Não! Aquela era a Anna? A sua Aninha estava de volta?Keenan ainda estava olhando para a mulher, totalmente sem ação. Aquela era uma surpresa e tanto. Apesar do assombro em seu rosto, nada se comparava à tempestade que se formava dentro dele. Era uma explosão de sentimentos: alegria, raiva, saudade, e havia algo maior, mais quente, que fazia seu coração disparar — um sentimento que ele não conseguiu identificar. Seus olhos ainda estavam conectados aos dela. Tentou abrir a boca, mas não saiu nenhum som.Os olhos azuis dela o encaravam com curiosidade, mas quando seus homens começaram a se aproximar, Annabeth desviou o olhar e ergueu a capa rapidamente, saindo correndo pela floresta, deixando a espada no chão e indo em disparada para a aldeia de Forwood.— Vamos atrás dela, antes que ela chegue na entrada da aldeia! — um dos rapazes gritou.— Não! — A voz dele soou como um trovão. — Ninguém vai atrás dela, deixem-na ir. — Keenan pegou a espada dela. Sua sorte era que ele usava luvas, as
Keenan sentiu a neblina fria tocar seu rosto, talvez aquilo ajudasse a acalmar seus pensamentos e trouxesse o sono. Hoje, seu alter ego estava em repouso; ele não tinha disposição para assumir outra identidade, ou corria o risco de cometer um deslize — e nenhuma daquelas pessoas merecia sofrer com um erro. Sua mente fervilhava, incapaz de escapar dos pensamentos sobre o que acontecera mais cedo. Por que Annabeth arriscara tanto, aventurando-se naquela estrada com um disfarce? Não que a escolha tivesse sido insensata; ela sempre fora esperta, talvez o disfarce fosse mesmo para proteger sua identidade. Ainda assim, o perigo era real. Por que, afinal, Annabeth havia retornado depois de ele ter se convencido de que isso jamais aconteceria? Era até tolice pensar tanto nela, ainda mais depois de todo o tempo que passara sem respostas às cartas que lhe escrevera. Mas lá estava ele, perturbado, preso à lembrança de sua amiga de infância, e incapaz de afastá-la dos pensamentos. Um som f
Ao amanhecer, Keenan precisava descarregar sua raiva em algo. Passara o restante da noite no campo de treinamento, e, quando finalmente adormeceu, foi atormentado por sonhos com Annabeth: aqueles lábios carnudos e vermelhos, os olhos azuis brilhantes que o deixavam sem ar. Todos os seus instintos masculinos se acenderam, o desejo por ela quase insuportável ao acordar. Ele ansiava por tê-la, desejando desesperadamente tê-la em sua cama.Soltando um grito abafado, Keenan disparou flechas seguidas contra o alvo, até que o boneco de feno se desfez no chão.— Pode começar a falar. — A voz de Sinan soou firme atrás dele.— Me recuso a me sentir assim. — Keenan atirou mais uma flecha, sem nem olhar para o alvo, acertando em cheio.— Por isso estou pedindo: comece a falar. — Sinan insistiu.Keenan respirou fundo, olhando para o céu nublado. — Ela era minha melhor amiga de infância… é a filha do xerife.O amigo ficou em silêncio por alguns instantes, digerindo a revelação. — A mulher ruiva da
Annabeth tentou formular uma frase, mas sua voz sumiu. O homem diante dela era alto, lindo demais para ser verdade — uma beleza quase criminosa. Ela se esforçava para não deixar transparecer o nervosismo, embora suas mãos tremessem. O olhar dele continuava feroz e quente, cada vez mais intrigante.— Quem diria, senhorita Annabeth Riley, por aqui — ele disse com um sorriso de lado, charmoso. — Até apertaria sua mão, mas estou todo sujo — levantou as mãos sujas.Ao ouvir a voz grave de Keenan pela primeira vez, um arrepio percorreu seu corpo. A mente dela foi direto para um lado tentadoramente pecaminoso; não se importaria nem um pouco em se sujar com ele.— Você sabe que nunca me importei com isso — retrucou, estendendo a mão, esperando pelo contato dos dedos dele. Na verdade, queria mais que um aperto de mão; queria senti-lo, abraçá-lo, a respiração dele contra a dela.Sem escolha, ele apertou a mão dela, e um calor subiu pelos corpos dos dois, causando uma eletricidade excitante. Mas
Keenan parou na esquina da mansão do xerife e olhou para a garota.— Está entregue — disse, virando-se para sair.— Pensei que você ficaria feliz quando me visse.O som da voz embargada dela o pegou desprevenido. Ele se virou na direção dela, e o olhar dela o desarmou.— Annabeth… — suspirou derrotado, fechando os olhos com força. Quando os abriu, confessou: — Você não respondeu nenhuma das minhas cartas. Eu me esforcei bastante para conseguir escrevê-las.— Espera… Suas cartas?! — questionou, atônita.— Sim… Escrevi cartas para você, mandei para sua mãe. Eu não sabia o endereço do lugar onde estava. Mas, pelo jeito, ela não gosta de mim, assim como seu pai.— O quê? — exclamou, com a boca aberta. — Eu não recebi nenhuma carta, Keenan.— Por que não estou surpreso com isso? — Ele deu uma risada sarcástica. — Suponho que você tem muito o que conversar com seus pais.— Não posso acreditar que eles fizeram isso comigo — a ruiva balançou a cabeça, indignada. — Keenan, eu não recebi carta
Sinan segurou a corda do poço com força e foi puxando o balde com água para cima. Enquanto fazia o trabalho braçal, os pensamentos sobre seu passado o atormentavam.As mãos dele tremeram. Ele balançou a cabeça e se concentrou. Quando trouxe o balde de água à superfície, encheu o outro que estava vazio.Ao terminar, devolveu o balde ao poço e pegou um pouco de água, jogando sobre o rosto.— Então, o que vocês dois estão escondendo? — a voz veio por trás dele.— Tina — ele não se virou, já que reconheceu a voz dela. — De onde você tirou isso?— Olha, vocês homens subestimam a inteligência das mulheres — a loira se aproximou dele e riu. — Vocês dois estão escondendo algo de mim, e como sou do “bando”, preciso saber.Sinan sorriu de lado e olhou para ela. Percebeu a confiança nos olhos castanhos.— Acredito que a mocinha seja bastante desconfiada. Não estamos escondendo nada.— Sinan de Forwood — a garota se aproximou dele e ficou perto o suficiente para suas respirações se misturarem. El
Duas semanas se passaram desde a chegada de Annabeth. Ela ainda tentava se acostumar com sua rotina em casa, mas, diariamente, seu pai chegava furioso por causa do famoso ladrão. Vê-lo tão irritado a fazia se sentir um pouco melhor, afinal, ainda não o havia perdoado por nunca ter entregado as cartas de Keenan. E não o perdoaria, especialmente depois que o xerife confessou que as queimou uma por uma.Por isso, Annabeth até gostava da “surra” que o arqueiro mascarado dava em seu pai.O que Keenan havia escrito, ela nunca saberia, a menos que o perguntasse, mas o problema era que não o via desde o último encontro. Como não podia fazer nada e não sabia onde ele estava, teria que esperar até sua volta.Devido à sua ansiedade, teve um sonho na noite anterior, uma lembrança do passado. Ela e Keenan, mais novos, estavam brincando na cachoeira da floresta. Fora o próprio garoto quem encontrou aquele lugar, e ninguém se atrevia a ir lá por conta dos "espíritos". Então, aquele canto se tornou d
Annabeth ouviu o pai abrir a porta da sala como uma fera. Os olhos dele faiscavam de raiva. Só havia uma pessoa em toda Forwood que o deixava assim. Ele a olhou com as mãos na cintura, enquanto ela o ignorava, como vinha fazendo ultimamente.— De hoje em diante, você não irá mais sair desacompanhada — avisou o xerife. — Vou cuidar para que você fique sob a supervisão de um dos meus soldados.— O quê? — Annabeth se levantou da cadeira. — Não preciso disso, muito menos de um idiota fardado me seguindo por aí.— Ah! Agora está falando comigo? — Edward a encarou. — Pois terá, mesmo assim. O rei dos ladrões sabe que você é minha filha e não sairá mais sozinha. É para sua segurança, Annabeth.— Mamãe! — suplicou, voltando-se para a mãe.— Desculpe, meu amor, mas desta vez concordo com seu pai. Não sabemos o que esse homem poderia fazer se ele a encontrasse sozinha.— Ele não… — Ela se interrompeu, vendo os olhares alarmados dos pais.— Ele não o quê? — questionou o xerife.— O rei dos ladrõ