Gabrielly Ferreira

Rio de janeiro, Brasil.

Desperto do meu sono com tudo, sentando-me na cama. Não me lembro de nada da noite anterior, pelo menos, não depois que entrei no bar e comecei a beber sem parar uma garrafa de uísque. Passo a mão pelo meu rosto e olho ao redor, não conheço este quarto, até que escuto um som que parece um resmungo masculino.

Olho para o lado e me deparo com um homem deitado e pelado de bruços. Aproximo-me lentamente dele, sem tocá-lo, mas não consigo ver seu rosto. Assusto-me com ele dando outro resmungo e me afasto. Não, eu não fiz isso, não dei a minha virgindade assim para um estranho, eu não seria tão louca, ou seria?

Levanto o lençol e vejo a marca da minha virgindade ali, jogando na minha cara que sim, eu fui uma louca. Lentamente, levanto-me da cama e procuro pela minha roupa. Vejo meu vestido todo rasgado e não acredito nisso. "Como eu vou embora agora?" Passo os olhos pelo quarto e vejo uma camisa branca.

Pego ela e me visto. Se ele rasgou o meu vestido, que vá embora sem camisa para casa. Visto-a e ela fica parecendo um vestido, bom, pelo menos vou poder ir para minha casa sem ser presa por tentativa de atentado ao pudor. Pego meus sapatos na mão, minha bolsa e vou embora. Ainda olho para ele, que tem belas costas largas, muito bonito, pelo menos de costas.

Fecho a porta bem devagar e, só dentro do elevador, que eu calço os meus sapatos. Me apoio no corrimão do elevador, soltando um suspiro bem lento. Passo a mão na minha cabeça, ainda tentando me lembrar de ontem à noite, mas não consigo, apenas me lembro do bar.

As portas se abrem e eu vou até a recepção do hotel e pago a noite. Não quero que ninguém me ligue depois me cobrando e nem quero sair daqui com a mulher achando que vou dar o golpe de não pagar.

— Cento e cinquenta reais! — Ela fala, e eu pego a minha carteira e pago com o meu cartão.

— Quando o homem acordar e perguntar por mim, diga que eu fui embora e que moro em São Paulo. — Ela sorrir balançando a cabeça.

— Falo sim, senhora! — sorrio para ela e saio atrás de um táxi, que, por sorte, tem um parado, parecendo até que estava esperando por mim. Sem condições de eu pegar um ônibus para ir para a casa só de camiseta.

Dou o endereço da minha casa para o motorista e fecho os meus olhos. Nada disso teria acontecido se não fosse pela m*****a cobra da Victoria. Aquela bandida miserável pegou o meu projeto, se fez de dona dele e ganhou todos os bônus da empresa às minhas custas. Eu tenho que dar um jeito de reverter isso, não vou deixar isso barato, não. Eu fiz o projeto e sei como sabotá-lo.

Chego em casa, tomo um banho bem demorado, tentando limpar a minha pele e a minha alma. Minha mãe vai me matar quando descobrir que eu não sou mais sua filhinha virgem, e que eu me deitei com um homem antes do casamento. Droga, ela vai falar o dia todo quando descobrir. Termino o banho, me troco, e quando eu saio do quarto, ela parece limpando os olhos na porta do quarto dela.

— Onde você estava, Gabi?

— Estava no evento, mãe. Desculpa por não te avisar. — Espero que eu não tenha ligado para ela bêbada.

— Me deixou preocupada. Mas vai trabalhar depois de passar a noite toda trabalhando?

— Sim, temos muitas contas a pagar. E eu não posso deixar a senhora se matando sozinha. Eu estou bem. Qualquer coisa, tiro um cochilo na hora do almoço. — Me aproximo dela e damos um abraço. Somos muito ligadas uma a outra. Ela é tudo que eu tenho na minha vida. — A noite estou de volta. Não vou deixar a senhora sentir saudades.

Ela sorri. Dou um beijo em sua cabeça e saio para o ponto de ônibus para ir ao trabalho. Me lembro do que fiz essa noite, e um filho de um desconhecido, só iris atrapalhar a minha vida. Passo na farmácia e compro a pílula do dia seguinte. Tomo conforme o farmacêutico me indicou.

Mesmo com sono, parecendo que um trator passou por cima de mim, tento manter a minha pose no trabalho, principalmente para a nojenta da Victoria. Sei que tem alguma coisa errada nessa história. Eu tenho que descobrir como ela pegou o meu projeto.

Chego indo direto para a minha sala, abro a minha agenda para verificar tudo que eu tenho que fazer hoje. Mas sou interrompida com batidas na porta.

— Entra! — Falo, e levanto a minha cabeça para olhar quem é.

— Oi, Gabi. — Nojenta, falsa, estúpida e idiota. — Hoje o meu projeto vai ser avaliado pelo engenheiro da Itália. Ele veio só para ver ele, acredita?

— Como você fez isso? Sabia que aquele projeto era meu? Como você trocou sem eu ver? — Ela sorri e se senta na cadeira de frente para mim.

— Eu não fiz nada disso. Eu apresentei o meu, o que passei noites em claro fazendo. — Cobra mentirosa. — Mas não se preocupe. Se eu me lembrar, falo de você para o senhor Montelli. Pode ser que abra outra vaga de projetista, e ele pode te chamar, eu posso ajudar nisso. — enfia tua ajuda no teu rabo, vaca!

— Sai da minha sala, não preciso da sua ajuda para nada. — Ela se levanta sorrindo, e eu fico bufando de raiva. Mas, antes que ela feche a porta, ela fala:

— A reunião será daqui a duas horas. Aparece lá. Quem sabe ele se encante pelos seus belos olhos azuis, e te dê uma oportunidade lá na Itália também.

Levanto a minha mão e saco o dedo do meio para ela. Idiota! Como eu a odeio. Não vou sair daqui para nada. Não vou aceitar ser apenas uma mulher que se faz de triste só para ganhar um prêmio de consolação. Me levanto e vou até a porta. A tranco. Não quero que ninguém venha me incomodar.

Me sento na minha cadeira, praticamente à força. Tudo que eu mais queria era poder voltar no tempo, pegar o meu projeto e esconder ele embaixo da terra, e só tirar de lá no dia da apresentação. Mas o leite já foi derramado, e agora é só esperar ela ir embora para a Itália e o dono da empresa de engenharia de lá descobrir que ela é uma fraude. Ah, isso é o que eu mais quero.

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