pouco da sua família. Ela, parecia preocupada que a garota de dezessete anos descobrisse alguma coisa ruim. Bem, era o que dava a entender. 

Ela olhou, colocando um pouco do seu rosto para fora, os dois, que conversavam na cozinha. 

- Elisa, você não é como eles, e Luna também não será. - Lorenzo não parecia preocupado com a situação. Mesmo sabendo do medo que sua esposa carregava e os motivos para isso, ela só se preocupava com seu trabalho e as aparências. - São comuns. - Concluiu, pegando na mão da esposa, que não se sentiu nada confortável.

- Esse lugar desperta coisas, Lorenzo - Ela se afastou, desviando seus olhos dele, preferindo fixar em um canto da parede. - Posso nunca ter despertado isso dentro de mim, mas sinto. Desde o momento que pisei nessa cidade.

Luna arregalou os olhos. Sua mãe sentia o mesmo que ela. 

Sobre o que eles estão falando? Minha mãe também se sente mal nesse lugar? Bem, eu não faço ideia do que é, contudo, também a assusta, assim como a mim. 

Só que o meu pai não está nem ai com nada disso. Apenas pensa em seus negócios.

- É apenas uma impressão sua. - Ele novamente tenta a acalmar. - O medo faz com que nós sentimos coisas que na realidade não está acontecendo.

Isso encheu o coração de Elisa, assim como de Luna, de raiva. Ele não entendia. Nem ao menos se importava.

- Acho melhor pararmos com essa conversa - Elisabete respirou fundo e levantou a cabeça, tentando parecer determinada, só que por dentro, seu medo apenas se escondia, atrás da falsa sensação de controle. - Luna está prestes a chegar, não quero que ela nós ouça.

- Não se preocupe, querida. - Lorenzo, desejando que sua esposa s sentisse melhor, foi até ela, pegou em seus ombros e olhou no fundo dos seus olhos. - Tudo ficará bem. 

- E se não ficar?

- Farei com que fique. - Luna o achou com muita determinação e segurança. Tentou entender aquele sentimento, e novamente sentiu que estava entrando na mente de alguém. como se invadisse aquela privacidade, mesmo que ela não quisesse isso. Ela então, ouviu: ninguém vai machucar a minha família. Eu nunca permitiria. - Olha com quem se casou.

Mais duvidas. Perguntas que não seriam respondidas por eles. Então, Luna decidiu subir para seu quarto e fingir que não ouviu nada.

Luna subiu lentamente as escadas de madeira polida, sentindo cada degrau pesar sob seus pés cansados. As escadas, elegantemente curvas, eram ladeadas por um corrimão de ferro forjado, cujos arabescos detalhados combinavam com a opulência discreta da mansão. Cada passo ecoava suavemente pelo corredor vazio, acentuando a solidão que ela sentia.

Chegando ao andar de cima, ela caminhou pelo corredor amplo e bem iluminado, suas paredes decoradas com quadros modernos e discretas arandelas de luz. Luna finalmente chegou à porta de seu quarto e a abriu, revelando um espaço vasto e luxuosamente decorado. O quarto era enorme, com grandes janelas que permitiam a entrada de luz natural, filtrada por cortinas de seda branca que ondulavam levemente com a brisa.

As paredes eram pintadas em um tom suave de cinza, proporcionando um fundo tranquilo para os móveis de design minimalista. A cama king-size, coberta por uma colcha de linho branco impecável, ocupava o centro do quarto. Almofadas em tons pastel estavam dispostas de forma convidativa sobre a colcha. Ao lado da cama, havia mesas de cabeceira de madeira clara, cada uma com uma luminária moderna de linhas simples.

Um tapete macio de cor neutra cobria o chão de madeira, proporcionando uma sensação de conforto sob os pés. Contra uma das paredes, havia uma escrivaninha elegante com alguns cadernos e um laptop, indicativos de um espaço para estudo. Perto da janela, uma poltrona confortável com uma manta de cashmere dobrada sobre o braço parecia um convite ao descanso.

Luna jogou a bolsa na cama e, com um suspiro profundo, sentou-se na beirada. A sensação de cansaço e dúvida a sucumbia. O peso do novo colégio, a solidão da cidade nova, e a conversa que ouvira dos seus pais ainda ecoavam em sua mente, mas ela decidiu não dizer nada sobre o que ouvira. Em vez disso, deitou-se para trás, sentindo o colchão macio abraçá-la enquanto encarava o teto.

O teto, pintado de branco puro, parecia vasto e distante, refletindo a imensidão de seus próprios pensamentos e sentimentos.

- Escola nova, colegas azedos, um garoto estranho e uma conversa confusa - Ela disse, esperando que aquelas palavras não saíssem daquele lugar. - O que mais tem que acontecer? - Ela ficou chateada com toda a situação. Seus pais estavam a escondendo algo e sua mãe, parecia temer o passado da família. - O que foi tudo aquilo? - Franziu o cenho, tentando entender. - Do que ela tem tanto medo?

Então, o vento, que entrou pela janela entre aberta, trouxe consigo uma voz, sussurrada em seus ouvidos que diziam:

"Venha até mim" Luna achou estranho. Era como se tivesse hipnotizada com aquela sensação. "Venha até mim" O chamado continuou, até que ela se levantou, sem ao menos perceber. O seu corpo andou até a janela. Ela afastou a cortina, que voava com o vento. "Descubra quem você é"

- Luna? - A voz da mãe a acordou do transe, a sustentando. A garota arregalou os olhos, e tentou disfarçar o que sentia. - Não sabia que já estava em casa. 

Ao olhar para a mãe, a garota riu de nervoso. Tanta coisa acontecendo. Conversas. Vozes. Tudo fazia com que ela se sentisse estranha e com medo.

- Vim direto para o quarto, hoje foi um dia difícil.

- Está bem? - Elisa se preocupou. No fundo ela queria perguntar: "Está sentindo algo estranho?" A resposta seria sim, e Luna não ousaria confessar. 

- Sim, é aquela coisa de colégio novo, pessoas novas. Nada demais. - Deu um sorriso nervoso, cruzando os braços.

- Sei como é. - A garota desejava dizer: "Não, você não sabe" - Vai se acostumar. - Disse depois de um suspiro. 

- É, eu vou. - Engoliu as palavras. 

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