“está quente, eu estou quente. O que está acontecendo?”
“a rua, a rua está toda molhada”.
“chuva está intensa, estou molhado. Estou acabado”.
“curando, estava tudo se curando”.
“- Riki, eu, eu, eu, eu”.
— EU ESTOU CURANDO – Sentou na cama tão rápido que o folego quando o prendeu novamente. Iori saltou da poltrona ao lado parando em sua frente e Jin a fitou respirando fundo até se acostumar com tudo e ficar calmo. — Mãe?
— Jin, querido. Você está bem? Sente alguma coisa? Vou chamar o médico – avisou e saiu do quarto. Jin passou a mão na cabeça procurando saber como diabos ele foi parar ali se lembrava de muito bem de estar na chuva, e sua perna… sua perna. Tirou o lençol das pernas procurando pelas feridas. Ele sabia, tinha se curado.
— Jin? – Ele ergueu a cabeça — Finalmente acordou. Achei que dormiria mais um pouco.
— Você viu isso, Yuri? Viu? Minhas pernas estão curadas. Eu estou curado.
— Hã? - ele encarou Jin, depois Iori que deu de ombros cruzando os braços — e porque você estaria ferido? – se aproximou trazendo seu material para ver se os batimentos do moreno estavam em ordem — quando você chegou em casa e viu Raiden dentro do caixão quase perde a cabeça, tivemos que fazer você dormir.
Jin abaixou os olhos para suas mãos e analisou cada uma. Não era disso que se lembrava. Ele estava na casa de Mei, e saiu debaixo da chuva, ele caiu da moto, ele se machucou, ligou para Riki e sua perna estava curando, tudo estava cicatrizando tão rápido. A cabeça, sua cabeça doía.
— Não, eu não cheguei em casa.
— Querido – Iori se aproximou — você bateu com a cabeça muito forte quando caiu perto da escada, o baque de ver seu avô dentro daquilo foi terrível. Deve ter sonhado com alguma coisa a mais – avisou ao sentar ao seu lado passando as mãos pelos cabelos negros. — Seu pai irá subir em breve, precisamos conversar com você.
— Sobre o que? E como o Raiden morreu? Como ele poderia ter morrido? Quem o matou?
— Não se preocupe com isso. Akira irá lhe dizer, só deite mais um pouco, vamos chamar seu pai – antes de sair do quarto, Iori deu um beijo na cabeça do filho mais novo, um carinho doce que somente ela tinha o direito. Acompanhada de Yuri, Iori desceu as escadas chegando à sala onde Riki e Akira espera por respostas. — ele acordou.
— Se você tocar nele de novo eu acabo com a sua cara, entendeu? – Riki avançou contra Yuri que somente riu jogando as luvas brancas na lareira — Não toca no meu irmão.
— Não toca no meu irmãozinho, meu maninho, o lobinho que não desperta, blá, blá, blá - imitou-o zombando de sua proteção e Akira segurou o filho antes de chegasse ao tio — Quer saber, eu deveria ter batido com mais força pra ver se ele morre e renasce de novo como um lobo de verdade – Riki rosnou novamente querendo avançar contra o homem que rodeava o sofá para tomar outra taça de vinho. — para de reclamar. Protege tanto que logo Jin se esquece de despertar o lobo dentro de si, mas não vai esquecer-se de despertar a paixão pelo mesmo sexo – encarou Riki — como o irmão mais velho.
— EU VOU QUEBRAR A SUA CARA – Akira o prendeu mais forte empurrando-o para trás — Você é um babaca, isso sim – Riki se soltou indo para outro lado.
— Como ele está? – Akira questionou para a esposa que assentiu informando a saúde de Jin — ele vai acreditar que tudo aquilo foi um sonho e vamos embora, agora. O Norte não é tão longe, cinco, seis horas de viagem e estaremos em outro território. Vamos todos embora. – avisou com uma voz de comando e os outros assentiram.
— Vamos. Mas o Norte tem um alpha, não podemos simplesmente invadir sem autorização. – Yuri levantou olhando de Akira a Riki.
— Mandamos Yoshi na frente, ele irá informar o que aconteceu ao alpha, e nos avisará se somos ou não bem-vindos.
— Bem-vindos, seremos isso sem duvidas. A questão a ser feita, é quem irá nos dizer isso. O alpha? Um beta? Qualquer pessoa? Sem contar que ninguém conhece esse alpha, mas seu poder é tremendo, suas batalhas nunca foram perdidas, ele é estrategista. Não acredito que mandará seus lobos para a linha de frente. Pelo menos, não tão rápido.
— Agora, depois, mais tarde, tudo que precisamos é ficar calmos e nos proteger por enquanto, nos fortalecer e esperar por Jin. – Akira se aproximou da esposa com um sorriso confortante e a abraçou. Queria dizer tantas coisas para aquela mulher, mas no momento, tudo que podia fazer era lhe abraçar e novamente, tentar dar tranquilidade a ela. Iori era uma jovem estudiosa e a uma curandeira quando lhe trouxe para aquele mundo lhe dando dois filhos maravilhosos. Era sua maior paixão, seu elo mais precioso, até mais que seus filhos. — Fique calma.
— Eu não quero que machuquem meus filhos. Akira, os proteja – sussurrou de volta.
Com Riki, ela não tinha tanto cuidado, ele era um lobo alto de pelos negros que quando se transformava e sentia raiva, ninguém naquele universo poderia o parar, era bravo, destemido e faria qualquer coisa para proteger sua família, e isso incluía o alpha. Se Raiden morreu, foi porque quis, ele jamais abaixou a guarda. Ele tinha um plano, só não sabia qual era. Mas, enquanto Riki podia se proteger de todas as formas, Jin não conseguiria sequer se transformar em um lobo, aos dezessete anos, o garoto não tinha dado os sinais de que iria se transformar. Um rugido enquanto dormia ali, uma cura rápida ali, uma febre quente mais ali, mas nunca, nunca uma transformação por inteiro, e por isso, Raiden achou melhor deixar esse mundo oculto do mais novo da alcateia.
— Vamos falar com ele. Partiremos ainda hoje. Ele pegará só o que for necessário – bradou para os outros que rapidamente pegaram suas bolsas e seguiram para fora, os carros já estavam preparados.
*
No Norte Adrian encarou o homem em sua frente pensando em várias maneiras de lhe mandar embora, mas os olhos vermelhos e diferentes o intrigaram de alguma forma. Colocou as mãos no bolso ajustando seu pescoço e deu um passo a mais parando a pequenos metros do moreno que de olhos vibrantes e vermelhos, voltaram a ser amarelos, e em seguida, negros.
— Lobos do clã Iakisamoto, somente eles tem olhos vermelhos como alfas, mas não tão bonitos quanto um. Conhecemos bem essa espécie, um clã originalmente japonês, nunca confundimos com um alpha – Yoshi abaixou os olhos um momento e então os ergueu para Adrian.
— Iguais aos seus?
— Ah, acha mesmo que o alpha sairia para vir te encontrar? Um mero membro do clã Iakisamoto solitário na nossa floresta? – Yoshi engoliu um xingamento — o que quer?
— Meu alpha foi morto – Adrian ficou sério, seus pelos arrepiaram um momento e ele ouviu as batidas do coração do outro, sabendo que ele falava a verdade. Sem pensar duas vezes, uivou para os céus fazendo com que a alcateia ouvisse; os lobos, suas lobas bonitas, claro, e seu alpha dando a eles a informação — precisamos de ajuda, precisamos de um novo alpha.
— Achei que teriam um entre si. É um clã forte. – Yoshi desviou o olhar girando seu corpo para os lados e focou na cidade — Raiden era um aliado do nosso alpha, então iremos recebê-los em nossa cidade.
— Queremos forças para nos vingar, e tomar de volta nosso território. – Yoshi voltou-se para o ruivo que fechou a cara — queremos lutar.
— Nosso alpha permitirá que fique na cidade, mas eu não lhe garanto que dará sua força para uma vingança de um clã como o seu – Yoshi não respondeu.
— Eu desejo falar com ele.
— E eu voltar com a garota que é a minha marcada, mas não vou conseguir fazer isso porque estamos brigados há tanto tempo, a vida é cheia de coisas impossíveis – colocou as mãos na cintura — nosso alpha não age assim. Entrem na cidade, se instalem, mostrem confiança, quem sabe assim, um dia, ele os procurará.
— Como você sabe disso? – Yoshi perguntou no momento em que o Beta deu as costas, o homem sorriu e olhou para o Iakisamoto por cima do ombro — Você o conhece? Ou ele também manda um otário vir falar com você? – Adrian riu.
— Sou seu primeiro beta, feito de sua mordida, sangue do seu sangue, um pilar do seu poder – Yoshi abaixou a guarda — Não fale, procure ou tente intimidar nosso alpha, ele não é qualquer pessoa. – deixou claro quando seus olhos brilharam em tons amarelo e cinza e em questão de segundos sumiu na mata.
Yoshi voltou a respirar melhor olhando ao redor. Está ali, era como sentir seu poder.
Quem seria a droga do alpha daquela droga de cidade?
Depois de uma longa conversa com Jin que durou exatamente vinte e dois minutos e nenhum segundo a mais, Riki o viu chutar a porta da frente de casa para sair da mesma sendo seguido por Iori e Akira que tentavam o acalmar. Claro que Jin seria o primeiro a retrucar o fato de que teriam que se mudar. Ele era um dos garotos populares da escola, o capitão do time, pegava mais da metade das garotas e somente Riki e Yoshi sabiam que as aulas de piano eram apenas uma desculpa para foder com a professora de peitos grandes.Assim que entrou no carro, bateu a porta outra vez como todo adolescente aborrecido com os acontecimentos presentes. Riki o encarou mais vezes que Yuri que tratou de colocar os fones e escutar sua música, aquela discussão familiar ele passaria com gosto. Mais do que qualquer um ali dentro do carro, Yuri queria chegar ao Norte, conhecer o alfa daquelas terras e trazê-lo para enformar, esfolar, esquartejar Takashi o homem que assassinou seu pai, seu alfa, um elo do seu poder.
— O lado Norte – a voz de Yuri chegava como espinhos nos ouvidos de Riki que não aguentava mais está no mesmo lugar que aquele homem que por coincidência era seu tio, irmão do seu marido… Da família. — O norte do país. Uma pacata cidade cheia de lobisomens que seguem um alfa desconhecido. Mas que protegem como loucos. Cheia de belas mulheres com sorrisos lindos. Mulheres que entenderiam nossa fome de lobo, e nem estou falando de carne fresca no meio da floresta. – Riki parou em frente à casa que morariam agora. — Eu estou tão animado pra começar a explorar cada canto desse lugar – virou para o mais novo — e achar o alfa.— Você não pode chegar à cidade e caçar o alfa como se ele fosse alguém que todos conhecessem. Tem uma razão para ninguém saber quem porra é esse homem. – Riki se estressou. Desde a morte de Raiden ele não estava pensando direito. — Não queremos confusão com o alfa, nós precisamos dele, somos uma alcateia sem alfa, um clã sem líder, e a gente sem vingança, não vai aco
— Eu vou acabar com ele.— E eu achando que a noite acabaria bem; sem brigas ou confusões, como o alfa ordenou – Yan sussurrou voltando para seu lugar — adoro confusão, ou socar alguém.— É por isso que você faz parte do meu trisal – Adrian debochou e encarou por debaixo do capacete os olhos negros de Jin. Quanta surra ele precisava levar para seu lobo sair? — Yan, se prepara – mandou, assim que o apito fez seu trabalho, Adrian esqueceu a bola e correu apenas na direção do Jin e o confronto dos corpos resultou a um Jin jogado no chão e Adrian correndo para o gol sabendo que Yan lhe passaria a bola e o placar empataria.Bingo.Jin girou na grama tentando respirar, o ar que faltou por alguns segundos e ele se livrou do capacete, suas unhas cravaram na grama, alguma coisa em seu corpo tinha se quebrado, tinha certeza absoluta.— Jin, você tá legal? – Gusta agachou perto dele para ajuda-lo a levantar, esticou os braços e o Iakisamoto levantou ainda meio tonto e só depois de estar de pé, q
— Um banho de água fria? – Akira repetiu devagar andando pela sala de um lado para o outro. — queremos que ele se transforme, se queriam tanto apressar a transformação, por que não deixaram que seguisse até o final?— Por que estávamos no meio de um campo de lacrosse em frente a tantas pessoas que eu nem sei contar direito – Yuri também estava inquieto de um lado para o outro querendo mais do que ninguém entender Adrian e toda sua alcateia — Eles vivem aqui como se nada e nem ninguém pudesse os atingir, são como reis e seguem as regras de um alfa que nem eles talvez conheçam. Eles são ferozes e completamente… incompreensíveis. Seus cheiros são fortes, eles são… fortes - parou em frente a Akira que o encarou esperando por algo mais — Yoshi tem razão quando diz que a presença deles tem algo mais.— Nós viemos para essa cidade em busca de vingança, - Riki se pronunciou pela primeira vez, seus olhos em reflexo com as chamas da lareira — Só que a gente tá nos esquecendo do detalhe mais imp
Em um momento daquela madrugada, os olhos esverdeados de Aurora Romero se abriram abruptamente. Seu corpo levantou da cama com passadas rápidas até o despertador e desligando antes do mesmo gritar pelo quarto. Suspirou tranquilamente indo até seu guarda-roupa buscar um maior casado que pudesse encontrar e uma calça para vestir. Colocando de qualquer jeito ela saiu do quarto descendo as escadas, parou na sala procurando qualquer ruído, de um lado para o outro, não encontrou. Correu para a cozinha saindo na porta pequena, a florestava estava nem a sua frente, abaixou para calçar as botas de Adrian jogadas por ali e começou a caminhar.Olhando no pequeno relógio no pulso, notou que faltava pouco para o primeiro dia de aula e menos ainda para o sol raiar cobrindo os telhados das casas bonitas e bem feitas do Norte. Entrou na floresta pisando na terra firme e quase se atola na primeira lama que encontrou. Deixou um xingamento olhando para todos os lados. Caminhou por mais alguns minutos a
— Jin. Jin. Jin. Jin. Jin. Jin. Jin. Jin. Jin. JIN!— Cala a boca! – Ele abriu a porta de uma vez encarando Riki que sorriu de canto mordendo os lábios. — O que é?— Vou te levar para o colégio. – Ajeitou a jaqueta dando um sorriso. — Vamos?— Eu tenho moto. A mamãe disse que eu podia ir sozinho. E vou. Porque eu não quero ter que olhar pra sua cara. – Passou por ele seguindo pelo corredor e desceu às pequenas escadas que davam acesso a sala.— Mas eu quero levar você. É seu primeiro dia numa escola nova em anos, pelo amor de Deus. Quero fazer isso porque sou seu irmão mais velho.— Eu tenho dezessete anos e não quero você me seguindo pelo resto dos meus dias nessa cidade gelada que é insuportável – foi rude ao encarar e dizer tudo aquilo para o irmão que cruzou os braços — eu não quero sua ajuda.— Você nem deve saber onde é a escola. - Avisou querendo a todo custo que ele cedesse logo, mas conhecia bem o sangue que corria nas veias do outro, teimosia era seu maior defeito.— Tenho c
— Ela estava beijando o Marcos? – perguntou novamente fazendo Adrian revirar os olhos na direção do loiro que assistia o nada sentado na sala de aula — Você entende a gravidade disso? Ela estava beijando o Marcos, que é um bruxo. Um bruxo!— Porque você não presta atenção na aula? – Adrian estreitou os olhos para o amigo que mesmo tentando prestar atenção numa aula que nem tinha começado, tudo que ele conseguia ver era ela e Marcos no meio do corredor aos beijos como se fossem muito íntimos. — Temos um trabalho a fazer depois do almoço, então você não me vem com problemas do coração pra resolver agora.— Você está falando isso por que não era a Lívia com a língua daquele bruxo na garganta – Adrian ficou sério — eu não estou nem aí se a Raíza passou o verão transado com um monte de vagabundo pra tentar me esquecer, nada justifica ela beijar o bruxo.— A Raíza não passou o verão todo beijando um monte de vagabundo, ela passou comigo. Ela não é esse tipo de pessoa – Fabricio o olhou pela
— Amiga? – Jin abaixou os olhos — sua namorada você quer dizer.— Ela não é minha namorada – Ele falava a verdade, mas não encarou o Romero nos olhos — Era só uma professora, ela me dava aulas de piano, mas eu odeio pianos, então a gente acabou fazendo um monte de besteira. – Ele ficou em silêncio por um momento e então fitou Adrian que estava surpreso e de boca aberta.— Eu não acredito que você conseguiu pegar uma professora sua. Eu te odeio seu idiota. – Socou o ombro dele rindo feito um idiota — Todo mundo nessa escola sonha em pegar uma das professoras, mas elas fingem que não se sentem atraídas. – Jin fechou os olhos dando um longo suspiro enquanto Adrian andava de um lado para o outro — A pessoa mais perto que chegou de pegar o numero de uma professora e dar uns beijos foi o Yan, mas ele levou uma surra do… - do alfa. Adrian engoliu a seco e se ajeitou em pé parando em frente ao Jin. — Tá, pode continuar.— Minha mãe ligou avisando sobre o meu avô Raiden eu peguei minha moto e