Luna chegou em casa exausta depois de um longo dia no novo colégio. Quando a porta do carro de luxo, que fora buscá-la no colégio, se abriu, ela saiu rapidamente, bufando. Ser a aluna nova estava sendo cansativo, e aquele era apenas seu primeiro dia. Ela olhou para a fachada elegante da mansão da família e ficou ali parada, pensando em como iria suportar viver naquela cidade nova, sem ninguém que se importasse com ela ou com o que sentia.
Parede que se passou dias, mas esse é só o primeiro dia. Como vou suportar passar mais tempo nesse lugar? Nessa cidade, sentindo que alguma coisa em mim, está errada? A fachada da mansão era impressionante, com seus altos pilares de mármore branco e um jardim bem cuidado que parecia uma obra de arte. As janelas amplas e os detalhes arquitetônicos sofisticados destacavam a grandiosidade do lugar. Luna respirou fundo e, após perceber que havia passado bastante tempo ali, decidiu entrar. Ao passar pela porta de entrada, de madeira maciça com entalhes detalhados, Luna foi recebida por um hall de entrada amplo e iluminado. O chão de mármore brilhava impecavelmente, e um lustre de cristal pendia do teto, espalhando uma luz suave e acolhedora. As paredes eram decoradas com obras de arte modernas e discretas, combinando perfeitamente com o estilo minimalista da decoração. Luna caminhou em direção à sala, sentindo o peso do cansaço em seus ombros. A sala era espaçosa e decorada com móveis de linhas retas e cores neutras. Um grande sofá de couro branco ocupava o centro, acompanhado por poltronas elegantes e uma mesa de centro de vidro. Nas estantes, poucos e selecionados objetos de arte e livros estavam dispostos de maneira harmoniosa. O ambiente era sofisticado, mas de uma forma que transmitia uma sensação de ordem e calma. De repente, Luna ouviu a voz de sua mãe conversando com seu pai. Aquilo a surpreendeu, pois não esperava que seu pai estivesse em casa naquela hora. Curiosa, ela se aproximou cautelosamente e se escondeu por trás da parede, ouvindo a conversa. - Não acho que foi uma boa ideia ter a trazido para essa cidade. - Disse a mãe, com um pouco de preocupação. - Sabe o porque minha família teve que se mudar para outra cidade. Luna franziu o cenho, confusa e curiosa. Sua mãe falava pouco da sua família. Ela, parecia preocupada que a garota de dezessete anos descobrisse alguma coisa ruim. Bem, era o que dava a entender. Ela olhou, colocando um pouco do seu rosto para fora, os dois, que conversavam na cozinha. - Elisa, você não é como eles, e Luna também não será. - Lorenzo não parecia preocupado com a situação. Mesmo sabendo do medo que sua esposa carregava e os motivos para isso, ela só se preocupava com seu trabalho e as aparências. - São comuns. - Concluiu, pegando na mão da esposa, que não se sentiu nada confortável. - Esse lugar desperta coisas, Lorenzo - Ela se afastou, desviando seus olhos dele, preferindo fixar em um canto da parede. - Posso nunca ter despertado isso dentro de mim, mas sinto. Desde o momento que pisei nessa cidade. Luna arregalou os olhos. Sua mãe sentia o mesmo que ela. Sobre o que eles estão falando? Minha mãe também se sente mal nesse lugar? Bem, eu não faço ideia do que é, contudo, também a assusta, assim como a mim. Só que o meu pai não está nem ai com nada disso. Apenas pensa em seus negócios. - É apenas uma impressão sua. - Ele novamente tenta a acalmar. - O medo faz com que nós sentimos coisas que na realidade não está acontecendo. Isso encheu o coração de Elisa, assim como de Luna, de raiva. Ele não entendia. Nem ao menos se importava. - Acho melhor pararmos com essa conversa - Elisabete respirou fundo e levantou a cabeça, tentando parecer determinada, só que por dentro, seu medo apenas se escondia, atrás da falsa sensação de controle. - Luna está prestes a chegar, não quero que ela nós ouça. - Não se preocupe, querida. - Lorenzo, desejando que sua esposa s sentisse melhor, foi até ela, pegou em seus ombros e olhou no fundo dos seus olhos. - Tudo ficará bem. - E se não ficar? - Farei com que fique. - Luna o achou com muita determinação e segurança. Tentou entender aquele sentimento, e novamente sentiu que estava entrando na mente de alguém. como se invadisse aquela privacidade, mesmo que ela não quisesse isso. Ela então, ouviu: ninguém vai machucar a minha família. Eu nunca permitiria. - Olha com quem se casou. Mais duvidas. Perguntas que não seriam respondidas por eles. Então, Luna decidiu subir para seu quarto e fingir que não ouviu nada. Luna subiu lentamente as escadas de madeira polida, sentindo cada degrau pesar sob seus pés cansados. As escadas, elegantemente curvas, eram ladeadas por um corrimão de ferro forjado, cujos arabescos detalhados combinavam com a opulência discreta da mansão. Cada passo ecoava suavemente pelo corredor vazio, acentuando a solidão que ela sentia. Chegando ao andar de cima, ela caminhou pelo corredor amplo e bem iluminado, suas paredes decoradas com quadros modernos e discretas arandelas de luz. Luna finalmente chegou à porta de seu quarto e a abriu, revelando um espaço vasto e luxuosamente decorado. O quarto era enorme, com grandes janelas que permitiam a entrada de luz natural, filtrada por cortinas de seda branca que ondulavam levemente com a brisa. As paredes eram pintadas em um tom suave de cinza, proporcionando um fundo tranquilo para os móveis de design minimalista. A cama king-size, coberta por uma colcha de linho branco impecável, ocupava o centro do quarto. Almofadas em tons pastel estavam dispostas de forma convidativa sobre a colcha. Ao lado da cama, havia mesas de cabeceira de madeira clara, cada uma com uma luminária moderna de linhas simples. Um tapete macio de cor neutra cobria o chão de madeira, proporcionando uma sensação de conforto sob os pés. Contra uma das paredes, havia uma escrivaninha elegante com alguns cadernos e um laptop, indicativos de um espaço para estudo. Perto da janela, uma poltrona confortável com uma manta de cashmere dobrada sobre o braço parecia um convite ao descanso. Luna jogou a bolsa na cama e, com um suspiro profundo, sentou-se na beirada. A sensação de cansaço e dúvida a sucumbia. O peso do novo colégio, a solidão da cidade nova, e a conversa que ouvira dos seus pais ainda ecoavam em sua mente, mas ela decidiu não dizer nada sobre o que ouvira. Em vez disso, deitou-se para trás, sentindo o colchão macio abraçá-la enquanto encarava o teto. O teto, pintado de branco puro, parecia vasto e distante, refletindo a imensidão de seus próprios pensamentos e sentimentos. - Escola nova, colegas azedos, um garoto estranho e uma conversa confusa - Ela disse, esperando que aquelas palavras não saíssem daquele lugar. - O que mais tem que acontecer? - Ela ficou chateada com toda a situação. Seus pais estavam a escondendo algo e sua mãe, parecia temer o passado da família. - O que foi tudo aquilo? - Franziu o cenho, tentando entender. - Do que ela tem tanto medo? Então, o vento, que entrou pela janela entre aberta, trouxe consigo uma voz, sussurrada em seus ouvidos que diziam: "Venha até mim" Luna achou estranho. Era como se tivesse hipnotizada com aquela sensação. "Venha até mim" O chamado continuou, até que ela se levantou, sem ao menos perceber. O seu corpo andou até a janela. Ela afastou a cortina, que voava com o vento. "Descubra quem você é" - Luna? - A voz da mãe a acordou do transe, a sustentando. A garota arregalou os olhos, e tentou disfarçar o que sentia. - Não sabia que já estava em casa. Ao olhar para a mãe, a garota riu de nervoso. Tanta coisa acontecendo. Conversas. Vozes. Tudo fazia com que ela se sentisse estranha e com medo. - Vim direto para o quarto, hoje foi um dia difícil. - Está bem? - Elisa se preocupou. No fundo ela queria perguntar: "Está sentindo algo estranho?" A resposta seria sim, e Luna não ousaria confessar. - Sim, é aquela coisa de colégio novo, pessoas novas. Nada demais. - Deu um sorriso nervoso, cruzando os braços. - Sei como é. - A garota desejava dizer: "Não, você não sabe" - Vai se acostumar. - Disse depois de um suspiro. - É, eu vou. - Engoliu as palavras.Minha mente estava atordoada desde a noite passada. Como se já não fosse difícil de lidar depois daquela conversa. As palavras ainda ecoavam em minha mente. Quando deitei em minha cama, demorei perto no sono. Fiquei encarando o teto, esperando o sono me vencer. Mas ele demorou.Demorou bastante. E quando chegou, me levou para um mundo no qual eu não queria estar. Era sombrio, frio e assustador. Parecia que eu sentia tudo aquilo. Parecia que era real. E isso me assustava muito. Eu estava em uma floresta escura, densa, com árvores enormes, com galhos e arbustos. Ao longe, algo estava me observando, na noite escura. Eu não conseguia ver o que era. Mas não parecia ser uma pessoa. E sim, uma criatura. Uma criatura que eu não conhecia. Eu não fazia ideia do que estava encoberto nas sombras. Eu só conseguia ver seus olhos. Um intenso vermelho que me encarava. Cheguei até a ouvir a sua respiração.O urrasnado, como se fosse um cão. Muito maior do que um cão. Naquele momento, eu só pensei
PovLuna não conseguia tirar da cabeça, tudo de estranho que estava acontecendo com ela, naquele momento. Era como se o mundo ao seu redor tinha parado de girar da forma correta.Ela não entendia nada do que estava acontecendo. As luzes piscando, a raiva que sentiu naquele momento e como tudo foi embora, quando ela se acalmou.Sem falar na figura que apareceu, durante o banho. O que era aquilo? Não dá para acreditar que estou alucinando. Que adquiri a esquizofrenia da minha avó.Sim, todos sempre diziam que Anastácia, avó materna de Luna, que ela era louca. Que via coisas que não existiam, para justificar as bizarrices que ela dizia, mesmo que muitos da família soubessem da habilidade de vidência da mulher.Elisa sabia da verdade, e rezou para aquele "mal" não a alcançasse, contudo, seu medo se estendia para Luna. O que a mulher não sabia era que seu medo estava se tornando real, só que Luna não fazia ideia da herança familiar, e acreditava estar louca.Quando o motorista lhe deixou
LunaConfesso que passei muito tempo presa nas lembranças dos momentos em que adentrei este colégio, hoje pela manhã. Parece que minha vida estava virando de ponta a cabeça e eu não tinha controle nenhum sobre ela. Eu estava chateada com tudo, com os meus pais e comigo mesma. Então, do nada, Adrian esbarra em mim e eu esqueço de tudo ao nosso redor.Tive vergonha de mim mesma quando percebi que estava discutindo com o nosso garotinho preferido do colégio, na frente de todo mundo. Ainda mais daquela forma, daquele jeito e sentindo aquelas coisas que eu jamais senti. Aquela emoção. Minha vida era rodeada de coisas fúteis. De momentos nos quais eu não fazia ideia que iria guardar na memória, de tão banais que eram. Então, Adrian apareceu em minha frente e tudo simplesmente acabou como mágica. Quando pisquei os olhos, eu estava no meio do colégio, discutindo com ele. E quando fui embora, eu queria voltar para aquele momento.Era louco. Eu mal prestei atenção nas aulas de química, mesmo
AdrianLuna Vargas. Nunca a vi, nem ouvi falar, mas essa garota chegou em minha vida para mudar o rumo das coisas. Bem em um momento complicado, no qual tenho que abdicar de tudo o que mais gosto.Meu caso com a professora de química não é romântico. Nunca me envolvo com alguém, esperando despertar sentimentos. É apenas uma diversão, pois as garotas da minha idade não fazem ideia de como satisfazer um cara.Ser pego por Luna, no mesmo dia em que tivemos uma briga acalorada, na frente do colégio todo, foi uma péssima surpresa. Ela claramente me odeia, mesmo sentindo uma atração, que devo confessar que me impressiona, e se essa história chegar aos ouvidos, muito bem apurados, do meu pai, as coisas podem piorar, para o meu lado.Meu pai não é um cara ruim, ele só é muito exigente, controlador, e odeia ser contrariado. Coisa que adoro fazer. Contudo, ser o líder da alcateia significa muito, muitas responsabilidades, e se eu pisar fora da linha, ele, com certeza, irá me punir.Não já basta
A noite estava sombria, e Luna só queria respirar o ar fresco. Ela sentia que havia alguma coisa errada. Seus pensamentos estavam longe, em um garoto no qual ela dizia odiar, mas que por dentro ela sentia curiosidade e desejo. Não sabia quanto tempo ficou naquela janela, pensando em tudo o que aconteceu, na conversa que os dois tiveram em um determinado momento. Acreditou que Adrian estava ali, observando no meio dos arbustos e das árvores enormes.Com um calafrio, ela entrou, fechou a janela, sentou em sua cama e pensou no que iria fazer em seguida. Aquela cidade trouxe para ela muitas dúvidas e surpresas, na qual ela não sabia se era agradável ou não. Luna respirou fundo, decidiu que era hora de dormir. Se colocou entre as cobertas, desligou o abajur e fechou os olhos, mas o sono demorou a vir. Na verdade, quando ela finalmente conseguiu adormecer, foi sequestrada pelos seus sonhos, ou melhor dizendo, pesadelos, que a atormentavam a todo o momento. E dessa vez, parecia ainda mai
Essa noite foi muito estranha para Luna. Parecia que ela estava em um sonho no qual nunca acordava. Ela jamais acordava. Mesmo fechando os olhos, espremendo e pensando muito, muito mesmo em acordar. Quando saiu para o colégio, ela não fazia ideia do que iria acontecer neste dia de lua cheia. Estava tão presa em seus pensamentos que ela simplesmente esqueceu de tudo. Apenas lembrando daquele sonho, ou daquele plano no qual ela transitava entre os vivos e os mortos. Assim como sua avó havia dito. Uma maldição?Ela repetiu em sua cabeça. As pessoas que aqui estão?Ela não entendeu. Não deu muito tempo. Quando achou que teria respostas, foi trazida de volta, sem saber o final da história. Ela tinha que entender melhor tudo que estava acontecendo, ou simplesmente, como sua mãe mesmo disse, sua avó era louca e Luna estava seguindo seus passos, mesmo não querendo. Notando que estava há muito tempo distraída, ela piscou os olhos, balançou a cabeça, virou o fundo e tentou prestar atenção
Adrian estava furioso por ter que ficar preso, como um cachorro feroz, mas sabia que era necessário. Ele tinha que admitir que não conseguia se controlar, ainda mais em um dia como esse.Ele passou o café todo, pensando em como fugir daquela jaula, contudo, não faria isso. Tinha medo de si mesmo.Talvez, ele pensou, todos tinham razão. Ele não conseguia se controlar. Deveria, já que muitos dos novatos, aprendem a fazer isso já nos primeiros meses, antes da transformação total.- Está com raiva, novamente. – a voz da sua mãe era como um calmante natural. Ele a encarou, com um sorriso. Se culpava por dar tanto trabalho. – Não precisa se preocupar. Vai aprender a controlar.- Acho que estou quebrado. – Comentou, encarando o chão. Adrian se martirizava. Era o único que estava dando tanto trabalho. – Eu já deveria ter aprendido a me controlar.A mulher acariciou seus cabelos, escuros como a noite, o trazendo para a realidade. Adrian amava a sua mãe. Ela era carinhosa, tinha uma paciência i
Quando Luna chegou em casa, ela subiu as escadas e tudo estava muito silencioso. Provavelmente seu pai ainda não chegou do trabalho e sua mãe estava escondida em algum lugar dentro desta enorme mansão.Ela cautelosamente subiu as escadas e ao passar no corredor, viu uma porta aberta. Ela entrou e descobriu a sua mãe sentada no chão, com algumas caixas em volta. Ela olhou tudo aquilo e não conseguiu entender a caixa específica em que ele estava mexendo. Então, se aproximou cautelosamente, no qual sua mãe levou um susto ao perceber sua presença.— Pelo amor de Deus, você quer me matar de susto? — Elisa levou as mãos ao seu peito, fazendo a garota rir. — Por que está chegando assim?— Fiquei curiosa. — Se aproximou mais, vendo o conteúdo da caixa. Tinha coisas velhas, porta retrato. Logo que viu a imagem da sua avó, Luna sentiu um arrepio. A levou, novamente, para a noite passada. O sonho sinistro. — São coisas da vovó?Elisabete fez que sim. Ela não estava em um bom dia. Havia momentos