Riccardo, Roma, Itália. Estou terminando de arrumar as minhas malas para viajar para o Brasil. Uma das projetistas de lá fez um projeto que me deixou muito satisfeito. Era o que eu precisava para começar a fundação da casa do senhor Nevil. Mas minha amada esposa está me desconcentrando. — Você tem que falar com a sua mãe. Já chega, eu já não aguento mais. — Eu não tenho que falar nada para ela. Se vira vocês duas. — Riccardo, você não pode dar autonomia de uma casa para suas mulheres. Eu sou a sua esposa, e tenho que ter a maior autoridade aqui. — Vamos por partes, Sophie. Primeiro, nosso casamento foi mais por contrato do que por sentimentos. Nossos pais quiseram, e fizemos o último gosto deles. Minha mãe é a minha rainha. Sem você, eu estaria ainda aqui. Sem ela, não. Você é minha esposa e é dona da casa. Ela é a minha mãe e também é dona da casa. Fim de papo. — Ela já está de idade. Porque não colocamos ela em uma casa de idosos? — Olho bem feio para ela. Nunca que eu d
Riccardo, Ela se levanta e pede para eu me levantar junto. Ela sai na frente, quase caindo, cambaleando para todos os lados. — Qual é o seu carro? — Ela para no estacionamento e pergunta. — Eu não tenho carro aqui. Eu sou da Itália, vim para cá de táxi. — Eu falo italiano, fiz vários cursos. Ai... — Ela tropeça no pé dele, e eu a seguro. Olho para os lados para ver se alguém está vendo isso. — Temos que ir embora logo, ou os seguranças vão vir até aqui e me botar para limpar o chão lá dentro. Começo a dar risada e a levanto para que ela fique em pé. Um táxi passa, e eu estendo a mão. Ele vem bem em nossa direção, e eu coloco ela dentro e me sento ao seu lado. Ela é o tipo de mulher que não deixa você cair na depressão. A pouco tempo que eu estou com ela, já dei mais risada do que na minha vida toda. Mando o taxista nos deixar no hotel Plaza. Mesmo ela achando que eu vou atacá-la à noite, eu não faria isso, não com ela bêbada. Mas, quem sabe quando ela acordar, poderemos fazer um
Gabrielly, Rio de janeiro, Brasil. Desperto do meu sono com tudo, sentando-me na cama. Não me lembro de nada da noite anterior, pelo menos, não depois que entrei no bar e comecei a beber sem parar uma garrafa de uísque. Passo a mão pelo meu rosto e olho ao redor, não conheço este quarto, até que escuto um som que parece um resmungo masculino. Olho para o lado e me deparo com um homem deitado e pelado de bruços. Aproximo-me lentamente dele, sem tocá-lo, mas não consigo ver seu rosto. Assusto-me com ele dando outro resmungo e me afasto. Não, eu não fiz isso, não dei a minha virgindade assim para um estranho, eu não seria tão louca, ou seria? Levanto o lençol e vejo a marca da minha virgindade ali, jogando na minha cara que sim, eu fui uma louca. Lentamente, levanto-me da cama e procuro pela minha roupa. Vejo meu vestido todo rasgado e não acredito nisso. "Como eu vou embora agora?" Passo os olhos pelo quarto e vejo uma camisa branca. Pego ela e me visto. Se ele rasgou o meu vestido
Gabrielly Alguém b**e na porta, mas eu finjo demência. Não quero abrir e muito menos participar dessa reunião frajuda. Mas, quando escuto a voz do meu chefe, não tem como eu me fazer de sonsa. Me levanto e abro a porta para ele. — Estamos te esperando na reunião. — Me deixe ficar aqui. Estou com aquele projeto importante que você pediu, e estou com muita dor de cabeça. Se eu for para a reunião, eu não vou conseguir terminar a tempo. — Tem certeza, Gabrielly? É uma boa oportunidade para você, ainda mais que sabe falar italiano. Seria bom o engenheiro te conhecer. — Nego com a cabeça. O que eu vou mostrar para ele, se o meu projeto está na mão da vaca? — Então, tá. Você quem sabe. Ele vira as costas, e eu fecho a porta, me encostando nela. Hoje era para ser o dia mais feliz da minha vida, mas está um saco. Volto para a minha mesa, pego meu caderno de desenho e começo a fazer o desenho da casa com piscina do Senhor Melo. As horas vão se passando. Nem parei para almoçar. Tirei um co
Gabrielly Entrego o meu currículo para ela, que olha, avalia, pensa e, depois de um tempo, olha para mim e coloca o papel sobre o seu colo. — Gabrielly Ferreira, você realmente fez todos esses cursos que descreveu no seu currículo? — Sim, senhora. Pode me perguntar qualquer coisa sobre eles que eu te respondo. — Fala italiano, inglês e francês. Você está apta para trabalhar em uma de nossas filiais fora do Brasil, principalmente na Itália, onde precisamos de projetista. — Olha, só teria essa vaga? Tipo, como pode ver, eu também fiz faculdade de administração, e estou querendo mudar um pouco de profissão, sabe? — Se eu não for projetista na Itália, a Victória vai se ferrar sozinha. — Temos uma vaga de assistente do CEO, mas ele é bem exigente. Nenhuma fica mais de um mês trabalhando com ele. Quer tentar assim mesmo? — Se não der certo, posso optar pelo cargo de projetista? Sabe, voltar para o Brasil vai ser bem complicado. — Pode sim. Então, por enquanto, vou deixar você
Gabrielly, Bernardo e eu conversamos o voo todo, ele vai me contando como é na Itália, as comidas de lá, onde encontrar as coisas mais baratas, e onde ficam os homens mais ricos. Nunca fui uma mulher que busca em um homem o financeiro, sempre gostei de trabalhar para ter o meu próprio dinheiro. Talvez seja por isso que eu me guardei durante 25 anos, minha meta era me entregar para o amor da minha vida, aquele que faria o meu coração palpitar, que me trataria de um jeito carinhoso e educado. Mas acho que esse homem não existe, já que o destino fez eu me entregar para qualquer um, e ainda não me lembrar do que aconteceu. — Olha, tem coisas que você não pode fazer na Itália, eles tem algumas regras, e mesmo não querendo você tem que seguir. — Não é igual ao Brasil? — Ele nega com a cabeça. — Graças a Deus. Apesar de morar no Rio de Janeiro, eu nunca subi nas favelas para dançar pancadão. Meu negócio sempre foi ficar em casa, e para ir a festas, era muito difícil. — Acredito eu que vo
Riccardo Quando eu acordo, não vejo a mulher ao meu lado. Achei estranho, pois sou eu que sempre vou embora antes delas acordarem. Me levanto para fazer a minha higiene e procuro pela minha camisa que usei ontem na balada, mas não a encontro em lugar nenhum. Ontem rasguei o vestido dela. Será que ela levou a minha camisa? A camiseta que ela vestiu para dormir está em cima da cama. O vestido dela também não está pelo quarto, então, ela com certeza roubou a minha camisa. Desço para ir à empresa, e quando vou passando pela recepção, a moça me chama para falar que a moça bonita pagou a diária de ontem. — Ela fez o quê? — O senhor tem um dia pago aqui no Plaza. — Ela deixou telefone ou endereço? — Ela nega com a cabeça. Apenas me diz que ela mora em São Paulo. Droga! Porque ela tem que ser tão escorregadia? Eu adorei a nossa noite de ontem, e queria vê-la mais uma vez antes de voltar para a Itália. Agradeço à recepcionista, mas fazendo cara de quem não gostou. Ela nem deveria t
Riccardo, Quase dois meses depois, a minha advogada do Brasil me liga falando que já está com os vistos prontos das meninas para o trabalho. Mando embarcar as duas imediatamente. Como ela tem que vir para cá, ela irá trazer a Victória, a minha projetista, já a tal da Gabriella... Gabrielly, sei lá, vai vir para cá com o Bernardo. Ela pediu a vaga de assistente. Espero que essa tenha mais paciência que as outras, pois eu já estou cansado de trabalhar com quem não quer fazer o que eu mando. As duas vão começar a trabalhar amanhã na empresa. Já separei a sala da Victoria, e a Gabriella ficará comigo por um tempo, até mostrar que será uma boa funcionária. Caso contrário, nem vou perder o meu tempo arrumando uma sala para ela. Sophie ficou um mês todo de cara virada, mas quando sai com ela para jantar e fazer compras, voltamos a ficar de bem. Ela adora quando eu a mimo. Aliás, todas elas gostam de presentes caros. A felicidade da mulher é o dinheiro. Comprei um carro novo para ela também