Um dia antes...

Riccardo

Quando eu acordo, não vejo a mulher ao meu lado. Achei estranho, pois sou eu que sempre vou embora antes delas acordarem. Me levanto para fazer a minha higiene e procuro pela minha camisa que usei ontem na balada, mas não a encontro em lugar nenhum.

Ontem rasguei o vestido dela. Será que ela levou a minha camisa? A camiseta que ela vestiu para dormir está em cima da cama. O vestido dela também não está pelo quarto, então, ela com certeza roubou a minha camisa.

Desço para ir à empresa, e quando vou passando pela recepção, a moça me chama para falar que a moça bonita pagou a diária de ontem.

— Ela fez o quê?

— O senhor tem um dia pago aqui no Plaza.

— Ela deixou telefone ou endereço? — Ela nega com a cabeça. Apenas me diz que ela mora em São Paulo. Droga! Porque ela tem que ser tão escorregadia? Eu adorei a nossa noite de ontem, e queria vê-la mais uma vez antes de voltar para a Itália. Agradeço à recepcionista, mas fazendo cara de quem não gostou. Ela nem deveria ter recebido esse dinheiro para começo de conversa.

(...)

Chego na empresa, e o senhor Boss já estava me esperando na sala de reunião. Assim que eu me sento, ele passa o projeto para mim.

— Como pode ver, ele é perfeito. Eu tenho as melhores projetistas do país aqui na minha empresa.

— Não precisa exagerar, mas concordo que o projeto seja perfeito. Por isso vim em busca dele. Mas também quero fazer um acordo com o senhor, mas isso falo depois em particular. Quem foi a projetista desse trabalho?

— Eu! — Uma mulher de cabelo preto fala, e eu olho para ela. — Passei a noite em claro para entregar o meu melhor. E fico feliz que o senhor gostou.

— Quero lhe fazer uma proposta. Aceita ir para a Itália e ganhar três mil euros por mês? — Os olhos dela arregalam. Isso para mim já é um sim.

— Eu quero. Posso ir quando o senhor quiser. — Pego o meu celular e ligo para a minha advogada daqui do Brasil. Quero que ela deixe tudo pronto para que não tenha nenhum problema quando ela for para a Itália.

Conversamos um tempo sobre o projeto. Às vezes, a projetista dava uns furos, o que me fazia repensar se realmente foi ela quem fez o projeto. Mas ela sempre contornava e dizia que tinha feito algumas partes quando estava com sono, por isso não se lembrava. Depois de um tempo, a reunião acaba. Eu e o senhor Boss seguimos para a sua sala, e onde eu faço a minha proposta.

— Pode falar o que o senhor quiser, senhor Montelli.

— Quero comprar a sua empresa. Me passa o valor que você quer, e eu vou comprá-la. — Ele pisca várias vezes para mim, como se não entendesse. — Estou falando sério. Pago em dólares, só para o senhor poder se aposentar bem de vida.

— Essa empresa é a minha vida. Não sei se...

— Cinco milhões de dólares. Está bom para o senhor? Acho que a empresa não é tão bem conhecida, mas na minha mão ela se tornará. Quero fazer a M.A.I mundialmente conhecida pelos melhores engenheiros do mundo todo. Vou trazer o meu pessoal de lá para ensinar os daqui, e o senhor vai ver a sua empresa crescer.

— Aceito! — Estava preparado para aumentar a oferta, mas se para ele está bom, então tá, né? — Mas como uma condição. Quero que você contrate as minhas duas projetistas. Gosto muito delas, e quero que as duas tenham um bom trabalho.

— Eu só vi uma na sala de reunião. — Ele explica que a outra não pode ir porque estava trabalhando em um projeto, mas que ela também fala italiano e francês, o que será bom para mim. Ligo novamente para a minha advogada e mando ela fazer uma entrevista com essa outra projetista, já que eu tenho que voltar correndo para a Itália.

Mando ela fazer um contrato de compra e venda e entregar para o senhor Boss. Assim que a empresa estiver no meu nome, ela vai deixar de ser a Boss Engenharia para Montelli Architettura & Ingegneria.

Volto ao hotel Plaza, arrumo a minha mala, pago a conta do hotel, vou para o aeroporto. Fico o tempo todo pensando na moça bonita. Olho até ao redor para ver se a vejo uma última vez, mas nada. Ela não está aqui. Inconformado, entro no avião para voltar para a Itália e todo o tormento que vou ter ao chegar lá e dar de cara com a Sophie e suas reclamações.

(...)

Depois de um voo tranquilo, sigo para minha casa e já me deparo com a minha mãe e Sophie brigando por causa da cor da cortina da sala.

— Eu gosto de flores, e acho que ficou bonito. — Minha mãe fala de frente para a cortina.

— Isso é brega. É moda velha. Agora as cortinas têm que ser lisas, sem estampas. Deixa de ser cafona, dona Marly.

— A casa é minha e do meu filho, e vai ficar o que eu quiser. — Tento passar direto para o meu quarto, mas as duas me veem, e começamos a me colocar entre as duas. Eu não posso escolher entre elas, mas se fosse, claro que seria a minha mãe.

— A cortina está bonita. Dá um ar de alegria na casa. A próxima você coloca a que você quiser, Sophia.

— Eu nunca posso escolher nada. Toda a mobília foi ela quem escolheu. O que eu estou fazendo aqui?

— Servindo de enfeite, já que nem sabe trabalhar. — Minha mãe responde à Sophie, o que deixa ela mais possessa ainda de raiva, e sai correndo para o quarto.

— Mãe, não faça isso. Tente ser gentil com ela.

— Você só se casou porque o pai de vocês fizeram um contrato. Mas você não a ama. Se a amasse, já teria me dado netos. — Ergo uma sobrancelha, pois Sophie deixou bem claro que não queria filhos para não estragar o corpo. — Quando você me trouxer uma mulher aqui em casa, que seja boa e que você realmente ame, aí sim, vou me comportar como uma boa sogra. Agora essa encostada que passa o dia todo fazendo compras, só gastando o seu dinheiro, eu não dou nada, nem bom dia.

— Eu nunca vou me apaixonar por ninguém, mãe.

— Vai sim. O amor sempre chega para todo mundo, e sei que o seu também vai chegar. Pode já ir preparando o divórcio, pois minha verdadeira nora não tardará em chegar.

Minha mãe assiste muitas novelas românticas, e com isso vive no mundo das iludidas. Coitada!

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