Seis

— Um banho de água fria? – Akira repetiu devagar andando pela sala de um lado para o outro. — queremos que ele se transforme, se queriam tanto apressar a transformação, por que não deixaram que seguisse até o final?

— Por que estávamos no meio de um campo de lacrosse em frente a tantas pessoas que eu nem sei contar direito – Yuri também estava inquieto de um lado para o outro querendo mais do que ninguém entender Adrian e toda sua alcateia — Eles vivem aqui como se nada e nem ninguém pudesse os atingir, são como reis e seguem as regras de um alfa que nem eles talvez conheçam. Eles são ferozes e completamente… incompreensíveis. Seus cheiros são fortes, eles são… fortes - parou em frente a Akira que o encarou esperando por algo mais — Yoshi tem razão quando diz que a presença deles tem algo mais.

— Nós viemos para essa cidade em busca de vingança, - Riki se pronunciou pela primeira vez, seus olhos em reflexo com as chamas da lareira — Só que a gente tá nos esquecendo do detalhe mais importante dessa família. Raiden sempre nos ensinou que família vem em primeiro lugar e por isso ele se sacrificou ali, morrendo para que a gente tivesse mais tempo. Antes de voltarmos para nos vingar, precisamos nos fortalecer, ganhar a confiança desses lobos, e principalmente, ajudar o Jin a se transformar. – Ele levantou encarando todos da sala, principalmente Iori no canto, parada. Ela com certeza era a pessoa que mais sofria com toda essa historia, com medo de perder seus filhos, seu marido, todos. — Nós estamos acabados. Mas vamos nos reerguer com ajuda desses adolescentes idiotas que estão brincando de lobo.

Yoshi abriu a porta chamando atenção e deu passagem para Jin entrar primeiro. Depois de correr tanto pela floresta sem rumo e direção, acabou voltando para o mesmo lugar do evento e não encontrando uma alma perdida se quer além de Yoshi que o esperava ainda com certas esperanças de que ele voltaria, e acertou em cheio. Jin olhou para todos e parou na sua mãe que se aproximava rapidamente.

— Não fuja mais desse jeito, o que quer? Nos matar? – abraçou o garoto que sorriu de canto. Sua cabeça estava rodando inúmeras cenas, repetindo tudo que aconteceu naquele campo, estava queimando, e sabia que dentro de si algo não humano crescia, mas ele ainda podia dar um abraço e confortar sua mãe. — Quer alguma coisa? Um banho quente? Um chocolate quente? Eu arrumei seu quarto, e lençóis grossos. – falava enquanto o tocava por inteiro procurando ferimentos ou algo parecido.

— Iori – Ela não parou de procurar até encontrar um pequeno arranhão em sua mão, não era nada, nem mesmo sangue saia. Encarou Jin e virou para o marido que a tinha chamado — Ele está bem, só quer descansar já que conheceu metade dos colegas de escola. – Jin fez careta.

— Cidade nova, escola nova. As aulas começam na segunda – Riki disse sem sair do lugar. O Norte é frio. Ele odiava o frio.

Jin por um momento pensou em surtar de vez, mas se todo aquele pessoal estaria na mesma escola, isso queria dizer que Adrian estaria também, e como ninguém naquela casa iria lhe dizer ou acreditar em tudo que passava na sua mente, ele iria direito para Adrian, e o enfrentaria com tudo que tinha dentro de si, seja lá o que fosse aquilo.

Diante de sua mãe, Adrian tentava não rir de todas as loucuras que ela dizia. Mas apesar de parecer tão ruim no momento atual, horas atrás foi tão engraçado que se segurou mais de uma vez pra não rir do lobinho que rolava molhado pelo chão.

— Uma noite apenas. Uma única noite sem confusão foi o que todo mundo pediu, Adrian, e é a única coisa também que você não consegue fazer. – Bradou a mulher parada do outro lado da mesa, brava com sangue nos olhos — você com certeza é um mal criado que merece pelo menos uma surra de qualquer pessoa que possa dar.

 — Ah, por favor, chega dessa palhaçada. Ninguém brigou se é isso que a senhora tá aí frescando. – Revirou os olhos encontrando sua irmã do outro lado, assustada com os gritos da mulher, mas não deixaria os gritos dela a impedir de comer seu pudim de leite. — O menino não se transforma e você sabe mais do que ninguém como os alfas tratam esses babacas que não tem força nem pra se transformar.

— Isso não quer dizer que você tenha que socar e maltratá-lo. – Anabela deu as costas andando pela cozinha e parou ao lado de Aurora, chamando sua atenção — Você concorda em machucar uma pessoa inocente que está ali sem saber nem que existe esse lado sobrenatural?

— Se ele é um lobo e precisa se transformar, os métodos são de menos. Ele só precisa de inspiração. – Aurora sorriu meiga, mas Anabela não gostou da sua resposta, nem um pouco.

 — Você mais do que ninguém sabe que mesmo que nasça numa família de lobos NEM SEMPRE VOCÊ TERÁ FORÇA, OU GÊNES O SUFICIENTE PARA SE TORNAR UM.

— Não grita com minha irmã – Adrian levantou do outro lado, enfurecido e andou até a mãe a afastando de Aurora — O alfa não devia ter poupado você, ele devia ter te matado junto com o papai. Dois seres insuportáveis que estavam no mundo somente para fazer o mal. Se livrar da metade dele não deixou ninguém feliz. Talvez se ele soubesse a droga de mãe que você seria, tinha rasgado sua garganta e deixando seu corpo aberto na floresta pros animais comerem, do mesmo jeito que ele fez com Antony, seu amor.

— Ele teve seus motivos. – respondeu ainda, deixando Adrian mais impressionado com a frieza naquela mulher — Antony teve seus motivos para fazer o que fez, e eu estava ao seu lado, eu o apoiava porque ele sabia ser um alfa de verdade.

— Anabela, já chega – Aurora levantou cortando aquela conversa — Você pode me odiar o quanto for, mas isso não vai trazer o papai de volta. Eu não tenho nada haver com suas decisões. Eu era só uma criança, na verdade ainda sou uma criança, e nas escolhas de adultos tão poderosos, não me meto.

Falou calma e doce como todas as vezes que abria a boca, deixando um beijo estalado na bochecha de Adrian e subiu para seu quarto querendo apenas ter um momento de paz.

Na cozinha Adrian encarou sua mãe por mais alguns minutos e deu as costas pegando seu casaco.

— Eu vou sair. E não se aproxima dela, porque se você tentar matar a minha irmã de novo eu acabo contigo. Ela pode até não ter forças para te machucar, mas eu tenho e eu não vou pegar leve eu vou te destruir te partir ao meio, nela você não toca de novo.

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