Os portões foram abertos às pressas.
A chuva que caia era demasiadamente assustadora e diferente naquela noite. Os olhares dentro do carro se cruzaram por segundos, sabiam que algo estava errado, e ainda assim seguiram em frente. Nada poderia fazer com que os homens parassem seu caminho. Aquele era seu dever. Pararam o carro quando enxergaram mais a frente o bando maior que já conheceram. Os faróis foram apagados e em segundos o carro desligado.
— Tem certeza que devemos fazer isso? – Riki questionou ao pai que deu outra olhada para os homens e viu ao longe seu alpha.
— Sim devemos. O alpha é nossa prioridade. – Deu seu ultimato fazendo o filho pular para fora do carro rapidamente batendo a porta. Os olhares dos homens em sua frente o seguiram enquanto caminhavam pra perto. Seu alpha estava amarrado, como se fosse o mais fraco de todos ali, mas era o contrario. Oh com certeza.
— Achei que demorariam um pouco mais. Fico feliz que tenham conseguido chegar logo. Seu alpha não fala muito, e amarrado dessa forma não é interessante para mim. – Takashi apareceu atrás de um de seus homens, andando devagar com seu sorriso no rosto. — Akira e Riki Iakisamoto os betas mais importantes. Sejam bem-vindos.
— Diga logo o que quer. Não viemos aqui perder tempo – Riki empinou o nariz. Odiava esperar, odiava todas as coisas que aconteciam desde que acordou naquela manhã. — devolva nosso alpha.
— Vocês não devem mais nada a esse homem. – Takashi chegou até ele trazendo Raiden, o Alpha amarrado junto de si. — Temos diferenças, pequeno Beta, tantas diferenças e resolvemos tudo com conversas aleatórias. Embora ele não fale muito. – Akira e Riki se olharam, e voltaram a Takashi — seu alpha estará recusando o título, e devolverá o território a nossa alcateia do sul ao clã Yumura, nós fomos o primeiro. – Os dois homens deram um passo para trás.
— Nós conquistamos esse território. Ele não pode mais ser tomado. – Riki bradou ativando suas garras, sua única vontade era de rasgar o rosto daquele homem em mil pedaços, não importaria o resto.
— Seu alpha preza pela vida. Ou ele declina de seu título, ou acabamos com todos vocês. – Riki encarou Raiden com afinco. O que aquilo queria dizer? — E quando eu digo todos, eu estou falando de todos os lobos da alcateia Iakisamoto… Os que se transformam, e os que não deram sinais nenhum de que será um lobo um dia – Os três Iakisamoto rosnaram para cima do homem, e Raiden, mesmo amarrado se aproximou de seus betas o suficiente para fazer ambos se afastarem cada vez mais de Takashi e abaixarem ao seu encontro.
— Façam o que ele manda. – ordenou com os olhos vermelhos como fogo. — Nossa família é grande, mas não o suficiente para derrotar quatro alcateias que buscam territórios aleatórios. Pensem nos outros, - ele fitou Riki — pensem no Jin. – Os dois recuaram rapidamente escondendo suas garras, presas, tudo. Raiden assentiu puxando seus pulsos para que as cordas se arrebentassem, encarou Takashi escondendo os olhos vermelhos e abaixou a cabeça. — Esse não é o fim.
— Não. É apenas o começo. – Em um único passe Takashi cravou suas garras sobre o estomago de Raiden trazendo dor ao Iakisamoto e aos betas que gemeram. O instinto de proteção foi mais forte e se meteram no meio para protegerem aquele que os guiava, mas o ruim de não receber os comandos do Alpha em uma batalha simples que fosse, é que você age por instinto, rapidamente os betas foram presos por outros lobos, os impedindo de chegar a Raiden.
Takashi tinha conseguido o que queria. Raiden era a chave da destruição da alcateia Iakisamoto, sem ele, aquele bando não era nada. Alguns se juntariam a sua, mas outros iriam embora, principalmente a família principal.
— Você não vai se livrar disso – Takashi soltou o corpo de Raiden que caiu rapidamente chamando atenção de seus betas imobilizados. Cuspiu sangue sabendo que as feridas de um alpha demorariam a cicatrizar e ele jamais poderia fugir do destino a qual estava chegando. — Os Iakisamoto não serão os únicos que terá que enfrentar. – as últimas palavras de Raiden deixou Takashi com uma pulga atrás da orelha, no entanto, o último golpe contra a garganta de Raiden o levou a vitória de uma guerra de mais de dez gerações.
Matando um Alpha de uma alcateia imensa que logo, logo estaria em suas mãos no território do sul. Respirou fundo virando para os betas completamente surpresos. Aquele morto ali, não era o verdadeiro Raiden que conheceram um dia, o seu Alpha lutaria até o último momento, então porque desistiu e deixou-se morrer?
— Soltem-nos – seus lobos soltaram os betas que apenas caíram no chão — saiam ainda essa noite e levem todos os membros da sua família imunda. O lado Sul foi tomado de volta pela alcateia Yumura.
Avisou aos outros e junto de seus lobos sumiram com rapidez deixando os betas no chão. Aos poucos, Akira foi o primeiro a conseguir se erguer abaixou-se apenas quando estava diante do alpha encarou o corpo jogado no chão e voltou-se ao filho que ficou de pé.
— Vamos embora. - Pediu sabendo que aquela frase não era típica do seu vocabulário. Mas com o seu Alpha e pai morto, ele precisava de um tempo para organizar e continuar.
— Ir embora? – Riki se aproximou — ele matou nosso alpha, e você fala assim “vamos embora” como se fosse normal. O que você quer ser? O líder? Você quer ser o alpha? O que precisamos agora é de-
— Um alpha – Riki se abaixou perto de Raiden, a ligação que tinha com aquele homem era grande, além de ser seu alpha, era o seu avô tudo e tudo que aprendeu foi com o homem jogado ao chão. — O lado norte tem um alpha o mais forte em quatro gerações. Nós vamos para lá, e voltaremos em outro momento para nossa vingança. Os Iakisamoto precisam de um tempo para pensar, reunir e depois agir, não importa o que pensa agora, temos que ir embora.
Riki assentiu.
Eles poderiam estar indo agora, mas voltariam com a vingança.
*
— E o que você acha desse aqui? – A mulher surgiu girando no quarto parando somente quando chegou à cama, com as mãos na cintura, ela pousou para outra foto tirada por seu namorado. — Eu comprei quando passei uma temporada na cidade dos meus pais, lá é quente demais, por isso as roupas tem poucos tecidos – foi se aproximando devagar – o que você achou?
— Você fica perfeita dentro de tudo. – Ele levantou quando ela esticou suas mãos para o tocar. — Eu tenho que ir embora agora, já está tarde – pegou sua mochila ao lado da cama.
— Jin, da pra você ficar aqui hoje? Está chovendo e não é legal ficar andando por aí sozinho – pediu ao deitar na cama. A camisola era encantadora, e os seios enormes daquela mulher que mal cabiam em sua mão o excitavam, mas…
— Não estou muito bem hoje – avisou abaixando a cabeça, sua pele estava queimando como se ardesse em febre, mas se sentia bem. — Só preciso ir pra casa.
— Você sabe que como sua professora eu poderia ordenar que ficasse até a hora que desejar. – ela se aproximou mais jogando seu cabelo ruivo para trás. Segurou o rosto do garoto o beijando com ardor, mas esse fogo foi acabando quando sentiu a quentura da sua pele. — Jin, você está com febre, não pode sair nessa chuva.
— E o que quer que eu faça? – ele guardou a câmera na bolsa e ajeitou nas costas — eu estou do moto, vou rápido. Não posso dormir aqui, não avisei ninguém de casa. E eu vim aqui, só estudar piano.
— Você odeia piano, mas você pode me tocar, - riu malicioso, e antes de cair aos encantos da mulher por qual havia nutrindo um sentimento sexual além do que podia o celular vibrou dentro da bolsa. — Droga.
— Oi – ele atendeu rapidamente e a voz chorosa de sua mãe e uma estranha faladeira em sua casa o deixou surpreso. — Mãe? O que aconteceu? – ele encarou Mei que já havia voltado para cama, e tirava o sutiã. — Eu estou indo. - Desligou o celular.
— Ah não, fica, está chovendo.
— Raiden, meu avô, morreu – Mei arregalou os olhos, desnorteada com a notícia, — Eu vou embora.
Saiu do quarto batendo a porta, desceu as escadas pegando o capacete na entrada e saiu da casa correndo até sua moto. Não ligou para as gotas de água que molhavam suas roupas. O ronco do motor soou como música e suas curvas foram feitas em alta velocidade. Enquanto dirigia sua pele aqueceu ainda mais, embora estivesse na chuva, ele estava pegando fogo. Encarou-se bravamente e voltou-se para frente outra vez. Suas mãos suaram dentro das luvas e ele soltou o guidom tentando entender.
— Que merda é essa? – quando voltou a olhar para frente, a cor de todas as ruas tinham mudado. Ele se desequilibrou caindo em questão de segundos. Seu corpo rolou pelo chão até bater contra a parede um muro e voltou para perto da pista. — MERDA!
Gritou furioso tentando sentar. Seu braço estava doendo e os joelhos estavam cheios de sangue. — Merda, merda – sacou o celular da bolsa se afastando do asfalto, a chamada de emergência deu direto para seu irmão mais velho. — Riki, eu preciso de ajuda, eu caí de moto não consigo levant- - Jin olhou novamente para seu joelho procurando as feridas — AH MEU DEUS! AH MEU DEUS, ESTÁ SE CURANDO? ESTÁ SE CURANDO, CURANDO, CUR- - O soco que levou na cabeça o fez desmaiar na hora.
— Amadores. - O homem se abaixou perto do moreno desmaiado o girando para ficar de frente. Jin era o mais jovem do clã e com certeza o único que daria trabalho para aceitar o que iria acontecer dali para frente. Olhou para o celular jogado e escutou ao longe uma voz conhecida, pegou o mesmo. — Riki? Relaxa, estou o levando pra casa.
*
O despertador soou outra vez em sua cabeça trazendo-a de volta para a realidade mesmo quando queria somente deitar e dormir. Soltou um dos braços para desligá-lo e girou na cama jogando suas pernas para fora. Queria poder passar mais tempo na cama, tipo, o dia todo se fosse possível. Mas pelo visto, teria que se acostumar novamente com a ideia de acordar antes das sete, pois longo mais as aulas iriam começar.
Largou-se de seus lençóis cor de rosa para ir até a janela abrindo as cortinas para encarar a rua graciosa a qual morava. Bastou aparecer na janela de vidro para que o celular começasse a tocar enchendo sua caixa de mensagens e o notebook lhe informar que uma chamava de vídeo estava marcada. Correu até o Notebook se sentando para aceitar a chamada e dar de cara com Lívia, uma de suas melhores amigas. Jogou o cabelo para trás soltando um largo sorriso.
— Bom dia Lívia, por que já está pronta? Andou dormindo na casa de quem?
— Muito engraçado. Mas não estavam com ninguém tão importante. O que quer ligando tão cedo?
— Porque está de mau humor? Ah já sei, porque você não está dormindo o seu destino.
— Ele também está dormindo com outra. Com a Raíza. - Rapidamente a segunda tela apareceu entrando mais uma garota no chat. — Raíza, estava falando de você agora mesmo.
— Se for sobre homem, dispenso a fofoca matinal. - Reclamou — O que aconteceu, Aurora?
— Só liguei para relembrar que hoje na entrada da cidade vamos montar a barraca de venda-
— Para a arrecadação de suprimentos para as famílias carentes - Raíza e Livia repetiram o que Aurora vinha falando há dois meses.
— Isso mesmo.
Aurora fechou a tela do notebook e acabou com a pequena discussão.
Depois de um banho se arrumou e saiu do quarto procurando por seu irmão, que tentava a todo custo ajustar um pudim mal feito em cima da mesa.
— Bom dia Aurora. Brigando com suas amigas logo cedo? - Ela sentou em uma das cadeiras assistindo o cuidado do outro em tirar a forma para o pudim sair inteiro, porém, se desmanchou por inteiro meio segundo depois. — Que droga!
— Você não sabe cozinha. Porque ainda tenta?
— Porque quando não dar certo eu posso comer. - Enfiou uma quantidade considerável na boca e riu.
— Você já é bonito, não precisa saber cozinhar.
— A Lívia sabe cozinhar muito bem. Que milagrosamente é seu destino.
— Lívia está saindo com outro homem e eu estou bem com isso.
— Não está não. Anda dormindo com todas as líderes de torcida, até com as melhores amigas dela.
— E eu vou pegar mesmo, a única que não posso dormir é a capitã, porque é a minha irmã. - Bradou mais zangado ainda jogando o prato vazio na pia. E paralisou no lugar.
— Adrian, o que foi?
— Tem alguém se aproximando - Aurora estreitou os olhos — Não saía de casa sozinha.
— Tudo bem… Mas não esquece que hoje à noite na entrad-
— Da cidade tem a arrecadação para as famílias carentes e blá, blá, blá - Abriu a porta e saiu.
Aurora levantou para acompanhar a sombra do irmão até ele cruzar o quintal e começar a correr entre quatro patas e se meter na floresta, não demorou mais de oito minutos para escutar Adrian uivar passando informações.
“está quente, eu estou quente. O que está acontecendo?”“a rua, a rua está toda molhada”.“chuva está intensa, estou molhado. Estou acabado”.“curando, estava tudo se curando”.“- Riki, eu, eu, eu, eu”.— EU ESTOU CURANDO – Sentou na cama tão rápido que o folego quando o prendeu novamente. Iori saltou da poltrona ao lado parando em sua frente e Jin a fitou respirando fundo até se acostumar com tudo e ficar calmo. — Mãe?— Jin, querido. Você está bem? Sente alguma coisa? Vou chamar o médico – avisou e saiu do quarto. Jin passou a mão na cabeça procurando saber como diabos ele foi parar ali se lembrava de muito bem de estar na chuva, e sua perna… sua perna. Tirou o lençol das pernas procurando pelas feridas. Ele sabia, tinha se curado.— Jin? – Ele ergueu a cabeça — Finalmente acordou. Achei que dormiria mais um pouco.— Você viu isso, Yuri? Viu? Minhas pernas estão curadas. Eu estou curado.— Hã? - ele encarou Jin, depois Iori que deu de ombros cruzando os braços — e porque você estari
Depois de uma longa conversa com Jin que durou exatamente vinte e dois minutos e nenhum segundo a mais, Riki o viu chutar a porta da frente de casa para sair da mesma sendo seguido por Iori e Akira que tentavam o acalmar. Claro que Jin seria o primeiro a retrucar o fato de que teriam que se mudar. Ele era um dos garotos populares da escola, o capitão do time, pegava mais da metade das garotas e somente Riki e Yoshi sabiam que as aulas de piano eram apenas uma desculpa para foder com a professora de peitos grandes.Assim que entrou no carro, bateu a porta outra vez como todo adolescente aborrecido com os acontecimentos presentes. Riki o encarou mais vezes que Yuri que tratou de colocar os fones e escutar sua música, aquela discussão familiar ele passaria com gosto. Mais do que qualquer um ali dentro do carro, Yuri queria chegar ao Norte, conhecer o alfa daquelas terras e trazê-lo para enformar, esfolar, esquartejar Takashi o homem que assassinou seu pai, seu alfa, um elo do seu poder.
— O lado Norte – a voz de Yuri chegava como espinhos nos ouvidos de Riki que não aguentava mais está no mesmo lugar que aquele homem que por coincidência era seu tio, irmão do seu marido… Da família. — O norte do país. Uma pacata cidade cheia de lobisomens que seguem um alfa desconhecido. Mas que protegem como loucos. Cheia de belas mulheres com sorrisos lindos. Mulheres que entenderiam nossa fome de lobo, e nem estou falando de carne fresca no meio da floresta. – Riki parou em frente à casa que morariam agora. — Eu estou tão animado pra começar a explorar cada canto desse lugar – virou para o mais novo — e achar o alfa.— Você não pode chegar à cidade e caçar o alfa como se ele fosse alguém que todos conhecessem. Tem uma razão para ninguém saber quem porra é esse homem. – Riki se estressou. Desde a morte de Raiden ele não estava pensando direito. — Não queremos confusão com o alfa, nós precisamos dele, somos uma alcateia sem alfa, um clã sem líder, e a gente sem vingança, não vai aco
— Eu vou acabar com ele.— E eu achando que a noite acabaria bem; sem brigas ou confusões, como o alfa ordenou – Yan sussurrou voltando para seu lugar — adoro confusão, ou socar alguém.— É por isso que você faz parte do meu trisal – Adrian debochou e encarou por debaixo do capacete os olhos negros de Jin. Quanta surra ele precisava levar para seu lobo sair? — Yan, se prepara – mandou, assim que o apito fez seu trabalho, Adrian esqueceu a bola e correu apenas na direção do Jin e o confronto dos corpos resultou a um Jin jogado no chão e Adrian correndo para o gol sabendo que Yan lhe passaria a bola e o placar empataria.Bingo.Jin girou na grama tentando respirar, o ar que faltou por alguns segundos e ele se livrou do capacete, suas unhas cravaram na grama, alguma coisa em seu corpo tinha se quebrado, tinha certeza absoluta.— Jin, você tá legal? – Gusta agachou perto dele para ajuda-lo a levantar, esticou os braços e o Iakisamoto levantou ainda meio tonto e só depois de estar de pé, q
— Um banho de água fria? – Akira repetiu devagar andando pela sala de um lado para o outro. — queremos que ele se transforme, se queriam tanto apressar a transformação, por que não deixaram que seguisse até o final?— Por que estávamos no meio de um campo de lacrosse em frente a tantas pessoas que eu nem sei contar direito – Yuri também estava inquieto de um lado para o outro querendo mais do que ninguém entender Adrian e toda sua alcateia — Eles vivem aqui como se nada e nem ninguém pudesse os atingir, são como reis e seguem as regras de um alfa que nem eles talvez conheçam. Eles são ferozes e completamente… incompreensíveis. Seus cheiros são fortes, eles são… fortes - parou em frente a Akira que o encarou esperando por algo mais — Yoshi tem razão quando diz que a presença deles tem algo mais.— Nós viemos para essa cidade em busca de vingança, - Riki se pronunciou pela primeira vez, seus olhos em reflexo com as chamas da lareira — Só que a gente tá nos esquecendo do detalhe mais imp
Em um momento daquela madrugada, os olhos esverdeados de Aurora Romero se abriram abruptamente. Seu corpo levantou da cama com passadas rápidas até o despertador e desligando antes do mesmo gritar pelo quarto. Suspirou tranquilamente indo até seu guarda-roupa buscar um maior casado que pudesse encontrar e uma calça para vestir. Colocando de qualquer jeito ela saiu do quarto descendo as escadas, parou na sala procurando qualquer ruído, de um lado para o outro, não encontrou. Correu para a cozinha saindo na porta pequena, a florestava estava nem a sua frente, abaixou para calçar as botas de Adrian jogadas por ali e começou a caminhar.Olhando no pequeno relógio no pulso, notou que faltava pouco para o primeiro dia de aula e menos ainda para o sol raiar cobrindo os telhados das casas bonitas e bem feitas do Norte. Entrou na floresta pisando na terra firme e quase se atola na primeira lama que encontrou. Deixou um xingamento olhando para todos os lados. Caminhou por mais alguns minutos a
— Jin. Jin. Jin. Jin. Jin. Jin. Jin. Jin. Jin. JIN!— Cala a boca! – Ele abriu a porta de uma vez encarando Riki que sorriu de canto mordendo os lábios. — O que é?— Vou te levar para o colégio. – Ajeitou a jaqueta dando um sorriso. — Vamos?— Eu tenho moto. A mamãe disse que eu podia ir sozinho. E vou. Porque eu não quero ter que olhar pra sua cara. – Passou por ele seguindo pelo corredor e desceu às pequenas escadas que davam acesso a sala.— Mas eu quero levar você. É seu primeiro dia numa escola nova em anos, pelo amor de Deus. Quero fazer isso porque sou seu irmão mais velho.— Eu tenho dezessete anos e não quero você me seguindo pelo resto dos meus dias nessa cidade gelada que é insuportável – foi rude ao encarar e dizer tudo aquilo para o irmão que cruzou os braços — eu não quero sua ajuda.— Você nem deve saber onde é a escola. - Avisou querendo a todo custo que ele cedesse logo, mas conhecia bem o sangue que corria nas veias do outro, teimosia era seu maior defeito.— Tenho c
— Ela estava beijando o Marcos? – perguntou novamente fazendo Adrian revirar os olhos na direção do loiro que assistia o nada sentado na sala de aula — Você entende a gravidade disso? Ela estava beijando o Marcos, que é um bruxo. Um bruxo!— Porque você não presta atenção na aula? – Adrian estreitou os olhos para o amigo que mesmo tentando prestar atenção numa aula que nem tinha começado, tudo que ele conseguia ver era ela e Marcos no meio do corredor aos beijos como se fossem muito íntimos. — Temos um trabalho a fazer depois do almoço, então você não me vem com problemas do coração pra resolver agora.— Você está falando isso por que não era a Lívia com a língua daquele bruxo na garganta – Adrian ficou sério — eu não estou nem aí se a Raíza passou o verão transado com um monte de vagabundo pra tentar me esquecer, nada justifica ela beijar o bruxo.— A Raíza não passou o verão todo beijando um monte de vagabundo, ela passou comigo. Ela não é esse tipo de pessoa – Fabricio o olhou pela