Capítulo 6

Não! Aquela era a Anna? A sua Aninha estava de volta?

Keenan ainda estava olhando para a mulher, totalmente sem ação. Aquela era uma surpresa e tanto. Apesar do assombro em seu rosto, nada se comparava à tempestade que se formava dentro dele. Era uma explosão de sentimentos: alegria, raiva, saudade, e havia algo maior, mais quente, que fazia seu coração disparar — um sentimento que ele não conseguiu identificar. Seus olhos ainda estavam conectados aos dela. Tentou abrir a boca, mas não saiu nenhum som.

Os olhos azuis dela o encaravam com curiosidade, mas quando seus homens começaram a se aproximar, Annabeth desviou o olhar e ergueu a capa rapidamente, saindo correndo pela floresta, deixando a espada no chão e indo em disparada para a aldeia de Forwood.

— Vamos atrás dela, antes que ela chegue na entrada da aldeia! — um dos rapazes gritou.

— Não! — A voz dele soou como um trovão. — Ninguém vai atrás dela, deixem-na ir. — Keenan pegou a espada dela. Sua sorte era que ele usava luvas, assim os garotos não perceberam o quanto ele estava tremendo.

Se existia qualquer dúvida de que aquela fosse sua melhor amiga de infância, ela acabou naquele segundo. Na espada estava gravado o nome dela.

Annabeth Riley.

Ele não disse mais nada. Apenas seguiu para dentro da floresta, e o restante do pessoal o seguiu, provavelmente estranhando sua atitude.

Quando chegou em casa, fechou a porta, puxou o capuz para baixo e retirou a máscara, jogando a espada de lado, junto à sua aljava. Suspirou, passando as mãos pelos cabelos, apoiando os braços contra a mesa enquanto respirava pesadamente.

Sua mente estava a mil. E, por Deus, se não fosse pelo cabelo ruivo, pela cor dos olhos e pela espada, jamais imaginaria que aquela mulher deslumbrante fosse sua amiga de infância.

Anna havia mudado tanto. As bochechas ainda estavam coradas e proeminentes, as feições do rosto ainda eram doces, mas agora tinham um ar bastante sensual. Os olhos azuis brilhavam com desafio, o nariz reto e arrebitado. E a boca? Aquela boca certamente dava várias ideias aos homens assim que a viam — e inclusive estava dando nele agora. O corpo dela o arrepiava por inteiro. Ele se apoiou na mesa e jogou tudo que estava em cima dela no chão.

Annabeth estava linda e irresistível, entretanto, ele estava puto. Ela não deveria estar tão linda daquele jeito, tão deliciosa, a ponto de fazê-lo pirar e se imaginar a fodendo com força.

Merda! Ele nunca pensou nela desse jeito tão selvagem.

Keenan colocou as mãos na nuca, massageando suavemente, movendo o pescoço para frente, para trás, de um lado para o outro.

Porra! Seu pau estava tão apertado nas calças que chegava a doer. Que tesão incontrolável era aquele?

Precisava de um banho frio urgente. Ele caminhou para o andar de cima, tentando apagar as chamas em seu corpo, mas tinha sérias dúvidas de que aquilo seria suficiente.

Quando a noite caiu, deitou-se na cama, tentando dormir. Virou de um lado para o outro, perdendo o sono, recusando a acreditar que a causa daquilo fosse uma mulher, e logo a que sempre esteve mais próxima de seu coração.

Agora que sabia que a ruiva estava de volta, era impossível controlar as batidas insistentes e fortes daquele órgão dentro de seu peito.

×∆×

Quando ela chegou em casa, já era noite. Estava tão atordoada quanto nunca havia estado na vida. O encontro com o "rei dos ladrões" a deixou profundamente incomodada. E, era uma pena que não estivesse perto o suficiente para enxergar o rosto dele direito, mas foi o suficiente para fazê-la tremer de desejo ao imaginá-lo sem toda aquela roupa.

Tomou um bom banho, já que o suor escorria entre sua nuca. Ela havia corrido pela floresta até em casa e não parou. Tirou as roupas e se afundou na banheira. Foi até a cozinha buscar algo para comer e viu uma das novas cozinheiras lá.

— Senhorita Riley? Seus pais estavam procurando-a — a mulher disse enquanto tirava o bolo do forno, fazendo Annabeth sentir o aroma gostoso. Seu estômago roncou.

— Você se chama Tina, certo? — perguntou, observando a loira balançar a cabeça em confirmação. — Já está tarde, o que faz aqui acordada a essa hora? Não deveria estar em casa?

— Sim, mas a Senhora Riley me disse que você estava com vontade de comer bolo de milho. É um de seus favoritos, então resolvi deixar pronto.

— Estava precisando disso, vou pegar um pedaço mesmo estando quente. — Annabeth sorriu, pegando uma faca e cortando o pedaço de bolo.

— A senhorita quer que eu prepare alguma bebida? — Tina perguntou.

— Não precisa. Pode me chamar de Anna, por favor. Não gosto de tanta formalidade. Sente-se comigo e coma um pedaço também — ofereceu, fazendo a outra mulher se assustar. — Vamos sente-se. — ordenou. Ela pegou outro prato e cortou outro pedaço de bolo para a jovem, que ainda estava sem jeito.

— Perdão, não estou acostumada a ser tratada dessa maneira — Tina comentou, pegando o garfo e colocando na boca.

— Aposto que não. Mas eu não tenho companhia por aqui e você parece ser uma garota legal. — Deu de ombros, comendo mais um pedaço de bolo e saboreando o doce. Então, ficou séria de repente. — Tina, posso te pedir um favor?

— Claro. Só falar.

— Me conte, a real situação do reino.

— A verdade mesmo?

— Sim. — respondeu.

— Está tudo um caos. O rei está acabando com todos nós, estamos sem nada. É um milagre ainda termos água para beber. E quem tem uma casa, como eu, está dando sorte. Porque até isso ele está querendo tirar de nós, nossos lares, se não pagarmos os impostos.

— Isso é um absurdo! — Annabeth bateu com o garfo na mesa, indignada.

— Sim, os impostos aumentaram muito, Forwood não é o lugar que você conheceu, Anna. Agora é um reino liderado por um louco que faz seu povo sofrer… e gosta disso — disse baixo, colocando mais um pedaço de bolo na boca.

— Então você é favor do Rei dos ladrões? — sussurrou.

— Todos nós do reino somos, só não fale isso para o seu pai. Eu nem sei se deveria estar falando disso com você. Você é a filha do xerife.

— Sou a filha dele, mas não sou ele. Tina. Não concordo com nada disso. — Ela suspirou, colocando as mãos na testa. — Eu nunca deveria ter saído de casa.

— Acredito que mesmo se você estivesse aqui, não iria adiantar muita coisa.

— Mas eu poderia ter convencido o meu pai a não fazer isso. — Ela balançou a cabeça, inconformada.

— Você é realmente diferente. — Tina a olhou, analisando.

— Sabe, quando eu era pequena, brincava com o filho de uma moça que trabalhava aqui. Éramos inseparáveis. Eu vivia me metendo em encrenca. Talvez você o conheça. O nome dele é Keenan Bentley. — Annabeth colocou mais uma garfada de bolo na boca enquanto Tina ergueu as sobrancelhas ao ouvir o nome do seu amigo.

— O filho de Gweneth? — A garota perguntou.

— Sim, ele mesmo.

— Conheci. Ocasionalmente, ele aparece aqui na aldeia. — a loira disse despreocupada. — Mas pelo que sei, ele está trabalhando em outro reino.

— Sim, fui atrás dele, mas não consegui encontrá-lo. Quero muito vê-lo.

Tina parou de comer e a olhou surpresa.

— Você foi atrás de Keenan?

— Fui. Eu até visitei a senhora Gweneth, e ela me deu o endereço da ferraria, onde ele trabalha. — explicou, sentindo as bochechas esquentarem.

— Mas isso quer dizer que, se você foi atrás dele em outro reino, passou pela… — A loira colocou as mãos na boca. — Como você conseguiu passar pela estrada da floresta e sair ilesa?

— Eu não saí. — Annabeth deu um sorriso culpado.

— Oh, meu Deus! Você encontrou o rei dos ladrões! — Tina a encarou espantada. — Sabe o perigo que correu?

— Sei. Bem, por favor, não fale nada disso para ninguém. Vou esquecer que tive esse encontro e prefiro não encarar aquela floresta de novo.

— Faz muito bem, seu segredo está guardado.

Annabeth riu.

— O que é engraçado? — Tina perguntou.

— Sua cara, você parece desesperada.

— Óbvio! Embora eu esteja a favor dele, não significa que eu queira ficar no caminho dele.

Annabeth soltou outra risada e perguntou:

— Você já o viu?

— Sim, quer dizer, não… só o vi de longe. Ele não se aproxima de ninguém, a não ser dos soldados do rei.

— Claro. — Annabeth mordeu os lábios, e a lembrança do homem mascarado fez algo em seu estômago se revirar.

— Como ele é? Ele sabe quem é você?

— Ele é… grande. — Tina riu. — Não sei se ele sabe quem eu sou, mas tenho certeza de uma coisa: ele me deixou ir.

— Graças a Deus! Falo sério, não ouse ir até lá de novo. Suponho que ele não será tão "bonzinho" da próxima vez.

— Fique tranquila, eu não vou. — Annabeth a tranquilizou. — Agora, mudando de assunto, me fale sobre você.

— Não tenho muito o que contar. Vim de uma família humilde. Minha mãe também era empregada. — Tina comeu o restante do pedaço de bolo. — Muitas pessoas fecharam as portas. Eu até tentei um emprego no castelo, mas o rei é muito rígido com os empregados, só quer alguém de total confiança. Acabei tentando com seus pais e já trabalho aqui há um ano, sem do que reclamar.

— Ainda bem! Ou eu ficaria preocupada. — Annabeth sorriu. — Você é casada?

Tina hesitou antes de responder.

— Não, mas tem um homem que eu gosto… estou só bancando a difícil.

— Sei bem como é. — Annabeth se espreguiçou, sentindo o sono chegar.

— E você, é solteira? — Tina perguntou, com um brilho divertido no olhar.

— Sim. — Annabeth respondeu, mas ambas se assustaram ao ouvir um barulho no corredor. — Você precisa ir para casa, já está tarde. Gostei muito de conversar com você e espero termos mais momentos assim.

— Com certeza, também gostei muito da senhorita.

— Sem "senhorita". Me chame pelo nome — pediu Annabeth mais uma vez, sorrindo.

Após se despedir, Annabeth foi diretamente para o quarto, decidida a procurar por Keenan no dia seguinte. Apesar de ter tranquilizado Tina dizendo que não o faria, sabia que não conseguiria descansar enquanto não o encontrasse.

Deitada, percebeu algo importante: perdera um cavalo e sua espada. Suspirou, colocando as mãos sobre a testa. No fundo, tinha quase certeza de que aquele não seria seu único encontro com o rei dos ladrões.

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