Quando Anna chegou à mansão, esperou até que o cocheiro partisse de volta para o castelo. Em seguida, foi ao celeiro, montou seu cavalo e seguiu em direção à floresta. Precisava ser rápida. Estava quase anoitecendo e ela pretendia voltar antes que seus pais retornassem.Ao se aproximar da estrada, amarrou as rédeas em uma árvore e seguiu a pé para dentro da floresta, torcendo para encontrar o rei dos ladrões ou algum de seus ajudantes. Seu coração batia tão forte que nem teve o cuidado de olhar onde pisava. Deu mais um passo e, de repente, uma rede oculta entre as folhas se fechou ao seu redor, formando uma bola que a ergueu no ar.— Mas que droga! — Anna gritou, balançando na rede. — FILHOS DA... — Ela respirou fundo, tentando manter a calma. — Tudo bem, preciso sair daqui... — Inspirou profundamente e tentou procurar algo para cortar a rede, mas não estava com nada afiado. — Droga! — exclamou de novo, e então ouviu uma risada que reconheceu de imediato.— Parece que capturei uma leo
Ele vinha repetindo para si mesmo que precisava manter distância — embora Anna não facilitasse em nada o seu objetivo —, mas também não podia deixar de agradecer. Afinal, estavam a salvo graças a ela.Colheu uma rosa na floresta e a colocou na aljava. Após terminar as entregas noturnas de saquinhos de ouro para a aldeia, dirigiu-se para a mansão — mais precisamente para a janela do quarto dela.Como era tarde da noite, todos já estavam dormindo, inclusive os vigias do xerife, que ele contornou com facilidade.Chegou até a casa na árvore que levava à varanda do quarto de Anna, conectada por uma pequena ponte de madeira. Brincaram muito ali quando eram crianças. Ignorando as lembranças que ameaçavam tomar sua mente, subiu pela escada e se acomodou na varanda. A vantagem daquele lugar era que os galhos densos da árvore forneciam cobertura, escondendo-o bem da vista de qualquer curioso.Enquanto observava a varanda do quarto dela, percebeu Anna se aproximando da janela. Ele parou, apoiand
Keenan observava a luta dos mais jovens, encostado na parede do corredor, com um ar tranquilo. Todos acreditavam que ele estava concentrado na batalha, e isso só fazia os novatos se esforçarem ainda mais para impressioná-lo. Mas, na verdade, sua mente estava em outro lugar — ou melhor, em outra pessoa.Ele tentava, em vão, afastar os pensamentos sobre Annabeth. Mas, sempre que a lembrava, era como se pudesse ver os cabelos ruivos, os olhos azuis cintilantes e aquela boca carnuda e tentadora. E, por mais que dissesse a si mesmo que essa atração passaria, não conseguia deixar de pensar no corpo dela, nas provocações, na vontade de agarrá-la com força e perder-se completamente.O som de risadas e socos o trouxe de volta. Keenan se aproximou do grupo, flexionou o pescoço de um lado para o outro e tirou a camisa, o que arrancou suspiros das poucas mulheres que estavam assistindo. Ele sorriu de canto e estalou os dedos, pronto para uma boa luta.— Muito bem, ataquem! — disse ele, com um sor
Quando a noite chegou, ele aproveitou para entregar algumas moedas de ouro nas casas mais necessitadas. Pulando entre os telhados, sempre tomava o cuidado de não ser observado pelos guardas. Mesmo assim, eles eram tão desatentos que não se preocupava muito. Atirou a flecha com o saquinho de moedas na última casa e olhou para uma esquina que conhecia desde a infância.A curiosidade o consumiu. A essa hora, Annabeth provavelmente já estava dormindo. Ele continuou seguindo até pular no jardim da mansão e subir na casa da árvore. Mordeu os lábios e se escondeu nas sombras. A lâmpada ainda estava acesa, mas não havia sinal dela. Até que, finalmente, viu os cabelos ruivos aparecerem atrás da cortina. Seu coração disparou e sua garganta secou.Ela estava ali, escovando os cabelos e tirando o roupão. Keenan perdeu o fôlego, como se algo o tivesse atingido bem no meio do estômago. O choque de vê-la novamente após tanto tempo não se comparava ao turbilhão de sentimentos que o tomava naquele mom
Annabeth acordou naquela manhã sentindo muitas saudades de Keenan. Planejou passar na casa de Gweneth depois do passeio com Tina pela aldeia. Conseguiu convencer os pais a deixarem Tina como sua dama de companhia, embora uma babá estivesse designada para acompanhá-las, junto com o guarda mais irritante de seu pai.Assim que viraram na esquina da feira, Annabeth avistou Keenan parado de braços cruzados, conversando com um loiro e um moreno. Seu corpo inteiro reagiu à presença dele. Ele estava tão lindo! E que roupas eram aquelas? Keenan parecia um príncipe.Mordeu os lábios, lembrando da noite anterior, quando pela primeira vez se permitiu explorar seu próprio prazer. Foi uma sensação deliciosa, mas o ponto alto veio ao imaginar Keenan. Ao ver seu sorriso agora, as pernas fraquejaram, quase a fazendo perder o equilíbrio. Ele tinha olheiras sob os olhos, sinal de que não dormira bem. A camisa de mangas compridas, o colete de couro e a calça preta delineavam cada traço daquele corpo dign
No final da tarde, Keenan estava parado na porta de sua casa, apoiado contra o corrimão de madeira. Sinan o observava de longe, notando sua expressão distante, e logo se aproximou.— Tudo bem, me diga o que está acontecendo. Você está quieto desde que voltamos para casa.— Ela me chamou para jantar na casa dela — respondeu Keenan, olhando para o céu entre as copas das árvores.— Ah, meu amigo, parece que você tem um dilema para resolver. Está quase anoitecendo, e ela vai estar lá, toda linda, te esperando...— Não está ajudando, Sinan — resmungou, interrompendo-o.— Não dá para lutar contra o destino, Keenan. Ainda mais quando o coração já sabe o que quer. Só estou avisando — disse Sinan, sorrindo ao dar um tapinha nos ombros dele antes de se afastar, deixando-o sozinho.Keenan permaneceu ali por mais alguns minutos, perdido em seus pensamentos. Olhou novamente para o céu e, por fim, decidiu: já era meio louco, então mais uma loucura não faria mal.Após um banho perfumado, ele experim
Keenan voltou à aldeia, sorrindo ao lembrar das expressões que viu no jantar, especialmente a de Annabeth. Por mais que estivesse orgulhoso de vê-la apoiando o Rei dos Ladrões, ainda não poderia deixar que soubesse a verdade. Quanto menos ela soubesse, melhor.Ao chegar em casa, trocou de roupa e preparou-se para sua última entrega da noite. Mas não sem antes pegar a rosa mais bonita da plantação e colocá-la na aljava.Os sinos da igreja anunciaram o avançar da noite. Keenan mergulhou na neblina e andou pelos telhados das casas, entregando as últimas sacolas de ouro. Quando chegou à casa de Annabeth, notou que o guarda noturno dela dormia, como de costume. Ele balançou a cabeça, subiu até a casa da árvore e viu que as luzes estavam apagadas, imaginando que ela já dormia.Mas então, ouviu a janela abrir-se e uma risada suave.— Não está pensando em roubar minha casa, está?— Não me dê ideias, mocinha. Ou um dia, realmente posso roubar algo — disse, com um sorriso malicioso.— E o que s
Sinan acordou assustado naquela tarde, ao som de gritos, e ainda mais ao perceber que eram seus próprios. Olhou ao redor do pequeno cômodo onde vivia e deu um suspiro de alívio ao se lembrar de que estava seguro. Foi até o banheiro da cabana e, pelo espelho, reparou em seu rosto encharcado de suor e nas mãos trêmulas.Lembrava-se claramente do pesadelo. Era o dia em que sua mãe foi morta pelo rei Esteban. Ele tinha apenas cinco anos e, no meio da noite, sua mãe o acordou, escondeu-o sob o assoalho da casa e sussurrou instruções:— Siga o túnel debaixo da cabana, meu amor. Você estará seguro do lado de fora, mas só saia quando não houver mais barulho.Sinan obedeceu, e pela fresta entre as tábuas assistiu a tudo.O rei Esteban entrou na casa e gritou com sua mãe:— Onde está aquele maldito garoto?— Você nunca saberá! — retrucou a mulher. — Eu o levei para longe de você!O rei agarrou sua mãe pelos cabelos, arrancando-lhe um gemido de dor.— Antes de morrer, saiba que não há lugar onde