Capítulo 1

7 anos depois

Keenan Bentley segurava a espada com firmeza, e todo o seu corpo estava em alerta; olhou ao redor e percebeu seis homens ao seu redor. Um sorriso perigoso e ladino surgiu em seus lábios. Ele levantou uma sobrancelha, aguardando calmamente o ataque, já prevendo cada movimento de seus adversários. Inclinou a cabeça para o lado, ouvindo um leve estalo no pescoço, enquanto dois homens se aproximavam ao mesmo tempo, um pela lateral e outro por trás.

Com o pesado treinamento que enfrentou, Keenan havia adquirido uma destreza ímpar. No momento certo, abaixou-se, desviando dos golpes, mas, de repente, todos os homens começaram a atacar juntos. Os gritos de guerra ecoaram pela arena, enquanto ele se movia como um deus: veloz, implacável e furioso. Seus golpes, sempre certeiros, carregavam uma originalidade inigualável, tornando impossível para seus oponentes tanto acertá-lo quanto escaparem de seus ataques. Não havia ninguém que lutasse como ele, mas seus adversários não desistiriam tão facilmente.

E era disso que Keenan gostava.

Quando um deles tentou aplicar-lhe um soco, Keenan, com seus reflexos apurados, segurou a mão do rapaz e torceu seu braço, sem intenção de machucá-lo, apenas incapacitando-o para que não continuasse na luta.

O primeiro adversário saiu, e agora restavam cinco. Desejando encerrar logo o combate, Keenan avançou sobre os demais, que insistiam em tirar sua espada a todo custo.

Outros golpes foram desferidos, chutes e socos, até que restou somente um homem para lutar. Keenan riu e o chamou com um sinal de mão. Seu oponente soltou um grito de guerra e correu em sua direção. Keenan ergueu a espada para se proteger do golpe e contra-atacou com precisão, desarmando o adversário e, em seguida, encostando a lâmina em seu pescoço, encerrando a luta.

Os gritos da plateia tomaram conta da arena; todos estavam visivelmente entusiasmados. Sorrindo, ele jogou os longos cabelos molhados de suor para trás, afastando alguns fios do rosto. Aqueles que o conheceram quando criança jamais imaginariam que ele se tornaria aquele homem. Seu corpo, antes magro e pálido, agora era forte e musculoso, fruto dos anos de treinamento.

Ele apertou a mão de cada um dos rapazes que lutaram com ele.

— Eles ainda acreditam que podem competir com você — disse o loiro, rindo, enquanto entregava uma toalha limpa ao moreno.

Pegando a toalha, Keenan enxugou o rosto suado e olhou para Sinan, ouvindo os homens sorrirem.

— Pois é, mas depois dessa surra acho que todos aprenderam. — Outra coisa que havia mudado em Keenan era sua voz, agora grave e potente, que, quando ele se irritava, soava como o trovão. Olhou para os homens, notando que pareciam exaustos, embora ele tivesse pegado leve. — Considerem-se poderosos ou sortudos se um dia conseguirem me derrubar.

Ele seguiu com Sinan até a entrada da pequena aldeia no meio da floresta.

— Sinan, convoque uma reunião daqui a pouco; eu preciso de um banho.

— Certo.

O moreno deu um breve aperto no loiro, que era seu vigia e amigo de confiança. Quando Apolo começou a treiná-lo, Keenan conheceu Sinan e outros rapazes que também estavam sob treinamento. No início, não entendia o interesse do velho em ensiná-los a lutar, mas depois compreendeu perfeitamente.

Depois de um revigorante banho, ele estava pronto para o que viesse. Caminhou até a casa de reuniões, onde todos fizeram silêncio ao vê-lo. Uns estavam sentados nos bancos, outros encostados nas paredes.

— Muito bem, senhores! — Ele sorriu. — Voltaremos ao trabalho.

Keenan se aproximou de um pequeno mapa que desenharam, onde apareciam a floresta e a cidade de Forwood, além de alguns reinos vizinhos. Eles sabiam exatamente onde pisar. Analisou o mapa, observando as rotas da realeza, visitantes, mercadores e guardas que cobravam impostos. Para passar pela aldeia, todos tinham que atravessar a floresta; não havia escapatória — ainda que alguns tentassem, sem sucesso.

Com um sorriso surgindo em seus lábios, ele disse:

— Eles estão se dividindo para que não possamos pegar todos — afirmou, marcando as zonas no mapa com um pequeno prego. — Então faremos o mesmo. Um grupo cuidará do abastecimento, outro dos guardas do rei com o baú, e para os visitantes, lembrem-se: nada de machucar crianças ou mulheres. Eles provavelmente usarão a rota habitual. — Ele tocou o queixo, pensativo, coçando levemente.

— Quanto aumentaram os impostos? — perguntou Luca, um dos ajudantes. Keenan se virou para olhá-los, colocando as mãos nos bolsos.

— 80% — respondeu, observando as expressões de espanto. — Por isso quero que peguem tudo, não deixem nada para o castelo.

— O xerife deve mandar vasculhar a floresta amanhã — disse Apito, o membro mais jovem e mais quieto, provocando risadas.

"Apito" era um jovem que ainda tinha muito a aprender com eles. O apelido surgiu por seu trabalho como vigia.

— Não se preocupe, Lewis. Temos armadilhas espalhadas pela floresta; vez ou outra, eles caem nelas — sorriu e cruzou os braços. — Depois disso, faremos a distribuição para o povo. Muitas famílias estão passando fome e precisam de dinheiro. — Ele fechou os olhos e respirou fundo.

— Vamos resolver isso tão rapidamente que o Rei Esteban e o Xerife Riley vão comer poeira!

Eles gritaram entre si e sorriram.

Keenan ficou pensativo. Quando teve essa ideia, refletiu bastante antes de colocá-la em prática. Roubar do rei e de outros líderes tiranos era insano e perigoso. Se fossem pegos, estariam presos para sempre. Mas, considerando os riscos, aquilo se tornara necessário para a sobrevivência. Não era justo ver seu povo sofrer daquela maneira. Após o aumento dos impostos, dois anos antes, ele tomara a decisão e se tornara o homem mais procurado do reino.

Keenan era quase uma lenda. Em todos os reinos, histórias sobre ele circulavam. Com isso, surgiram apelidos como “O arqueiro fantasma”, “mascarado com arco” e o que o imortalizou, “Rei dos Ladrões”. Muitos se arriscaram a procurá-lo para se aliar a ele ou para matá-lo — uma completa insensatez.

O Rei Esteban de Forwood havia decidido aumentar os impostos novamente, deixando quase nada para o povo. Quando os guardas cobravam impostos dos cidadãos, levavam quase todo o dinheiro, restando apenas uma ou duas moedas. Ele precisava parar aquele homem e estava tendo êxito, mas se decepcionou ao ver que o xerife apoiava o rei.

— Onde você vai ficar? — Sinan questionou enquanto bebia um pouco de rum.

— Vou cuidar da carruagem com o dinheiro. Estou certo de que terá mais guardas, inclusive os do xerife. Vamos agir ao amanhecer — disse, virando-se para sair.

— Vai se divertir com mulheres? — o amigo riu.

— Hm... Se deliciar no corpo de uma mulher faz bem a um homem. Devia tentar, amigo — respondeu, e todos riram. — Com licença, senhores.

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