— Jin. Jin. Jin. Jin. Jin. Jin. Jin. Jin. Jin. JIN!
— Cala a boca! – Ele abriu a porta de uma vez encarando Riki que sorriu de canto mordendo os lábios. — O que é?
— Vou te levar para o colégio. – Ajeitou a jaqueta dando um sorriso. — Vamos?
— Eu tenho moto. A mamãe disse que eu podia ir sozinho. E vou. Porque eu não quero ter que olhar pra sua cara. – Passou por ele seguindo pelo corredor e desceu às pequenas escadas que davam acesso a sala.
— Mas eu quero levar você. É seu primeiro dia numa escola nova em anos, pelo amor de Deus. Quero fazer isso porque sou seu irmão mais velho.
— Eu tenho dezessete anos e não quero você me seguindo pelo resto dos meus dias nessa cidade gelada que é insuportável – foi rude ao encarar e dizer tudo aquilo para o irmão que cruzou os braços — eu não quero sua ajuda.
— Você nem deve saber onde é a escola. - Avisou querendo a todo custo que ele cedesse logo, mas conhecia bem o sangue que corria nas veias do outro, teimosia era seu maior defeito.
— Tenho celular e GPs – ajeitou a jaqueta de couro negro nos ombros e pegou as chaves da moto junto do capacete. — Não precisa me seguir.
— E você vai sozinho?
— Eu tenho um amigo, - Riki se surpreendeu e foi se aproximando — conheci ontem à noite e eu tenho que falar com ele assim que chegar lá.
— Ah você tem um amigo? – Se sentiu ofendido — E você por acaso vai me dizer quem é? Porque eu sou o seu melhor amigo, meu querido irmão. E ninguém vai tomar esse lugar. – Jin abriu a porta e virou para o irmão.
— Não sou mais criança. A gente se mudou do nada. Não tenho mais o meu avô. Ficam acontecendo coisas estranhas com meu corpo que ninguém quer acreditar. Minha vista fica mudando de cor, meus olhos ficam amarelos, igual os olhos de Adrian Romero – Riki arregalou os olhos dando alguns passos para trás — ele é meu amigo, e eu vou atrás de falar com ele.
Bateu a porta de uma vez fazendo o moreno dar um pulo pelo barulho.
Riki revirou os olhos voltando a subir as escadas até seu quarto e bateu a porta igual ao irmão mais novo. Seus olhos caíram sobre a cama e não foi nada gentil em puxar os lençóis de uma vez descobrindo o outro corpo e começou a pular em cima dela até Yoshi acordar.
— Passei a noite vigiando o Jin queria poder dormir mais um pouco, se você deixar. – Olhou para o marido em pé em cima da cama e se arrastou até sentar — o que foi?
— Jin tem um amigo novo na cidade em que acabamos de chegar sem nem mesmo ter seu primeiro dia de aula.
— Que bom. Posso dormir?
— O amigo dele é Adrian Romero – Yoshi continuou a olhar para o homem sem entender nada — O mesmo carinha que você se sentiu atraído.
— Riki eu não me senti atraído pelo Beta do alpha, você ficou maluco? – Riki sentou direito na cama encarando o outro. — Não acredito que isso vai deixar você maluco? É ciúme? Do Jin, de mim, pelo amor de Deus, ninguém vai te trocar por ninguém principalmente eu. Então para de enlouquecer.
Riki ficou o encarando por mais alguns segundos e desviou para a janela encarando a floresta atrás da casa e o sol que não nasceria nunca mais naquela cidade pequena, e pelo visto, mais fria que o coração do Jin.
— Não estou com ciúme de você – disse calmamente — Estou preocupado com o Jin, ele não se transforma, e se fizer isso sozinho pode acabar matando alguém. E se ele matar alguém o alpha pode matar o meu irmão, e eu nem sei quem é esse alpha. Eu só estou preocupado. Eu não tinha essas coisas quando Raiden estava vivo, ele cuidava de tudo. A gente o perdeu e ele era um homem forte, Jin nem sabe que é um lobo, pode ser uma isca fácil.
— Você pediu ajuda para transformarem o Jin, o Adrian vai fazer isso acontecer e deixa o garoto, ele recebe ordens diretas do alpha.
— Ah, então eu vou segui-lo – Riki desceu da cama dando um riso diabólico — Se ele recebe ordens diretas do alpha, isso quer dizer que em algum momento eles vão se encontrar. – Yoshi deitou na cama se cobrindo até a cabeça, não iria discutir com Riki, ele que fizesse o que desejasse.
Jin desceu da moto olhando cada rosto com atenção. Queria encontrar Adrian e o cercar até fazer a pergunta corretamente. Não iria chegar e dizer que viu os olhos deles amarelos e que queria entender o porquê daquilo e contar também que os dele ficam dessa forma por alguns minutos quando seu corpo esquenta como se estivesse febril. Oh. Ódio.
— Bela moto. – Duas garotas passaram pelo moreno o encarando dos pés a cabeça.
Jin riu falsamente tirando o capacete e seguiu pelo gramado até a entrada da escola. Os corredores estavam lotados de pessoas e pelo visto, Adrian não era o único garoto ruivo naquele lugar. Encontrou alguns rostos quase que conhecidos, os mesmos que viu na noite passada enquanto era derrubado ou molhado por uma rajada de água gelada.
Droga.
Continuou a olhar para os rostos procurando por Adrian quando em meio todas aquelas garotas e os meninos que passavam por si. Jin enxergou ao longe uma garota, e com certeza não era uma das comuns. O Iakisamoto ajeitou a alça da bolsa quando a menina simplesmente jogou o cabelo longo e róseo ou ruivo, mas parecido com rosa para trás de suas costas com um sorriso largo e tão inocente enquanto desfilava pelos corredores ao lado de algumas garotas. Jin por um momento achou eu estivesse somente ele e ela naquele corredor e sua visão ficou mais ilusória quando seus olhos se encontraram.
Ele deu um passo para trás sem acreditar que os olhos esverdeados estavam em sua direção e não somente os olhos, como o sorriso veio para si. E como se já não estivesse tão intrigado com a garota de olhos bonitos, suas pernas começaram a caminhar pelo corredor desfilando em seu rumo. Ele desviou o olhar para todo lado, mas nada conseguiu o prender senão ela.
A sensação de estar hipnotizado e preso num canto como se tivessem passado cola no chão o pegou de surpresa, além de tudo, o sorriso dela era incrivelmente pelo como se aquecesse seu coração, alguma coisa dentro de si mudou, ele soube na mesma hora que o perfume doce chegou a suas narinas o levando a outro mundo. Céus, que garota era aquela?
— Olá? – Sua voz melodiosa penetrou a mente de Jin e tudo que ele conseguiu fazer foi fita-la de cima a garota bonita e diferente usando o uniforme das líderes de torcida era tão baixinha que chegava a ser engraçado. Ele riu bobo coçando sua cabeça até a boca carnuda dela abria e fechava com um sorriso lindo… lindo demais. — Eu sou Aurora.
— Sou Jin, Jin Iakisamoto – disse quando finalmente conseguiu acordar — e você tem olhos bonitos – Aurora sorriu abaixando a cabeça — quer dizer, sua boca… seu… você? – Parou de falar quando ela o encarou sorrindo — deixa pra lá.
— Eu sou Aurora, e já que você não completou nenhuma dessas frases eu vou falar – ela jogou novamente os longos cabelos rosados para trás fazendo Jin entortar o pescoço para o lado analisando seus movimentos bonitos. Era tão lindinha… — Eu sou do comitê de boas vindas e vim receber você… Eba! – bateu palminhas toda animada e Jin só conseguia ficar parado encarando seu rosto angelical. Era como um anjo? — Tenho que te apresentar a escola.
— Obrigado. – Respondeu e viu Aurora lhe dar as costas para começar a andar, ele a seguiu.
— Aqui como você já percebeu, é o corredor. Na secretaria vão lhe dar o número do armário que você vai usar. E não precisa ficar tímido com todos esses olhares, não é porque você está com o cabelo bagunçado ou a roupa do lado errado – parou de andar e Jin parou ao seu lado também, ambos se encararam — não temos um aluno novo a mais de três anos. E todo mundo quer te conhecer e nem é porque você é bonito.
— Você acha que eu sou bonito? – Aurora abriu a boca para falar e fechou novamente, corou e abaixou a cabeça — é porque você também é muito bonita, era o que eu ia dizer antes de não conseguir completar nenhuma frase… - Aurora voltou a encará-lo — não tenho interesse em ser popular.
— Hm, isso é… bom eu acho. E no que você tem interesse? No jornal da escola? Ou só em garotas? Em motos? Vi que chegou em uma e na escola temos aulas de mecânica, você vai gostar. Mas se preferir pode entrar para o nosso time de líder de torcida, animar é nossa paixão. – Aurora levantou um dos braços, uma pose que fazia parte da sua coreografia, Jin riu. — Mas se também não quiser entrar para nenhuma dessas coisas, tem o time da escola, todo mundo prefere o time do lacrosse.
Lacrosse.
Adrian.
— Ah é isso. – disse rápido ao lembrar-se do que realmente foi fazer na escola — Eu tenho interesse em entrar no time, ou fazer testes, não ligo, desde que eu possa falar com o capitão.
— O capitão? – Aurora perguntou estranhando aquilo. Porque Jin queria falar com seu irmão? — Nosso capitão de chama Adrian Romero, que… por acaso, é meu irmão.
— Ela estava beijando o Marcos? – perguntou novamente fazendo Adrian revirar os olhos na direção do loiro que assistia o nada sentado na sala de aula — Você entende a gravidade disso? Ela estava beijando o Marcos, que é um bruxo. Um bruxo!— Porque você não presta atenção na aula? – Adrian estreitou os olhos para o amigo que mesmo tentando prestar atenção numa aula que nem tinha começado, tudo que ele conseguia ver era ela e Marcos no meio do corredor aos beijos como se fossem muito íntimos. — Temos um trabalho a fazer depois do almoço, então você não me vem com problemas do coração pra resolver agora.— Você está falando isso por que não era a Lívia com a língua daquele bruxo na garganta – Adrian ficou sério — eu não estou nem aí se a Raíza passou o verão transado com um monte de vagabundo pra tentar me esquecer, nada justifica ela beijar o bruxo.— A Raíza não passou o verão todo beijando um monte de vagabundo, ela passou comigo. Ela não é esse tipo de pessoa – Fabricio o olhou pela
— Amiga? – Jin abaixou os olhos — sua namorada você quer dizer.— Ela não é minha namorada – Ele falava a verdade, mas não encarou o Romero nos olhos — Era só uma professora, ela me dava aulas de piano, mas eu odeio pianos, então a gente acabou fazendo um monte de besteira. – Ele ficou em silêncio por um momento e então fitou Adrian que estava surpreso e de boca aberta.— Eu não acredito que você conseguiu pegar uma professora sua. Eu te odeio seu idiota. – Socou o ombro dele rindo feito um idiota — Todo mundo nessa escola sonha em pegar uma das professoras, mas elas fingem que não se sentem atraídas. – Jin fechou os olhos dando um longo suspiro enquanto Adrian andava de um lado para o outro — A pessoa mais perto que chegou de pegar o numero de uma professora e dar uns beijos foi o Yan, mas ele levou uma surra do… - do alfa. Adrian engoliu a seco e se ajeitou em pé parando em frente ao Jin. — Tá, pode continuar.— Minha mãe ligou avisando sobre o meu avô Raiden eu peguei minha moto e
— Você acredita no sobrenatural?— Hã? - Ela riu. — Depende; eu acredito que um dia estarei sentada aqui quando Edward Cullen entrar por aquelas portas com seus olhar penetrante e os lábios coloridos.— Gosta de vampiros?— Se você tiver dentes afiados e garras, eu já gamo - ela riu dando uma leve corada, mas Jin não. — O que foi?— Você falou com seu irmão? - Aurora não entendeu, ficou séria procurando no meio de seus pensamentos alguma coisa que pudesse fazer com que aquele diálogo não parecesse tão... ruim. — Espero que não esteja brincando comigo, porque o que aconteceu foi real. Eu juro. - disse simplesmente se levantando da mesa e a deixou sozinha.Aurora primeiramente pensou em ir atrás do moreno que pareceu tão chateado. Não queria ferir seus pensamentos ou deixar que ele pensasse alguma coisa ruim de si.— Droga.— Não acredito que você espantou o boy - Lívia sentou ao lado da garota que só a encarou de canto.— Nem eu acredito que você deu seu número pra ele.— Ele é novato,
— Espera aí - Ele escutou aquela voz novamente ao pé do ouvido, sabia que era Adrian, mas o que acontecia consigo era mais impressionante.Ele sentiu a terra fria em seus pés quando saiu do campo adentrando a floresta. Sua visão turva o impedia de saber por onde estava seguindo, até ser largado em uma pedra qualquer. Adrian se afastou de Jin junto dos outros betas e o assistiu se contorcer e gritar por socorro enquanto via sua própria pele queimar e cair ao seu redor. A primeira transformação doía. Era pesada e animalesca.Sua pele queimava por fora dissecando e deixando os pedaços caírem dando vida aos pelos que aparecia por todo corpo. Adrian assistiu cada pedaço da transformação até mudar a cor de seus olhos para amarelo e os abrir contemplando o lobo em sua frente.As pernas mal podiam ficar de pé. Um filhote em meio à floresta que se assustou até com a queda que levou rolando várias vezes até bater em uma árvore. Os betas o cercaram para que não fosse longe, a fome de um lobo em
— Ele pode mesmo acordar e perder o controle? - Lívia questionou. Não queria passar sua noite olhando pra janela de um lobo amador podendo estar ao lado de Adrian em algum lugar.— Você fez isso quando se transformou. Já que te ajudaram, ajuda alguém agora. Seja uma pessoa boa ao menos uma vez - Mika se sentou no tronco ali perto e fitou a janela e a grande casa nova dos Iakisamoto. — Por que o homem mais bonito dessa casa é gay?— Não sei. E por que eu tô aqui se você é a arma de guerra? Perguntas que nunca saberemos as respostas. - Suspirou entediada e sentou com Mika.— Fomos escolhidas pra fazer a primeira ronda, não acha isso legal? O Alpha é compreensivo, e nunca deixa a gente de lado pelos betas ridículos e queridinhos.— Não acredito que você sente ciúme do Adrian, Yan e do Fabricio - Lívia a encarou e a viu virar o rosto — Mika eles foram criados e treinados pelo Alpha, você quer que ele jogue eles na roda em toda confusão?— Não sinto ciúmes de ninguém, Lívia, mas eu treinei
— O que está fazendo? Se afasta dai - Adrian apareceu puxando seus ombros para o lado e encarou seu rosto — Não corra perigo.— É o Jin, Adrian, abra a porta - Ordenou firme e forte. O ruivo olhou novamente procurando o cheiro, mas havia mudado, não havia mais humano ali. Ouviram as batidas pequenas na porta e Adrian soltou os ombros da irmã para ir até a porta.Devagar ele abriu a porta dando de cara com o Iakisamoto, embora o chuvisco tivesse fraco, com o tanto que andou chegou molhado a pequena varanda do lado de fora. Adrian o chamou apenas com um aceno de cabeça e Jin subiu os degraus entrando na casa para dar de cara com Aurora ao fim da cozinha. Ela sorriu se aproximando devagar, parecia ter medo enquanto chegava.Parada diante dele ela pode sentir o cheiro mais intensamente, guardando o mesmo. Ele mostrava um poder sobrenatural, mas não como o dela, não como de um Alpha. Eles se encararam por alguns minutos até ela erguer a toalha que havia trago. Jin tirou o capuz da cabeça r
Ele havia lhe dado um selinho.Ela havia dado seu primeiro beijo. Sorriu besta tentando desviar o olhar, mas como imã, sua visão sempre voltava para ele e seu cabelo rebelde dormindo tranquilamente.Aurora não dormiu aquela noite apenas olhando para o rosto daquele homem, tão lindo, tão perfeito, com feições sérias e maduras, e agora, com um clã em suas costas embora ele não pudesse dar ordens ou qualquer coisa. Se o poder de um grande Alpha não despertou nele, ela o teria como outro de sua alcatéia. Desviando de seu toque, Aurora sentou na cama e sentiu aquele cheiro. Revirou os olhos se arrastando por entre os lençóis e pisou no chão indo diretamente pra janela.Puxou um pouco da cortina e viu Fabricio de um lado, Yan do outro, ambos de braços cruzados olhando na sua direção. Riu. Culpa-los, não iria. A ligação era forte demais com seus betas. Eles sentiam o perigo ao seu redor, lhe proteger era mais forte que qualquer coisa, instinto era direto.Baixou as cortinas quando escutou al
— A primeira transformação é dolorosa, você iria sentir cedo ou tarde. Não tenho culpa se sua família não o preparou. Os métodos do Alpha para transformações forçadas são dolorosas. Na verdade, tudo que vem do Alpha é doloroso.— Você o conhece? Meus pais disseram que vieram para o Norte para ter o auxílio desse Alpha e pedir ajuda para uma vingança, mas ele não apareceu para eles.— O Alpha não é muito de mostrar sua cara, mas pode acreditar, no momento em que você mais precisar de ajuda, ele vai brotar do chão somente para te salvar. Ele é confiável, uma pessoa que você tem o prazer de dar sua vida sem pensar duas vezes. Somos devotos a ele como o nosso deus na terra. - Jin a olhava de perfil notando a forma como a garota falava do tal Alpha — E é por isso que ele não sai por aí mostrando quem realmente é. Caso contrário, muitas pessoas tentariam o matar, como já vieram, mas morreram de uma forma tão desastrosa.— Você também é?— Sim, e a primeira na fila para substituir qualquer u