Adrian voltou para casa de cabeça cheia. Aquele dia foi um saco, como se já não bastasse seu início da manhã.
Quando pisou na escola, tudo parecia estar diferente, e mesmo estando tudo no seu devido lugar. A única coisa fora do comum foi a chegada da nova aluna. Aquela garota é realmente estranha, e conseguia o tirado sério diferente de qualquer outra garota ali. Muitas daquelas meninas já tentaram ficar com ele. Porém, com todas as suas questões familiares e até mesmo de si próprio, ele se limitava a escolher bem suas amantes. Não tinha uma boa fama, não por ser um galinha, mas por ser mal-humorado e furioso sempre. E essa fúria aumentava a todo momento. O jogo que ele mais amava, lagrosse, estava correndo riscos. Com a sua eminente transformação completa, aos 18 anos, na lua cheia, ele seria imbatível comparado aos seus colegas. Por sorte, ele já estaria formado. Mas, tudo o que Adrian queria era ser jogador de lacrosse, ir para a faculdade e ser como todos os outros garotos. Mas aquela m*****a maldição não o permitia. O treinador já estava de olho nele, apesar de pensar que aquelas habilidades de força e rapidez fossem necessários para o jogo. Usada sem o devido treino, poderia machucar os seus colegas ou adversários sem querer. Ainda mais com a fúria chegando cada vez mais forte, Adrian poderia simplesmente se transformar, ficar sem a sua consciência humana e atacar até mesmo os seus amigos. O rosto da sua nova colega de escola não saía pessoalmente. Naquele jato momento, em casa, na mesa de jantar, ele batia seus pés freneticamente no chão, olhando fixamente para um ponto na mesa, com sua mente viajando. Ele não falou com a garota, muito menos passou mais do que 20 minutos na sua presença, mas seu rosto ficou gravado na sua mente. Ela o olhava tão profundamente que poderia ver o seu segredo, algo no qual ele escondia até mesmo da sua sombra. Ela o deixava inseguro e furioso. Tentava entrar em sua mente, ele não sabia dizer como, mas tinha ciência e acreditava realmente que aquela garota poderia ler sua mente. Vendo que seu filho estava totalmente distraído, sem ouvir o que ele estava falando, o pai de Adrian resolve se pronunciar, o assustando, fazendo Adrian levantar seus olhos e fixar no homem à sua frente. — Está bastante distraído, hoje. — Disse o homem, de voz grossa e aterrorizante. Mesmo sendo seu pai, Adrian o temia. Ele era o cara mais poderoso dessa cidade, tinha aliados, e seguidores, dos dois lados. Tanto humano, quanto lobo. Seu pai era bem mais velho do que realmente aparentava. A idade para um lobo amaldiçoado era diferente dos demais. Eles viviam mais tempo, e sua transformação era bem mais drásticas. No passado, muitos os chamavam apenas de lobisomem, contudo, seu sangue era diferente. Os Bolton e sua matilha se transformavam por completo em um lobo, só que bem maior do que um simples lobo original. O Sr. Bolton a sua frente não era só mais um da matilha. Ele era o alfa. Vinham de uma família de alfas, por isso eram respeitados e poucos foram as vezes que outros o desafiavam para uma briga pelo poder e a liderança. — Tem alguma coisa a ver com a sua transformação de mais cedo? Adrian engoliu em seco. Desejava ter respostas sobre o que aconteceu. Quanto a novata, ele se recusava a admitir que ela conseguiu mexer com ele, em tão pouco tempo. Ele olhou para a sua mãe, que encarava a taça de vinho a sua frente, depois, voltou para seu pai. O homem era enorme, com o rosto barbudo, cabelos ondulados, olhos escuros como a noite, mas quando se transformava, eles reluziam como uma safira. Mesmo em sua forma humana, causava medo. A relação entre eles era mais do que de um pai e filho. Sendo o alfa, Adrian o respeitava e atendia aos seus pedidos. Se ele o chamasse, era obrigado a ir, por lealdade. Mentir não era uma opção. Ele não era bom mentiroso, e seu pai sempre sabia quando um dos seus mentia. — É tudo isso. — Finalmente falou. — Não sei como isso funciona. Eu... Não me lembro. — Ele baixou a cabeça, com vergonha de si mesmo. Com sua voz suavizada, Nathan disse: — Isso é normal. — Falou, voltando a se concentrar no seu prato, que exibia um belo bife mal passado, purê e ervilhas. Na verdade, a carne era o prato principal. O instituto canino falava mais alto. — Quando não tem domínio sobre si mesmo, nem pela sua transformação, a perca de memória acontece. — E se eu ferir alguém e não saber? — Era o que Adrian mais temia. Ele não era uma pessoa ruim e nem desejava ser. Por sorte, sua matilha era correta e optavam pelo lado do bem. Se limitando aos negócios, e a caça de outras criaturas. — Vai controlar. — Nathan tinha segurança do que dizia. — Para mim também foi difícil, mas logo aprendi. — Não acho que somos iguais, pai. — Riu desgostoso. Quando levantou o olhar, sentiu aqueles olhos esmeraldas o fitando. — O senhor teve um ótimo treinamento, tem mais força e eu... Mesmo com a sua ajuda, acho que não sou capaz de me controlar. — Vai controlar. — O som profundo arrepiou todos ali. — Só precisa focar. — Não estou focado? — Ele levantou uma das sobrancelhas. — Primeiro, a raiva. Você não consegue controlar. Segundo, o foco. Tem muita coisa acontecendo e você parece se distrair. Terceiro, desejo. Não vejo você se importar com a sua origem. — Não me importo? — Adrian Franziu o cenho, chateado. — Se não me importasse, nem tentaria. — Seus pensamentos estão distantes, aposto que pensa mais no lacrosse do que com seu destino. — Eu não pedi esse destino. — As palavras saíram de sua boca, sem que ele ao menos percebesse. Nathan ficou ainda mais chateado. Ele sentia que seu filho não se empenhava, não entendia o propósito e o que iria acontecer no futuro. — Acha que eu escolhi. — Bateu suas enormes mãos, na mesa, fazendo com que tudo em cima dela, tremesse. Melissa o encarou, sabendo que o marido estava exaltado. Quando isso acontecer, tudo dá errado. — Eu já tive a sua idade, garoto. — Adrian sabia que era inútil abrir a boca. Quando o alfa falava, nada, além da sua voz, era dito. — Já tive sonhos, já quis ser diferente e não consegui nada do que eu desejava, naquela época. — Adrian sentiu seu coração acelerar, as mãos suarem e a raiva aumentar. Ele se concentrou naquela voz, que o instigava a ficar ainda mais bravo. — Você tem o sangue de um alfa, assim como eu tive. Será meu sucesso, e por mais que lute, nada irá reverter essa maldição. Estamos presos a essa cidade, a essa sina, e o melhor que tem que fazer é focar. Treine sua raiva, se afaste dos mundanos e aceite seu destino. — Meu destino não é esse. — Falou. Adrian perdia a consciência a cada frequência do seu coração. Sua mãe e pai notaram. Melissa esticou a mão, esperando alcançar a dele, contudo, ele se afastou. — Isso é o que o senhor quer para mim. — Adrian, se controle. — Ordenou Nathan. — Não pode deixar.... — O instinto me vencer? — Seus olhos focaram no pai, que não mudou a postura. Ele não temia sua filho, que ainda nem tinha se transformado por completo. Mas Melissa achava que não era assim que Adrian conseguiria entender as coisas. — Já chega, Adrian. — Ela se pronunciou. Foi ouvindo a voz suave da sua mãe que ele notou suas unhas afiadas, as prezas amostra e os ossos do seu braço mudando de forma. — Está chateado. Todos nós passamos por isso. Sabemos que isso é difícil para você. Por enquanto, apenas respire fundo, controle a frequência cardíaca e volte ao normal. Aos poucos ele notou o que estava acontecendo. Se concentrou na respiração, fechou os olhos e pensou: se controle. Se controle. Não pode se transformar. — Enquanto não conseguir controlar a raiva, está fora do lacrosse. Então, Adrian abriu os olhos, já normal, e encarou o seu pai. — O que? — Ele não estava acreditando no que ouviu. — Nathan. — Melissa o encarou, assustada. — Veja o que aconteceu. — Estendeu a mão em direção a Adrian. — Lacrosse é um jogo perigoso para um lobo jovem que não controla a raiva. — Isso era bem óbvio. Adrian estava paralisado com o que ouvia do pai. — Vamos aumentar os treinamentos. Terá que se controlar ou, na próxima lua cheia, pode sair de controle e ir para longe. Pode até ferir alguém. Contra isso, Adrian não tinha como que discutir. Ele realmente perdi os sentidos quando o seu instinto lobo aparecia. Mas ficar sem o lacrosse, justo no campeonato? — Mas... — Não! — Ali, quem estava falando não era apenas o pai de Adrian, mas também, seu líder. — Não vamos correr esse risco.Luna chegou em casa exausta depois de um longo dia no novo colégio. Quando a porta do carro de luxo, que fora buscá-la no colégio, se abriu, ela saiu rapidamente, bufando. Ser a aluna nova estava sendo cansativo, e aquele era apenas seu primeiro dia. Ela olhou para a fachada elegante da mansão da família e ficou ali parada, pensando em como iria suportar viver naquela cidade nova, sem ninguém que se importasse com ela ou com o que sentia.Parede que se passou dias, mas esse é só o primeiro dia. Como vou suportar passar mais tempo nesse lugar? Nessa cidade, sentindo que alguma coisa em mim, está errada?A fachada da mansão era impressionante, com seus altos pilares de mármore branco e um jardim bem cuidado que parecia uma obra de arte. As janelas amplas e os detalhes arquitetônicos sofisticados destacavam a grandiosidade do lugar. Luna respirou fundo e, após perceber que havia passado bastante tempo ali, decidiu entrar.Ao passar pela porta de entrada, de madeira maciça com entalhes d
Minha mente estava atordoada desde a noite passada. Como se já não fosse difícil de lidar depois daquela conversa. As palavras ainda ecoavam em minha mente. Quando deitei em minha cama, demorei perto no sono. Fiquei encarando o teto, esperando o sono me vencer. Mas ele demorou.Demorou bastante. E quando chegou, me levou para um mundo no qual eu não queria estar. Era sombrio, frio e assustador. Parecia que eu sentia tudo aquilo. Parecia que era real. E isso me assustava muito. Eu estava em uma floresta escura, densa, com árvores enormes, com galhos e arbustos. Ao longe, algo estava me observando, na noite escura. Eu não conseguia ver o que era. Mas não parecia ser uma pessoa. E sim, uma criatura. Uma criatura que eu não conhecia. Eu não fazia ideia do que estava encoberto nas sombras. Eu só conseguia ver seus olhos. Um intenso vermelho que me encarava. Cheguei até a ouvir a sua respiração.O urrasnado, como se fosse um cão. Muito maior do que um cão. Naquele momento, eu só pensei
PovLuna não conseguia tirar da cabeça, tudo de estranho que estava acontecendo com ela, naquele momento. Era como se o mundo ao seu redor tinha parado de girar da forma correta.Ela não entendia nada do que estava acontecendo. As luzes piscando, a raiva que sentiu naquele momento e como tudo foi embora, quando ela se acalmou.Sem falar na figura que apareceu, durante o banho. O que era aquilo? Não dá para acreditar que estou alucinando. Que adquiri a esquizofrenia da minha avó.Sim, todos sempre diziam que Anastácia, avó materna de Luna, que ela era louca. Que via coisas que não existiam, para justificar as bizarrices que ela dizia, mesmo que muitos da família soubessem da habilidade de vidência da mulher.Elisa sabia da verdade, e rezou para aquele "mal" não a alcançasse, contudo, seu medo se estendia para Luna. O que a mulher não sabia era que seu medo estava se tornando real, só que Luna não fazia ideia da herança familiar, e acreditava estar louca.Quando o motorista lhe deixou
LunaConfesso que passei muito tempo presa nas lembranças dos momentos em que adentrei este colégio, hoje pela manhã. Parece que minha vida estava virando de ponta a cabeça e eu não tinha controle nenhum sobre ela. Eu estava chateada com tudo, com os meus pais e comigo mesma. Então, do nada, Adrian esbarra em mim e eu esqueço de tudo ao nosso redor.Tive vergonha de mim mesma quando percebi que estava discutindo com o nosso garotinho preferido do colégio, na frente de todo mundo. Ainda mais daquela forma, daquele jeito e sentindo aquelas coisas que eu jamais senti. Aquela emoção. Minha vida era rodeada de coisas fúteis. De momentos nos quais eu não fazia ideia que iria guardar na memória, de tão banais que eram. Então, Adrian apareceu em minha frente e tudo simplesmente acabou como mágica. Quando pisquei os olhos, eu estava no meio do colégio, discutindo com ele. E quando fui embora, eu queria voltar para aquele momento.Era louco. Eu mal prestei atenção nas aulas de química, mesmo
AdrianLuna Vargas. Nunca a vi, nem ouvi falar, mas essa garota chegou em minha vida para mudar o rumo das coisas. Bem em um momento complicado, no qual tenho que abdicar de tudo o que mais gosto.Meu caso com a professora de química não é romântico. Nunca me envolvo com alguém, esperando despertar sentimentos. É apenas uma diversão, pois as garotas da minha idade não fazem ideia de como satisfazer um cara.Ser pego por Luna, no mesmo dia em que tivemos uma briga acalorada, na frente do colégio todo, foi uma péssima surpresa. Ela claramente me odeia, mesmo sentindo uma atração, que devo confessar que me impressiona, e se essa história chegar aos ouvidos, muito bem apurados, do meu pai, as coisas podem piorar, para o meu lado.Meu pai não é um cara ruim, ele só é muito exigente, controlador, e odeia ser contrariado. Coisa que adoro fazer. Contudo, ser o líder da alcateia significa muito, muitas responsabilidades, e se eu pisar fora da linha, ele, com certeza, irá me punir.Não já basta
A noite estava sombria, e Luna só queria respirar o ar fresco. Ela sentia que havia alguma coisa errada. Seus pensamentos estavam longe, em um garoto no qual ela dizia odiar, mas que por dentro ela sentia curiosidade e desejo. Não sabia quanto tempo ficou naquela janela, pensando em tudo o que aconteceu, na conversa que os dois tiveram em um determinado momento. Acreditou que Adrian estava ali, observando no meio dos arbustos e das árvores enormes.Com um calafrio, ela entrou, fechou a janela, sentou em sua cama e pensou no que iria fazer em seguida. Aquela cidade trouxe para ela muitas dúvidas e surpresas, na qual ela não sabia se era agradável ou não. Luna respirou fundo, decidiu que era hora de dormir. Se colocou entre as cobertas, desligou o abajur e fechou os olhos, mas o sono demorou a vir. Na verdade, quando ela finalmente conseguiu adormecer, foi sequestrada pelos seus sonhos, ou melhor dizendo, pesadelos, que a atormentavam a todo o momento. E dessa vez, parecia ainda mai
Essa noite foi muito estranha para Luna. Parecia que ela estava em um sonho no qual nunca acordava. Ela jamais acordava. Mesmo fechando os olhos, espremendo e pensando muito, muito mesmo em acordar. Quando saiu para o colégio, ela não fazia ideia do que iria acontecer neste dia de lua cheia. Estava tão presa em seus pensamentos que ela simplesmente esqueceu de tudo. Apenas lembrando daquele sonho, ou daquele plano no qual ela transitava entre os vivos e os mortos. Assim como sua avó havia dito. Uma maldição?Ela repetiu em sua cabeça. As pessoas que aqui estão?Ela não entendeu. Não deu muito tempo. Quando achou que teria respostas, foi trazida de volta, sem saber o final da história. Ela tinha que entender melhor tudo que estava acontecendo, ou simplesmente, como sua mãe mesmo disse, sua avó era louca e Luna estava seguindo seus passos, mesmo não querendo. Notando que estava há muito tempo distraída, ela piscou os olhos, balançou a cabeça, virou o fundo e tentou prestar atenção
Adrian estava furioso por ter que ficar preso, como um cachorro feroz, mas sabia que era necessário. Ele tinha que admitir que não conseguia se controlar, ainda mais em um dia como esse.Ele passou o café todo, pensando em como fugir daquela jaula, contudo, não faria isso. Tinha medo de si mesmo.Talvez, ele pensou, todos tinham razão. Ele não conseguia se controlar. Deveria, já que muitos dos novatos, aprendem a fazer isso já nos primeiros meses, antes da transformação total.- Está com raiva, novamente. – a voz da sua mãe era como um calmante natural. Ele a encarou, com um sorriso. Se culpava por dar tanto trabalho. – Não precisa se preocupar. Vai aprender a controlar.- Acho que estou quebrado. – Comentou, encarando o chão. Adrian se martirizava. Era o único que estava dando tanto trabalho. – Eu já deveria ter aprendido a me controlar.A mulher acariciou seus cabelos, escuros como a noite, o trazendo para a realidade. Adrian amava a sua mãe. Ela era carinhosa, tinha uma paciência i