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3 - Apenas duas letras

Eu não voltei para o meu quarto. Eu estava tão constrangida, que não queria encarar a Manon e contar desse desastre. Eu queria não ter escutado tão bem as últimas palavras que ele disse. Queria pensar que talvez estivesse enganada. Ele está noivo! E eu ia pra cama com ele. Ele correspondeu mais cedo, não disse nada. Ele me chamou para o quarto dele, certo? Não sou eu que estou errada. Não sabia o que pensar…

Mais e mais desses pensamentos de culpa e autopiedade embrulhavam minha mente e meu estômago. Comecei a questionar nosso passado, mas se continuasse, poderia enlouquecer. Chamei um táxi e pedi para que me levasse a um bar qualquer. Meu celular começou a vibrar. Era uma mensagem dele: “Onde você está? Eu posso explicar. Por favor!”.

Eu o ignorei. Pensei em bloquear seu número, mas antes que eu o pudesse fazer, recebi uma mensagem da Manon preocupada, porque ele tinha ido ao nosso quarto me procurar. 

Maron: “Tudo bem com você? Onde foi?”

Eu: “Estou indo beber, preciso espairecer. Depois te conto tudo.”

Manon: “Certeza? Eu posso ir te encontrar.”

Eu: “Preciso pensar sozinha. Qualquer coisa te ligo.”

Manon: “Ok. Cuidado e se cuida. Não bebe de mais.”

O motorista me deixou em um bar que também parecia uma boate. Como eu não disse para onde queria ir, não poderia reclamar. Não estava tão arrumada, mas as pessoas não pareciam se importar com a minha aparência. Nem eu estava com cabeça para ligar para o que os outros iriam pensar. 

Felizmente, havia uma grande bancada onde pude me sentar, com alguns barmen prontos para me servir. Pedi um Cosmopolitan, que era um dos que eu mais gostava. Eu nunca fui muito de beber, mas gostava das experiências dos drinks, pois envolvia misturas de sabores. 

O ambiente era escuro, com poucas luzes neon iluminando tudo. Tinha uma pista para dançar, mais muitas mesas e cadeiras espalhadas. Uma pegada de boate de filme americano. A música até era boa e a bebida bem feita. Consegui ficar algum tempo imersa apenas no ambiente enquanto observava meu copo suar. 

Terminei meu terceiro copo, paguei minha conta e decidi ir embora. Entretanto, enquanto eu andava para a saída, uma mão puxou forte o meu pulso e me fez virar. Fiquei tonta com o movimento e demorei a entender o que estava acontecendo. Meu peito gelou quando a imagem do Matteo focou na minha frente.

- Bianca, eu posso explicar, eu… 

- ME SOLTA! - eu não queria escutar mais nada dele. Fazia força para soltar meu braço, mas não conseguia. 

- Tem que me deixar explicar! - ele faz ainda mais força para não deixar eu me soltar.

- Explicar que casualmente esqueceu de me falar que tinha uma noiva? - como eu não conseguia me soltar, eu fechei os olhos e comecei a bater nele, embora sem nenhum efeito. 

- Me deixa falar, por favor…

- Matteo, solta ela! - era uma voz desconhecida, que fez com que meu braço finalmente se soltasse. - Cara, o que você pensa que está fazendo?

Eu não sei o que aconteceu exatamente, mas quando abri os olhos, Matteo já estava a caminho da saída. Então pude olhar para o homem de pé à minha frente. Ele era alto, os cabelos loiros desalinhados jogado para trás, uma barba curta muito bem cuidada. Seus olhos azuis pareciam genuinamente preocupados. 

- Você está bem? - perguntou pegando minha mão delicadamente para ver meu pulso.

- Eu… - não sabia como me sentir naquele momento. - preciso beber mais um pouco. - olhei para o bar e as peças do que acabara de acontecer começou a se encaixar na minha cabeça. - Obrigada por me ajudar.

- Fico feliz em ter aparecido na hora certa. - o sorriso dele acabou me sendo muito reconfortante. - Vem, eu te pago uma rodada.

Eu pensei em negar, mas não queria ainda mais drama naquela noite. Seja com Manon me interrogando, ou com a chance de dar de cara com o Matteo. Vou terminar de aproveitar a minha noite e, com alguma sorte, enfrentar essas coisas mais bêbada do que eu estou no momento. 

Eu e o meu salvador desconhecido sentamos juntos no bar e conversamos por um bom tempo. Mais alguns drinks depois e eu já me sentia muito melhor. Não conversamos muito sobre nossa vida pessoal. Muito nobre da parte dele não tocar no assunto que gerou toda a confusão do seu resgate. Ele era inteligente e bem humorado. Podia ser um pouco a bebida, mas ele deixou meu riso frouxo. Minhas bochechas até doíam um pouco. 

Ele me viu olhando para a pista de dança e me chamou para irmos juntos. Eu me soltei, o que foi bom para extravasar, mas talvez tenha exagerado um pouco. Senti que precisava seduzi-lo um pouco com as batidas da música. 

Então veio uma música mais lenta. Ficamos parados de frente um para o outro enquanto as pessoas ao redor diminuíram o ritmo. Alguns casais se abraçavam. Ele parecia esperar uma permissão, então peguei suas mãos e as coloquei na minha cintura. Eu coloquei meus braços em seus ombros. Abracei seu pescoço quando ele pousou a cabeça no meu ombro. Não dissemos nada.

Não sei quanto tempo ficamos assim, mas a música agitada já tinha voltado. Então eu o afastei. Seu rosto parecia pedir para que continuássemos. 

- Eu preciso ir. - consegui dizer. 

- Eu posso te levar para casa. - ofereceu. 

- Eu não quero ir para casa. - não consegui esconder minha preocupação em voltar.

- Se quiser… - ele hesitou, como se não soubesse como expressar o que estava pensando. - eu posso te levar para a minha. 

- Tudo bem. - não sei se era a bebida falando, mas eu simplesmente quis. 

Ele sorriu. Como aquele sorriso era lindo.

Pegamos um táxi e seguimos conversando. Acabei contando toda a trajetória da minha carreira durante o percurso.

- É o que eu sempre quis fazer e tudo tem dado certo. - eu sempre achava que colocava entusiasmo demais nisso, mas não conseguia evitar.

- Isso é muito bom. A maioria das pessoas não tem esse tipo de determinação. - ele pareceu cabisbaixo ao falar isso. 

- E você? O que faz?

- Digamos que eu estou na fila para assumir os negócios da família. - ele parecia chateado e evasivo, então não insisti na conversa.

Chegamos à uma casa muito bonita. Tinha um estilo antiquado muito elegante. Mas não consegui ver muitos detalhes, pois fomos direto para o quarto. Finalmente eu estava me sentindo despreocupada. Sem pensar muito, sentei na cama. Ele sentou ao meu lado. Como ele não parecia ter a iniciativa, inclinei-me e o beijei.

Ele segurou meu rosto e retribuiu. Começou a ficar mais intenso e eu me coloquei no seu colo. 

- Sabe… - ele tentava dizer entre os beijos - Eu nunca fiz… isso antes… - eu parei de beijá-lo esperando ele concluir o que ia dizer - Com alguém que eu acabei de conhecer. 

Não pude deixar de sorrir diante disso. De certa forma era fofo ele querer se explicar. 

- Você quer que eu pare? 

- De jeito nenhum. 

- Parece tão certo, né? 

Ele me abraçou ainda mais, e pude sentir sua mão explorando me explorando. Sentir o corpo dele me desejando fazia com que eu quisesse aquilo ainda mais. Ele nos virou e me deitou na cama. Tirou cada peça da minha roupa e se despiu. Ele era gentil com os lábios e apaixonado com o corpo. Seu suor começou a se misturar com o meu. Eu estava entregue aos prazeres que ele me oferecia. No fim eu estava sem fôlego. Me aconcheguei sobre seu peito que ainda arfava. Adormeci em seus braços, que me proporcionaram uma sensação de conforto e segurança.

Escuto meu celular tocando o despertador e eu logo aperto a soneca. Um flash da noite anterior volta aos meus pensamentos e eu me viro para abraçá-lo novamente, mas ele não estava mais ali. Havia apenas um bilhete em cima do travesseiro onde ele repousava a cabeça anteriormente.

“Tive que sair. Eu sinto muito. R.A.”

Ele saiu sem dizer nada? Eu não podia acreditar que cheguei a cogitar que ele fosse um verdadeiro cavalheiro. Que idiota! Todo aquele papo educado… Vesti minhas roupas e sai, deixando a casa como estava. Chamei um táxi e voltei para o hotel me sentindo a pessoa mais iludida do mundo. 

E eu nem sabia o nome dele…

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