capítulo 5

Adrian voltou para casa de cabeça cheia. Aquele dia foi um saco, como se já não bastasse seu início da manhã.

Quando pisou na escola, tudo parecia estar diferente, e mesmo estando tudo no seu devido lugar. A única coisa fora do comum foi a chegada da nova aluna.

Aquela garota é realmente estranha, e conseguia o tirado sério diferente de qualquer outra garota ali. Muitas daquelas meninas já tentaram ficar com ele.

Porém, com todas as suas questões familiares e até mesmo de si próprio, ele se limitava a escolher bem suas amantes. Não tinha uma boa fama, não por ser um galinha, mas por ser mal-humorado e furioso sempre. E essa fúria aumentava a todo momento. O jogo que ele mais amava, lagrosse, estava correndo riscos.

Com a sua eminente transformação completa, aos 18 anos, na lua cheia, ele seria imbatível comparado aos seus colegas.

Por sorte, ele já estaria formado. Mas, tudo o que Adrian queria era ser jogador de lacrosse, ir para a faculdade e ser como todos os outros garotos.

Mas aquela m*****a maldição não o permitia. O treinador já estava de olho nele, apesar de pensar que aquelas habilidades de força e rapidez fossem necessários para o jogo.

Usada sem o devido treino, poderia machucar os seus colegas ou adversários sem querer.

Ainda mais com a fúria chegando cada vez mais forte, Adrian poderia simplesmente se transformar, ficar sem a sua consciência humana e atacar até mesmo os seus amigos.

O rosto da sua nova colega de escola não saía pessoalmente. Naquele jato momento, em casa, na mesa de jantar, ele batia seus pés freneticamente no chão, olhando fixamente para um ponto na mesa, com sua mente viajando.

Ele não falou com a garota, muito menos passou mais do que 20 minutos na sua presença, mas seu rosto ficou gravado na sua mente.

Ela o olhava tão profundamente que poderia ver o seu segredo, algo no qual ele escondia até mesmo da sua sombra. Ela o deixava inseguro e furioso.

Tentava entrar em sua mente, ele não sabia dizer como, mas tinha ciência e acreditava realmente que aquela garota poderia ler sua mente.

Vendo que seu filho estava totalmente distraído, sem ouvir o que ele estava falando, o pai de Adrian resolve se pronunciar, o assustando, fazendo Adrian levantar seus olhos e fixar no homem à sua frente.

— Está bastante distraído, hoje. — Disse o homem, de voz grossa e aterrorizante. Mesmo sendo seu pai, Adrian o temia. Ele era o cara mais poderoso dessa cidade, tinha aliados, e seguidores, dos dois lados. Tanto humano, quanto lobo. Seu pai era bem mais velho do que realmente aparentava. A idade para um lobo amaldiçoado era diferente dos demais. Eles viviam mais tempo, e sua transformação era bem mais drásticas. No passado, muitos os chamavam apenas de lobisomem, contudo, seu sangue era diferente. Os Bolton e sua matilha se transformavam por completo em um lobo, só que bem maior do que um simples lobo original. O Sr. Bolton a sua frente não era só mais um da matilha. Ele era o alfa. Vinham de uma família de alfas, por isso eram respeitados e poucos foram as vezes que outros o desafiavam para uma briga pelo poder e a liderança. — Tem alguma coisa a ver com a sua transformação de mais cedo?

Adrian engoliu em seco. Desejava ter respostas sobre o que aconteceu. Quanto a novata, ele se recusava a admitir que ela conseguiu mexer com ele, em tão pouco tempo.

Ele olhou para a sua mãe, que encarava a taça de vinho a sua frente, depois, voltou para seu pai.

O homem era enorme, com o rosto barbudo, cabelos ondulados, olhos escuros como a noite, mas quando se transformava, eles reluziam como uma safira. Mesmo em sua forma humana, causava medo.

A relação entre eles era mais do que de um pai e filho. Sendo o alfa, Adrian o respeitava e atendia aos seus pedidos. Se ele o chamasse, era obrigado a ir, por lealdade. Mentir não era uma opção. Ele não era bom mentiroso, e seu pai sempre sabia quando um dos seus mentia.

— É tudo isso. — Finalmente falou. — Não sei como isso funciona. Eu... Não me lembro. — Ele baixou a cabeça, com vergonha de si mesmo.

Com sua voz suavizada, Nathan disse:

— Isso é normal. — Falou, voltando a se concentrar no seu prato, que exibia um belo bife mal passado, purê e ervilhas. Na verdade, a carne era o prato principal. O instituto canino falava mais alto. — Quando não tem domínio sobre si mesmo, nem pela sua transformação, a perca de memória acontece.

— E se eu ferir alguém e não saber? — Era o que Adrian mais temia.

Ele não era uma pessoa ruim e nem desejava ser. Por sorte, sua matilha era correta e optavam pelo lado do bem. Se limitando aos negócios, e a caça de outras criaturas.

— Vai controlar. — Nathan tinha segurança do que dizia. — Para mim também foi difícil, mas logo aprendi.

— Não acho que somos iguais, pai. — Riu desgostoso. Quando levantou o olhar, sentiu aqueles olhos esmeraldas o fitando. — O senhor teve um ótimo treinamento, tem mais força e eu... Mesmo com a sua ajuda, acho que não sou capaz de me controlar.

— Vai controlar. — O som profundo arrepiou todos ali. — Só precisa focar.

— Não estou focado? — Ele levantou uma das sobrancelhas.

— Primeiro, a raiva. Você não consegue controlar. Segundo, o foco. Tem muita coisa acontecendo e você parece se distrair. Terceiro, desejo. Não vejo você se importar com a sua origem.

— Não me importo? — Adrian Franziu o cenho, chateado. — Se não me importasse, nem tentaria.

— Seus pensamentos estão distantes, aposto que pensa mais no lacrosse do que com seu destino.

— Eu não pedi esse destino. — As palavras saíram de sua boca, sem que ele ao menos percebesse.

Nathan ficou ainda mais chateado. Ele sentia que seu filho não se empenhava, não entendia o propósito e o que iria acontecer no futuro.

— Acha que eu escolhi. — Bateu suas enormes mãos, na mesa, fazendo com que tudo em cima dela, tremesse. Melissa o encarou, sabendo que o marido estava exaltado. Quando isso acontecer, tudo dá errado. — Eu já tive a sua idade, garoto. — Adrian sabia que era inútil abrir a boca. Quando o alfa falava, nada, além da sua voz, era dito. — Já tive sonhos, já quis ser diferente e não consegui nada do que eu desejava, naquela época. — Adrian sentiu seu coração acelerar, as mãos suarem e a raiva aumentar. Ele se concentrou naquela voz, que o instigava a ficar ainda mais bravo. — Você tem o sangue de um alfa, assim como eu tive. Será meu sucesso, e por mais que lute, nada irá reverter essa maldição. Estamos presos a essa cidade, a essa sina, e o melhor que tem que fazer é focar. Treine sua raiva, se afaste dos mundanos e aceite seu destino.

— Meu destino não é esse. — Falou. Adrian perdia a consciência a cada frequência do seu coração. Sua mãe e pai notaram. Melissa esticou a mão, esperando alcançar a dele, contudo, ele se afastou. — Isso é o que o senhor quer para mim.

— Adrian, se controle. — Ordenou Nathan. — Não pode deixar....

— O instinto me vencer? — Seus olhos focaram no pai, que não mudou a postura. Ele não temia sua filho, que ainda nem tinha se transformado por completo. Mas Melissa achava que não era assim que Adrian conseguiria entender as coisas.

— Já chega, Adrian. — Ela se pronunciou. Foi ouvindo a voz suave da sua mãe que ele notou suas unhas afiadas, as prezas amostra e os ossos do seu braço mudando de forma. — Está chateado. Todos nós passamos por isso. Sabemos que isso é difícil para você. Por enquanto, apenas respire fundo, controle a frequência cardíaca e volte ao normal.

Aos poucos ele notou o que estava acontecendo. Se concentrou na respiração, fechou os olhos e pensou: se controle. Se controle. Não pode se transformar.

— Enquanto não conseguir controlar a raiva, está fora do lacrosse.

Então, Adrian abriu os olhos, já normal, e encarou o seu pai.

— O que? — Ele não estava acreditando no que ouviu.

— Nathan. — Melissa o encarou, assustada.

— Veja o que aconteceu. — Estendeu a mão em direção a Adrian. — Lacrosse é um jogo perigoso para um lobo jovem que não controla a raiva. — Isso era bem óbvio. Adrian estava paralisado com o que ouvia do pai. — Vamos aumentar os treinamentos. Terá que se controlar ou, na próxima lua cheia, pode sair de controle e ir para longe. Pode até ferir alguém.

Contra isso, Adrian não tinha como que discutir. Ele realmente perdi os sentidos quando o seu instinto lobo aparecia. Mas ficar sem o lacrosse, justo no campeonato?

— Mas...

— Não! — Ali, quem estava falando não era apenas o pai de Adrian, mas também, seu líder. — Não vamos correr esse risco.

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