Rio de janeiro, Brasil.
Desperto do meu sono com tudo, sentando-me na cama. Não me lembro de nada da noite anterior, pelo menos, não depois que entrei no bar e comecei a beber sem parar uma garrafa de uísque. Passo a mão pelo meu rosto e olho ao redor, não conheço este quarto, até que escuto um som que parece um resmungo masculino. Olho para o lado e me deparo com um homem deitado e pelado de bruços. Aproximo-me lentamente dele, sem tocá-lo, mas não consigo ver seu rosto. Assusto-me com ele dando outro resmungo e me afasto. Não, eu não fiz isso, não dei a minha virgindade assim para um estranho, eu não seria tão louca, ou seria? Levanto o lençol e vejo a marca da minha virgindade ali, jogando na minha cara que sim, eu fui uma louca. Lentamente, levanto-me da cama e procuro pela minha roupa. Vejo meu vestido todo rasgado e não acredito nisso. "Como eu vou embora agora?" Passo os olhos pelo quarto e vejo uma camisa branca. Pego ela e me visto. Se ele rasgou o meu vestido, que vá embora sem camisa para casa. Visto-a e ela fica parecendo um vestido, bom, pelo menos vou poder ir para minha casa sem ser presa por tentativa de atentado ao pudor. Pego meus sapatos na mão, minha bolsa e vou embora. Ainda olho para ele, que tem belas costas largas, muito bonito, pelo menos de costas. Fecho a porta bem devagar e, só dentro do elevador, que eu calço os meus sapatos. Me apoio no corrimão do elevador, soltando um suspiro bem lento. Passo a mão na minha cabeça, ainda tentando me lembrar de ontem à noite, mas não consigo, apenas me lembro do bar. As portas se abrem e eu vou até a recepção do hotel e pago a noite. Não quero que ninguém me ligue depois me cobrando e nem quero sair daqui com a mulher achando que vou dar o golpe de não pagar. — Cento e cinquenta reais! — Ela fala, e eu pego a minha carteira e pago com o meu cartão. — Quando o homem acordar e perguntar por mim, diga que eu fui embora e que moro em São Paulo. — Ela sorrir balançando a cabeça. — Falo sim, senhora! — sorrio para ela e saio atrás de um táxi, que, por sorte, tem um parado, parecendo até que estava esperando por mim. Sem condições de eu pegar um ônibus para ir para a casa só de camiseta. Dou o endereço da minha casa para o motorista e fecho os meus olhos. Nada disso teria acontecido se não fosse pela m*****a cobra da Victoria. Aquela bandida miserável pegou o meu projeto, se fez de dona dele e ganhou todos os bônus da empresa às minhas custas. Eu tenho que dar um jeito de reverter isso, não vou deixar isso barato, não. Eu fiz o projeto e sei como sabotá-lo. Chego em casa, tomo um banho bem demorado, tentando limpar a minha pele e a minha alma. Minha mãe vai me matar quando descobrir que eu não sou mais sua filhinha virgem, e que eu me deitei com um homem antes do casamento. Droga, ela vai falar o dia todo quando descobrir. Termino o banho, me troco, e quando eu saio do quarto, ela parece limpando os olhos na porta do quarto dela. — Onde você estava, Gabi? — Estava no evento, mãe. Desculpa por não te avisar. — Espero que eu não tenha ligado para ela bêbada. — Me deixou preocupada. Mas vai trabalhar depois de passar a noite toda trabalhando? — Sim, temos muitas contas a pagar. E eu não posso deixar a senhora se matando sozinha. Eu estou bem. Qualquer coisa, tiro um cochilo na hora do almoço. — Me aproximo dela e damos um abraço. Somos muito ligadas uma a outra. Ela é tudo que eu tenho na minha vida. — A noite estou de volta. Não vou deixar a senhora sentir saudades. Ela sorri. Dou um beijo em sua cabeça e saio para o ponto de ônibus para ir ao trabalho. Me lembro do que fiz essa noite, e um filho de um desconhecido, só iris atrapalhar a minha vida. Passo na farmácia e compro a pílula do dia seguinte. Tomo conforme o farmacêutico me indicou. Mesmo com sono, parecendo que um trator passou por cima de mim, tento manter a minha pose no trabalho, principalmente para a nojenta da Victoria. Sei que tem alguma coisa errada nessa história. Eu tenho que descobrir como ela pegou o meu projeto. Chego indo direto para a minha sala, abro a minha agenda para verificar tudo que eu tenho que fazer hoje. Mas sou interrompida com batidas na porta. — Entra! — Falo, e levanto a minha cabeça para olhar quem é. — Oi, Gabi. — Nojenta, falsa, estúpida e idiota. — Hoje o meu projeto vai ser avaliado pelo engenheiro da Itália. Ele veio só para ver ele, acredita? — Como você fez isso? Sabia que aquele projeto era meu? Como você trocou sem eu ver? — Ela sorri e se senta na cadeira de frente para mim. — Eu não fiz nada disso. Eu apresentei o meu, o que passei noites em claro fazendo. — Cobra mentirosa. — Mas não se preocupe. Se eu me lembrar, falo de você para o senhor Montelli. Pode ser que abra outra vaga de projetista, e ele pode te chamar, eu posso ajudar nisso. — enfia tua ajuda no teu rabo, vaca! — Sai da minha sala, não preciso da sua ajuda para nada. — Ela se levanta sorrindo, e eu fico bufando de raiva. Mas, antes que ela feche a porta, ela fala: — A reunião será daqui a duas horas. Aparece lá. Quem sabe ele se encante pelos seus belos olhos azuis, e te dê uma oportunidade lá na Itália também. Levanto a minha mão e saco o dedo do meio para ela. Idiota! Como eu a odeio. Não vou sair daqui para nada. Não vou aceitar ser apenas uma mulher que se faz de triste só para ganhar um prêmio de consolação. Me levanto e vou até a porta. A tranco. Não quero que ninguém venha me incomodar. Me sento na minha cadeira, praticamente à força. Tudo que eu mais queria era poder voltar no tempo, pegar o meu projeto e esconder ele embaixo da terra, e só tirar de lá no dia da apresentação. Mas o leite já foi derramado, e agora é só esperar ela ir embora para a Itália e o dono da empresa de engenharia de lá descobrir que ela é uma fraude. Ah, isso é o que eu mais quero.Alguém bate na porta, mas eu finjo demência. Não quero abrir e muito menos participar dessa reunião frajuda. Mas, quando escuto a voz do meu chefe, não tem como eu me fazer de sonsa. Me levanto e abro a porta para ele.— Estamos te esperando na reunião.— Me deixe ficar aqui. Estou com aquele projeto importante que você pediu, e estou com muita dor de cabeça. Se eu for para a reunião, eu não vou conseguir terminar a tempo.— Tem certeza, Gabrielly? É uma boa oportunidade para você, ainda mais que sabe falar italiano. Seria bom o engenheiro te conhecer. — Nego com a cabeça. O que eu vou mostrar para ele, se o meu projeto está na mão da vaca? — Então, tá. Você quem sabe.Ele vira as costas, e eu fecho a porta, me encostando nela. Hoje era para ser o dia mais feliz da minha vida, mas está um saco. Volto para a minha mesa, pego meu caderno de desenho e começo a fazer o desenho da casa com piscina do Senhor Melo.As horas vão se passando. Nem parei para almoçar. Tirei um cochilo no sofázin
Entrego o meu currículo para ela, que olha, avalia, pensa e, depois de um tempo, olha para mim e coloca o papel sobre o seu colo.— Gabrielly Ferreira, você realmente fez todos esses cursos que descreveu no seu currículo?— Sim, senhora. Pode me perguntar qualquer coisa sobre eles que eu te respondo.— Fala italiano, inglês e francês. Você está apta para trabalhar em uma de nossas filiais fora do Brasil, principalmente na Itália, onde precisamos de projetista.— Olha, só teria essa vaga? Tipo, como pode ver, eu também fiz faculdade de administração, e estou querendo mudar um pouco de profissão, sabe? — Se eu não for projetista na Itália, a Victória vai se ferrar sozinha.— Temos uma vaga de assistente do CEO, mas ele é bem exigente. Nenhuma fica mais de um mês trabalhando com ele. Quer tentar assim mesmo?— Se não der certo, posso optar pelo cargo de projetista? Sabe, voltar para o Brasil vai ser bem complicado.— Pode sim. Então, por enquanto, vou deixar você na vaga de assistente. E
Bernardo e eu conversamos o voo todo, ele vai me contando como é na Itália, as comidas de lá, onde encontrar as coisas mais baratas, e onde ficam os homens mais ricos. Nunca fui uma mulher que busca em um homem o financeiro, sempre gostei de trabalhar para ter o meu próprio dinheiro.Talvez seja por isso que eu me guardei durante 25 anos, minha meta era me entregar para o amor da minha vida, aquele que faria o meu coração palpitar, que me trataria de um jeito carinhoso e educado. Mas acho que esse homem não existe, já que o destino fez eu me entregar para qualquer um, e ainda não me lembrar do que aconteceu.— Olha, tem coisas que você não pode fazer na Itália, eles tem algumas regras, e mesmo não querendo você tem que seguir.— Não é igual ao Brasil? — Ele nega com a cabeça. — Graças a Deus. Apesar de morar no Rio de Janeiro, eu nunca subi nas favelas para dançar pancadão. Meu negócio sempre foi ficar em casa, e para ir a festas, era muito difícil.— Acredito eu que você vai se adapt
Uns dias antes,Quando eu acordo, não vejo a mulher ao meu lado. Achei estranho, pois sou eu que sempre vou embora antes delas acordarem. Me levanto para fazer a minha higiene e procuro pela minha camisa que usei ontem na balada, mas não a encontro em lugar nenhum.Ontem rasguei o vestido dela. Será que ela levou a minha camisa? A camiseta que ela vestiu para dormir está em cima da cama. O vestido dela também não está pelo quarto, então, ela com certeza roubou a minha camisa.Desço para ir à empresa, e quando vou passando pela recepção, a moça me chama para falar que a moça bonita pagou a diária de ontem.— Ela fez o quê?— O senhor tem um dia pago aqui no Plaza.— Ela deixou telefone ou endereço? — Ela nega com a cabeça. Apenas me diz que ela mora em São Paulo. Droga! Porque ela tem que ser tão escorregadia? Eu adorei a nossa noite de ontem, e queria vê-la mais uma vez antes de voltar para a Itália. Agradeço à recepcionista, mas fazendo cara de quem não gostou. Ela nem deveria ter re
Quase dois meses depois, a minha advogada do Brasil me liga falando que já está com os vistos prontos das meninas para o trabalho. Mando embarcar as duas imediatamente. Como ela tem que vir para cá, ela irá trazer a Victória, a minha projetista, já a tal da Gabriella... Gabrielly, sei lá, vai vir para cá com o Bernardo. Ela pediu a vaga de assistente. Espero que essa tenha mais paciência que as outras, pois eu já estou cansado de trabalhar com quem não quer fazer o que eu mando.As duas vão começar a trabalhar amanhã na empresa. Já separei a sala da Victoria, e a Gabriella ficará comigo por um tempo, até mostrar que será uma boa funcionária. Caso contrário, nem vou perder o meu tempo arrumando uma sala para ela.Sophie ficou um mês todo de cara virada, mas quando sai com ela para jantar e fazer compras, voltamos a ficar de bem. Ela adora quando eu a mimo. Aliás, todas elas gostam de presentes caros. A felicidade da mulher é o dinheiro. Comprei um carro novo para ela também. Minha mãe
Paro de rir, e olho para ele. Eu que chamo as pessoas que não conheço de moça ou moço bonito. Ele sorri e volta a fazer a pergunta sobre eu ter achado algo engraçado.— Porque me chamou assim, senhor Montelli?— Conheci uma brasileira que falou isso para mim. Mas porque estava rindo?— Por nada! Lembrei de uma coisa, mas não é nada importante.— Sério? Então me conta para que eu possa rir também? — Como vou dizer para ele que esse projeto é meu? Não, melhor eu não dizer nada e deixar a Victória se embaralhar, pois esse é um armário de limpeza. Deixei ele reservado exatamente embaixo da escada, como se fosse uma porta invisível.— Deixa para lá. Eu já nem me lembro mais.— O senhor Boss me pediu para contratar duas projetistas dele. Uma é a Victória, e a outra é você?— Sou assistente, senhor. Só isso. — Ele ergue uma das sobrancelhas e volta a olhar para o pedreiro. Ele manda eles trabalharem em outra área, para que essa seja resolvida apenas amanhã, quando a Victória estiver aqui. Vo
Chegamos à casa de Bernardo, ela é moderna, porém não grande como a outra, mas parece ter sido bem planejada, já que cada cômodo é acoplado a outro.— Essa casa eu fiz do zero, paguei uma projetista para fazê-la do jeito que eu queria, depois paguei o engenheiro e, por último, contratei uma empresa para os móveis planejados. Cada detalhe eu que escolhi. Essa é a casa dos meus sonhos — Ela é muito bonita, é bem aconchegante, meus parabéns. — Ele sorri e me leva até o quarto onde eu irei dormir, e me mostra a porta do quarto dele. Antes de sair do meu quarto, ele fala:— Olha, eu acho que vai dar problema se você falar para o senhor Montelli que está morando aqui. Eu nunca o tinha visto daquele jeito como estava na empresa. Vocês já se conhecem?— Não, eu nunca o vi na minha vida, e estou tão confusa quanto você por tê-lo visto se metendo daquele jeito. Nunca tive um namorado na vida, para não ter que dar satisfação a ninguém, somente à minha mãe.— Sei não, mas acho que ele não vai go
Seus olhos parecem se lembrar de algo, mas quando ela abre a boca para falar, alguém bate na porta.— O que é? — Pergunto bem irritado por estarem me atrapalhando.— Senhor, a sua esposa está na empresa, e está subindo para falar como senhor. — Mesmo contra gosto, eu solto a Gabrielly, ela solta um suspiro, e caminha até a mesinha que eu mandei colocar aqui para ela. — Essa conversa ainda não acabou. — Ela abaixa a cabeça e a porta se abre com tudo. — O que você quer, Sophie? — Que você tire a sua mãe da nossa casa, já deu o que tinha que dar, eu não aguento mais.— Eu já falei mil vezes, a minha mãe não vai sair de lá.— Está bem, então, vamos morar em outro lugar, deixa aquela casa para ela, já que ela decide tudo. — Me sento na cadeira e olho para ela sem responder, porque ela já sabe da minha resposta quanto a isso. — Por favor, Riccardo, a sua mãe não me trate bem, não é como ela trata você. Eu sei que... — Ela olha para trás e vê a Gabrielly. — Quem é você?— Minha assistente!