Capítulo 5

— Mãe, vou dar uma volta pela cidade! — Annabeth avisou, apressando-se para sair da mansão.

O dia estava agradável, apesar do céu escuro e carregado de nuvens sombrias. Ao entrar no vilarejo, ela observou tudo ao redor. Os preços do mercado haviam aumentado, e as pessoas trabalhavam sem ânimo, com expressões cansadas.

Em várias partes do vilarejo, estavam pendurados cartazes com a foto do tal "Rei dos Ladrões", oferecendo uma generosa recompensa para quem o entregasse. Ela se aproximou de um dos cartazes e o analisou: a imagem mostrava o homem com capuz e máscara, cobrindo grande parte do rosto.

— Legal, não é mesmo? — uma voz infantil disse, surpreendendo-a. Ao seu lado, estava um pequeno garoto. — Tomara que ninguém o pegue — sussurrou ele, lançando um olhar cuidadoso ao redor.

— É mesmo?

— Sim, ele é o nosso herói — suspirou o menino, com olhos escuros cheios de admiração. — Quando eu crescer, quero ser igual a ele. — A criança olhou para o cartaz, e Annabeth percebeu o brilho de admiração em seu olhar. Todos sabiam que apoiar o "justiceiro" poderia ser considerado traição.

— Seu cabelo é esquisito — comentou o garoto, mudando de assunto de repente, e ela riu.

— Meu cabelo é ruivo.

— Dizem que mulheres de cabelo assim são más… mas você não parece uma bruxa — ele a encarou, confuso, arrancando-lhe uma nova risada.

— Sou uma bruxa boa. — Ela piscou e sorriu.

Ao longe, ouviu a mãe do menino chamá-lo.

— Adeus! — o garotinho se despediu, correndo até a mãe.

Annabeth lançou mais um olhar ao cartaz antes de seguir seu caminho. Andou por um beco até chegar a uma casa que conhecia bem. Parou diante da porta e pensou por alguns instantes sobre o que diria, respirou fundo e tomou coragem, batendo na porta.

Quando a porta de madeira se abriu, viu a senhora Bentley, que primeiro a olhou com espanto e, em seguida, abriu um sorriso caloroso.

— Meu Deus! Minha querida! — a mulher exclamou, abraçando-a com tanto carinho que Annabeth quase se emocionou.

— Senhora Bentley, quanto tempo! — ela sorriu, retribuindo o abraço.

— Entre, querida. — Annabeth obedeceu, e Gweneth fechou a porta. — Me desculpe pela bagunça. Quando chegou?

— Não tem problema, nunca liguei para isso — Annabeth riu, sentando-se. — Cheguei ontem, mas não sabia que tinham saído da mansão. Está tudo bem? Precisa de algo? — perguntou, preocupada.

— Oh! Não, querida, está tudo bem — Gweneth sorriu e a olhou com carinho. — E você, como tem passado?

— Queria ter voltado antes — confessou. — Mas meu pai sempre adiava minha volta para cá. — Sorriu. — E Keenan, onde está? — perguntou, notando o sorriso no rosto de Gweneth.

— Meu filho está trabalhando em um reino próximo como ferreiro. Ele esteve aqui ontem também — contou a morena. — Meu menino ficará muito feliz ao saber que você voltou.

— Espero que sim. Estou ansiosa para vê-lo e saber como ele está... — Annabeth hesitou, temendo perguntar se ele tinha alguém. Um nó formou-se em sua garganta.

— Keenan está ótimo, e acredito que vocês dois terão uma bela surpresa. Ele ainda está solteiro — Gweneth adiantou, observando-a. — Ele anda fugindo de casamento — as duas riram. — E você? Casada?

— Não tenho ninguém. Nunca encontrei um homem suficientemente bom para mim.

— Entendo. — Gweneth colocou as mãos sobre as dela. — Bem, posso até lhe dar o endereço de onde ele está. Tenho certeza de que vocês têm muito a conversar.

— Eu agradeceria muito. — Annabeth suspirou, aliviada.

Enquanto Gweneth buscava o papel, Annabeth sentiu o coração bater mais forte. Quando a morena voltou, entregou-lhe um pergaminho com o endereço.

— Aqui está, querida. Se for agora, talvez o encontre — disse Gweneth, sorrindo.

— Claro, verei o que posso fazer. — Annabeth se levantou e a olhou. — Tem certeza de que não precisa de nada?

— Não, estou bem, fique tranquila — Gweneth lhe deu um beijo na bochecha e abriu a porta. — Anna? — chamou-a antes que fosse embora.

— Sim? — Ela se virou.

— Fico muito feliz que tenha voltado. Estava ansiosa por isso. — Gweneth sorriu, balançando a cabeça.

Voltando para casa, Annabeth olhou para o papel, ponderando se deveria ir. Estava tão ansiosa para vê-lo que não queria perder mais tempo. Foi até a mansão e trocou de roupa, vestindo as mesmas roupas do disfarce do dia anterior. Preparou-se para encarar novamente a floresta e escondeu os cabelos ruivos sob o capuz.

Saiu rapidamente, pegou um cavalo sem ser vista e montou, com uma espada presa à cintura. Cavalgou rapidamente em direção à floresta.

No meio da estrada, uma rede se levantou, interrompendo a passagem. O cavalo assustou-se e levantou as patas, fazendo-a cair. Ela se recompôs rapidamente e observou o traidor de quatro patas correr até desaparecer na neblina.

— Droga! — exclamou, ouvindo barulhos ao redor. Pôs-se em posição de ataque e, naquele momento, vários homens surgiram. Ela desembainhou a espada, pronta para lutar.

— Sabe, eu realmente não estava acreditando — uma voz grave e sedutora soou atrás dela, causando um arrepio gostoso. — Mas meus homens estão com o ego ferido.

Ela se virou para a voz e ficou boquiaberta.

Estava diante do Rei dos Ladrões. O impacto foi imediato. Ele vestia roupas de couro negras, que moldavam perfeitamente o corpo forte e másculo. Era impossível ignorar o apelo daquele homem, que deveria ter cerca de 1,90m. Para vê-lo sob o capuz e a máscara, Annabeth precisou erguer o rosto. Não viu muita coisa, apenas a boca e a cor dos olhos, mas pelo corpo já imaginava a loucura: aquele homem deveria ser lindo.

Assim que se recuperou do impacto, apesar de o "Rei dos Ladrões" ser um verdadeiro colírio para os olhos, Annabeth sabia que precisava lutar com ele — mesmo sabendo que, com toda a certeza, iria perder.

— Vocês não me falaram que ela tinha um belo traseiro — ele comentou com um tom malicioso, seguido de risadas ao fundo. Ele inclinou a cabeça para observar o traje dela, esboçando um sorriso charmoso. — Olha, não esperava encontrar você nesse...

Annabeth não o deixou terminar.

Avançou contra ele com a espada, mas ele bloqueou todos os seus golpes sem revidar, o que a deixou ainda mais irritada.

— Seu covarde! Não luta só porque sou mulher? — desafiou-o, com fúria no olhar.

Ela notou uma mudança em sua postura. Ele deu um sorriso provocante, pegou sua espada e, desta vez, atacou-a. As lâminas se encontraram, travadas em um duelo constante.

Era preciso admitir: ele era excepcional. Se quisesse feri-la, já o teria feito há muito tempo. Mas ele parecia se divertir com a luta e, de certa forma, também impressionado com as habilidades dela.

A plateia ao redor também parecia entretida. Gritavam em alguns momentos, torcendo para que ela ao menos acertasse um golpe em seu chefe. Se conseguisse, sem dúvida, cairiam de joelhos diante dela. Annabeth continuou lutando, até que, em um movimento rápido, ele desarmou-a, deu-lhe uma leve batida com a espada na bunda e, num instante, aplicou-lhe uma rasteira.

Então aconteceu…

Seu capuz caiu, deixando os cabelos ruivos ondulados se soltarem e caírem sobre os ombros, até a altura da cintura. Todo o rosto dela ficou à mostra, e quando olhou para o fora da lei, percebeu que ele havia congelado, como se tivesse levado outro golpe.

Merda, ele deve ter sacado que ela era a filha do xerife.

Ele continuou a encará-la, atordoado. E, por um motivo absurdo, Annabeth também não conseguia desviar o olhar. Os olhos dele brilhavam de um jeito que fez seu corpo inteiro estremecer. E não era de medo... era de desejo.

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