O chefe, Eu e Aquela Noite
O chefe, Eu e Aquela Noite
Por: Dayane Castro
Riccardo Montelli

Roma, Itália.

Estou terminando de arrumar as minhas malas para viajar para o Brasil. Uma das projetistas de lá fez um projeto que me deixou muito satisfeito. Era o que eu precisava para começar a fundação da casa do senhor Nevil. Mas minha amada esposa está me desconcentrando.

— Você tem que falar com a sua mãe. Já chega, eu já não aguento mais.

— Eu não tenho que falar nada para ela. Se vira vocês duas.

— Riccardo, você não pode dar autonomia de uma casa para suas mulheres. Eu sou a sua esposa, e tenho que ter a maior autoridade aqui.

— Vamos por partes, Sophie. Primeiro, nosso casamento foi mais por contrato do que por sentimentos. Nossos pais quiseram, e fizemos o último gosto deles. Minha mãe é a minha rainha. Sem você, eu estaria ainda aqui. Sem ela, não. Você é minha esposa e é dona da casa. Ela é a minha mãe e também é dona da casa. Fim de papo.

— Ela já está de idade. Porque não colocamos ela em uma casa de idosos? — Olho bem feio para ela. Nunca que eu deixaria a minha mãe em um lugar desse. — Tá bom, desculpa. Então coloca ela em uma casa que seja só dela. Eu não aguento mais. Ela sabe que eu odeio peixe, e advinha qual vai ser o cardápio de hoje de novo?

Minha mãe nunca foi a favor desse casamento. Sophie não é aquela mulher que batalha junto com o marido para conquistar as coisas. E minha mãe foi um pilar para o meu pai. Sempre esteve com ele até deixar a empresa no topo.

— Vou falar com ela, mas não sei se vai adiantar muito, pois ela ama peixe. Pega o cartão e vai comprar algum presente para você.

— Estou falando sério, Riccardo. Para de ficar pensando que presente arruma tudo. Ou você dá um jeito nisso, ou eu vou embora hoje mesmo.

— Tenho que ir para o Brasil. Dá para esperar eu voltar?

— Não, resolva antes de ir, ou se considere um homem solteiro. — Ela sai batendo a porta com tudo, e eu reviro os olhos. Olho no relógio e tenho menos de 30 minutos para pegar o avião. Como vou resolver esse problema em tão pouco tempo?

Pego a minha mala, deixo na porta e peço para o segurança colocar no carro. Pergunto da minha mãe para a governanta, mas ela diz que a minha mãe teve que sair. Vou deixar as suas se virarem sozinhas, eu que não vou me meter no meio disso. Entro no carro e mando o motorista seguir para o aeroporto. Antes que eu possa embarcar no avião, meu celular apita, e quando eu olho na tela, é a Sophie.

"Vou atrás dos meus direitos no divórcio. Não quero ver sua cara nunca mais, seu filhinho de papai, ou melhor, de mamãe."

Ah, isso já está me irritando. Nem respondo à sua mensagem, apenas embarco e deixo o meu celular no modo avião. Me ajeito na poltrona e fecho os meus olhos para poder ter um pouco de descanso, já que são horas de voo. Desperto algumas horas depois com a discussão de dois passageiros do banco da frente. Parece que eu só atraio coisas ruins para mim. Me levanto e fico olhando para eles.

— Quanto vocês querem para calarem a boca e ficarem em silêncio? — Eles me olham assustados. — Porra, eu pago a primeira classe para ter sossego. Querem fazer arruaça, vão para a classe econômica.

A aeromoça se aproxima de um deles e o leva para trás. Eu me sento novamente na poltrona. Olho no relógio e ainda faltam cinco horas de voo. Pego o meu notebook, abro e começo a olhar o projeto da brasileira. Ele é perfeito, e para que eu não tenha que voltar aqui de novo, vou fazer uma oferta de trabalho para ela. Sei que ela vai gostar bastante. Sou bem generoso quando quero algo.

(...)

Enfim, Brasil! Desço, já indo direto para um táxi e dou o endereço do hotel para ele. Mas quando ele pega a via principal, o trânsito está todo parado. Olho para o lado e parece estar bem divertido do lado de fora.

— Desculpa, senhor, vai demorar um pouco. Tem muitas casas noturnas aqui e nesse horário sempre trava tudo. — Que maravilha!

— Faz o seguinte, leva a minha mala para o hotel Plaza. — Tiro dinheiro da minha carteira e dou para ele. — Eu já fiz a minha reserva no hotel. Dê o meu nome lá e eles vão levar minha mala para o quarto. Toma o meu cartão que tem o meu nome.

Ele confirma, e eu desço do carro. Quero ver como os brasileiros se divertem. Já vim aqui duas vezes, mas sempre foi durante o dia, e hoje a cidade parece mais movimentada. Entro em um salão que tem a fachada roxa, bem caliente. As mulheres andam praticamente sem roupa, mostrando uma boa parte do seu corpo. Me sento no banquinho e chamo o barman. Peço uma dose de whisky e passo os olhos pelo salão todo.

— Quero mais uma garrafa. — Ouço uma voz doce, mesmo com o som alto da balada, me chamou atenção. Me viro, olhando para ela, e parece até um anjo. Mas está cambaleando de bêbada.

— Não vou dar mais, você já está bêbada.

— Eu tô pagando e quero outra. Sabe o que eu passei? Não sabe, então me deixa morrer de álcool, por favor. — Sorrio com suas palavras. Ela parece bem doida.

Fora que é bem convincente. Ela consegue outra garrafa, e eu vou olhando para ela até a mesma se sentar em uma mesa. Me levanto do banquinho e me aproximo dela.

— Boa noite!

— Boa noite, quem é você? — Ela pergunta, áspera.

— Eu sou o seu subconsciente, e acho melhor você não beber mais.

— Não beber? Porque não me ajudou quando eu precisei? Fui roubada, enganada, e estou toda ferrada. Só quero beber e não me ser incomodada por ninguém.

— Então, vamos apostar? Vamos ver quem cai primeiro? — Mostro meu copo de whisky para ela, e ela balança a cabeça concordando. E nessa, ela vira tudo de uma vez.

As horas vão se passando, e ela vai ficando cada vez mais solta. Ela é espontânea, engraçada e me faz querer ficar aqui com ela. Não deixar que ninguém se aproxime para machucá-la.

— Vamos embora agora? — Pergunto, e ela concorda com a cabeça.

— Ah, não, eu não posso ir para casa. Se a minha mãe me ver assim, vai ter um treco.

— Podemos ir para um hotel. Você toma um banho, relaxa, e depois que estiver melhor, você vai embora. — Ela começa a dar risada sem parar. — Disse algo engraçado?

— Moço bonito, não é porque eu sou virgem que eu sou tapada. Não vou pro hotel com você, tá louco? — Ela fala isso, revira os olhos, e começa a vomitar sem parar no chão do salão. Eca, nojenta!

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