CAPÍTULO ONZE: CONFUSÃO NO CELEIRO.

POV DARIUS.

Alice ainda estava deitada no chão, respirando fundo para se recuperar da queda. Seu rosto mostrava sinais de cansaço, mas os olhos mantinham um brilho determinado e um leve sorriso, como se quisesse esconder qualquer fraqueza. Eu permanecia ao seu lado, atento a cada movimento dela, e mesmo em um momento de vulnerabilidade, Alice parecia determinada a se mostrar forte.

No entanto, nossa aproximação foi bruscamente interrompida pela chegada de sua mãe, escandalosa e de olhos arregalados de pavor. Ao me ver ao lado da filha, o pânico dela se transformou em uma fúria descontrolada. A voz, embargada pelo desespero, pegou um pedaço de madeira, que estava encostado na parede, empunhando-o como uma arma e me ameaçando sem hesitar. Senti um rosnado profundo formar-se em meu peito; uma resposta automática à ameaça que ela representava. Baltazar revoltou-se imediatamente.

— O que ela pensa que vai fazer com aquele pedacinho de madeira? Essa humana ousa nos desafiar! Precisa aprender a respeitar um rei alfa supremo! — A voz de Baltazar era um rosnado em minha mente, sua fúria pulsava, exigindo uma resposta à altura. Eu podia sentir sua vontade de atacar, de mostrar a essa humana quem era a verdadeira ameaça.

— Baltazar, é a mãe de Alice. Precisamos nos controlar, mesmo que seja difícil, — rebati, enquanto cada fibra do meu corpo se mantinha tensa, preparada para o confronto se fosse necessário. Alice era a razão para eu me conter, e enquanto minha mente lutava contra o impulso de avançar, ela levantou a mão, fraca, mas determinada a apaziguar a situação.

— Mãe… calma… ele não fez nada comigo. Só fiquei tonta… e ele estava preocupado e tentando me ajudar, — disse Alice, ofegante, sua mão tremendo levemente enquanto tentava se erguer. Contudo, as palavras de Alice pareciam atravessar sua mãe sem surtir efeito. Ela me olhava como se eu fosse um monstro pronto para atacar. E talvez ela estivesse certa, afinal, eu era perigoso, mortal e uma besta sanguinária.

— Você está machucada e fora de si, Alice! Esse animal é perigoso, e ele vai te matar! — falou ela, avançando um passo com o pedaço de madeira levantado, pronta para me afastar à força. Rosnei, alto e ameaçador. Baltazar também rosnou em minha mente, sua raiva inflamando a minha. Alice esforçou para se levantar, apoiando-se e tentando usar as últimas energias para evitar um desastre. Conseguiu se sentar com dificuldade, os olhos demonstrando um cansaço evidente.

— Por favor, mãe! Escute, ele só queria me ajudar. Eu juro, ele nunca me machucaria! — Alice insistiu, sua voz embargada pelo esforço. Ela olhava para a mãe, tentando convencê-la, mas o rosto da mãe mantinha uma expressão de descrença. Me aproximei mais de Alice, firme, decidido, encarando a mãe dela com um aviso claro: eu não sairia de perto da minha companheira.

— Por que você está defendendo um lobo, Alice? Não percebe o perigo? Preciso te proteger! — disse ela, avançando mais um passo, o pedaço de madeira erguido, e meu corpo respondeu automaticamente, abaixando a cabeça e rosnando raivoso, pronto para agir se ela ousasse atacar. Eu sentia Baltazar avançando, quase tomando o controle.

— Baltazar, contenha-se, — eu disse, tentando acalmá-lo enquanto mantinha o olhar fixo na ameaça diante de nós. — Se atacarmos essa mulher, Alice nunca nos perdoará — comentei, tentando acalmá-lo.

— Mas essa humana tola ousa nos ameaçar, colocando-se entre nós e nossa companheira! Ela merece uma lição! — Baltazar retrucou, a fúria evidente em cada palavra. Alice me olhou aflita.

— Lobinho, por favor, não faça nada… fique calmo… — pediu Alice, a voz suave tentando apaziguar a tensão crescente. Ela voltou-se para a mãe, com uma expressão quase suplicante.

— Mãe, abaixe isso, por favor. Se o atacar, ele vai se defender. Ele não vai me machucar. Só fiquei tonta… ele só queria me proteger… confie em mim, — disse ela, com a voz cheia de súplica.

A mãe hesitou, o olhar oscilando entre mim e Alice, insegura, mas ainda relutante em abaixar a guarda. Finalmente, pareceu notar a aflição no rosto da filha. Após um instante que parecia interminável, suspirou e abaixou o pedaço de madeira, ainda que com relutância. Alice suspirou aliviada.

— Não entendo o que deu em você, Alice… não posso acreditar que está defendendo uma fera como ele. Ele é um lobo, Alice! Nunca será confiável, — murmurou, dando um passo para trás, mas mantendo-se firme, o rosto em desaprovação.

O rosnado em meu peito diminuiu, e Alice me olhou com um sorriso fraco, um pedido silencioso para que eu me contivesse. Ao vê-la assim, minha raiva cedeu um pouco, dando lugar a uma decisão firme: proteger Alice, mesmo que isso significasse enfrentar aqueles que ela amava. Baltazar, embora descontente, recuou, mas eu sabia que sua insatisfação ainda queimava dentro de mim.

— Darius, estou tolerando essa situação por Alice, e apenas por ela. Mas essa mãe intrometida está testando minha paciência, — resmungou ele, irritado.

— Eu sei, Baltazar. Mas Alice… ela confia em nós. E precisamos dela para quebrar essa maldição, — respondi, concentrando-me no rosto agora sereno, de Alice. Ela segurou minha pata com delicadeza, acariciando-a em um agradecimento silencioso. A mãe de Alice permaneceu em silêncio, ainda me observando com desconfiança, respirando fundo enquanto mantinha o pedaço de madeira ao lado, sem abaixar completamente sua guarda.

— Tudo bem, Alice… — murmurou, a voz trêmula e os ombros finalmente relaxando um pouco. — Acredito em você, mas… quero esse animal longe daqui. Ele já está bem o suficiente para voltar para a natureza, e não quero vê-lo próximo a você de novo, entendeu? — disse ela, o olhar fixo em mim, carregado de uma frieza que fez Alice estremecer levemente. Em minha mente, Baltazar rosnou com fúria renovada, sua paciência no fim. O laço de companheirismo nos dominando, a voz dele ecoando com raiva.

— Darius… talvez ainda precisemos ensinar uma lição a essa humana. Ela está tentando nos afastar de nossa companheira, e nada nem ninguém pode nos separar de Alice! — rugiu ele, o rosnado baixo reverberando no celeiro. Alice apertou minha pata levemente, tentando acalmar a tensão, mas o ar se tornava cada vez mais pesado e perigoso.

— Quero essa coisa longe daqui até amanhã, — disse a mãe, em seu tom definitivo.

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