O festival iria começar em dois dias, então hoje eu já pude ter acesso a cozinha que me foi designada. Eu e Manon estávamos conferindo os ingredientes, os utensílios e os equipamentos. Eles enviaram uma lista do que estaria disponível, juntamente com um formulário de solicitação para equipamentos extras, caso julgássemos necessário. Parecia tudo em ordem e completo.
Eu me formei em gastronomia quando tinha 24 anos. Consegui dois bons restaurantes para começar a trabalhar. Meu trabalho noturno era em uma enoteca, um lugar de apreciação de vinhos que serve pratos dos mais variados tipos para combinar com a bebida. Então havia muitos chefs com que aprender todo tipo de coisa. Durante o dia era num Bistrô duas estrelas que tinha um bom renome na cidade. E foi lá que eu descobri minha paixão pela pastelaria. Chef Marco era um verdadeiro artista, mas, devido à idade, ele decidiu vender o lugar, então tive que deixar o trabalho. Estudei mais alguns anos e me tornei mestre em pastelaria.
Também foi o chef Marco que me ensinou a comandar uma cozinha. Quando ficava indisposto, como eu já era sua Sous Chef, precisava ajudá-lo, e acabei gostando da tarefa. Por isso quis abrir meu próprio restaurante. E ele estava indo bem. Já estávamos indo para o nosso terceiro ano de funcionamento. E eu esperava ardentemente que essa oportunidade pudesse me dar ao menos uma estrela.
Manon era uma conhecida da faculdade. Fizemos algumas aulas juntas, mas não trocamos muitas amabilidades. Mas quando comecei a recrutar para o restaurante, ela apareceu e conversamos muito sobre o passado. Ela tinha desistido um pouco de seguir a carreira sozinha, então propus que nos juntássemos e conseguisse algo melhor. Então ela se tornou minha sócia, sous chef e amiga. Também morávamos juntas dividindo o apartamento. Inevitavelmente, nos tornamos próximas, apesar das diferenças de temperamento que causavam algumas brigas acaloradas sobre a ordem na nossa casa. Mas no restaurante, ela sempre respeitou meu comando. E agora ela vinha para ajudar e dar apoio. Também ia ser uma grande oportunidade para ela. Ela podia querer voar com as próprias asas algum dia, mesmo que ela não falasse a respeito.
Quando os ajudantes de cozinha chegaram, começamos a preparar as coisas para que eles aprendessem as tarefas para o dia derradeiro. Eles também eram profissionais, então tudo correu muito bem. Os pratos que eu havia escolhido me permitia controlar a cozinha enquanto preparava e confeitava as sobremesas.
Hoje praticamos e preparamos os pratos individualmente, amanhã treinaremos a preparação combinada de todos os pratos para otimizar o tempo no dia do festival, já que a produção não pode ser fragmentada. Os ajudantes conseguiram deixar tudo no ponto certo, então foram dispensados. Como os doces não iam ficar bons se guardados até o dia do festival, resolvi embalá-los e oferecer à equipe da organização. Foi uma recomendação amigável que a própria equipe tinha me passado. Por quê será, não é mesmo?
Fiz vários potinhos e levei no carrinho de demonstração. Eles ficaram muito felizes com os mimos. Quando o carrinho já estava quase vazio, meu coração palpitou mais forte quando vi que Matteo vinha na minha direção. Tentei me ajeitar inutilmente. Não tinha como parecer apresentável, pois eu estava cozinhando o dia todo.
Ele pegou no meu pulso e disse em tom de urgência.
- Pega o que ficou mais gostoso e vem comigo.
Mesmo sem entender, eu peguei um dos potinhos e senti-o me puxando para atravessar o pátio. Eu precisava andar um pouco mais rápido para conseguir acompanhá-lo, mas quando vi para onde íamos, eu comecei a ficar muito nervosa. Serena Whitmore estava em cima de um dos palcos recém montados e testava a posição das câmeras para sua demonstração. Ela ia ser a Chef referência do evento e ia fazer demonstrações ao vivo. Tudo o que eu conseguia era murmurar, sem saber se Matteo me escutaria.
- Eu não estou pronta para isso. - Não sei se as palavras saíam da minha boca enquanto eu falava - Muito menos arrumada. Não foi assim que eu imaginei isso…
Antes que eu pudesse balbuciar mais coisas, paramos em frente ao palco. Serena parecia ter escutado nossa chegada e, se dirigiu ao homem que ainda segurava meu pulso.
- Matteo, onde estava? Precisava de você para o ensaio. - ela andava de um lado a outro na mesa enquanto averiguava as imagens da tela de projeção.
- Eu fui encontrar seu Chef Pâtissier. - Ele levantou meu braço para que ela pudesse me ver.
Ela me olhou de cima a baixo com um sorriso que parecia esnobe e aliviado ao mesmo tempo, se é que fosse possível.
- É mesmo? - ela voltou o olhar para Matteo - E no que ela é boa?
- Ahm… - ele não sabia a resposta, ele virou o rosto para mim e decidiu enfim me incluir na conversa - No que você é boa?
- Qualquer sobremesa italiana, senhorita Whitmore. - eu não sei de onde veio tanta confiança para responder, mas ainda bem que veio.
- E o que você está segurando não seria uma panna cotta, seria? - perguntou cruzando os braços.
- Infelizmente não. - disse eu um pouco desapontada.
- Felizmente, querida. - eu fiquei um pouco confusa com a resposta, mas agora ela parecia empolgada em conversar comigo - Sempre me oferecem isso. Traga-a aqui Matteo, para que me mostre o que tem.
Eu abri o pote para mostrar um generoso pedaço do meu Tiramisù Veneziano de frutas vermelhas. Expliquei a ela como o preparei: primeiro eu faço a massa dos biscoitos savoiardi, antes de esfriarem os mergulho em licor de framboesa para adicionar um toque de acidez ao doce. Depois cubro os biscoitos com uma mistura indulgente de queijo mascarpone cremoso, açúcar de confeiteiro e gemas de ovo. Uma leve camada de geleia de morango e cereja entre as camadas preparada sem açúcar. Por fim, uma leve polvilhada de cacau em pó sobre a sobremesa, para dar um sabor sutil de chocolate e um toque de sofisticação à apresentação.
A expressão dela era de que eu apenas dizia o óbvio. Que realmente o devia ser para ela. Por isso estava apreensiva enquanto ela provava cada parte do doce separadamente.
- Muito inteligente fazer a geleia sem açúcar. - ela estava mesmo me elogiando? - o biscoito feito na hora faz toda diferença. A maioria tem aquele gosto pavoroso do industrializado.
Balancei a cabeça em concordância.
- Sabe fazer outras coisas? - parecia uma pergunta boba, mas haviam chefes que só focavam em um prato específico.
- Sei sim, vou apresentar quatro deles no festival. - respondi prontamente.
- Ótimo. - ela ajeitou a roupa e voltou a andar pelo palco vendo o telão - Se eu gostar, vai ser minha Chef Pâtissier para o jantar real.
Fiquei estática com as palavras que eu escutei. Parecia que eu ia explodir. Milhões de possibilidades e agradecimentos estavam passando na minha cabeça que Matteo precisou me balançar para que eu saísse do devaneio. Ele me acompanhou para descer do palco e só então eu entendi a oportunidade que ele me proporcionara. Então eu o abracei com toda força que eu conseguia. Ele retribuiu o abraço. Ele tinha um leve cheiro de canela.
- Obrigada, obrigada, obrigada! - eu não conseguia parar de dizer.
- Ei, eu ainda não consegui. - ele disse calmamente - Você vai precisar convencê-la para ter a chance.
- Essa já foi uma grande chance. - eu o soltei e levantei um pouco a cabeça para olhá-lo nos olhos - Na verdade, eu não esperava que você fosse se lembrar de mim.
- Reencontrar você me fez lembrar de muitas coisas. - seu olhar e sorriso me fizeram querer voltar no tempo.
Involuntariamente eu o abracei pelos ombros e o beijei. Meu corpo tremeu quando senti seus lábios no meu. Mas quando ele me correspondeu, não sabia se eu sentia meu coração parado ou batendo loucamente. Ele me abraçou e inclinou meu corpo levemente para trás. O mundo poderia parar naquele instante, mas ele não durou muito.
Escutamos alguém gritar por ele.
- Eu preciso ir. - ele me afastou, mas ainda estávamos abraçados.
- Tudo bem.
Ele finalmente me soltara e subiu ao palco novamente. Milhões de pensamentos e sentimentos se misturavam dentro de mim. Mas tudo fazia eu me sentir a pessoa mais feliz de todo o mundo.
Não sei quanto tempo fiquei parada ali. Sai do meu devaneio e voltei para ajudar Manon a limpar e organizar a cozinha para que pudéssemos voltar ao nosso quarto. Ela logo percebeu meu rosto feliz e corado e eu contei a ela sobre Matteo.
Eu já estava deitada quando ouvi a notificação de uma mensagem no celular: “Podemos lembrar de mais coisas. Meu quarto é o 1103. Matteo.”
Eu entendia o significado daquele convite. Então me veio à mente as lembranças do verão em que fizemos o curso juntos. As aulas iam ser em duplas, e o professor nos agrupou. Nossa química na cozinha foi instantânea, e acabamos levando isso pra fora das aulas. Ele sempre deixou claro que não iria ficar. E eu garanti que não iria embora. Então sabíamos que só teríamos três meses juntos. Isso pareceu bastar na época. No terceiro dia fui para a casa que ele alugou. Cozinhavamos um para o outro, conversávamos sobre tudo e ele me satisfazia de todas as formas na cama. Quando ele foi embora, meu coração se despedaçou, mesmo sabendo que aquilo ia acontecer. Me perguntava se ele sentia o mesmo, por eu ter recusado em partir.
Me olhei no espelho. Meu cabelo estava um pouco bagunçado, por ter estado deitada. Como era curto e liso, bastou pentear para ficar ajeitado. Decidi passar uma maquiagem mais sutil, para esconder um pouco o cansaço e um batom nude para realçar meus olhos castanhos. Escolhi um vestido preto simples e confortável. Me olhei novamente no espelho e fiquei satisfeita.
Avisei minha amiga para onde estava indo, e ela me desejou boa sorte. Estava ansiosa, mas empolgada. Eu não queria colocar toda a expectativa em ser coisa do destino, mas também queria acreditar que algo estava fazendo minha vida toda dar certo naquele dia.
Bati um pouco ansiosa na porta do quarto. Ninguém respondeu. Parecia já ter passado uma eternidade sem que alguém abrisse a porta. Quando estava prestes a me virar para voltar para o quarto, eu vi Matteo abrir a porta.
Ele estava sem camisa, permitindo-me ver todo o seu tórax e abdômen exposto. Mais forte, delineado e maduro do que eu me lembrava. Antes que eu pudesse dizer alguma coisa, ele me puxou pelo pescoço e me beijou tão intensamente que eu o empurrei para entrarmos para o quarto. Ele tentava encostar a porta do quarto enquanto ainda me beijava. Encostei na parede e ele pressionou o corpo no meu. Deslizei minhas mãos em suas costas o puxando ainda mais perto de mim, mesmo que isso não fosse possível.
Paramos para recuperar o fôlego e apenas rimos um para o outro. Não parecia ser necessário dizer alguma coisa. Mas agora seus beijos eram mais serenos e sedutores. Ele me fez pular em seu colo e me carregou até a cama. Ele me deitou e começou a beijar minha orelha e foi descendo pelo pescoço. Mas ele parou abruptamente quando alguém gritou chamando seu nome.
- MATTEO?!
Matteo fez uma expressão assustada e saiu de cima de mim. Tudo que eu consegui ver foi uma mulher saindo esbravejada do quarto e ele tentando impedi-la. Eu tentei levantar da cama para ver o que estava acontecendo, mas a mulher já tinha saído. Então eu o vi tentando vestir uma camisa indo em direção a porta.
- Desculpe, eu preciso ir… - ele pareceu tentar processar alguma coisa antes de dizer - ela é minha noiva.
Eu não voltei para o meu quarto. Eu estava tão constrangida, que não queria encarar a Manon e contar desse desastre. Eu queria não ter escutado tão bem as últimas palavras que ele disse. Queria pensar que talvez estivesse enganada. Ele está noivo! E eu ia pra cama com ele. Ele correspondeu mais cedo, não disse nada. Ele me chamou para o quarto dele, certo? Não sou eu que estou errada. Não sabia o que pensar…Mais e mais desses pensamentos de culpa e autopiedade embrulhavam minha mente e meu estômago. Comecei a questionar nosso passado, mas se continuasse, poderia enlouquecer. Chamei um táxi e pedi para que me levasse a um bar qualquer. Meu celular começou a vibrar. Era uma mensagem dele: “Onde você está? Eu posso explicar. Por favor!”.Eu o ignorei. Pensei em bloquear seu número, mas antes que eu o pudesse fazer, recebi uma mensagem da Manon preocupada, porque ele tinha ido ao nosso quarto me procurar. Maron: “Tudo bem com você? Onde foi?”Eu: “Estou indo beber, preciso espairecer. De
Para o meu alívio, os dias que se seguiram ao festival foram intensos e cheios de tarefas ininterruptas. Estava indo tudo tão bem, que iríamos precisar de ingredientes extras para o último dia, pois pediram muito mais dos confeitos que fazíamos. Infelizmente, Serena Whitmore não apareceu na minha cozinha. Não sabia se era por conta de suas atividades ou se era pela cena que havia acontecido entre mim e o Matteo. Esperava que ela pelo menos cogitasse experimentar diretamente do salão. Manon tentava me animar constantemente, dizendo o sucesso que estávamos fazendo. Meu nome como Chef poderia estar se espalhando e isso poderia trazer resultados muito positivos para minha carreira e meu restaurante, no futuro. E era tudo no que eu precisava pensar, mas não funcionava tão bem assim dentro da minha cabeça. Todas as vezes que eu fechava os olhos, a sigla R.A. vinha a minha mente, junto com os olhos sedutores daquele homem desconhecido. Eu tentava balançar a cabeça para dispersar os pensamen
Já haviam se passado dois meses desde o festival em Londres. E com ele, todo o drama romântico que estava incluído. Felizmente precisei trabalhar bastante nesse período, então estive ocupada o suficiente para não perceber que o tempo passara tão depressa. Ao menos isso aconteceu melhor do que eu esperava. Graças aos bons frutos gerados dessa grande oportunidade que estavam sendo colhidos. Então mesmo que eu tenha saído com o coração partido, estava sendo fácil seguir em frente. Minha participação no festival fez com que grandes críticos e outros colegas da área me procurassem, então a popularidade do meu trabalho e do meu restaurante cresceu e eu precisava focar na minha carreira mais do que nunca. Na última semana, as lembranças ruins daquele evento nem apareciam mais, já que eu estava sempre ocupada. Contratei mais pessoas, coloquei Manon como chefe de cozinha e eu pude focar apenas na minha especialidade. Estávamos sempre combinando nossos pratos, para que as sobremesas fossem o áp
O primeiro trimestre da gravidez estava terminando. Minha ficha havia caído oficialmente na consulta com minha obstetra. Ouvir o coração do bebê foi como uma virada de chave na minha mente. Ter outra vida dentro de mim era um peso muito grande. E mesmo sabendo que poderia ser apenas os meus hormônios mexendo com meu corpo, eu estava muito feliz e empolgada em ter um filho. Havia se tornado um hábito levar a mão à minha barriga para tentar sentir alguma coisa.E mesmo assim eu não queria pensar tão a fundo sobre o futuro. Haviam muitas decisões e escolhas que estavam longe de chegar e eu precisava seguir um passo de cada vez. Os enjoos já estavam passando, e contanto que eu não carregasse nenhum peso e me alimentar decentemente, eu poderia continuar trabalhando. Manon estava me apoiando muito nisso. Puxando a minha orelha talvez fosse mais preciso. Ela parecia estar doida para dar uma de titia. Era bom saber que eu ia ter alguma rede de apoio. Minha mãe faleceu quando eu era adolescente
O voo tinha sido tranquilo. Eu dormi praticamente todo o trajeto. Depois que fiquei grávida, conseguia dormir muito facilmente em qualquer lugar que fosse possível. Ainda estava sonolenta quando desci do avião e me dirigi para a área de desembarque. Dirigia-me à esteira de bagagens para pegar minha mala quando esbarrei em alguém que vinha em minha direção. Agora desperta, virei-me para me desculpar com um homem de boné e máscara. Ele estava de cabeça baixa e parecia estar com pressa. Não me respondeu, virou o rosto e fez com que ia seguir caminho. Por um impulso involuntário, eu o segurei e o puxei pelo braço. Então ele me olhou diretamente sem entender o que estava acontecendo.Imediatamente eu perdi o fôlego. Era ele. A máscara atrapalhava a ver o seu rosto. Só era possível ver os olhos azuis inquisitivos com a situação. Mesmo assim eu tive a certeza de que era o pai do meu bebê. Ele não pareceu me reconhecer e puxou o braço de volta. Ele se virou e tentou seguir seu caminho ainda ma
Não queria admitir para mim mesma que fiquei abalada com todo o acontecimento no aeroporto. Mesmo aceitando que o pior já havia passado, que era encontrá-lo e dizer sobre a gravidez, ter deixado as coisas indefinidas com o Ryan deixou tudo mais angustiante, mesmo que toda a questão precisasse depender se ele faria ou não alguma coisa. E tudo isso junto com a possibilidade de perder uma grande chance da minha carreira parecia demais para mim. Decidi tomar um banho. Precisava tentar me manter calma para que minha pressão não subisse e fizesse mal para o bebê. E por mais que eu tenha conseguido amenizar os meus pensamentos sobre isso, toda minha calma não poderia durar muito tempo. Meu celular apitou com a notificação de uma mensagem. Era Matteo. Com todo o drama, e como eu só me comuniquei com a assistente desde o recado dele, havia me esquecido completamente que eu o encontraria novamente. E que provavelmente iremos trabalhar juntos. Meu estômago revirou. Não quis arriscar e tomei logo
Eu, a chef Whitmore e os outros chefes passamos horas replanejando as novas mudanças. Da minha parte, a futura noiva fez a exigência um bolo de ameixa negra com rum envelhecido. Parecia muito alarde para uma sobremesa que não iria combinar em nada com a ocasião. Pelo breve momento em que estivera com ela, parecia ser um simples desejo em dificultar as coisas para todo mundo. Esse era o murmurinho que vinha de todos os outros colaboradores. Todos estavam correndo para atender às novas exigências. Graças ao meu pequeno sucesso no festival e toda a reputação que eu estava construindo me deu uma chance com o grande problema que havíamos que resolver para o banquete. Eu conhecia ótimas fazendas de ameixa na Itália e felizmente uma delas produzia compotas de ameixas negras com rum com uma ótima reputação a zelar. Graças a um orçamento um pouco ilimitado, esse seria meu único meio para conseguir atender às novas exigências, visto que, se não fosse desse jeito, levaria meses para que eu conse
Minha visão ainda estava turva quando acordei. Senti meu corpo recostado em uma cama. Esfreguei os olhos e comecei a ver mais detalhes. Havia um pacote de soro pendurado e ligado a um curativo na minha mão esquerda. Já conseguia entender que eu estava em um hospital. Manon estava deitada torta em uma poltrona perto de uma janela mexendo no seu celular, mas veio depressa para perto quando me ouviu acordar. - Que bom que está bem! - Manon sorria aliviada - Você me deixou muito assustada. - O que aconteceu? - eu ainda não entendia porque eu estava ali. - Você desmaiou. No meio do banquete. Ainda bem que eu estava lá! - ela apertou minha mão forte - Chamamos uma ambulância e viemos para o hospital. Sua pressão estava muito alta e por isso você desmaiou. Manon havia me explicado que o médico preferiu me manter internada por um tempo para acompanhar minha pressão. Pelo menos até os resultados dos exames. Era um risco muito grande para o bebê. Por isso, era preciso averiguar se foi um cas