Sete

Em um momento daquela madrugada, os olhos esverdeados de Aurora Romero se abriram abruptamente. Seu corpo levantou da cama com passadas rápidas até o despertador e desligando antes do mesmo gritar pelo quarto. Suspirou tranquilamente indo até seu guarda-roupa buscar um maior casado que pudesse encontrar e uma calça para vestir. Colocando de qualquer jeito ela saiu do quarto descendo as escadas, parou na sala procurando qualquer ruído, de um lado para o outro, não  encontrou. Correu para a cozinha saindo na porta pequena, a florestava estava nem a sua frente, abaixou para calçar as botas de Adrian jogadas por ali e começou a caminhar.

Olhando no pequeno relógio no pulso, notou que faltava pouco para o primeiro dia de aula e menos ainda para o sol raiar cobrindo os telhados das casas bonitas e bem feitas do Norte. Entrou na floresta pisando na terra firme e quase se atola na primeira lama que encontrou. Deixou um xingamento olhando para todos os lados. Caminhou por mais alguns minutos até parar diante de um tronco de arvore cortado. Andou até ele tocando nas flores que estavam crescendo ao redor. Procurou as iniciais de todos os seus amigos, marcadas com uma faca ou garras… Passou os dedos por cima das suas e sorriu de relance.

Virou devagar esperando pacientemente ele aparecer em sua grande e enorme forma de lobo alaranjado que de pé, era bem maior que Aurora. Na verdade qualquer um era mais alto que Aurora que media um metro e meio. Ela tocou em seu pelo gostoso deslizando até a pata, jogou a capa que havia trazido no chão e virou para voltar ao tronco, analisando as inicias e encarou a sua novamente, ela devia está louca quando fez o pacto com aquele monte de lobo besta.

— Me ouviu chegar? – A voz grossa de Fabricio era eletrizante a penetrando fortemente. Sentou-se no tronco o assistindo se aproximar e não perdeu tempo em abraça-la forte e depositar um gracioso beijo em sua cabeça.

— Senti seu cheiro. – respondeu ao vê-lo sentar ao seu lado e assentir ajustando a capa — Como foi no acampamento militar?

— Foi péssimo. Não sirvo pra andar com uma arma no meu ombro e marchando como um mocinho rico. – Aurora juntou as mãos e virou para Fabricio encarando os fios loiros caindo em seus ombros.

— Você não veio aqui primeiro, não é? – Fabricio olhou pra frente procurando fugir daquela conversa, mas não conseguiria esconder nada de Aurora, mesmo que quisesse. Ela era sua melhor amiga, a única pessoa que o entendia perfeitamente em tantos níveis que nem precisava falar nada.

— Minhas malas ainda estão no carro do meu pai. Eu corri pra casa dela. Estou morrendo de saudade, eu queria seu abraço, seu cheiro, eu quero voltar com ela. Eu fui muito estupido, eu gritei com ela na frente de todo mundo como um troglodita, o homem das cavernas como ela mesma disse. Mas eu amo tanto ela, Aurora. – Aurora tocou em seu ombro — Eu pulei como um louco na sua varanda e a vi entre as cortinas seu corpo estava espalhado na cama vestindo a camisola laranja, aquela que eu mais amo, eu ia entrar, ela estava me esperando… mas eu senti um cheiro diferente… entre os lençóis dela. Eu ri de me mesmo. Sou um babaca.

— Você não é babaca, só tem que aprender a se controlar – Fabricio a encarou com os olhos estreitos e desconfiados. — Digo… Você não precisa ser sempre um lobo.

— Não. – Soou forte — e por que com o Adrian? – Aurora cruzou os braços fazendo bico e desviou o olhar — por que o meu melhor amigo?

— Adrian e Lívia têm brigado diariamente. E quando você foi embora a Raíza começou há passar mais tempo comigo e sempre chorava no meu colo dizendo que tinha muita saudade de você, e tudo mais. – Fabricio riu um pouco — Lembro-me de ter saído com o Gusta e o Yan para o cinema e quando cheguei, eles estavam transando na minha cama. – Fabricio se surpreendeu. — Isso mesmo, uma cena de horror.

— Ah, a virgem Maria viu duas pessoas transando. Oh… - bateu no ombro da garota que o bateu de volta — tá, entendi, estou querendo zoar com sua cara, mas isso veio como uma estaca no meu coração. – Os dois riram — Como eu posso conquista-la de novo?

— Você não precisa conquistar ela, Raíza te ama. Vocês são suas metades. – ele ficou calado por um tempo, pensativo. – Tenho que te contar várias coisas novas. Tem uma nova família aqui no Norte e o um lobo não transformado. A família Iakisamoto perdeu seu alpha em uma disputa por território e eles fugiram pra cá. Querem ajuda… A ajuda do alpha pra uma vingança. Mas primeiro, parece que vocês precisam fazer o mais novo se transformar.

— Adoro socar os outros – Fabricio riu maligno — prefiro socar ele a meu melhor amigo.

— AURORA – em um grito de desespero Adrian apareceu entre os galhos empurrando cada um e parou em frente aos dois. Aurora respirou fundo pelo susto e riu quando encarou o irmão — quer me matar? Eu vim da casa da Lívia correndo porque você não estava na cama.

— Como você sabe que eu não estava na cama? – Adrian olhou dela para Fabricio e riu.

— Porque da casa da Lívia não da pra sentir seu cheiro, e eu senti – ele parou entre os dois e sorriu para Fabricio — Só uma vez. Eu há deixei muito tempo com o Yan eu estava com saudade.

— Você não deixou nada. – Aurora levantou ficando em cima do tronco olhando para os dois — ela estava com ele porque queria. E você – virou para Fabricio o chutando para fora do tronco — Não vai dormir com a Lívia, vocês tem que parar de ficar dormindo com todas as garotas do colégio.

— A gente não dorme com todas as garotas do colégio. Eu não dormi com nenhuma garota além da Raíza. Ela foi à única. – Cruzou os braços olhando para Adrian da cabeça aos pés.

— Que? Eu não durmo com as garotas do colégio. Eu transaria com a capitã das lideres do torcida, mas ela é a minha irmã – Os dois se encararam. — E se a Lívia não existisse, eu só pegaria as lobas, elas não têm limite, estão sempre querendo mais e mais, são tão… - ele parou de falar quando encarou Aurora de braços cruzados e uma expressão de nojo. — Tão legais. Né?

— Yan – Aurora suspirou o nome do ruivo que se aproximava a passos lentos, os olhos quase fechados — eu não estava esperando nenhum de vocês dois. Vim receber Fabricio como meu melhor amigo.

— E eu vim aclamar a alpha da minha vida, ê… – Yan parou ao lado dos outros dois — ô poderosa deusa – bocejou — tenho que ir para o colégio, minha mãe acha que eu vou crescer e sair do Norte pra algum lugar e me tornar um médico.

— Isso é muito legal. – Aurora disse animada, mas claramente aquilo não era o que o ruivo queria — mas você pode ficar aqui e ser enterrado pela floresta como o resto dos lobos quando morrer. Como você desejar.

— O sol nasceu, embora eu não esteja vendo ele – Yan começou, bocejando novamente. — O que a gente faz com o moleque?

— Por que você está tão cansado? – Yan, pela primeira vez na conversa abriu mais os olhos encarando Aurora, sinceramente, seu silêncio para Aurora era como lhe obrigar a ver uma cena de pornô — transformem Jin Iakisamoto em um lobo.

— Você decorou bem o nome dele, pelo visto – Adrian disse olhando atentamente para a irmã — não precisa ficar perto dele. Eu dou meu jeito. Meu trisal está de volta.

— Achei que seu trisal fosse você a Lívia e a Raíza – Yan falou ganhando o olhar de todo mundo, principalmente de Fabricio que revirou os olhos dando um último beijo no rosto de Aurora e sumiu entre as árvores.

— Eu não sei como vocês ainda são melhores amigos. Se uma das garotas dormissem com o garoto que eu gosto eu a mataria – foi sincera.

— Primeiramente… somos Betas de uma loba alpha que merece nosso respeito, nossa guarda, nossas vidas. Você vem em primeiro lugar na nossa vida não importa o resto – Aurora cruzou os braços e assentiu para Adrian. — Outra coisa… Quem é o garoto que você gosta?

— É só pra saber? – Yan estralou os dedos interessado na conversa.

Aurora os encarou por um momento e correu rápido os deixando pra trás.

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