Capítulo 4

Keenan bateu na porta da casa e aguardou. Quando ela se abriu, uma senhora morena apareceu e, ao vê-lo, seus olhos se encheram de alegria. Ela abraçou o corpo grande e forte do filho. Um sorriso carinhoso surgiu no rosto dele, que beijou a cabeça da mãe e a envolveu com seus braços.

— Ah, meu Deus! Quer me matar do coração? Não me deixe sem notícias, garoto! Não importa a sua idade, se sumir desse jeito, vou dar uns t***s nessa sua bunda grande — reclamou, olhando nos olhos escuros do filho, fazendo-o sorrir de lado. — Nossa, você parece cada vez mais forte — disse, apertando um braço musculoso e duro. Seu menino havia se tornado um homem. — O que você anda comendo, garoto?

Ele soltou uma risada baixa e gostosa, adentrou a casa abaixando a cabeça ao passar pela porta e observou o ambiente ao redor. Tudo continuava igual: uma pequena sala, a cozinha ao lado e um corredor que levava aos quartos. Inspirou profundamente, sentindo o cheiro de sopa no ar.

— Não acredito! — exclamou, com os lábios salivando. — Sopa de abóbora com tomate?

— Exatamente! Parece que adivinhei que você viria — riu Gweneth. — E me conte: como está o trabalho? — perguntou, voltando para a cozinha e mexendo na sopa com uma colher de pau. Keenan se sentou a uma das mesas e colocou as mãos atrás da cabeça.

— O de sempre. Trabalho pesado — tranquilizou-a. — Está tudo indo muito bem, mãe.

A conversa se prolongou e, enquanto o tempo passava, Gweneth contou sobre a situação no reino e mencionou que o mascarado aparecera na noite anterior e deixara uma boa quantia em dinheiro. Keenan ficou aliviado, já que ela não desconfiava de nada — ao menos, ele esperava que não. Almoçaram juntos, rindo das histórias que Keenan contava sobre os amigos com quem "trabalhava".

— Até agora você só falou do trabalho. Quero saber: como está o coração? Alguma namorada?

— Vamos mudar essa frase: tenho namoradas, mãe — respondeu, rindo da careta que ela fez. — Mas não é nada sério com nenhuma das mulheres com quem me envolvo. Não estou procurando uma namorada, talvez algum dia.

— Pois olhe lá, eu quero netos! Preciso desta casa cheia de crianças. — Ela o advertiu, fazendo-o rir.

— Talvez um dia... Não consigo pensar nisso agora — rebateu, passando a mão pelos cabelos.

Apesar do tom brincalhão, ele falava a verdade. Ter uma família significaria abandonar sua vida dupla, e ele não estava pronto para isso. Talvez nunca estivesse.

— Ela nunca mais voltou — comentou Gweneth casualmente, bebendo um copo de água. Ele a olhou, sem entender onde a mãe queria chegar. — Sempre pensei que vocês dois acabariam juntos.

Ele balançou a cabeça e ficou sério, decidido a esquecê-la, assim como Annabeth fizera ao partir. Estava certo de que ela já o esquecera, e era hora de retribuir o sentimento. Ele a esperara por muito tempo; agora, precisava deixar o passado para trás.

Contudo, uma lembrança oculta em seu íntimo voltou à tona: o primeiro beijo deles. Não fora um beijo de verdade, apenas um selinho, afinal, nenhum dos dois entendia ainda o que aquilo significava.

"Ninguém pode tomar o seu lugar. Ele é somente seu, você é única!"

Mas que diabos? De onde essas memórias enterradas haviam saído?

Com certeza aquela conversa com a mãe estava bagunçando sua cabeça, e ele precisava parar com aquilo. Olhou pela janela, percebendo que precisava voltar. O sol logo se poria, e ele queria saber como os homens haviam se virado sem ele naquele dia. Quando voltou a encarar Gweneth, ela o fitava com um olhar curioso — o olhar de mãe, que sempre sabe o que os filhos sentem.

Ele se levantou rapidamente, deu a volta na mesa e se despediu com um beijo na cabeça dela.

Assim que saiu da casa, montou em seu cavalo e pegou as rédeas. Durante o caminho pela floresta, a conversa com sua mãe não saía de sua cabeça, deixando-o inquieto.

Ao chegar à aldeia da floresta, viu seus homens parados, conversando baixo. Enquanto descia do cavalo, conseguiu ouvir parte da conversa.

— Foi um ataque. Não tivemos como resistir; eram uns vinte homens contra nós cinco — Luca afirmou.

Sinan soltou uma gargalhada que ecoou pelo ambiente. Algo realmente interessante devia ter acontecido, pois era raro vê-lo rir assim. Keenan se aproximou, fazendo sinal para o loiro, que ainda se divertia com os outros rapazes.

— É isso que vamos contar para ele — disse Jordan.

— Contar o quê? — perguntou, com a voz grave. Todos se viraram assustados, fitando-o com receio. Ele levantou as sobrancelhas, desafiador e com uma expressão intimidadora. — Então? Comecem…

— Bom, tivemos um problema hoje cedo na floresta… — Luca começou, cruzando os braços enquanto procurava as palavras certas.

— Fomos atacados — Apito afirmou.

— Atacados? — Ele ergueu as sobrancelhas, desconfiado. — E…?

Fez um gesto com a mão, indicando que continuassem. Observou o loiro ao fundo, que tentava conter o riso.

— Sim… — Jordan confirmou. — Eram vinte homens, altos e fortes. Foi impossível lutar contra eles, chefe.

— Estão me dizendo que foram atacados por vinte homens? — Keenan cruzou os braços, com uma expressão incrédula, e todos confirmaram. Ele prosseguiu: — Vinte homens… E daí?

— Bem… Não tivemos como lutar, eles eram muito fortes. Não conseguimos resistir e… — começou outro rapaz, mas calou-se ao receber um olhar feroz como resposta.

— Deixe-me ver se entendi — Keenan disse, colocando as mãos atrás das costas, com uma paciência exagerada. — Atacados por vinte homens… Há quanto tempo fazemos isso e nunca enfrentamos vinte homens? No máximo quinze, e sempre vencemos. Não estou num bom dia, então, senhores, poderiam, por favor, me dizer a verdade? — pediu, coçando os olhos.

— Melhor contar — sugeriu Sinan, rindo, e eles se entreolharam.

— Ah, vamos lá, vamos contar logo de uma vez! — Apito declarou. — Foi uma mulher.

— Uma mulher? — Keenan parou de coçar os olhos e os encarou.

— Sim, caramba! Chefe, nunca encontramos uma como ela antes… Ela…

— Ela bateu neles, Keenan! — exclamou Sinan, sem conseguir conter o riso. — Uma mulher sozinha derrubou esses cinco.

Keenan os olhou, pressionando os lábios, tentando entender aquilo.

— Esperem aí! Vocês estão me dizendo que uma mulher derrubou vocês… vocês? — Todos assentiram, e Keenan riu alto, começando a se divertir com a situação. — Suponho que devo parabenizar essa estranha e colocá-la no lugar de vocês — disse, e eles se entreolharam assustados. — Estou brincando, mas, enfim, uma mulher derrubou vocês. Quem diria! Meus homens apanhando de uma garota.

O sarcasmo era nítido.

— Você precisava ver, chefe. Ela lutava como um homem. Nunca vi algo assim, foi impressionante!

Agora ele estava curioso sobre a tal mulher guerreira. Pelo jeito que seus homens a descreviam, ela realmente devia ser impressionante.

— E, além disso, era linda também — comentou Jordan, e os outros concordaram.

— Tudo bem. Tenho a impressão de que vamos encontrá-la mais vezes. Podem deixar ela comigo; vou resolver isso — informou, soltando um suspiro. — Por hoje é só, rapazes.

Ele deu um breve aceno para Sinan e se afastou, indo em direção à sua casa. Nesse momento, tudo o que ele queria era ficar sozinho com seus pensamentos. A conversa com a mãe havia mexido com ele mais do que imaginava.

Sigue leyendo en Buenovela
Escanea el código para descargar la APP

Capítulos relacionados

Último capítulo

Escanea el código para leer en la APP