Riccardo,
Quase dois meses depois, a minha advogada do Brasil me liga falando que já está com os vistos prontos das meninas para o trabalho. Mando embarcar as duas imediatamente. Como ela tem que vir para cá, ela irá trazer a Victória, a minha projetista, já a tal da Gabriella... Gabrielly, sei lá, vai vir para cá com o Bernardo. Ela pediu a vaga de assistente. Espero que essa tenha mais paciência que as outras, pois eu já estou cansado de trabalhar com quem não quer fazer o que eu mando. As duas vão começar a trabalhar amanhã na empresa. Já separei a sala da Victoria, e a Gabriella ficará comigo por um tempo, até mostrar que será uma boa funcionária. Caso contrário, nem vou perder o meu tempo arrumando uma sala para ela. Sophie ficou um mês todo de cara virada, mas quando sai com ela para jantar e fazer compras, voltamos a ficar de bem. Ela adora quando eu a mimo. Aliás, todas elas gostam de presentes caros. A felicidade da mulher é o dinheiro. Comprei um carro novo para ela também. Minha mãe ficou brava, mas tem que entender que, mesmo ela não gostando, a Sophie é a minha esposa. Me troco e vou para a empresa. Já estou levantando a casa do senhor Nevil com o projeto da Victoria. Ele gostou muito, pois era exatamente o que ele queria. Vou passar na empresa e depois vou até a área de construção. Quero ver de perto como está sendo construído. Me sento na cadeira, e com alguns minutos, o Bernardo chega. — Senhor, aqui estão os documentos que me pediu da empresa do senhor Boss. Ela é toda sua agora. Já estão mudando a faixada para M.A.I. — Perfeito. Cadê a minha assistente? Ela veio com você, não foi? — Sim, senhor. Ela está ali fora. Não quis entrar. — Levanto a minha cabeça e vejo ela me olhando, mas se esconde rapidamente. Me deu uma leve impressão de que eu a conheço de algum lugar. — Traga ela aqui agora. — Ele assente com a cabeça e vai chamá-la. E assim que ela entra, parece até que é brincadeira. Não posso acreditar! É a moça bonita da noite que passei no Brasil. Ela olha para mim como se não conhecesse, e isso me irrita. Mando o Bernardo sair e me aproximo dela. Seu perfume ainda é o mesmo, o que me faz viajar até dois meses atrás. — Me responde, não se lembra de mim? — Ela nega com a cabeça bem rápido, e eu não sei se ela só está fingindo por saber agora que eu sou o seu chefe, ou porque a tequila que ela bebeu realmente fez ela esquecer de tudo. — Pois bem, você vai ser a minha assistente pessoal, e saiba que eu sou bem exigente. Então, amanhã quero você aqui às 7:30 da manhã na empresa. Entendeu? — Sim, senhor. Estarei aqui às 7:30. — Ela fala com uma voz trêmula, como se estivesse com medo de mim. Por um lado é bom, nunca tive relação sexual com nenhuma funcionária minha. Mas, já que ela insiste em dizer que não me conhece, assim será melhor. — Posso ir embora agora? Percebo que ela ainda está presa. Dou um leve sorriso e me aproximo para dar um beijo. Ela arregala os olhos, mas antes que meus lábios encostem no dela, alguém b**e na porta. Me afasto e mando entrar. — Senhor Montelli, o senhor Nevil pediu para que o senhor vá até a casa dele, pois parece que está tendo um problema no projeto. — Certo. Estou indo lá agora mesmo... Quer saber, minha assistente, acho que você vai começar a trabalhar agora mesmo. Me acompanha. — Ela acena com a cabeça, e eu vou até a minha mesa para pegar o meu terno. Ela passa primeiro pela porta, e o Bernardo se levanta. — Vamos para casa? — Porque ele vai levar ela para a casa dele? — Eu... — Ela ia falar, mas eu a interrompi. — Ela vai começar a trabalhar hoje, Bernardo. Pode ir embora. Eu deixo ela na casa dela quando acabar. — Ela não tem casa aqui, senhor. Só mandaram ela para cá, por isso ofereci a minha casa para ela ficar até ela receber o primeiro pagamento e alugar uma casa para ela. — Vou resolver isso. Pode ir embora. Vamos, Gabriella? — É Gabrielly, senhor. — Ela me corrige, e eu só levanto a mão para que ela me siga. Aperto o botão do elevador, e assim que as portas se abrem, entramos nos três. Os dois ficam de papinho na minha frente. Ela sorri para ele sem nem ter graça nenhuma. As portas do elevador se abrem, e na porta da empresa, eles se abraçam, se despedindo. Passo a mão pelo meu cabelo. Não sei porque isso está me afetando, mas não estou gostando nada disso. Levo ela até o meu carro. Ela senta no banco do passageiro, e eu no banco do motorista. — Vamos passar na obra, e de lá vamos procurar uma casa para você morar. — Não precisa se preocupar, senhor. Eu vou resolver isso quando meu salário cair na minha conta. — Hum, você confia em um homem que conheceu há um dia, mas não confia no seu chefe? — Ele eu já conheço, o senhor não... Me desculpa. — Nego com a cabeça. Ela continua afirmando que não me conhece. Acho que isso é só um jogo dela. Não é possível. — E também será só um mês. Depois eu vou ter a minha própria casa. Fico imaginando o que os dois vão fazer nesse um mês que ela morar lá. Foi tão gostosa a nossa føda, agora ela quer repetir com ele? Ele vai querer se aproveitar, falando que, por ela não ter dinheiro, pode pagar de outra forma. Olho para o lado, e suas pernas grossas me chamam atenção. Eu apertei com tanto gosto naquela noite, que dá vontade até de repetir. — Vou te dar um adiantamento para você alugar uma casa para você. Homens como o Bernardo gostam de se aproveitar das mulheres. E não diga que não, porque assim será feito. Você ficará na sua casa, e não na casa de um homem solteiro. Entendeu? — Sim, senhor. — Olho para ela só para ter certeza que ela entendeu mesmo, e ela balança a cabeça concordando. Chegamos na obra, e o muratore (pedreiro na Itália) chega para falar comigo. — Senhor, não estou conseguindo distinguir que cômodo é esse aqui, se é um lavabo ou um simples cômodo. — Olho para o projeto, e a moça bonita se aproxima junto. — Só vou poder resolver esse problema amanhã, pois a projetista desse projeto começará a trabalhar amanhã. — Termino de falar, e ouço uma risadinha dela do meu lado. — Achou o que engraçado, moça bonita?Gabrielly, Paro de rir, e olho para ele. Eu que chamo as pessoas que não conheço de moça ou moço bonito. Ele sorri e volta a fazer a pergunta sobre eu ter achado algo engraçado. — Porque me chamou assim, senhor Montelli? — Conheci uma brasileira que falou isso para mim. Mas porque estava rindo? — Por nada! Lembrei de uma coisa, mas não é nada importante. — Sério? Então me conta para que eu possa rir também? — Como vou dizer para ele que esse projeto é meu? Não, melhor eu não dizer nada e deixar a Victória se embaralhar, pois esse é um armário de limpeza. Deixei ele reservado exatamente embaixo da escada, como se fosse uma porta invisível. — Deixa para lá. Eu já nem me lembro mais. — O senhor Boss me pediu para contratar duas projetistas dele. Uma é a Victória, e a outra é você? — Sou assistente, senhor. Só isso. — Ele ergue uma das sobrancelhas e volta a olhar para o pedreiro. Ele manda eles trabalharem em outra área, para que essa seja resolvida apenas amanhã, quando a
Chegamos à casa de Bernardo, ela é moderna, porém não grande como a outra, mas parece ter sido bem planejada, já que cada cômodo é acoplado a outro. — Essa casa eu fiz do zero, paguei uma projetista para fazê-la do jeito que eu queria, depois paguei o engenheiro e, por último, contratei uma empresa para os móveis planejados. Cada detalhe eu que escolhi. Essa é a casa dos meus sonhos — Ela é muito bonita, é bem aconchegante, meus parabéns. — Ele sorri e me leva até o quarto onde eu irei dormir, e me mostra a porta do quarto dele. Antes de sair do meu quarto, ele fala: — Olha, eu acho que vai dar problema se você falar para o senhor Montelli que está morando aqui. Eu nunca o tinha visto daquele jeito como estava na empresa. Vocês já se conhecem? — Não, eu nunca o vi na minha vida, e estou tão confusa quanto você por tê-lo visto se metendo daquele jeito. Nunca tive um namorado na vida, para não ter que dar satisfação a ninguém, somente à minha mãe. — Sei não, mas acho que ele n
Riccardo, Seus olhos parecem se lembrar de algo, mas quando ela abre a boca para falar, alguém b**e na porta. — O que é? — Pergunto bem irritado por estarem me atrapalhando. — Senhor, a sua esposa está na empresa, e está subindo para falar como senhor. — Mesmo contra gosto, eu solto a Gabrielly, ela solta um suspiro, e caminha até a mesinha que eu mandei colocar aqui para ela. — Essa conversa ainda não acabou. — Ela abaixa a cabeça e a porta se abre com tudo. — O que você quer, Sophie? — Que você tire a sua mãe da nossa casa, já deu o que tinha que dar, eu não aguento mais. — Eu já falei mil vezes, a minha mãe não vai sair de lá. — Está bem, então, vamos morar em outro lugar, deixa aquela casa para ela, já que ela decide tudo. — Me sento na cadeira e olho para ela sem responder, porque ela já sabe da minha resposta quanto a isso. — Por favor, Riccardo, a sua mãe não me trate bem, não é como ela trata você. Eu sei que... — Ela olha para trás e vê a Gabrielly. — Quem é você? —
Gabrielly, Imagina se ela tivesse roubado! Quero só ver como vão colocar um sanitário embaixo da escada. Pelos meus cálculos, dava certinho a parte de baixo dos degraus para colocar cada coisa, mas um sanitário e uma pia, acho que será impossível... Bom, se a pessoa for gordinha, não vai caber. — Então vamos fazer como a Gabriela disse. Esse espaço será um quartinho para produtos de limpeza. Pois pela largura e comprimento, não tem como ser um lavabo. — O senhor Riccardo fala, rodando o dedo na planta. Os pedreiros confirmam com a cabeça e chamam nós duas para irmos almoçar. — Gabriela, você vai atrás agora. — Sim, senhor! — Parece que ele me chama de Gabriela só para me irritar, pois tenho certeza que ele já sabe o meu nome. Victoria senta no banco da frente, sorridente, e eu até reviro os olhos. Tomara que a mulher dele os veja e dê uma surra bem dada nela. — Vocês eram amigas no Brasil? — Não! — Respondo logo, e ele olha pelo retrovisor. Ela olha para trás e sorri sem gra
Gabrielly, Ela se senta na cadeira dela, e começamos a comer em silêncio. O senhor Riccardo não volta a se sentar ao lado dela. Fica sentado ao meu lado mesmo, e ela toda hora fica olhando para ele. Já vi que estava certa: ela vai tentar conquistá-lo para ganhar as coisas também. Se ela não me prejudicar, ela pode fazer o que ela quiser, mas como sou assistente dele, tenho certeza que vou ver ela dando em cima dele, e a esposa dando uma surra. Bom, se fosse no Brasil, seria uma surra de esfregar a cara no asfalto. Não sei como as italianas brigam. Depois do almoço, seguimos de volta à empresa. Victória vai para a sala que o senhor Riccardo separou para ela, e ele e eu vamos para a dele. Pego os contratos que ele mandou eu revisar e volto a trabalhar. Isso só pode ser um castigo. São tantos contratos, que será impossível eu revisar tudo até o fim do expediente. — Gabriela, me traga um café. — Sou obrigada a parar o trabalho para ir pegar o café amargo do amargurado. Coloco a xíca
Riccardo, Palhaçada! Eu é que não vou levar ela para o cubículo de amor deles dois. Fora que eu não consigo entendê-la. Tá certo que quando nos conhecemos, ela não sabia que eu era casado, mas agora está fazendo muito "cu doce" para o meu lado, e quanto mais ela dificulta as coisas para mim, mais eu fico empolgado em tê-la. Entro no meu carro e espero ela sair. Quero ver ela perdida, sem saber como fazer para ir até a casa dele. Meu celular começa a tocar. Sophie deve estar uma fera comigo por eu não tê-la levado para jantar como havia prometido, mas a minha atenção agora está toda voltada para a Gabrielly. Novamente eu desligo a chamada dela e fico olhando para a porta principal da agência, que só tem os seguranças e ninguém mais. Poucos minutos depois, ela desce, e o carro do Bernardo aparece. Ele desce e abre a porta para ela. Claro, ele está sendo um cavalheiro, e é disso que as mulheres gostam. Ele liga o carro e vai embora. Eu adoro uma disputa. Então, Bernardo, vamos ver
Riccardo, Ela volta com o meu café e o coloca em cima da mesa. Gabrielly nem me olha. Volta para sua mesa e se senta em sua cadeira. Observo cada detalhe dela agora, principalmente seus olhares disfarçados para mim. — Gabriela, você tem quantos anos? — Vinte e seis, e o senhor? — Ela arregala os olhos. — Desculpa, foi força do hábito. Não precisa responder. — Sou seis anos mais velho que você. Tenho 32. Gosta de festas e de beber tequila? — Não, senhor. Gosto mais de ficar em casa. Bebi uma vez na minha vida umas garrafas de uísque, mas não me fez bem. Perdi até o que eu não deveria ter perdido. — O que perdeu? — Sei bem do que ela está falando, mas como ela não sabe que fui eu o homem que tirou a sua virgindade, quero que ela fale. — Minha virgin... — Olho para ela sorrindo, mas ela para de falar no meio do caminho. — Eu vou ao banheiro. O senhor quer alguma coisa? — Foge fujona. Nego com a cabeça, e ela se levanta e sai da sala. Ela já estava quase falando. Parece que quando f
Gabrielly Sinto até a dor na minha mão só de dar o tapa na cara dele, mas quando ele olha para mim, minhas pernas até bambeiam. Mesmo com medo, me mantenho firme. Quem ele pensa que eu sou? — Pega seus dólares e enfia no meio do seu... — Olha o que você vai dizer. Eu não estou te pagando, estou te convidando. — Com dinheiro? Não sou nenhuma prostituta, senhor Montelli. Fiz faculdade e cursos para não precisar me prestar a isso. Não sou um objeto, não sou uma mercadoria que você possa pagar para ter. Quer saber, eu me demito. Não aguento mais você me assediando dessa forma. Tento passar por ele, mas ele barra a minha passagem. Tento empurrar ele, mas ele segura em meus pulsos. — Ou trabalha aqui, ou não vai trabalhar em lugar nenhum, porque eu vou ferrar a sua ficha, para que você só consiga trabalhar como garota de programa. Maldito! Que ódio desse homem. Fecho a minha cara, com ódio. Eu vou ter que engolir esse idiota, porque jamais eu levaria uma vergonha dessa para min