Gabrielly

Bernardo e eu conversamos o voo todo, ele vai me contando como é na Itália, as comidas de lá, onde encontrar as coisas mais baratas, e onde ficam os homens mais ricos. Nunca fui uma mulher que busca em um homem o financeiro, sempre gostei de trabalhar para ter o meu próprio dinheiro.

Talvez seja por isso que eu me guardei durante 25 anos, minha meta era me entregar para o amor da minha vida, aquele que faria o meu coração palpitar, que me trataria de um jeito carinhoso e educado. Mas acho que esse homem não existe, já que o destino fez eu me entregar para qualquer um, e ainda não me lembrar do que aconteceu.

— Olha, tem coisas que você não pode fazer na Itália, eles tem algumas regras, e mesmo não querendo você tem que seguir.

— Não é igual ao Brasil? — Ele nega com a cabeça. — Graças a Deus. Apesar de morar no Rio de Janeiro, eu nunca subi nas favelas para dançar pancadão. Meu negócio sempre foi ficar em casa, e para ir a festas, era muito difícil.

— Acredito eu que você vai se adaptar então. Mas, também não é nenhum cemitério, tem seus lugares de festas. Tem várias boates espalhadas que você pode ir se divertir.

— Bernardo, a única vez que entrei em uma balada me ferrei todinha, esses lugares não são para mim. Se algum dia eu pegar confiança em você, te conto o que me aconteceu.

— Vai me deixar na curiosidade? — assento com a cabeça. — Você é muito malvada. Vou dormir, já que não vai me contar os seus podres. — Começo a rir e fecho os meus olhos também, ainda falta algumas horas para o pouso, e já que saímos do Brasil, agora só quero descansar.

Algumas horas depois, chegamos à Itália, Roma para ser mais precisa. Quando saímos do aeroporto, um carro preto já está nos esperando.

— Você veio de mala e cuia, né? Não tem onde ficar?

— Exatamente assim, me deram a proposta de emprego, mas não me indicaram nada. O que eu vou fazer?

— Bom, minha casa tem dois quartos, e eu moro sozinho. Pode ficar lá e quando você receber, dividimos as despesas, o que acha?

Mesmo que sejamos amigos, ainda somos desconhecidos. Fico um pouco apreensiva em aceitar a sua proposta, não o conheço o suficiente para dividir uma casa assim. Mas ele fala me tranquilizando.

— Fica lá então até você receber o seu salário e encontrar uma casa para você morar. Ou pode dormir na rua, você quem sabe. Mas antes, vamos passar na empresa, preciso entregar esses documentos para o CEO. É bom que você já o conhece e ele se familiariza com a nova assistente dele.

— Está bem, eu vou com você. — Sorrimos e seguimos para a empresa. Assim que chegamos, descemos os dois, cada um por uma porta, e eu vou olhando para cima, para ver a imensidão que é o prédio. Quase tenho um torcicolo só de olhar. A faixada está com o nome bem grande em cor prateada: Montelli Architettura & Ingegneria S.p.A.

Entramos e seguimos para o elevador. Ele aperta o botão do último andar, onde fica a sala do CEO. O elevador tem as laterais em metal, mas o fundo é de vidro, onde podemos ver toda a Roma daqui.

— O chefe é muito... bravo?

— Olha, ele é bem ignorante quando quer, mas também é um homem educado. Às vezes parece bipolar. Porém ele é um homem que gosta quando falamos bem das coisas que ele faz, quer um aumento? Fala o quando o hotel de Roma é belíssimo.

— Vixi, estou lascada então, eu não sou de bajular ninguém. Já vi que não vou ter aumento de salário. — Damos risada, e as portas do elevador se abrem.

— Quer entrar ou quer me esperar aqui? — Ele pergunta apontando para a sala do Ceo.

— Eu queria conhecer ele, mas acho melhor eu ficar por aqui mesmo.

— Você quem sabe. Já volto.

Ele b**e na porta e entra, e eu olho para dentro para ver o tal CEO. Pelo tamanho da empresa, o cara deve ser "o cara". Olho ao redor e não vejo a Victória, será que ela ainda não chegou ou será que hoje ela não vai trabalhar?

Quero só ver a cara dela quando em ver aqui, e quero ver ela se lascando todinha para fazer um grande projeto para ele, ah, vou me sentir satisfeita e vingada. Ele levanta a cabeça no momento em que estou olhando, e eu dou um passo para trás, morrendo de vergonha por ele me ver olhando para ele.

— Ai Gabrielly, você só faz merda. — Sussurro baixinho, e menos de um minuto, o Bernardo me chama. Nego com a cabeça e ele fica sem entender. Sem ter escolhas, eu vou dando passos lentos até chegar na porta do ceo.

— Essa é a Gabrielly Ferreira, senhor Montelli, ela será a sua nova assistente.

— Ela? — ele me olha como se já me conhecesse de algum lugar, mad eu não me lembro de ver ele antes. — Isso é uma brincadeira?

— Desculpa, senhor, não estou entendendo... — Bernardo responde ele, mas ele não para de me olhar. Olho para trás, e vejo que a porta está aberta, se ele vier para cima eu saio correndo.

Mas ele se levanta e manda o Bernardo sair e fechar a porta. Que ele vai fazer uma pequena entrevista comigo. Meu coração começa a bater bem rápido, tão rápido que sinto que ele vai sair do meu peito.

— Como chegou aqui?

— Eu... — pigareio a garganta. — Eu trabalhava na Boss, e o meu chefe mandou eu fazer a entrevista, e a sua advogada disse que...

— Você trabalhava lá? Como eu não vi você quando estive na empresa?

— Porque eu não pude sair da sala. — Ele segura o ar e solta aos poucos.

— Porque está agindo como se não me conhecesse? — Fico pálida, onde foi que eu vi esse homem para ele está me cobrando isso?

— Se eu te vi, eu...eu não me lembro. Me desculpa senhor. — Ele se aproxima mais de mim, e eu vou dando passos para trás e ele vem me seguindo. Encosto as costas na parede, e ele coloca uma mão de cada lado, me prendendo entre a parede e o seu corpo.

— Realmente não se lembra de mim?

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