Depois de uma longa conversa com Jin que durou exatamente vinte e dois minutos e nenhum segundo a mais, Riki o viu chutar a porta da frente de casa para sair da mesma sendo seguido por Iori e Akira que tentavam o acalmar. Claro que Jin seria o primeiro a retrucar o fato de que teriam que se mudar. Ele era um dos garotos populares da escola, o capitão do time, pegava mais da metade das garotas e somente Riki e Yoshi sabiam que as aulas de piano eram apenas uma desculpa para foder com a professora de peitos grandes.
Assim que entrou no carro, bateu a porta outra vez como todo adolescente aborrecido com os acontecimentos presentes. Riki o encarou mais vezes que Yuri que tratou de colocar os fones e escutar sua música, aquela discussão familiar ele passaria com gosto. Mais do que qualquer um ali dentro do carro, Yuri queria chegar ao Norte, conhecer o alfa daquelas terras e trazê-lo para enformar, esfolar, esquartejar Takashi o homem que assassinou seu pai, seu alfa, um elo do seu poder.
— Jin – Riki murmurou querendo se aproximar e poucos minutos depois teve os olhos dele em sua direção, sorriu a contragosto. Queria agradá-lo de alguma forma, queria que ele se sentisse bem, mas não sabia como o fazer. — é, vai ficar tudo bem, a mudança é sempre a melhor coisa a fazer depois de algo-
— Não foi um sonho – murmurou de volta chamando atenção de Yuri que só queria esquecer que ainda estavam no carro. — Eu vi tudo nitidamente, eu não ligo para a mudança, quem quer ficar aqui depois que o vovô morreu? – Riki assentiu de boca aberta, queria contar-lhe que tudo não foi um sonho mesmo, que em algum momento algo surreal aconteceria com seu mundo, ele era um lobo, ele tinha que ser um lobo, só não… não despertava. — Mas você também não vai acreditar em mim, não é mesmo?
— Não – Jin estreitou os olhos — quer dizer, sim, eu acredito, mas você acha mesmo que lobisomens existem?
— Você casou com o Yoshi na nossa família e com o vô Raiden sabendo, nada mais é impossível pra mim. Entendeu? – O mais velho revirou os olhos cortando o papo e o contato visual.
— Jin, já que você acredita em lobisomens, porque não faz uma pesquisa mais profunda? – Yuri começou bem a tempo do casal Iakisamoto, sentarem nos bancos da frente — e se acha que é um, é só tentar se transformar. Precisa do que? De uma ferida? De um soco? Que deem uma agulhada na sua bunda? Eu dou, sou sua melhor opção. – Jin o encarou por dois ou mais segundos e voltou para a janela vendo o carro se mover. Seus pais iriam acreditar em si, em algum momento, ele iria.
Enquanto cruzavam a cidade até a barreira que dividia a da estrada, Jin estranhou o fato de alguns lugares que conhecia bem, como sua lanchonete preferida que nunca fechava, ou a soverteria de vinte e quatro horas estarem completamente fechadas com cartazes na frente avisando a todos que não existia mais nada ali. Primeiramente, ele pensou em questionar, mas uma rápida olhada pelo retrovisor da frente o fez prender a língua.
A saída da cidade era de fato estranha, e se sua mãe que amava aquele lugar estava chorando, não iria mais perguntar sobre, ou qualquer coisa do gênero. Engoliu suas perguntas e seguiu o caminho todo sem falar nada.
*
Na entrada da cidade, como prometido, às cinco horas da tarde, todas as barraquinhas de comida ou brincadeiras divertidas já estavam armadas para festejarem junto do povo. Ações de caridade para a cidade ou fora dela sempre eram feitas na mudança de estações, ou quando descobriam que em algum lugar perto dali algo ruim aconteceu. O Norte não era grande, então as noticias sempre corriam muito rápido, e metade da população se conhecia, viviam em harmonia, apesar de algumas jovens, ou adolescentes mais velhos não se darem muito bem.
Mas, as competições mesmo começariam quando as pessoas iam chegando para comprarem e se divertirem como queriam pela noite.
Homens corriam até a barraca das lideres de torcida que depois de Lívia, Raíza e Mika chegaram mais tarde. Todas uniformizadas com sorrisos enormes e se ajeitaram para fazer um único número para chamar atenção, mesmo que não precisasse.
— Como sempre, elas chamam atenção com corpos bonitos e aquelas rabas balançando. Ah! – Gusta se juntou aos amigos um pouco longe das garotas. — Eu adoro vê-las jogando aquelas mãozinhas para o alto e não se esquece das reboladas – Adrian suspirou — e a mais linda com certeza é a Aurora.
— Hey! – Adrian acordou do seu quase sono enfrentando o moreno de olhos claros que riu pedindo para ir mais devagar — não fala da minha irmã. Tá ouvindo? Ninguém fala da minha irmã.
— Todo mundo fala da sua irmã, babaca – Yan se encostou na parede tomando o último gole de sua cerveja — fala o quanto é gostosa, e uma patricinha da quinta geração Romero. – Adrian voltou-se para a barraca — parece um cristal que não pode ser quebrado. Um anjo que caiu do céu, a gêmea do Adrian que ninguém consegue chegar perto. – Eles se encararam. — sonho de consumo? A virgem? A garota que eu particularmente gosto, é tudo isso.
— Yan, se você fosse o destinado da Aurora, isso já tinha ficado claro pra todo mundo, vocês teriam o momento de vocês e pronto. Supera. - Gusta debochou do ruivo que não reclamou.
— Cala a sua boca também – Adrian murmurou bravo, claro. Além de saber que Yan estava certo, não gostava que falassem da sua irmã.
— Vamos parar de graça – Gusta se meteu entre os dois abrindo outra cerveja — parece que teremos convidados, fui informado depois de um uivo esplendido que a chegada dos Iakisamoto no nosso território é a novidade do ano – Os três ficaram sérios — como mataram o alfa deles?
— Raiden Iakisamoto era o mais antigo da família, e o alfa mais respeitado do lado Sul. – Yan murmurou dando uma última olhada em Aurora e virou para os meninos — Takashi Yumura matou o alfa para tomar o poder e mandou todos da alcateia sumirem o mais rápido possível. – Gusta entreabriu os lábios achando tudo àquilo totalmente… maluco.
— O Iakisamoto que veio na frente disse que Raiden mandou que eles fossem embora, que viessem para o lado Norte. Eu também viria, nosso Alpha é reconhecido, e todos aqui conheceram Raiden, ele esteve com o nosso Alpha, passaram algumas semanas conversando tem meses, eles eram aliados, talvez esse fosse algum plano que nunca vamos saber por que o Alpha não falaria nada. - Adrian voltou a falar.
— Pelo menos vocês tem acesso a mais coisa que todo mundo. - Gusta murmurou — Eu sinto muito pela morte dele.
— Ele quis proteger sua alcateia. Se ficassem e lutassem, morreriam. Todo mundo eu acho, a família é grande e tem várias pessoas que não são lobos. – Adrian voltou a falar, calmo e encarou os dois com seus olhos amarelados — Jin Iakisamoto, um lobo que não se transformou, ele nem sabe da existência, mas pode descobrir depois de uma surra. Ou ele fica vivo e se cura, ou morre humano. E nós vamos fazer isso.
— Eu? Credo – Gusta se afastou da parede quebrando o contato visual – eu não quero me meter nessas suas loucuras de surrar os outros para apressar a transformação. Tem gente que tem o mesmo sangue, mas não se transforma em porra alguma – Sorriu para ele dando uma piscadela formal do ruivo em sua frente para a irmã que animava alegremente em frente a sua barraca junto das amigas e foi em direção a elas.
— QUER SABER? EU NÃO PRECISO DE VOCÊ NÃO. EU TENHO O FABRICIO, ELE VAI CHEGAR. VOCÊ NÃO FAZ PARTE DO MEU TRISAL – Gritou o mais alto que pode e chamou atenção ao seu redor, inclusive para Yan que revirou os olhos os fechando rapidamente — não que ele pudesse fazer parte. – foi diminuindo o tom de voz e as pessoas comentando… voltou para a parede — ele não faria parte do meu trisal. – Yan o encarou.
— E quem é o seu trisal? Raíza, Lívia e você? – Adrian pensou um pouco na possibilidade, seria loucura. Mas…!
— Estou falando do alfa – Yan se ajeitou no lugar arrumando os ombros — de mim, de você, e do Fabricio.
— O lado Norte – a voz de Yuri chegava como espinhos nos ouvidos de Riki que não aguentava mais está no mesmo lugar que aquele homem que por coincidência era seu tio, irmão do seu marido… Da família. — O norte do país. Uma pacata cidade cheia de lobisomens que seguem um alfa desconhecido. Mas que protegem como loucos. Cheia de belas mulheres com sorrisos lindos. Mulheres que entenderiam nossa fome de lobo, e nem estou falando de carne fresca no meio da floresta. – Riki parou em frente à casa que morariam agora. — Eu estou tão animado pra começar a explorar cada canto desse lugar – virou para o mais novo — e achar o alfa.— Você não pode chegar à cidade e caçar o alfa como se ele fosse alguém que todos conhecessem. Tem uma razão para ninguém saber quem porra é esse homem. – Riki se estressou. Desde a morte de Raiden ele não estava pensando direito. — Não queremos confusão com o alfa, nós precisamos dele, somos uma alcateia sem alfa, um clã sem líder, e a gente sem vingança, não vai aco
— Eu vou acabar com ele.— E eu achando que a noite acabaria bem; sem brigas ou confusões, como o alfa ordenou – Yan sussurrou voltando para seu lugar — adoro confusão, ou socar alguém.— É por isso que você faz parte do meu trisal – Adrian debochou e encarou por debaixo do capacete os olhos negros de Jin. Quanta surra ele precisava levar para seu lobo sair? — Yan, se prepara – mandou, assim que o apito fez seu trabalho, Adrian esqueceu a bola e correu apenas na direção do Jin e o confronto dos corpos resultou a um Jin jogado no chão e Adrian correndo para o gol sabendo que Yan lhe passaria a bola e o placar empataria.Bingo.Jin girou na grama tentando respirar, o ar que faltou por alguns segundos e ele se livrou do capacete, suas unhas cravaram na grama, alguma coisa em seu corpo tinha se quebrado, tinha certeza absoluta.— Jin, você tá legal? – Gusta agachou perto dele para ajuda-lo a levantar, esticou os braços e o Iakisamoto levantou ainda meio tonto e só depois de estar de pé, q
— Um banho de água fria? – Akira repetiu devagar andando pela sala de um lado para o outro. — queremos que ele se transforme, se queriam tanto apressar a transformação, por que não deixaram que seguisse até o final?— Por que estávamos no meio de um campo de lacrosse em frente a tantas pessoas que eu nem sei contar direito – Yuri também estava inquieto de um lado para o outro querendo mais do que ninguém entender Adrian e toda sua alcateia — Eles vivem aqui como se nada e nem ninguém pudesse os atingir, são como reis e seguem as regras de um alfa que nem eles talvez conheçam. Eles são ferozes e completamente… incompreensíveis. Seus cheiros são fortes, eles são… fortes - parou em frente a Akira que o encarou esperando por algo mais — Yoshi tem razão quando diz que a presença deles tem algo mais.— Nós viemos para essa cidade em busca de vingança, - Riki se pronunciou pela primeira vez, seus olhos em reflexo com as chamas da lareira — Só que a gente tá nos esquecendo do detalhe mais imp
Em um momento daquela madrugada, os olhos esverdeados de Aurora Romero se abriram abruptamente. Seu corpo levantou da cama com passadas rápidas até o despertador e desligando antes do mesmo gritar pelo quarto. Suspirou tranquilamente indo até seu guarda-roupa buscar um maior casado que pudesse encontrar e uma calça para vestir. Colocando de qualquer jeito ela saiu do quarto descendo as escadas, parou na sala procurando qualquer ruído, de um lado para o outro, não encontrou. Correu para a cozinha saindo na porta pequena, a florestava estava nem a sua frente, abaixou para calçar as botas de Adrian jogadas por ali e começou a caminhar.Olhando no pequeno relógio no pulso, notou que faltava pouco para o primeiro dia de aula e menos ainda para o sol raiar cobrindo os telhados das casas bonitas e bem feitas do Norte. Entrou na floresta pisando na terra firme e quase se atola na primeira lama que encontrou. Deixou um xingamento olhando para todos os lados. Caminhou por mais alguns minutos a
— Jin. Jin. Jin. Jin. Jin. Jin. Jin. Jin. Jin. JIN!— Cala a boca! – Ele abriu a porta de uma vez encarando Riki que sorriu de canto mordendo os lábios. — O que é?— Vou te levar para o colégio. – Ajeitou a jaqueta dando um sorriso. — Vamos?— Eu tenho moto. A mamãe disse que eu podia ir sozinho. E vou. Porque eu não quero ter que olhar pra sua cara. – Passou por ele seguindo pelo corredor e desceu às pequenas escadas que davam acesso a sala.— Mas eu quero levar você. É seu primeiro dia numa escola nova em anos, pelo amor de Deus. Quero fazer isso porque sou seu irmão mais velho.— Eu tenho dezessete anos e não quero você me seguindo pelo resto dos meus dias nessa cidade gelada que é insuportável – foi rude ao encarar e dizer tudo aquilo para o irmão que cruzou os braços — eu não quero sua ajuda.— Você nem deve saber onde é a escola. - Avisou querendo a todo custo que ele cedesse logo, mas conhecia bem o sangue que corria nas veias do outro, teimosia era seu maior defeito.— Tenho c
— Ela estava beijando o Marcos? – perguntou novamente fazendo Adrian revirar os olhos na direção do loiro que assistia o nada sentado na sala de aula — Você entende a gravidade disso? Ela estava beijando o Marcos, que é um bruxo. Um bruxo!— Porque você não presta atenção na aula? – Adrian estreitou os olhos para o amigo que mesmo tentando prestar atenção numa aula que nem tinha começado, tudo que ele conseguia ver era ela e Marcos no meio do corredor aos beijos como se fossem muito íntimos. — Temos um trabalho a fazer depois do almoço, então você não me vem com problemas do coração pra resolver agora.— Você está falando isso por que não era a Lívia com a língua daquele bruxo na garganta – Adrian ficou sério — eu não estou nem aí se a Raíza passou o verão transado com um monte de vagabundo pra tentar me esquecer, nada justifica ela beijar o bruxo.— A Raíza não passou o verão todo beijando um monte de vagabundo, ela passou comigo. Ela não é esse tipo de pessoa – Fabricio o olhou pela
— Amiga? – Jin abaixou os olhos — sua namorada você quer dizer.— Ela não é minha namorada – Ele falava a verdade, mas não encarou o Romero nos olhos — Era só uma professora, ela me dava aulas de piano, mas eu odeio pianos, então a gente acabou fazendo um monte de besteira. – Ele ficou em silêncio por um momento e então fitou Adrian que estava surpreso e de boca aberta.— Eu não acredito que você conseguiu pegar uma professora sua. Eu te odeio seu idiota. – Socou o ombro dele rindo feito um idiota — Todo mundo nessa escola sonha em pegar uma das professoras, mas elas fingem que não se sentem atraídas. – Jin fechou os olhos dando um longo suspiro enquanto Adrian andava de um lado para o outro — A pessoa mais perto que chegou de pegar o numero de uma professora e dar uns beijos foi o Yan, mas ele levou uma surra do… - do alfa. Adrian engoliu a seco e se ajeitou em pé parando em frente ao Jin. — Tá, pode continuar.— Minha mãe ligou avisando sobre o meu avô Raiden eu peguei minha moto e
— Você acredita no sobrenatural?— Hã? - Ela riu. — Depende; eu acredito que um dia estarei sentada aqui quando Edward Cullen entrar por aquelas portas com seus olhar penetrante e os lábios coloridos.— Gosta de vampiros?— Se você tiver dentes afiados e garras, eu já gamo - ela riu dando uma leve corada, mas Jin não. — O que foi?— Você falou com seu irmão? - Aurora não entendeu, ficou séria procurando no meio de seus pensamentos alguma coisa que pudesse fazer com que aquele diálogo não parecesse tão... ruim. — Espero que não esteja brincando comigo, porque o que aconteceu foi real. Eu juro. - disse simplesmente se levantando da mesa e a deixou sozinha.Aurora primeiramente pensou em ir atrás do moreno que pareceu tão chateado. Não queria ferir seus pensamentos ou deixar que ele pensasse alguma coisa ruim de si.— Droga.— Não acredito que você espantou o boy - Lívia sentou ao lado da garota que só a encarou de canto.— Nem eu acredito que você deu seu número pra ele.— Ele é novato,