— Mãe, vou dar uma volta pela cidade! — Annabeth avisou, apressando-se para sair da mansão.O dia estava agradável, apesar do céu escuro e carregado de nuvens sombrias. Ao entrar no vilarejo, ela observou tudo ao redor. Os preços do mercado haviam aumentado, e as pessoas trabalhavam sem ânimo, com expressões cansadas.Em várias partes do vilarejo, estavam pendurados cartazes com a foto do tal "Rei dos Ladrões", oferecendo uma generosa recompensa para quem o entregasse. Ela se aproximou de um dos cartazes e o analisou: a imagem mostrava o homem com capuz e máscara, cobrindo grande parte do rosto.— Legal, não é mesmo? — uma voz infantil disse, surpreendendo-a. Ao seu lado, estava um pequeno garoto. — Tomara que ninguém o pegue — sussurrou ele, lançando um olhar cuidadoso ao redor.— É mesmo?— Sim, ele é o nosso herói — suspirou o menino, com olhos escuros cheios de admiração. — Quando eu crescer, quero ser igual a ele. — A criança olhou para o cartaz, e Annabeth percebeu o brilho de a
Não! Aquela era a Anna? A sua Aninha estava de volta?Keenan ainda estava olhando para a mulher, totalmente sem ação. Aquela era uma surpresa e tanto. Apesar do assombro em seu rosto, nada se comparava à tempestade que se formava dentro dele. Era uma explosão de sentimentos: alegria, raiva, saudade, e havia algo maior, mais quente, que fazia seu coração disparar — um sentimento que ele não conseguiu identificar. Seus olhos ainda estavam conectados aos dela. Tentou abrir a boca, mas não saiu nenhum som.Os olhos azuis dela o encaravam com curiosidade, mas quando seus homens começaram a se aproximar, Annabeth desviou o olhar e ergueu a capa rapidamente, saindo correndo pela floresta, deixando a espada no chão e indo em disparada para a aldeia de Forwood.— Vamos atrás dela, antes que ela chegue na entrada da aldeia! — um dos rapazes gritou.— Não! — A voz dele soou como um trovão. — Ninguém vai atrás dela, deixem-na ir. — Keenan pegou a espada dela. Sua sorte era que ele usava luvas, as
Keenan sentiu a neblina fria tocar seu rosto, talvez aquilo ajudasse a acalmar seus pensamentos e trouxesse o sono. Hoje, seu alter ego estava em repouso; ele não tinha disposição para assumir outra identidade, ou corria o risco de cometer um deslize — e nenhuma daquelas pessoas merecia sofrer com um erro.Sua mente fervilhava, incapaz de escapar dos pensamentos sobre o que acontecera mais cedo. Por que Annabeth arriscara tanto, aventurando-se naquela estrada com um disfarce? Não que a escolha tivesse sido insensata; ela sempre fora esperta, talvez o disfarce fosse mesmo para proteger sua identidade. Ainda assim, o perigo era real.Por que, afinal, Annabeth havia retornado depois de ele ter se convencido de que isso jamais aconteceria?Era até tolice pensar tanto nela, ainda mais depois de todo o tempo que passara sem respostas às cartas que lhe escrevera. Mas lá estava ele, perturbado, preso à lembrança de sua amiga de infância, e incapaz de afastá-la dos pensamentos.Um som frustrad
Ao amanhecer, Keenan precisava descarregar sua raiva em algo. Passara o restante da noite no campo de treinamento, e, quando finalmente adormeceu, foi atormentado por sonhos com Annabeth: aqueles lábios carnudos e vermelhos, os olhos azuis brilhantes que o deixavam sem ar. Todos os seus instintos masculinos se acenderam, o desejo por ela quase insuportável ao acordar. Ele ansiava por tê-la, desejando desesperadamente tê-la em sua cama.Soltando um grito abafado, Keenan disparou flechas seguidas contra o alvo, até que o boneco de feno se desfez no chão.— Pode começar a falar. — A voz de Sinan soou firme atrás dele.— Me recuso a me sentir assim. — Keenan atirou mais uma flecha, sem nem olhar para o alvo, acertando em cheio.— Por isso estou pedindo: comece a falar. — Sinan insistiu.Keenan respirou fundo, olhando para o céu nublado. — Ela era minha melhor amiga de infância… é a filha do xerife.O amigo ficou em silêncio por alguns instantes, digerindo a revelação. — A mulher ruiva da
Annabeth tentou formular uma frase, mas sua voz sumiu. O homem diante dela era alto, lindo demais para ser verdade — uma beleza quase criminosa. Ela se esforçava para não deixar transparecer o nervosismo, embora suas mãos tremessem. O olhar dele continuava feroz e quente, cada vez mais intrigante.— Quem diria, senhorita Annabeth Riley, por aqui — ele disse com um sorriso de lado, charmoso. — Até apertaria sua mão, mas estou todo sujo — levantou as mãos sujas.Ao ouvir a voz grave de Keenan pela primeira vez, um arrepio percorreu seu corpo. A mente dela foi direto para um lado tentadoramente pecaminoso; não se importaria nem um pouco em se sujar com ele.— Você sabe que nunca me importei com isso — retrucou, estendendo a mão, esperando pelo contato dos dedos dele. Na verdade, queria mais que um aperto de mão; queria senti-lo, abraçá-lo, a respiração dele contra a dela.Sem escolha, ele apertou a mão dela, e um calor subiu pelos corpos dos dois, causando uma eletricidade excitante. Mas
Keenan parou na esquina da mansão do xerife e olhou para a garota.— Está entregue — disse, virando-se para sair.— Pensei que você ficaria feliz quando me visse.O som da voz embargada dela o pegou desprevenido. Ele se virou na direção dela, e o olhar dela o desarmou.— Annabeth… — suspirou derrotado, fechando os olhos com força. Quando os abriu, confessou: — Você não respondeu nenhuma das minhas cartas. Eu me esforcei bastante para conseguir escrevê-las.— Espera… Suas cartas?! — questionou, atônita.— Sim… Escrevi cartas para você, mandei para sua mãe. Eu não sabia o endereço do lugar onde estava. Mas, pelo jeito, ela não gosta de mim, assim como seu pai.— O quê? — exclamou, com a boca aberta. — Eu não recebi nenhuma carta, Keenan.— Por que não estou surpreso com isso? — Ele deu uma risada sarcástica. — Suponho que você tem muito o que conversar com seus pais.— Não posso acreditar que eles fizeram isso comigo — a ruiva balançou a cabeça, indignada. — Keenan, eu não recebi carta
Sinan segurou a corda do poço com força e foi puxando o balde com água para cima. Enquanto fazia o trabalho braçal, os pensamentos sobre seu passado o atormentavam.As mãos dele tremeram. Ele balançou a cabeça e se concentrou. Quando trouxe o balde de água à superfície, encheu o outro que estava vazio.Ao terminar, devolveu o balde ao poço e pegou um pouco de água, jogando sobre o rosto.— Então, o que vocês dois estão escondendo? — a voz veio por trás dele.— Tina — ele não se virou, já que reconheceu a voz dela. — De onde você tirou isso?— Olha, vocês homens subestimam a inteligência das mulheres — a loira se aproximou dele e riu. — Vocês dois estão escondendo algo de mim, e como sou do “bando”, preciso saber.Sinan sorriu de lado e olhou para ela. Percebeu a confiança nos olhos castanhos.— Acredito que a mocinha seja bastante desconfiada. Não estamos escondendo nada.— Sinan de Forwood — a garota se aproximou dele e ficou perto o suficiente para suas respirações se misturarem. El
Duas semanas se passaram desde a chegada de Annabeth. Ela ainda tentava se acostumar com sua rotina em casa, mas, diariamente, seu pai chegava furioso por causa do famoso ladrão. Vê-lo tão irritado a fazia se sentir um pouco melhor, afinal, ainda não o havia perdoado por nunca ter entregado as cartas de Keenan. E não o perdoaria, especialmente depois que o xerife confessou que as queimou uma por uma.Por isso, Annabeth até gostava da “surra” que o arqueiro mascarado dava em seu pai.O que Keenan havia escrito, ela nunca saberia, a menos que o perguntasse, mas o problema era que não o via desde o último encontro. Como não podia fazer nada e não sabia onde ele estava, teria que esperar até sua volta.Devido à sua ansiedade, teve um sonho na noite anterior, uma lembrança do passado. Ela e Keenan, mais novos, estavam brincando na cachoeira da floresta. Fora o próprio garoto quem encontrou aquele lugar, e ninguém se atrevia a ir lá por conta dos "espíritos". Então, aquele canto se tornou d