Bernardo e eu conversamos o voo todo, ele vai me contando como é na Itália, as comidas de lá, onde encontrar as coisas mais baratas, e onde ficam os homens mais ricos. Nunca fui uma mulher que busca em um homem o financeiro, sempre gostei de trabalhar para ter o meu próprio dinheiro.
Talvez seja por isso que eu me guardei durante 25 anos, minha meta era me entregar para o amor da minha vida, aquele que faria o meu coração palpitar, que me trataria de um jeito carinhoso e educado. Mas acho que esse homem não existe, já que o destino fez eu me entregar para qualquer um, e ainda não me lembrar do que aconteceu. — Olha, tem coisas que você não pode fazer na Itália, eles tem algumas regras, e mesmo não querendo você tem que seguir. — Não é igual ao Brasil? — Ele nega com a cabeça. — Graças a Deus. Apesar de morar no Rio de Janeiro, eu nunca subi nas favelas para dançar pancadão. Meu negócio sempre foi ficar em casa, e para ir a festas, era muito difícil. — Acredito eu que você vai se adaptar então. Mas, também não é nenhum cemitério, tem seus lugares de festas. Tem várias boates espalhadas que você pode ir se divertir. — Bernardo, a única vez que entrei em uma balada me ferrei todinha, esses lugares não são para mim. Se algum dia eu pegar confiança em você, te conto o que me aconteceu. — Vai me deixar na curiosidade? — assento com a cabeça. — Você é muito malvada. Vou dormir, já que não vai me contar os seus podres. — Começo a rir e fecho os meus olhos também, ainda falta algumas horas para o pouso, e já que saímos do Brasil, agora só quero descansar. Algumas horas depois, chegamos à Itália, Roma para ser mais precisa. Quando saímos do aeroporto, um carro preto já está nos esperando. — Você veio de mala e cuia, né? Não tem onde ficar? — Exatamente assim, me deram a proposta de emprego, mas não me indicaram nada. O que eu vou fazer? — Bom, minha casa tem dois quartos, e eu moro sozinho. Pode ficar lá e quando você receber, dividimos as despesas, o que acha? Mesmo que sejamos amigos, ainda somos desconhecidos. Fico um pouco apreensiva em aceitar a sua proposta, não o conheço o suficiente para dividir uma casa assim. Mas ele fala me tranquilizando. — Fica lá então até você receber o seu salário e encontrar uma casa para você morar. Ou pode dormir na rua, você quem sabe. Mas antes, vamos passar na empresa, preciso entregar esses documentos para o CEO. É bom que você já o conhece e ele se familiariza com a nova assistente dele. — Está bem, eu vou com você. — Sorrimos e seguimos para a empresa. Assim que chegamos, descemos os dois, cada um por uma porta, e eu vou olhando para cima, para ver a imensidão que é o prédio. Quase tenho um torcicolo só de olhar. A faixada está com o nome bem grande em cor prateada: Montelli Architettura & Ingegneria S.p.A. Entramos e seguimos para o elevador. Ele aperta o botão do último andar, onde fica a sala do CEO. O elevador tem as laterais em metal, mas o fundo é de vidro, onde podemos ver toda a Roma daqui. — O chefe é muito... bravo? — Olha, ele é bem ignorante quando quer, mas também é um homem educado. Às vezes parece bipolar. Porém ele é um homem que gosta quando falamos bem das coisas que ele faz, quer um aumento? Fala o quando o hotel de Roma é belíssimo. — Vixi, estou lascada então, eu não sou de bajular ninguém. Já vi que não vou ter aumento de salário. — Damos risada, e as portas do elevador se abrem. — Quer entrar ou quer me esperar aqui? — Ele pergunta apontando para a sala do Ceo. — Eu queria conhecer ele, mas acho melhor eu ficar por aqui mesmo. — Você quem sabe. Já volto. Ele b**e na porta e entra, e eu olho para dentro para ver o tal CEO. Pelo tamanho da empresa, o cara deve ser "o cara". Olho ao redor e não vejo a Victória, será que ela ainda não chegou ou será que hoje ela não vai trabalhar? Quero só ver a cara dela quando em ver aqui, e quero ver ela se lascando todinha para fazer um grande projeto para ele, ah, vou me sentir satisfeita e vingada. Ele levanta a cabeça no momento em que estou olhando, e eu dou um passo para trás, morrendo de vergonha por ele me ver olhando para ele. — Ai Gabrielly, você só faz merda. — Sussurro baixinho, e menos de um minuto, o Bernardo me chama. Nego com a cabeça e ele fica sem entender. Sem ter escolhas, eu vou dando passos lentos até chegar na porta do ceo. — Essa é a Gabrielly Ferreira, senhor Montelli, ela será a sua nova assistente. — Ela? — ele me olha como se já me conhecesse de algum lugar, mad eu não me lembro de ver ele antes. — Isso é uma brincadeira? — Desculpa, senhor, não estou entendendo... — Bernardo responde ele, mas ele não para de me olhar. Olho para trás, e vejo que a porta está aberta, se ele vier para cima eu saio correndo. Mas ele se levanta e manda o Bernardo sair e fechar a porta. Que ele vai fazer uma pequena entrevista comigo. Meu coração começa a bater bem rápido, tão rápido que sinto que ele vai sair do meu peito. — Como chegou aqui? — Eu... — pigareio a garganta. — Eu trabalhava na Boss, e o meu chefe mandou eu fazer a entrevista, e a sua advogada disse que... — Você trabalhava lá? Como eu não vi você quando estive na empresa? — Porque eu não pude sair da sala. — Ele segura o ar e solta aos poucos. — Porque está agindo como se não me conhecesse? — Fico pálida, onde foi que eu vi esse homem para ele está me cobrando isso? — Se eu te vi, eu...eu não me lembro. Me desculpa senhor. — Ele se aproxima mais de mim, e eu vou dando passos para trás e ele vem me seguindo. Encosto as costas na parede, e ele coloca uma mão de cada lado, me prendendo entre a parede e o seu corpo. — Realmente não se lembra de mim?Uns dias antes,Quando eu acordo, não vejo a mulher ao meu lado. Achei estranho, pois sou eu que sempre vou embora antes delas acordarem. Me levanto para fazer a minha higiene e procuro pela minha camisa que usei ontem na balada, mas não a encontro em lugar nenhum.Ontem rasguei o vestido dela. Será que ela levou a minha camisa? A camiseta que ela vestiu para dormir está em cima da cama. O vestido dela também não está pelo quarto, então, ela com certeza roubou a minha camisa.Desço para ir à empresa, e quando vou passando pela recepção, a moça me chama para falar que a moça bonita pagou a diária de ontem.— Ela fez o quê?— O senhor tem um dia pago aqui no Plaza.— Ela deixou telefone ou endereço? — Ela nega com a cabeça. Apenas me diz que ela mora em São Paulo. Droga! Porque ela tem que ser tão escorregadia? Eu adorei a nossa noite de ontem, e queria vê-la mais uma vez antes de voltar para a Itália. Agradeço à recepcionista, mas fazendo cara de quem não gostou. Ela nem deveria ter re
Quase dois meses depois, a minha advogada do Brasil me liga falando que já está com os vistos prontos das meninas para o trabalho. Mando embarcar as duas imediatamente. Como ela tem que vir para cá, ela irá trazer a Victória, a minha projetista, já a tal da Gabriella... Gabrielly, sei lá, vai vir para cá com o Bernardo. Ela pediu a vaga de assistente. Espero que essa tenha mais paciência que as outras, pois eu já estou cansado de trabalhar com quem não quer fazer o que eu mando.As duas vão começar a trabalhar amanhã na empresa. Já separei a sala da Victoria, e a Gabriella ficará comigo por um tempo, até mostrar que será uma boa funcionária. Caso contrário, nem vou perder o meu tempo arrumando uma sala para ela.Sophie ficou um mês todo de cara virada, mas quando sai com ela para jantar e fazer compras, voltamos a ficar de bem. Ela adora quando eu a mimo. Aliás, todas elas gostam de presentes caros. A felicidade da mulher é o dinheiro. Comprei um carro novo para ela também. Minha mãe
Paro de rir, e olho para ele. Eu que chamo as pessoas que não conheço de moça ou moço bonito. Ele sorri e volta a fazer a pergunta sobre eu ter achado algo engraçado.— Porque me chamou assim, senhor Montelli?— Conheci uma brasileira que falou isso para mim. Mas porque estava rindo?— Por nada! Lembrei de uma coisa, mas não é nada importante.— Sério? Então me conta para que eu possa rir também? — Como vou dizer para ele que esse projeto é meu? Não, melhor eu não dizer nada e deixar a Victória se embaralhar, pois esse é um armário de limpeza. Deixei ele reservado exatamente embaixo da escada, como se fosse uma porta invisível.— Deixa para lá. Eu já nem me lembro mais.— O senhor Boss me pediu para contratar duas projetistas dele. Uma é a Victória, e a outra é você?— Sou assistente, senhor. Só isso. — Ele ergue uma das sobrancelhas e volta a olhar para o pedreiro. Ele manda eles trabalharem em outra área, para que essa seja resolvida apenas amanhã, quando a Victória estiver aqui. Vo
Chegamos à casa de Bernardo, ela é moderna, porém não grande como a outra, mas parece ter sido bem planejada, já que cada cômodo é acoplado a outro.— Essa casa eu fiz do zero, paguei uma projetista para fazê-la do jeito que eu queria, depois paguei o engenheiro e, por último, contratei uma empresa para os móveis planejados. Cada detalhe eu que escolhi. Essa é a casa dos meus sonhos — Ela é muito bonita, é bem aconchegante, meus parabéns. — Ele sorri e me leva até o quarto onde eu irei dormir, e me mostra a porta do quarto dele. Antes de sair do meu quarto, ele fala:— Olha, eu acho que vai dar problema se você falar para o senhor Montelli que está morando aqui. Eu nunca o tinha visto daquele jeito como estava na empresa. Vocês já se conhecem?— Não, eu nunca o vi na minha vida, e estou tão confusa quanto você por tê-lo visto se metendo daquele jeito. Nunca tive um namorado na vida, para não ter que dar satisfação a ninguém, somente à minha mãe.— Sei não, mas acho que ele não vai go
Seus olhos parecem se lembrar de algo, mas quando ela abre a boca para falar, alguém bate na porta.— O que é? — Pergunto bem irritado por estarem me atrapalhando.— Senhor, a sua esposa está na empresa, e está subindo para falar como senhor. — Mesmo contra gosto, eu solto a Gabrielly, ela solta um suspiro, e caminha até a mesinha que eu mandei colocar aqui para ela. — Essa conversa ainda não acabou. — Ela abaixa a cabeça e a porta se abre com tudo. — O que você quer, Sophie? — Que você tire a sua mãe da nossa casa, já deu o que tinha que dar, eu não aguento mais.— Eu já falei mil vezes, a minha mãe não vai sair de lá.— Está bem, então, vamos morar em outro lugar, deixa aquela casa para ela, já que ela decide tudo. — Me sento na cadeira e olho para ela sem responder, porque ela já sabe da minha resposta quanto a isso. — Por favor, Riccardo, a sua mãe não me trate bem, não é como ela trata você. Eu sei que... — Ela olha para trás e vê a Gabrielly. — Quem é você?— Minha assistente!
Imagina se ela tivesse roubado! Quero só ver como vão colocar um sanitário embaixo da escada. Pelos meus cálculos, dava certinho a parte de baixo dos degraus para colocar cada coisa, mas um sanitário e uma pia, acho que será impossível... Bom, se a pessoa for gordinha, não vai caber.— Então vamos fazer como a Gabriela disse. Esse espaço será um quartinho para produtos de limpeza. Pois pela largura e comprimento, não tem como ser um lavabo. — O senhor Riccardo fala, rodando o dedo na planta. Os pedreiros confirmam com a cabeça e chamam nós duas para irmos almoçar. — Gabriela, você vai atrás agora.— Sim, senhor! — Parece que ele me chama de Gabriela só para me irritar, pois tenho certeza que ele já sabe o meu nome.Victoria senta no banco da frente, sorridente, e eu até reviro os olhos. Tomara que a mulher dele os veja e dê uma surra bem dada nela.— Vocês eram amigas no Brasil?— Não! — Respondo logo, e ele olha pelo retrovisor. Ela olha para trás e sorri sem graça.— Nós éramos, mas
Ela se senta na cadeira dela, e começamos a comer em silêncio. O senhor Riccardo não volta a se sentar ao lado dela. Fica sentado ao meu lado mesmo, e ela toda hora fica olhando para ele. Já vi que estava certa: ela vai tentar conquistá-lo para ganhar as coisas também.Se ela não me prejudicar, ela pode fazer o que ela quiser, mas como sou assistente dele, tenho certeza que vou ver ela dando em cima dele, e a esposa dando uma surra. Bom, se fosse no Brasil, seria uma surra de esfregar a cara no asfalto. Não sei como as italianas brigam.Depois do almoço, seguimos de volta à empresa. Victória vai para a sala que o senhor Riccardo separou para ela, e ele e eu vamos para a dele. Pego os contratos que ele mandou eu revisar e volto a trabalhar. Isso só pode ser um castigo. São tantos contratos, que será impossível eu revisar tudo até o fim do expediente.— Gabriela, me traga um café. — Sou obrigada a parar o trabalho para ir pegar o café amargo do amargurado. Coloco a xícara na máquina e e
Palhaçada! Eu é que não vou levar ela para o cubículo de amor deles dois. Fora que eu não consigo entendê-la. Tá certo que quando nos conhecemos, ela não sabia que eu era casado, mas agora está fazendo muito "cu doce" para o meu lado, e quanto mais ela dificulta as coisas para mim, mais eu fico empolgado em tê-la.Entro no meu carro e espero ela sair. Quero ver ela perdida, sem saber como fazer para ir até a casa dele. Meu celular começa a tocar. Sophie deve estar uma fera comigo por eu não tê-la levado para jantar como havia prometido, mas a minha atenção agora está toda voltada para a Gabrielly.Novamente eu desligo a chamada dela e fico olhando para a porta principal da agência, que só tem os seguranças e ninguém mais. Poucos minutos depois, ela desce, e o carro do Bernardo aparece. Ele desce e abre a porta para ela. Claro, ele está sendo um cavalheiro, e é disso que as mulheres gostam. Ele liga o carro e vai embora.Eu adoro uma disputa. Então, Bernardo, vamos ver quem vai ganhar