No final da tarde, Keenan estava parado na porta de sua casa, apoiado contra o corrimão de madeira. Sinan o observava de longe, notando sua expressão distante, e logo se aproximou.— Tudo bem, me diga o que está acontecendo. Você está quieto desde que voltamos para casa.— Ela me chamou para jantar na casa dela — respondeu Keenan, olhando para o céu entre as copas das árvores.— Ah, meu amigo, parece que você tem um dilema para resolver. Está quase anoitecendo, e ela vai estar lá, toda linda, te esperando...— Não está ajudando, Sinan — resmungou, interrompendo-o.— Não dá para lutar contra o destino, Keenan. Ainda mais quando o coração já sabe o que quer. Só estou avisando — disse Sinan, sorrindo ao dar um tapinha nos ombros dele antes de se afastar, deixando-o sozinho.Keenan permaneceu ali por mais alguns minutos, perdido em seus pensamentos. Olhou novamente para o céu e, por fim, decidiu: já era meio louco, então mais uma loucura não faria mal.Após um banho perfumado, ele experim
Keenan voltou à aldeia, sorrindo ao lembrar das expressões que viu no jantar, especialmente a de Annabeth. Por mais que estivesse orgulhoso de vê-la apoiando o Rei dos Ladrões, ainda não poderia deixar que soubesse a verdade. Quanto menos ela soubesse, melhor.Ao chegar em casa, trocou de roupa e preparou-se para sua última entrega da noite. Mas não sem antes pegar a rosa mais bonita da plantação e colocá-la na aljava.Os sinos da igreja anunciaram o avançar da noite. Keenan mergulhou na neblina e andou pelos telhados das casas, entregando as últimas sacolas de ouro. Quando chegou à casa de Annabeth, notou que o guarda noturno dela dormia, como de costume. Ele balançou a cabeça, subiu até a casa da árvore e viu que as luzes estavam apagadas, imaginando que ela já dormia.Mas então, ouviu a janela abrir-se e uma risada suave.— Não está pensando em roubar minha casa, está?— Não me dê ideias, mocinha. Ou um dia, realmente posso roubar algo — disse, com um sorriso malicioso.— E o que s
Sinan acordou assustado naquela tarde, ao som de gritos, e ainda mais ao perceber que eram seus próprios. Olhou ao redor do pequeno cômodo onde vivia e deu um suspiro de alívio ao se lembrar de que estava seguro. Foi até o banheiro da cabana e, pelo espelho, reparou em seu rosto encharcado de suor e nas mãos trêmulas.Lembrava-se claramente do pesadelo. Era o dia em que sua mãe foi morta pelo rei Esteban. Ele tinha apenas cinco anos e, no meio da noite, sua mãe o acordou, escondeu-o sob o assoalho da casa e sussurrou instruções:— Siga o túnel debaixo da cabana, meu amor. Você estará seguro do lado de fora, mas só saia quando não houver mais barulho.Sinan obedeceu, e pela fresta entre as tábuas assistiu a tudo.O rei Esteban entrou na casa e gritou com sua mãe:— Onde está aquele maldito garoto?— Você nunca saberá! — retrucou a mulher. — Eu o levei para longe de você!O rei agarrou sua mãe pelos cabelos, arrancando-lhe um gemido de dor.— Antes de morrer, saiba que não há lugar onde
Keenan nunca fora religioso, mas, pela primeira vez, estava assistindo — ou pelo menos tentando assistir — a missa. Seu verdadeiro objetivo estava claro: provocar Annabeth.Ele a viu assim que se aproximou do pátio da igreja. Enquanto uma morena o entretinha com conversa e olhares sugestivos, ele entrou no jogo de sedução, mas manteve a atenção em Annabeth. Quando a viu observando, sua primeira reação foi afastar-se, mas notou o brilho de ciúmes no olhar dela.Ela ficava ainda mais linda quando estava com raiva. As narinas infladas, o rosto delicado tingido de vermelho — era irresistível. Keenan sempre gostara de implicar com ela, mas agora era diferente. Pensava constantemente em levá-la para a cama, imaginando-a sob seu domínio em momentos intensos de prazer, até que ambos estivessem saciados.Quando a pregação terminou, ele saiu da igreja, preparado para retomar seu trabalho. Estava prestes a seguir em frente quando ouviu o xerife chamá-lo.— General Bentley — anunciou o xerife com
Ele sabia que não deveria estar indo até lá, mas não conseguiu resistir. Precisava vê-la; após tantos anos, não poderia deixar de fazer isso. Esperou o entardecer, pois sabia que a guarda do xerife sempre afrouxava nesse horário. Ao chegar à pequena casa, bateu na porta e ficou esperando. Seu coração disparava ao imaginar a reação dela ao vê-lo. Se a conhecia bem, com certeza ela iria bater e xingá-lo.A porta se abriu, e ele a viu. A expressão dela se tornou de puro choque, como se estivesse diante de um fantasma.— Ah, meu Deus! Urick?!— Olá, querida. — saudou ele, com tom de carinho e amor. — Você continua linda.A expressão de Gweneth continuava a mesma; ela colocou as mãos sobre o rosto dele, e lágrimas escorreram por seus olhos.— Urick! Você está vivo! É você mesmo?— Estou, amor, estou aqui. — Ele a abraçou, deixando o capuz cair, revelando o rosto.Rapidamente, os dois entraram na casa e se beijaram ardentemente, como se houvesse um século desde o último encontro. Na verdade
A expressão de Keenan estava impassível; ele segurava a espada com postura impecável de General. William, ajoelhado à sua frente, implorava para que não fizesse aquilo. O xerife observava de alguns metros, controlando os olhares curiosos ao redor.— Keenan, o que houve com você? — questionou o ferreiro. — Você é um de nós, rapaz.Ele sabia que não podia demonstrar qualquer fraqueza, não com os guardas de sua alteza logo atrás dele. Tinha que manter o teatro até o fim, por mais que cada palavra e gesto lhe causassem dor.Um sorriso frio e sarcástico surgiu em seus lábios.— Não, eu não sou um de vocês. Como o senhor não tem como pagar os impostos de sua majestade, você e sua família devem deixar esta cabana até amanhã. Caso contrário, os guardas prenderão todos.Os filhos do ferreiro o olharam assustados, enquanto a esposa mantinha um olhar de puro ódio.— Keenan, não temos para onde ir. — O ferreiro suplicou, unindo as mãos. — Não faça isso conosco!— Estou a serviço do rei, então me
A carroça avançava lentamente pelo centro da estrada na floresta. Do alto de uma árvore, Keenan observava. Fez um sinal, e a rede foi erguida. O cavalo relinchou, mas William o acalmou, parando o veículo.Os rapazes saltaram das árvores, pousando em frente à carroça. Sinan foi o primeiro a se aproximar do homem.— Desçam, por favor — exigiu o loiro, sem rodeios.— Não temos nada, senhor, perdemos tudo… só queremos sair daqui e…— Nós sabemos. — Sinan gesticulou, indicando os jovens que o acompanhavam.— Pai, acho que eles são amigos do Rei dos Ladrões — murmurou o filho mais velho do ferreiro.William franziu o cenho, lançando um olhar apreensivo à esposa, enquanto Keenan descia da árvore em silêncio, aproveitando a distração.— Mas o que o Rei dos Ladrões poderia querer conosco? — William indagou, desconfiado.— Essa pergunta você poderá fazer a ele, pessoalmente. — Sinan inclinou a cabeça, pedindo que eles se virassem.As crianças foram as primeiras a obedecer, e os sorrisos que lan
Annabeth percorreu a feira com um olhar desinteressado, as barracas e produtos não chamavam sua atenção. Carregava uma cesta cheia de bolinhos de chocolate e outras guloseimas, a caminho da casa de Gweneth, onde as duas precisavam conversar.Enquanto andava, deu graças por não encontrar o general. Quem diria que, tempos atrás, ansiava vê-lo, e agora evitava até pensar nele.Ela revirou os olhos ao perceber seu guarda seguindo-a de perto. Aquilo era irritante, uma pena que Tina não pudesse acompanhá-la.Ao chegar à casa de Gweneth, bateu na porta. A morena atendeu com um sorriso caloroso.— Oi! Anna, quanto tempo! Entre, entre. — Gweneth colocou as mãos em seus ombros e deu passagem. — Seu guarda vai ficar aí fora?— Pelo amor de Deus, espero que sim. Ele já me segue por toda parte. — Annabeth sorriu, entrando na pequena casa e colocando a cesta sobre a mesa. — Trouxe algumas coisas para nós.— Ah, minha querida, não precisava! — Gweneth respondeu, puxando uma cadeira. — Sente-se; vou