CAPÍTULO SETE: O QUE ESTÁ ACONTECENDO COMIGO? 

POV DARIUS.

Olhei na direção da porta e uma senhora de feições gentis me encarava. Seus olhos brilhavam com uma mistura de medo e indignação ao ver essa humana tão próxima de mim, tocando-me como se eu fosse um simples animal inofensivo. Ela tinha um ar de determinação e desagrado que ficou claro. Então essa insolente se chama Alice?

A idosa me olhava como se eu fosse uma ameaça iminente, pronta para atacar. Se soubesse quem eu realmente era, teria fugido apavorada. Alice, por outro lado, permaneceu imóvel. Seus olhos voltaram-se para mim antes de responder com tranquilidade:

— Mãe, está tudo bem. Ele não vai me machucar — disse Alice, olhando com firmeza para a idosa. Sua voz era suave, mas segura. Então ela é mãe dessa insolente. Observei atentamente, tentando entender de onde vinha essa confiança. Eu poderia dilacerá-la em segundos, mas ela parecia não ter medo.

— Não vai te machucar? — A mãe de Alice deu um passo à frente, os olhos cheios de preocupação. — Ele é uma fera selvagem, Alice! Já disse que ele deveria estar numa jaula, não solto assim! — Ela olhava de Alice para mim, esperando que a qualquer momento eu atacasse. Alice suspirou, esfregando as mãos no rosto.

— Mãe, ele está melhorando. As feridas estão cicatrizando rápido. Sei que ele é diferente, e não vai me atacar — disse Alice com um brilho confiante no olhar. A mãe bufou, cruzando seus braços.

— Esse lobo não é um cachorrinho de estimação! — Ela apontou para mim. — Se continuar perto dele, vai acabar se machucando. E não poderei fazer nada para impedir! — Disse a mãe de Alice.

Alice se virou novamente para mim, e nossos olhares se cruzaram. Eu estava acostumado a ditar as regras, mas agora era ela quem dominava a situação. Meu corpo ainda não me obedecia, o que me deixava inquieto. Odiava essa impotência. Depois de muito reclamar, a mãe de Alice saiu do celeiro resmungando. Alice suspirou e voltou a cuidar de mim. Logo ela se levantou, se despedindo de mim e também saiu do celeiro, me deixando sozinho. Não tardou para eu dormir.

Nos primeiros dias, Alice aparecia todas as manhãs, faladeira e eficiente, cuidando das minhas feridas. Eu evitava olhá-la, mantendo uma expressão fria, mas ela não parecia se importar. Seu toque era gentil e suas palavras, calorosas. Ela fazia seu trabalho com uma paciência surpreendente, sem forçar nada.

Por mais que eu tentasse ignorar, sua presença começou a se insinuar na minha mente. A rotina dela se tornava algo familiar, e, para minha irritação, eu esperava por isso. Pior ainda, sentia sua falta quando ela saía. A cada tarde, eu aguardava o som da porta do celeiro, esperando seu retorno.

Hoje, porém, algo diferente aconteceu. Alice se aproximou mais do que o normal para verificar as feridas da minha costa, isso fez com que ela tivesse que me abraçar. Eu não a queria, me abraçando ou tão próxima assim. Eu estava sem muita força, mas consegui me movimentar.

E, sem querer, enquanto tentava me afastar, perdi o equilíbrio de cima da cama improvisada de feno que me colocaram. Meu corpo pesado caiu ainda mais contra ela, e antes que percebesse, uma das minhas patas estava sobre seu seio. Eu, rei Darius, o poderoso alfa, agora parecia um cachorro desajeitado, vulnerável sob seus cuidados. 

Senti o calor subir pelo meu rosto. Isso não podia estar acontecendo. Mesmo com toda minha força e poder, ali estava eu, fraco, ruborizado, em seus braços. Alice olhou para mim, surpresa, mas não recuou. Ela simplesmente sorriu levemente, como se cuidasse de um filhote ferido.

— Calma, lobinho, tudo vai ficar bem — sussurrou ela, sem perceber o quanto aquela situação me desconcertava. Meus músculos estavam tensos, mas meu corpo não tinha forças para se afastar. Eu, o alfa, dependia dessa humana. A sensação de impotência era devastadora.

Alice ajeitou meu corpo com delicadeza, posicionando-me de volta no feno. Mesmo com o desconforto da situação, algo em mim não conseguia se afastar daquele toque cuidadoso. Ela era apenas uma humana, mas seu olhar calmo e determinado começava a me desarmar de uma forma que eu nunca esperaria.

— Amanhã cedo, volto para cuidar de você de novo. Descanse, está bem? — disse ela com um sorriso gentil. Quando se afastou, senti o estranho vazio que sempre surgia após sua partida. Era desconcertante. O que está acontecendo comigo?

Fechei os olhos, tentando afastar esses pensamentos. Eu era um alfa, um lobo. Não podia me deixar abalar por uma simples humana. Eu tinha problemas maiores para lidar, minha maldição, meu lobo Baltazar… e, como se em resposta ao meu pensamento, uma voz familiar ecoou na minha mente.

— Então, meu amigo, como se virou sem mim?

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