Sinan segurou a corda do poço com força e foi puxando o balde com água para cima. Enquanto fazia o trabalho braçal, os pensamentos sobre seu passado o atormentavam.As mãos dele tremeram. Ele balançou a cabeça e se concentrou. Quando trouxe o balde de água à superfície, encheu o outro que estava vazio.Ao terminar, devolveu o balde ao poço e pegou um pouco de água, jogando sobre o rosto.— Então, o que vocês dois estão escondendo? — a voz veio por trás dele.— Tina — ele não se virou, já que reconheceu a voz dela. — De onde você tirou isso?— Olha, vocês homens subestimam a inteligência das mulheres — a loira se aproximou dele e riu. — Vocês dois estão escondendo algo de mim, e como sou do “bando”, preciso saber.Sinan sorriu de lado e olhou para ela. Percebeu a confiança nos olhos castanhos.— Acredito que a mocinha seja bastante desconfiada. Não estamos escondendo nada.— Sinan de Forwood — a garota se aproximou dele e ficou perto o suficiente para suas respirações se misturarem. El
Duas semanas se passaram desde a chegada de Annabeth. Ela ainda tentava se acostumar com sua rotina em casa, mas, diariamente, seu pai chegava furioso por causa do famoso ladrão. Vê-lo tão irritado a fazia se sentir um pouco melhor, afinal, ainda não o havia perdoado por nunca ter entregado as cartas de Keenan. E não o perdoaria, especialmente depois que o xerife confessou que as queimou uma por uma.Por isso, Annabeth até gostava da “surra” que o arqueiro mascarado dava em seu pai.O que Keenan havia escrito, ela nunca saberia, a menos que o perguntasse, mas o problema era que não o via desde o último encontro. Como não podia fazer nada e não sabia onde ele estava, teria que esperar até sua volta.Devido à sua ansiedade, teve um sonho na noite anterior, uma lembrança do passado. Ela e Keenan, mais novos, estavam brincando na cachoeira da floresta. Fora o próprio garoto quem encontrou aquele lugar, e ninguém se atrevia a ir lá por conta dos "espíritos". Então, aquele canto se tornou d
Annabeth ouviu o pai abrir a porta da sala como uma fera. Os olhos dele faiscavam de raiva. Só havia uma pessoa em toda Forwood que o deixava assim. Ele a olhou com as mãos na cintura, enquanto ela o ignorava, como vinha fazendo ultimamente.— De hoje em diante, você não irá mais sair desacompanhada — avisou o xerife. — Vou cuidar para que você fique sob a supervisão de um dos meus soldados.— O quê? — Annabeth se levantou da cadeira. — Não preciso disso, muito menos de um idiota fardado me seguindo por aí.— Ah! Agora está falando comigo? — Edward a encarou. — Pois terá, mesmo assim. O rei dos ladrões sabe que você é minha filha e não sairá mais sozinha. É para sua segurança, Annabeth.— Mamãe! — suplicou, voltando-se para a mãe.— Desculpe, meu amor, mas desta vez concordo com seu pai. Não sabemos o que esse homem poderia fazer se ele a encontrasse sozinha.— Ele não… — Ela se interrompeu, vendo os olhares alarmados dos pais.— Ele não o quê? — questionou o xerife.— O rei dos ladrõ
Quando Anna chegou à mansão, esperou até que o cocheiro partisse de volta para o castelo. Em seguida, foi ao celeiro, montou seu cavalo e seguiu em direção à floresta. Precisava ser rápida. Estava quase anoitecendo e ela pretendia voltar antes que seus pais retornassem.Ao se aproximar da estrada, amarrou as rédeas em uma árvore e seguiu a pé para dentro da floresta, torcendo para encontrar o rei dos ladrões ou algum de seus ajudantes. Seu coração batia tão forte que nem teve o cuidado de olhar onde pisava. Deu mais um passo e, de repente, uma rede oculta entre as folhas se fechou ao seu redor, formando uma bola que a ergueu no ar.— Mas que droga! — Anna gritou, balançando na rede. — FILHOS DA... — Ela respirou fundo, tentando manter a calma. — Tudo bem, preciso sair daqui... — Inspirou profundamente e tentou procurar algo para cortar a rede, mas não estava com nada afiado. — Droga! — exclamou de novo, e então ouviu uma risada que reconheceu de imediato.— Parece que capturei uma leo
Ele vinha repetindo para si mesmo que precisava manter distância — embora Anna não facilitasse em nada o seu objetivo —, mas também não podia deixar de agradecer. Afinal, estavam a salvo graças a ela.Colheu uma rosa na floresta e a colocou na aljava. Após terminar as entregas noturnas de saquinhos de ouro para a aldeia, dirigiu-se para a mansão — mais precisamente para a janela do quarto dela.Como era tarde da noite, todos já estavam dormindo, inclusive os vigias do xerife, que ele contornou com facilidade.Chegou até a casa na árvore que levava à varanda do quarto de Anna, conectada por uma pequena ponte de madeira. Brincaram muito ali quando eram crianças. Ignorando as lembranças que ameaçavam tomar sua mente, subiu pela escada e se acomodou na varanda. A vantagem daquele lugar era que os galhos densos da árvore forneciam cobertura, escondendo-o bem da vista de qualquer curioso.Enquanto observava a varanda do quarto dela, percebeu Anna se aproximando da janela. Ele parou, apoiand
Keenan observava a luta dos mais jovens, encostado na parede do corredor, com um ar tranquilo. Todos acreditavam que ele estava concentrado na batalha, e isso só fazia os novatos se esforçarem ainda mais para impressioná-lo. Mas, na verdade, sua mente estava em outro lugar — ou melhor, em outra pessoa.Ele tentava, em vão, afastar os pensamentos sobre Annabeth. Mas, sempre que a lembrava, era como se pudesse ver os cabelos ruivos, os olhos azuis cintilantes e aquela boca carnuda e tentadora. E, por mais que dissesse a si mesmo que essa atração passaria, não conseguia deixar de pensar no corpo dela, nas provocações, na vontade de agarrá-la com força e perder-se completamente.O som de risadas e socos o trouxe de volta. Keenan se aproximou do grupo, flexionou o pescoço de um lado para o outro e tirou a camisa, o que arrancou suspiros das poucas mulheres que estavam assistindo. Ele sorriu de canto e estalou os dedos, pronto para uma boa luta.— Muito bem, ataquem! — disse ele, com um sor
Quando a noite chegou, ele aproveitou para entregar algumas moedas de ouro nas casas mais necessitadas. Pulando entre os telhados, sempre tomava o cuidado de não ser observado pelos guardas. Mesmo assim, eles eram tão desatentos que não se preocupava muito. Atirou a flecha com o saquinho de moedas na última casa e olhou para uma esquina que conhecia desde a infância.A curiosidade o consumiu. A essa hora, Annabeth provavelmente já estava dormindo. Ele continuou seguindo até pular no jardim da mansão e subir na casa da árvore. Mordeu os lábios e se escondeu nas sombras. A lâmpada ainda estava acesa, mas não havia sinal dela. Até que, finalmente, viu os cabelos ruivos aparecerem atrás da cortina. Seu coração disparou e sua garganta secou.Ela estava ali, escovando os cabelos e tirando o roupão. Keenan perdeu o fôlego, como se algo o tivesse atingido bem no meio do estômago. O choque de vê-la novamente após tanto tempo não se comparava ao turbilhão de sentimentos que o tomava naquele mom
Annabeth acordou naquela manhã sentindo muitas saudades de Keenan. Planejou passar na casa de Gweneth depois do passeio com Tina pela aldeia. Conseguiu convencer os pais a deixarem Tina como sua dama de companhia, embora uma babá estivesse designada para acompanhá-las, junto com o guarda mais irritante de seu pai.Assim que viraram na esquina da feira, Annabeth avistou Keenan parado de braços cruzados, conversando com um loiro e um moreno. Seu corpo inteiro reagiu à presença dele. Ele estava tão lindo! E que roupas eram aquelas? Keenan parecia um príncipe.Mordeu os lábios, lembrando da noite anterior, quando pela primeira vez se permitiu explorar seu próprio prazer. Foi uma sensação deliciosa, mas o ponto alto veio ao imaginar Keenan. Ao ver seu sorriso agora, as pernas fraquejaram, quase a fazendo perder o equilíbrio. Ele tinha olheiras sob os olhos, sinal de que não dormira bem. A camisa de mangas compridas, o colete de couro e a calça preta delineavam cada traço daquele corpo dign