7 anos depoisKeenan Bentley segurava a espada com firmeza, e todo o seu corpo estava em alerta; olhou ao redor e percebeu seis homens ao seu redor. Um sorriso perigoso e ladino surgiu em seus lábios. Ele levantou uma sobrancelha, aguardando calmamente o ataque, já prevendo cada movimento de seus adversários. Inclinou a cabeça para o lado, ouvindo um leve estalo no pescoço, enquanto dois homens se aproximavam ao mesmo tempo, um pela lateral e outro por trás.Com o pesado treinamento que enfrentou, Keenan havia adquirido uma destreza ímpar. No momento certo, abaixou-se, desviando dos golpes, mas, de repente, todos os homens começaram a atacar juntos. Os gritos de guerra ecoaram pela arena, enquanto ele se movia como um deus: veloz, implacável e furioso. Seus golpes, sempre certeiros, carregavam uma originalidade inigualável, tornando impossível para seus oponentes tanto acertá-lo quanto escaparem de seus ataques. Não havia ninguém que lutasse como ele, mas seus adversários não desistir
∆ ×A carruagem passava lentamente pela floresta. Todos os guardas presentes estavam tensos, levando aquele ouro para o rei. Seus olhos treinados percorriam o lugar todo à medida em que avançavam. Sabiam da fama que aquela floresta tinha e esperava que a ideia do rei desse certo desta vez.— Será mesmo que ele é um espírito? — o jovem guarda indagou, tentando disfarçar o nervosismo na voz.— O único espírito que vai ter aqui vai ser o seu se não calar a boca — respondeu o outro soldado, mais à frente disse.Eles continuaram andando, atentos a qualquer movimento suspeito. Estavam em um total de dez homens, os guardas mais fortes e habilidosos do reino; não podiam falhar com o rei. Ouviram o barulho de um piado que parecia de coruja, e pararam assustados. — O que foi isso?Ouviram outro barulho; eram assobios que ecoavam por toda a floresta. Os guardas olharam para todos os lados, ouvindo, desta vez, sons de passos e vultos passando por várias partes.— Eles estão aqui! — exclamou o j
Annabeth reprimiu a vontade de olhar pela janela pela trigésima vez. A carruagem avançava cada vez mais, e, da última vez que colocara a cabeça para fora, a estrada da floresta de Forwood ainda era visível. Ela estava ciente do que ocorria naquele lugar e sabia do risco que corria, mas não era exatamente isso que a deixava extremamente ansiosa — finalmente retornava para casa após longos seis anos.Mordendo os lábios, pensou em como fora sua vida longe de sua aldeia natal.Vivera com os tios e teve uma excelente educação, tornara-se uma dama; no entanto, também se tornou uma mulher forte, decidida, inteligente e prática. Aprendeu várias outras coisas na aldeia de seus tios. Mas, nem por um segundo, esquecia-se de sua vida na aldeia natal, e seu desejo de voltar para casa continuara vivo por todos esses anos.Seus pais a visitavam poucas vezes e se comunicavam por pergaminhos. Sentia falta da família e — principalmente — falta dele, seu melhor amigo de infância.Seu Keenan.Deu uma ris
Keenan bateu na porta da casa e aguardou. Quando ela se abriu, uma senhora morena apareceu e, ao vê-lo, seus olhos se encheram de alegria. Ela abraçou o corpo grande e forte do filho. Um sorriso carinhoso surgiu no rosto dele, que beijou a cabeça da mãe e a envolveu com seus braços.— Ah, meu Deus! Quer me matar do coração? Não me deixe sem notícias, garoto! Não importa a sua idade, se sumir desse jeito, vou dar uns tapas nessa sua bunda grande — reclamou, olhando nos olhos escuros do filho, fazendo-o sorrir de lado. — Nossa, você parece cada vez mais forte — disse, apertando um braço musculoso e duro. Seu menino havia se tornado um homem. — O que você anda comendo, garoto?Ele soltou uma risada baixa e gostosa, adentrou a casa abaixando a cabeça ao passar pela porta e observou o ambiente ao redor. Tudo continuava igual: uma pequena sala, a cozinha ao lado e um corredor que levava aos quartos. Inspirou profundamente, sentindo o cheiro de sopa no ar.— Não acredito! — exclamou, com os
— Mãe, vou dar uma volta pela cidade! — Annabeth avisou, apressando-se para sair da mansão.O dia estava agradável, apesar do céu escuro e carregado de nuvens sombrias. Ao entrar no vilarejo, ela observou tudo ao redor. Os preços do mercado haviam aumentado, e as pessoas trabalhavam sem ânimo, com expressões cansadas.Em várias partes do vilarejo, estavam pendurados cartazes com a foto do tal "Rei dos Ladrões", oferecendo uma generosa recompensa para quem o entregasse. Ela se aproximou de um dos cartazes e o analisou: a imagem mostrava o homem com capuz e máscara, cobrindo grande parte do rosto.— Legal, não é mesmo? — uma voz infantil disse, surpreendendo-a. Ao seu lado, estava um pequeno garoto. — Tomara que ninguém o pegue — sussurrou ele, lançando um olhar cuidadoso ao redor.— É mesmo?— Sim, ele é o nosso herói — suspirou o menino, com olhos escuros cheios de admiração. — Quando eu crescer, quero ser igual a ele. — A criança olhou para o cartaz, e Annabeth percebeu o brilho de a
Não! Aquela era a Anna? A sua Aninha estava de volta?Keenan ainda estava olhando para a mulher, totalmente sem ação. Aquela era uma surpresa e tanto. Apesar do assombro em seu rosto, nada se comparava à tempestade que se formava dentro dele. Era uma explosão de sentimentos: alegria, raiva, saudade, e havia algo maior, mais quente, que fazia seu coração disparar — um sentimento que ele não conseguiu identificar. Seus olhos ainda estavam conectados aos dela. Tentou abrir a boca, mas não saiu nenhum som.Os olhos azuis dela o encaravam com curiosidade, mas quando seus homens começaram a se aproximar, Annabeth desviou o olhar e ergueu a capa rapidamente, saindo correndo pela floresta, deixando a espada no chão e indo em disparada para a aldeia de Forwood.— Vamos atrás dela, antes que ela chegue na entrada da aldeia! — um dos rapazes gritou.— Não! — A voz dele soou como um trovão. — Ninguém vai atrás dela, deixem-na ir. — Keenan pegou a espada dela. Sua sorte era que ele usava luvas, as
Keenan sentiu a neblina fria tocar seu rosto, talvez aquilo ajudasse a acalmar seus pensamentos e trouxesse o sono. Hoje, seu alter ego estava em repouso; ele não tinha disposição para assumir outra identidade, ou corria o risco de cometer um deslize — e nenhuma daquelas pessoas merecia sofrer com um erro. Sua mente fervilhava, incapaz de escapar dos pensamentos sobre o que acontecera mais cedo. Por que Annabeth arriscara tanto, aventurando-se naquela estrada com um disfarce? Não que a escolha tivesse sido insensata; ela sempre fora esperta, talvez o disfarce fosse mesmo para proteger sua identidade. Ainda assim, o perigo era real. Por que, afinal, Annabeth havia retornado depois de ele ter se convencido de que isso jamais aconteceria? Era até tolice pensar tanto nela, ainda mais depois de todo o tempo que passara sem respostas às cartas que lhe escrevera. Mas lá estava ele, perturbado, preso à lembrança de sua amiga de infância, e incapaz de afastá-la dos pensamentos. Um som f
Ao amanhecer, Keenan precisava descarregar sua raiva em algo. Passara o restante da noite no campo de treinamento, e, quando finalmente adormeceu, foi atormentado por sonhos com Annabeth: aqueles lábios carnudos e vermelhos, os olhos azuis brilhantes que o deixavam sem ar. Todos os seus instintos masculinos se acenderam, o desejo por ela quase insuportável ao acordar. Ele ansiava por tê-la, desejando desesperadamente tê-la em sua cama.Soltando um grito abafado, Keenan disparou flechas seguidas contra o alvo, até que o boneco de feno se desfez no chão.— Pode começar a falar. — A voz de Sinan soou firme atrás dele.— Me recuso a me sentir assim. — Keenan atirou mais uma flecha, sem nem olhar para o alvo, acertando em cheio.— Por isso estou pedindo: comece a falar. — Sinan insistiu.Keenan respirou fundo, olhando para o céu nublado. — Ela era minha melhor amiga de infância… é a filha do xerife.O amigo ficou em silêncio por alguns instantes, digerindo a revelação. — A mulher ruiva da