Em um momento daquela madrugada, os olhos esverdeados de Aurora Romero se abriram abruptamente. Seu corpo levantou da cama com passadas rápidas até o despertador e desligando antes do mesmo gritar pelo quarto. Suspirou tranquilamente indo até seu guarda-roupa buscar um maior casado que pudesse encontrar e uma calça para vestir. Colocando de qualquer jeito ela saiu do quarto descendo as escadas, parou na sala procurando qualquer ruído, de um lado para o outro, não encontrou. Correu para a cozinha saindo na porta pequena, a florestava estava nem a sua frente, abaixou para calçar as botas de Adrian jogadas por ali e começou a caminhar.
Olhando no pequeno relógio no pulso, notou que faltava pouco para o primeiro dia de aula e menos ainda para o sol raiar cobrindo os telhados das casas bonitas e bem feitas do Norte. Entrou na floresta pisando na terra firme e quase se atola na primeira lama que encontrou. Deixou um xingamento olhando para todos os lados. Caminhou por mais alguns minutos até parar diante de um tronco de arvore cortado. Andou até ele tocando nas flores que estavam crescendo ao redor. Procurou as iniciais de todos os seus amigos, marcadas com uma faca ou garras… Passou os dedos por cima das suas e sorriu de relance.
Virou devagar esperando pacientemente ele aparecer em sua grande e enorme forma de lobo alaranjado que de pé, era bem maior que Aurora. Na verdade qualquer um era mais alto que Aurora que media um metro e meio. Ela tocou em seu pelo gostoso deslizando até a pata, jogou a capa que havia trazido no chão e virou para voltar ao tronco, analisando as inicias e encarou a sua novamente, ela devia está louca quando fez o pacto com aquele monte de lobo besta.
— Me ouviu chegar? – A voz grossa de Fabricio era eletrizante a penetrando fortemente. Sentou-se no tronco o assistindo se aproximar e não perdeu tempo em abraça-la forte e depositar um gracioso beijo em sua cabeça.
— Senti seu cheiro. – respondeu ao vê-lo sentar ao seu lado e assentir ajustando a capa — Como foi no acampamento militar?
— Foi péssimo. Não sirvo pra andar com uma arma no meu ombro e marchando como um mocinho rico. – Aurora juntou as mãos e virou para Fabricio encarando os fios loiros caindo em seus ombros.
— Você não veio aqui primeiro, não é? – Fabricio olhou pra frente procurando fugir daquela conversa, mas não conseguiria esconder nada de Aurora, mesmo que quisesse. Ela era sua melhor amiga, a única pessoa que o entendia perfeitamente em tantos níveis que nem precisava falar nada.
— Minhas malas ainda estão no carro do meu pai. Eu corri pra casa dela. Estou morrendo de saudade, eu queria seu abraço, seu cheiro, eu quero voltar com ela. Eu fui muito estupido, eu gritei com ela na frente de todo mundo como um troglodita, o homem das cavernas como ela mesma disse. Mas eu amo tanto ela, Aurora. – Aurora tocou em seu ombro — Eu pulei como um louco na sua varanda e a vi entre as cortinas seu corpo estava espalhado na cama vestindo a camisola laranja, aquela que eu mais amo, eu ia entrar, ela estava me esperando… mas eu senti um cheiro diferente… entre os lençóis dela. Eu ri de me mesmo. Sou um babaca.
— Você não é babaca, só tem que aprender a se controlar – Fabricio a encarou com os olhos estreitos e desconfiados. — Digo… Você não precisa ser sempre um lobo.
— Não. – Soou forte — e por que com o Adrian? – Aurora cruzou os braços fazendo bico e desviou o olhar — por que o meu melhor amigo?
— Adrian e Lívia têm brigado diariamente. E quando você foi embora a Raíza começou há passar mais tempo comigo e sempre chorava no meu colo dizendo que tinha muita saudade de você, e tudo mais. – Fabricio riu um pouco — Lembro-me de ter saído com o Gusta e o Yan para o cinema e quando cheguei, eles estavam transando na minha cama. – Fabricio se surpreendeu. — Isso mesmo, uma cena de horror.
— Ah, a virgem Maria viu duas pessoas transando. Oh… - bateu no ombro da garota que o bateu de volta — tá, entendi, estou querendo zoar com sua cara, mas isso veio como uma estaca no meu coração. – Os dois riram — Como eu posso conquista-la de novo?
— Você não precisa conquistar ela, Raíza te ama. Vocês são suas metades. – ele ficou calado por um tempo, pensativo. – Tenho que te contar várias coisas novas. Tem uma nova família aqui no Norte e o um lobo não transformado. A família Iakisamoto perdeu seu alpha em uma disputa por território e eles fugiram pra cá. Querem ajuda… A ajuda do alpha pra uma vingança. Mas primeiro, parece que vocês precisam fazer o mais novo se transformar.
— Adoro socar os outros – Fabricio riu maligno — prefiro socar ele a meu melhor amigo.
— AURORA – em um grito de desespero Adrian apareceu entre os galhos empurrando cada um e parou em frente aos dois. Aurora respirou fundo pelo susto e riu quando encarou o irmão — quer me matar? Eu vim da casa da Lívia correndo porque você não estava na cama.
— Como você sabe que eu não estava na cama? – Adrian olhou dela para Fabricio e riu.
— Porque da casa da Lívia não da pra sentir seu cheiro, e eu senti – ele parou entre os dois e sorriu para Fabricio — Só uma vez. Eu há deixei muito tempo com o Yan eu estava com saudade.
— Você não deixou nada. – Aurora levantou ficando em cima do tronco olhando para os dois — ela estava com ele porque queria. E você – virou para Fabricio o chutando para fora do tronco — Não vai dormir com a Lívia, vocês tem que parar de ficar dormindo com todas as garotas do colégio.
— A gente não dorme com todas as garotas do colégio. Eu não dormi com nenhuma garota além da Raíza. Ela foi à única. – Cruzou os braços olhando para Adrian da cabeça aos pés.
— Que? Eu não durmo com as garotas do colégio. Eu transaria com a capitã das lideres do torcida, mas ela é a minha irmã – Os dois se encararam. — E se a Lívia não existisse, eu só pegaria as lobas, elas não têm limite, estão sempre querendo mais e mais, são tão… - ele parou de falar quando encarou Aurora de braços cruzados e uma expressão de nojo. — Tão legais. Né?
— Yan – Aurora suspirou o nome do ruivo que se aproximava a passos lentos, os olhos quase fechados — eu não estava esperando nenhum de vocês dois. Vim receber Fabricio como meu melhor amigo.
— E eu vim aclamar a alpha da minha vida, ê… – Yan parou ao lado dos outros dois — ô poderosa deusa – bocejou — tenho que ir para o colégio, minha mãe acha que eu vou crescer e sair do Norte pra algum lugar e me tornar um médico.
— Isso é muito legal. – Aurora disse animada, mas claramente aquilo não era o que o ruivo queria — mas você pode ficar aqui e ser enterrado pela floresta como o resto dos lobos quando morrer. Como você desejar.
— O sol nasceu, embora eu não esteja vendo ele – Yan começou, bocejando novamente. — O que a gente faz com o moleque?
— Por que você está tão cansado? – Yan, pela primeira vez na conversa abriu mais os olhos encarando Aurora, sinceramente, seu silêncio para Aurora era como lhe obrigar a ver uma cena de pornô — transformem Jin Iakisamoto em um lobo.
— Você decorou bem o nome dele, pelo visto – Adrian disse olhando atentamente para a irmã — não precisa ficar perto dele. Eu dou meu jeito. Meu trisal está de volta.
— Achei que seu trisal fosse você a Lívia e a Raíza – Yan falou ganhando o olhar de todo mundo, principalmente de Fabricio que revirou os olhos dando um último beijo no rosto de Aurora e sumiu entre as árvores.
— Eu não sei como vocês ainda são melhores amigos. Se uma das garotas dormissem com o garoto que eu gosto eu a mataria – foi sincera.
— Primeiramente… somos Betas de uma loba alpha que merece nosso respeito, nossa guarda, nossas vidas. Você vem em primeiro lugar na nossa vida não importa o resto – Aurora cruzou os braços e assentiu para Adrian. — Outra coisa… Quem é o garoto que você gosta?
— É só pra saber? – Yan estralou os dedos interessado na conversa.
Aurora os encarou por um momento e correu rápido os deixando pra trás.
— Jin. Jin. Jin. Jin. Jin. Jin. Jin. Jin. Jin. JIN!— Cala a boca! – Ele abriu a porta de uma vez encarando Riki que sorriu de canto mordendo os lábios. — O que é?— Vou te levar para o colégio. – Ajeitou a jaqueta dando um sorriso. — Vamos?— Eu tenho moto. A mamãe disse que eu podia ir sozinho. E vou. Porque eu não quero ter que olhar pra sua cara. – Passou por ele seguindo pelo corredor e desceu às pequenas escadas que davam acesso a sala.— Mas eu quero levar você. É seu primeiro dia numa escola nova em anos, pelo amor de Deus. Quero fazer isso porque sou seu irmão mais velho.— Eu tenho dezessete anos e não quero você me seguindo pelo resto dos meus dias nessa cidade gelada que é insuportável – foi rude ao encarar e dizer tudo aquilo para o irmão que cruzou os braços — eu não quero sua ajuda.— Você nem deve saber onde é a escola. - Avisou querendo a todo custo que ele cedesse logo, mas conhecia bem o sangue que corria nas veias do outro, teimosia era seu maior defeito.— Tenho c
— Ela estava beijando o Marcos? – perguntou novamente fazendo Adrian revirar os olhos na direção do loiro que assistia o nada sentado na sala de aula — Você entende a gravidade disso? Ela estava beijando o Marcos, que é um bruxo. Um bruxo!— Porque você não presta atenção na aula? – Adrian estreitou os olhos para o amigo que mesmo tentando prestar atenção numa aula que nem tinha começado, tudo que ele conseguia ver era ela e Marcos no meio do corredor aos beijos como se fossem muito íntimos. — Temos um trabalho a fazer depois do almoço, então você não me vem com problemas do coração pra resolver agora.— Você está falando isso por que não era a Lívia com a língua daquele bruxo na garganta – Adrian ficou sério — eu não estou nem aí se a Raíza passou o verão transado com um monte de vagabundo pra tentar me esquecer, nada justifica ela beijar o bruxo.— A Raíza não passou o verão todo beijando um monte de vagabundo, ela passou comigo. Ela não é esse tipo de pessoa – Fabricio o olhou pela
— Amiga? – Jin abaixou os olhos — sua namorada você quer dizer.— Ela não é minha namorada – Ele falava a verdade, mas não encarou o Romero nos olhos — Era só uma professora, ela me dava aulas de piano, mas eu odeio pianos, então a gente acabou fazendo um monte de besteira. – Ele ficou em silêncio por um momento e então fitou Adrian que estava surpreso e de boca aberta.— Eu não acredito que você conseguiu pegar uma professora sua. Eu te odeio seu idiota. – Socou o ombro dele rindo feito um idiota — Todo mundo nessa escola sonha em pegar uma das professoras, mas elas fingem que não se sentem atraídas. – Jin fechou os olhos dando um longo suspiro enquanto Adrian andava de um lado para o outro — A pessoa mais perto que chegou de pegar o numero de uma professora e dar uns beijos foi o Yan, mas ele levou uma surra do… - do alfa. Adrian engoliu a seco e se ajeitou em pé parando em frente ao Jin. — Tá, pode continuar.— Minha mãe ligou avisando sobre o meu avô Raiden eu peguei minha moto e
— Você acredita no sobrenatural?— Hã? - Ela riu. — Depende; eu acredito que um dia estarei sentada aqui quando Edward Cullen entrar por aquelas portas com seus olhar penetrante e os lábios coloridos.— Gosta de vampiros?— Se você tiver dentes afiados e garras, eu já gamo - ela riu dando uma leve corada, mas Jin não. — O que foi?— Você falou com seu irmão? - Aurora não entendeu, ficou séria procurando no meio de seus pensamentos alguma coisa que pudesse fazer com que aquele diálogo não parecesse tão... ruim. — Espero que não esteja brincando comigo, porque o que aconteceu foi real. Eu juro. - disse simplesmente se levantando da mesa e a deixou sozinha.Aurora primeiramente pensou em ir atrás do moreno que pareceu tão chateado. Não queria ferir seus pensamentos ou deixar que ele pensasse alguma coisa ruim de si.— Droga.— Não acredito que você espantou o boy - Lívia sentou ao lado da garota que só a encarou de canto.— Nem eu acredito que você deu seu número pra ele.— Ele é novato,
— Espera aí - Ele escutou aquela voz novamente ao pé do ouvido, sabia que era Adrian, mas o que acontecia consigo era mais impressionante.Ele sentiu a terra fria em seus pés quando saiu do campo adentrando a floresta. Sua visão turva o impedia de saber por onde estava seguindo, até ser largado em uma pedra qualquer. Adrian se afastou de Jin junto dos outros betas e o assistiu se contorcer e gritar por socorro enquanto via sua própria pele queimar e cair ao seu redor. A primeira transformação doía. Era pesada e animalesca.Sua pele queimava por fora dissecando e deixando os pedaços caírem dando vida aos pelos que aparecia por todo corpo. Adrian assistiu cada pedaço da transformação até mudar a cor de seus olhos para amarelo e os abrir contemplando o lobo em sua frente.As pernas mal podiam ficar de pé. Um filhote em meio à floresta que se assustou até com a queda que levou rolando várias vezes até bater em uma árvore. Os betas o cercaram para que não fosse longe, a fome de um lobo em
— Ele pode mesmo acordar e perder o controle? - Lívia questionou. Não queria passar sua noite olhando pra janela de um lobo amador podendo estar ao lado de Adrian em algum lugar.— Você fez isso quando se transformou. Já que te ajudaram, ajuda alguém agora. Seja uma pessoa boa ao menos uma vez - Mika se sentou no tronco ali perto e fitou a janela e a grande casa nova dos Iakisamoto. — Por que o homem mais bonito dessa casa é gay?— Não sei. E por que eu tô aqui se você é a arma de guerra? Perguntas que nunca saberemos as respostas. - Suspirou entediada e sentou com Mika.— Fomos escolhidas pra fazer a primeira ronda, não acha isso legal? O Alpha é compreensivo, e nunca deixa a gente de lado pelos betas ridículos e queridinhos.— Não acredito que você sente ciúme do Adrian, Yan e do Fabricio - Lívia a encarou e a viu virar o rosto — Mika eles foram criados e treinados pelo Alpha, você quer que ele jogue eles na roda em toda confusão?— Não sinto ciúmes de ninguém, Lívia, mas eu treinei
— O que está fazendo? Se afasta dai - Adrian apareceu puxando seus ombros para o lado e encarou seu rosto — Não corra perigo.— É o Jin, Adrian, abra a porta - Ordenou firme e forte. O ruivo olhou novamente procurando o cheiro, mas havia mudado, não havia mais humano ali. Ouviram as batidas pequenas na porta e Adrian soltou os ombros da irmã para ir até a porta.Devagar ele abriu a porta dando de cara com o Iakisamoto, embora o chuvisco tivesse fraco, com o tanto que andou chegou molhado a pequena varanda do lado de fora. Adrian o chamou apenas com um aceno de cabeça e Jin subiu os degraus entrando na casa para dar de cara com Aurora ao fim da cozinha. Ela sorriu se aproximando devagar, parecia ter medo enquanto chegava.Parada diante dele ela pode sentir o cheiro mais intensamente, guardando o mesmo. Ele mostrava um poder sobrenatural, mas não como o dela, não como de um Alpha. Eles se encararam por alguns minutos até ela erguer a toalha que havia trago. Jin tirou o capuz da cabeça r
Ele havia lhe dado um selinho.Ela havia dado seu primeiro beijo. Sorriu besta tentando desviar o olhar, mas como imã, sua visão sempre voltava para ele e seu cabelo rebelde dormindo tranquilamente.Aurora não dormiu aquela noite apenas olhando para o rosto daquele homem, tão lindo, tão perfeito, com feições sérias e maduras, e agora, com um clã em suas costas embora ele não pudesse dar ordens ou qualquer coisa. Se o poder de um grande Alpha não despertou nele, ela o teria como outro de sua alcatéia. Desviando de seu toque, Aurora sentou na cama e sentiu aquele cheiro. Revirou os olhos se arrastando por entre os lençóis e pisou no chão indo diretamente pra janela.Puxou um pouco da cortina e viu Fabricio de um lado, Yan do outro, ambos de braços cruzados olhando na sua direção. Riu. Culpa-los, não iria. A ligação era forte demais com seus betas. Eles sentiam o perigo ao seu redor, lhe proteger era mais forte que qualquer coisa, instinto era direto.Baixou as cortinas quando escutou al