— Um banho de água fria? – Akira repetiu devagar andando pela sala de um lado para o outro. — queremos que ele se transforme, se queriam tanto apressar a transformação, por que não deixaram que seguisse até o final?
— Por que estávamos no meio de um campo de lacrosse em frente a tantas pessoas que eu nem sei contar direito – Yuri também estava inquieto de um lado para o outro querendo mais do que ninguém entender Adrian e toda sua alcateia — Eles vivem aqui como se nada e nem ninguém pudesse os atingir, são como reis e seguem as regras de um alfa que nem eles talvez conheçam. Eles são ferozes e completamente… incompreensíveis. Seus cheiros são fortes, eles são… fortes - parou em frente a Akira que o encarou esperando por algo mais — Yoshi tem razão quando diz que a presença deles tem algo mais.
— Nós viemos para essa cidade em busca de vingança, - Riki se pronunciou pela primeira vez, seus olhos em reflexo com as chamas da lareira — Só que a gente tá nos esquecendo do detalhe mais importante dessa família. Raiden sempre nos ensinou que família vem em primeiro lugar e por isso ele se sacrificou ali, morrendo para que a gente tivesse mais tempo. Antes de voltarmos para nos vingar, precisamos nos fortalecer, ganhar a confiança desses lobos, e principalmente, ajudar o Jin a se transformar. – Ele levantou encarando todos da sala, principalmente Iori no canto, parada. Ela com certeza era a pessoa que mais sofria com toda essa historia, com medo de perder seus filhos, seu marido, todos. — Nós estamos acabados. Mas vamos nos reerguer com ajuda desses adolescentes idiotas que estão brincando de lobo.
Yoshi abriu a porta chamando atenção e deu passagem para Jin entrar primeiro. Depois de correr tanto pela floresta sem rumo e direção, acabou voltando para o mesmo lugar do evento e não encontrando uma alma perdida se quer além de Yoshi que o esperava ainda com certas esperanças de que ele voltaria, e acertou em cheio. Jin olhou para todos e parou na sua mãe que se aproximava rapidamente.
— Não fuja mais desse jeito, o que quer? Nos matar? – abraçou o garoto que sorriu de canto. Sua cabeça estava rodando inúmeras cenas, repetindo tudo que aconteceu naquele campo, estava queimando, e sabia que dentro de si algo não humano crescia, mas ele ainda podia dar um abraço e confortar sua mãe. — Quer alguma coisa? Um banho quente? Um chocolate quente? Eu arrumei seu quarto, e lençóis grossos. – falava enquanto o tocava por inteiro procurando ferimentos ou algo parecido.
— Iori – Ela não parou de procurar até encontrar um pequeno arranhão em sua mão, não era nada, nem mesmo sangue saia. Encarou Jin e virou para o marido que a tinha chamado — Ele está bem, só quer descansar já que conheceu metade dos colegas de escola. – Jin fez careta.
— Cidade nova, escola nova. As aulas começam na segunda – Riki disse sem sair do lugar. O Norte é frio. Ele odiava o frio.
Jin por um momento pensou em surtar de vez, mas se todo aquele pessoal estaria na mesma escola, isso queria dizer que Adrian estaria também, e como ninguém naquela casa iria lhe dizer ou acreditar em tudo que passava na sua mente, ele iria direito para Adrian, e o enfrentaria com tudo que tinha dentro de si, seja lá o que fosse aquilo.
Diante de sua mãe, Adrian tentava não rir de todas as loucuras que ela dizia. Mas apesar de parecer tão ruim no momento atual, horas atrás foi tão engraçado que se segurou mais de uma vez pra não rir do lobinho que rolava molhado pelo chão.
— Uma noite apenas. Uma única noite sem confusão foi o que todo mundo pediu, Adrian, e é a única coisa também que você não consegue fazer. – Bradou a mulher parada do outro lado da mesa, brava com sangue nos olhos — você com certeza é um mal criado que merece pelo menos uma surra de qualquer pessoa que possa dar.
— Ah, por favor, chega dessa palhaçada. Ninguém brigou se é isso que a senhora tá aí frescando. – Revirou os olhos encontrando sua irmã do outro lado, assustada com os gritos da mulher, mas não deixaria os gritos dela a impedir de comer seu pudim de leite. — O menino não se transforma e você sabe mais do que ninguém como os alfas tratam esses babacas que não tem força nem pra se transformar.
— Isso não quer dizer que você tenha que socar e maltratá-lo. – Anabela deu as costas andando pela cozinha e parou ao lado de Aurora, chamando sua atenção — Você concorda em machucar uma pessoa inocente que está ali sem saber nem que existe esse lado sobrenatural?
— Se ele é um lobo e precisa se transformar, os métodos são de menos. Ele só precisa de inspiração. – Aurora sorriu meiga, mas Anabela não gostou da sua resposta, nem um pouco.
— Você mais do que ninguém sabe que mesmo que nasça numa família de lobos NEM SEMPRE VOCÊ TERÁ FORÇA, OU GÊNES O SUFICIENTE PARA SE TORNAR UM.
— Não grita com minha irmã – Adrian levantou do outro lado, enfurecido e andou até a mãe a afastando de Aurora — O alfa não devia ter poupado você, ele devia ter te matado junto com o papai. Dois seres insuportáveis que estavam no mundo somente para fazer o mal. Se livrar da metade dele não deixou ninguém feliz. Talvez se ele soubesse a droga de mãe que você seria, tinha rasgado sua garganta e deixando seu corpo aberto na floresta pros animais comerem, do mesmo jeito que ele fez com Antony, seu amor.
— Ele teve seus motivos. – respondeu ainda, deixando Adrian mais impressionado com a frieza naquela mulher — Antony teve seus motivos para fazer o que fez, e eu estava ao seu lado, eu o apoiava porque ele sabia ser um alfa de verdade.
— Anabela, já chega – Aurora levantou cortando aquela conversa — Você pode me odiar o quanto for, mas isso não vai trazer o papai de volta. Eu não tenho nada haver com suas decisões. Eu era só uma criança, na verdade ainda sou uma criança, e nas escolhas de adultos tão poderosos, não me meto.
Falou calma e doce como todas as vezes que abria a boca, deixando um beijo estalado na bochecha de Adrian e subiu para seu quarto querendo apenas ter um momento de paz.
Na cozinha Adrian encarou sua mãe por mais alguns minutos e deu as costas pegando seu casaco.
— Eu vou sair. E não se aproxima dela, porque se você tentar matar a minha irmã de novo eu acabo contigo. Ela pode até não ter forças para te machucar, mas eu tenho e eu não vou pegar leve eu vou te destruir te partir ao meio, nela você não toca de novo.
Em um momento daquela madrugada, os olhos esverdeados de Aurora Romero se abriram abruptamente. Seu corpo levantou da cama com passadas rápidas até o despertador e desligando antes do mesmo gritar pelo quarto. Suspirou tranquilamente indo até seu guarda-roupa buscar um maior casado que pudesse encontrar e uma calça para vestir. Colocando de qualquer jeito ela saiu do quarto descendo as escadas, parou na sala procurando qualquer ruído, de um lado para o outro, não encontrou. Correu para a cozinha saindo na porta pequena, a florestava estava nem a sua frente, abaixou para calçar as botas de Adrian jogadas por ali e começou a caminhar.Olhando no pequeno relógio no pulso, notou que faltava pouco para o primeiro dia de aula e menos ainda para o sol raiar cobrindo os telhados das casas bonitas e bem feitas do Norte. Entrou na floresta pisando na terra firme e quase se atola na primeira lama que encontrou. Deixou um xingamento olhando para todos os lados. Caminhou por mais alguns minutos a
— Jin. Jin. Jin. Jin. Jin. Jin. Jin. Jin. Jin. JIN!— Cala a boca! – Ele abriu a porta de uma vez encarando Riki que sorriu de canto mordendo os lábios. — O que é?— Vou te levar para o colégio. – Ajeitou a jaqueta dando um sorriso. — Vamos?— Eu tenho moto. A mamãe disse que eu podia ir sozinho. E vou. Porque eu não quero ter que olhar pra sua cara. – Passou por ele seguindo pelo corredor e desceu às pequenas escadas que davam acesso a sala.— Mas eu quero levar você. É seu primeiro dia numa escola nova em anos, pelo amor de Deus. Quero fazer isso porque sou seu irmão mais velho.— Eu tenho dezessete anos e não quero você me seguindo pelo resto dos meus dias nessa cidade gelada que é insuportável – foi rude ao encarar e dizer tudo aquilo para o irmão que cruzou os braços — eu não quero sua ajuda.— Você nem deve saber onde é a escola. - Avisou querendo a todo custo que ele cedesse logo, mas conhecia bem o sangue que corria nas veias do outro, teimosia era seu maior defeito.— Tenho c
— Ela estava beijando o Marcos? – perguntou novamente fazendo Adrian revirar os olhos na direção do loiro que assistia o nada sentado na sala de aula — Você entende a gravidade disso? Ela estava beijando o Marcos, que é um bruxo. Um bruxo!— Porque você não presta atenção na aula? – Adrian estreitou os olhos para o amigo que mesmo tentando prestar atenção numa aula que nem tinha começado, tudo que ele conseguia ver era ela e Marcos no meio do corredor aos beijos como se fossem muito íntimos. — Temos um trabalho a fazer depois do almoço, então você não me vem com problemas do coração pra resolver agora.— Você está falando isso por que não era a Lívia com a língua daquele bruxo na garganta – Adrian ficou sério — eu não estou nem aí se a Raíza passou o verão transado com um monte de vagabundo pra tentar me esquecer, nada justifica ela beijar o bruxo.— A Raíza não passou o verão todo beijando um monte de vagabundo, ela passou comigo. Ela não é esse tipo de pessoa – Fabricio o olhou pela
— Amiga? – Jin abaixou os olhos — sua namorada você quer dizer.— Ela não é minha namorada – Ele falava a verdade, mas não encarou o Romero nos olhos — Era só uma professora, ela me dava aulas de piano, mas eu odeio pianos, então a gente acabou fazendo um monte de besteira. – Ele ficou em silêncio por um momento e então fitou Adrian que estava surpreso e de boca aberta.— Eu não acredito que você conseguiu pegar uma professora sua. Eu te odeio seu idiota. – Socou o ombro dele rindo feito um idiota — Todo mundo nessa escola sonha em pegar uma das professoras, mas elas fingem que não se sentem atraídas. – Jin fechou os olhos dando um longo suspiro enquanto Adrian andava de um lado para o outro — A pessoa mais perto que chegou de pegar o numero de uma professora e dar uns beijos foi o Yan, mas ele levou uma surra do… - do alfa. Adrian engoliu a seco e se ajeitou em pé parando em frente ao Jin. — Tá, pode continuar.— Minha mãe ligou avisando sobre o meu avô Raiden eu peguei minha moto e
— Você acredita no sobrenatural?— Hã? - Ela riu. — Depende; eu acredito que um dia estarei sentada aqui quando Edward Cullen entrar por aquelas portas com seus olhar penetrante e os lábios coloridos.— Gosta de vampiros?— Se você tiver dentes afiados e garras, eu já gamo - ela riu dando uma leve corada, mas Jin não. — O que foi?— Você falou com seu irmão? - Aurora não entendeu, ficou séria procurando no meio de seus pensamentos alguma coisa que pudesse fazer com que aquele diálogo não parecesse tão... ruim. — Espero que não esteja brincando comigo, porque o que aconteceu foi real. Eu juro. - disse simplesmente se levantando da mesa e a deixou sozinha.Aurora primeiramente pensou em ir atrás do moreno que pareceu tão chateado. Não queria ferir seus pensamentos ou deixar que ele pensasse alguma coisa ruim de si.— Droga.— Não acredito que você espantou o boy - Lívia sentou ao lado da garota que só a encarou de canto.— Nem eu acredito que você deu seu número pra ele.— Ele é novato,
— Espera aí - Ele escutou aquela voz novamente ao pé do ouvido, sabia que era Adrian, mas o que acontecia consigo era mais impressionante.Ele sentiu a terra fria em seus pés quando saiu do campo adentrando a floresta. Sua visão turva o impedia de saber por onde estava seguindo, até ser largado em uma pedra qualquer. Adrian se afastou de Jin junto dos outros betas e o assistiu se contorcer e gritar por socorro enquanto via sua própria pele queimar e cair ao seu redor. A primeira transformação doía. Era pesada e animalesca.Sua pele queimava por fora dissecando e deixando os pedaços caírem dando vida aos pelos que aparecia por todo corpo. Adrian assistiu cada pedaço da transformação até mudar a cor de seus olhos para amarelo e os abrir contemplando o lobo em sua frente.As pernas mal podiam ficar de pé. Um filhote em meio à floresta que se assustou até com a queda que levou rolando várias vezes até bater em uma árvore. Os betas o cercaram para que não fosse longe, a fome de um lobo em
— Ele pode mesmo acordar e perder o controle? - Lívia questionou. Não queria passar sua noite olhando pra janela de um lobo amador podendo estar ao lado de Adrian em algum lugar.— Você fez isso quando se transformou. Já que te ajudaram, ajuda alguém agora. Seja uma pessoa boa ao menos uma vez - Mika se sentou no tronco ali perto e fitou a janela e a grande casa nova dos Iakisamoto. — Por que o homem mais bonito dessa casa é gay?— Não sei. E por que eu tô aqui se você é a arma de guerra? Perguntas que nunca saberemos as respostas. - Suspirou entediada e sentou com Mika.— Fomos escolhidas pra fazer a primeira ronda, não acha isso legal? O Alpha é compreensivo, e nunca deixa a gente de lado pelos betas ridículos e queridinhos.— Não acredito que você sente ciúme do Adrian, Yan e do Fabricio - Lívia a encarou e a viu virar o rosto — Mika eles foram criados e treinados pelo Alpha, você quer que ele jogue eles na roda em toda confusão?— Não sinto ciúmes de ninguém, Lívia, mas eu treinei
— O que está fazendo? Se afasta dai - Adrian apareceu puxando seus ombros para o lado e encarou seu rosto — Não corra perigo.— É o Jin, Adrian, abra a porta - Ordenou firme e forte. O ruivo olhou novamente procurando o cheiro, mas havia mudado, não havia mais humano ali. Ouviram as batidas pequenas na porta e Adrian soltou os ombros da irmã para ir até a porta.Devagar ele abriu a porta dando de cara com o Iakisamoto, embora o chuvisco tivesse fraco, com o tanto que andou chegou molhado a pequena varanda do lado de fora. Adrian o chamou apenas com um aceno de cabeça e Jin subiu os degraus entrando na casa para dar de cara com Aurora ao fim da cozinha. Ela sorriu se aproximando devagar, parecia ter medo enquanto chegava.Parada diante dele ela pode sentir o cheiro mais intensamente, guardando o mesmo. Ele mostrava um poder sobrenatural, mas não como o dela, não como de um Alpha. Eles se encararam por alguns minutos até ela erguer a toalha que havia trago. Jin tirou o capuz da cabeça r