As paredes pareciam diminuir a cada segundo que olhava para elas. A algema ao redor de seus pulsos começava a doer e isso ele não iria perdoar. Não via a hora de Arthuro aparecer naquela porta o levando embora, e ainda ia reclamar pela demora, no entanto, Tristan entendia o porquê de demorar tanto.
Se Lilian achava mesmo que conseguiria um dia prendê-lo, ela está muito enganada. Por muito tempo, Oscar Bennett refez aliados com todo mundo, desde policiais aos promotores, ninguém prenderia seus filhos, pois eles saberiam como se defender dependente de qualquer coisa.
Sentado ali no seu estado mais crítico, seus olhos se voltaram para a porta quando a mesma se abriu revelando Cassius, um dos detetives de Lilian, e logo atrás, ela com aquele sorriso sínico, mais alguns minutos e ele mesmo iria arrancar o riso do rosto daquela desgraçada.
— Tristan Bennett é bom... Revê-lo? - Cassius parou do outro lado da mesa e jogou uma pasta diante dos dois com um sorriso no rosto, — seja bem-vindo.
— Infelizmente não posso dizer o mesmo, é chato ficar me encontrando com vocês - comentou e mudou seu olhar para Lilian que cruzou os braços se aproximando também — Como ela está?
— Ela quem? - estreitou os olhos.
— A nossa filha.
— Minha filha. Minha, minha filha. - bradou nervosa, e foi acalmado por seu amigo, não era o momento para surtar, tinha que manter a calma. — Não estamos aqui para tratar de nada pessoal, vamos falar apenas sobre seus crimes, Bennett.
— Não estamos aqui para tratar de nada pessoal? - Se mostrou chocado — Você está me procurando pelo mundo inteiro e finalmente me tem na sua frente. Vai me dizer que não quer mandar esse detetive de merda embora só pra ficarmos a sós e você tirar a minha roupa? - Ele riu mordendo os lábios. — Ainda somos dois jovens que gostamos de sexo, eu me lembro das suas posições preferidas, e do seu gemido imitando uma gatinha pront-
— TRISTAN - Suspirou mantendo a calma — Não estou brincando aqui. Vamos falar do que interessa - Ela estava calma ao se apoiar na mesa, Tristan se aproximou também e ficou feliz ao notar o desconforto que ela sentiu. Claro que ele ainda mexia com ela, mexia tanto que ela mesma não iria se controlar se passasse muito tempo.
— Eu quero um advogado, não estava fazendo nada de errado, apenas sentado no sofá de uma boate conversando. - Virou para Cassius que folheava a pasta — Vai me chamar um advogado? Vocês nem me deram água.
— Ah, você quer um prato especial? Diga qual que eu envio para a cozinheira da sua nova casa. - Ela riu — Que você morra de sede.
— Oh que se eu morrer, você vai chorar. - Brincou com Lilian que tentou avançar contra o homem, mas Cassius a deteve. — Adoro quando você fica brava, é feroz, um arraso na cama.
— Tristan, você foi preso pelos crimes que cometeu; tráfico de drogas, armas, bombas, pessoas, tudo de ruim, sem contar que está envolvido em esquemas de roubos de alguns bancos, e assassinatos que você mesmo provocou.
— Como vocês conseguiram associar tanta coisa ao meu nome? - Ele ainda estava sorrindo, o que fez Lilian perder a paciência. Suas mãos pequenas, porém, com força o suficiente o puxou pela camisa aproximando os rostos.
— Para de brincadeira, seu estupido. Ao menos diga onde se encontra Jhon e Edgar, pai e filho, vocês os matou?
— Não sei do que está falando?
— TRISTAN VOCÊ É UM G-
— Lilian, tenha calma, ele já está preso. - Pediu o outro, e a Lilian se afastou totalmente — Temos provas o suficiente para te manter preso Tristan, o juiz só vai precisar assinar, ok?
— Eu não vou mais falar nada. Pela lei, preciso de um advogado.
— O que você entende leis, idiota? - Lilian questionou do outro lado da sala.
— O mesmo que você? - Respondeu ele, — e não vou mais dizer nada, porque olhar pra essa sua cara me dar um nojo, é capaz de qualquer coisa que eu comer, colocar pra fora com a mesma intensidade. Você estraga meus dias, todos aqueles que aparecem. - Lilian trincou os dentes — E eu já disse, preciso de um advogado, ou que tal uma advogada. Sua esposa talvez. – Alfinetou para Cassius com um sorriso no rosto.
— O que? - Cassius fechou a pasta e levantou da cadeira que por preguiça, tinha sentado. — O que disse?
— Isso mesmo que você ouviu. Se não quer me dar um advogado, eu mandei que buscasse uma advogada para mim. - Na mesma hora, a porta foi aberta bruscamente assustando os dois policiais que se voltaram para ela, e na mesma estavam uma mulher loira, os olhos cheios de lágrimas e os cabelos presos pela mão de Arthuro — A advogada chegou, pode me soltar?
— Naomi? - Cassius deu o primeiro passo, mas foi parado pelas inúmeras armas que levantaram em sua direção. — Soltem ela, agora.
— Você tem duas opções - Tristan levantou. — Me soltar, e eu sair sem fazer mal a ninguém, ou perder sua mulher e o seu filho. - Tristan esticou as mãos mostrando as algemas, no entanto, Cassius só conseguia olhar para a mulher presa.
— Eles pegaram nosso filho… estão com ele. - Disse a mulher, desesperada. Cassius ergueu as mãos tirando as armas do corpo e se aproximou com calma de Arthuro.
— A soltem. Por favor. - Arthuro olhou pra Tristan primeiro e esse assentiu. Cassius aparou a esposa que foi solta e encarou o Bennett — Você é um maldito.
— É, mais ou menos. – Riu. — As chaves, tire essa droga de mim, está doendo.
— Não recebo ordens suas. - Brigou Cassius, sendo abraçado fortemente por sua esposa que não parava de chorar.
— Vai embora, seu filho é chato, tá chorando a meia hora e eu o deixei com o Raul, e o Raul não gosta de adolescentes - Arthuro avisou, fazendo o casal levantar e sair correndo em direção ao possível paradeiro do filho.
Na sala permaneceu Tristan, a ex-namorada que não conseguia tirar os olhos daquele homem, do monstro que tinha se tornado. Os olhos grandes enfeitavam bem seu rosto, eram verdes tão bonitos que podiam enganar qualquer um na face da terra, mas não Tristan que voltou a erguer as mãos esperando que a mesma soltasse.
— Não vai me soltar? Porque se não fizer isso eu vou ter que usar a força.
— Como você pode ser tão baixo? Ameaçar uma criança? A esposa indefesa de uma pessoa que só está trabalhando e fazendo o bem para seu país? Que espécie de homem é você? Ah, não, eu duvido muito que seja homem, é um grande animal que não sabe valorizar as pessoas.
— Para de falar, até a sua voz me enjoa - Lilian deixou a primeira lágrima cair, transtornada, não se mexeu — Eu quero as chaves, e quero ir embora. Deixei seu escravo ir com a esposa, e ninguém vai tocar na cria, mas você vai ter que me dar às chaves, ou todo mundo nessa porcaria vai morrer. - Lilian não se mexeu — acha que eu to brincando?
— Acha que eu me importo com alguém deste lugar além de você? - Questionou dando os primeiros passos — eu não vou soltar você, porque o objetivo da minha vida é te ver atrás das grades, morrendo de fome, sujo, pedindo por perdão.
— Não é isso que você quer Lilian - Apenas com um olhar, o último homem que ficou na sala foi até a mulher a revistando até achar as chaves da algema, e uma vez solto Tristan riu massageando seus pulsos. — Pronto, eu estou livre, agora você não pode mais tirar a minha roupa como nos seus sonhos. Tchau.
— Eu ainda vou acabar com você - Tristan parou na porta assim que a ouviu falar com a arma apontada para si. — Eu vou prender toda a sua família, seu pai, seu irmão, seu cunhado, todos, todos, porque nenhum de vocês presta. Uma família de criminosos.
— Ela não presta, mas você queria fazer parte. - Lilian se calou novamente enquanto ele vinha em sua direção — espero que tenha matado a saudade de ver o amor da sua vida de novo. Guarda bem esse rosto, porque não o verá mais por um longo tempo. - Ele ainda ria quando tirou a arma de sua mão.
— Eu vou atrás de você, e vou até o inferno pra te prender. Não importa seus truques e as formas que age, eu vou te prender. Eu ainda vou ter o prazer de fechar a cela e te ver jogado no chão sujo. Quem sabe te deixar semanas sem comer, vou acabar com a sua vida, eu vou acabar com você. E não tem nada nesse mundo que me faça desistir disso.
— Eu vou fazer com que desista.
— E vai me ameaçar com o que? Matar minha filha? Que é sua também? Teria coragem de matar a Lizzie? Eu acho que sim. - Tristan a olhou por alguns segundos até agir. Sua mão fechou ao redor do queixo dela a aproximando de si — Você tá... Me machucando.
— Existem várias maneiras de te parar sem meter minha filha no meio.
— Você não tem direito de abrir a boca pra a chamar de filha. Nunca a viu, nunca se interessou. E se depender de mim, nunca vai.
— Eu vou te falar só mais uma vez, que talvez você não tenha entendido no nosso último encontro. - Foi mais bruto ao apertá-la fazendo com que a delegada chorasse pela dor — Para de atrapalhar meus esquemas, você não vai conseguir me prender, e se tivermos outro encontro desses, eu mesmo acabo com a sua vida. - A soltou fazendo a mulher se desequilibrar e cair no chão, o encarando.
E ele encarou de volta, ela ainda tinha aqueles mesmos olhos da adolescência, aqueles que lhe encaravam com amor.
— Você podia ter se tornado tudo… - Voltou a dizer, e engoliu todos os xingamentos que vieram a sua mente — menos uma pedra no meu caminho.
— Eu odeio você. - Choramingou e abaixou o olhar, não tinha o que fazer.
— O sentimento é recíproco. E deixando essas palavras, ele saiu da sala levando todos os seus homens que ali estavam.
Aquela noite não deveria ter terminado daquele jeito. Deveria está sorrindo, comemorando sua tão sonhada prisão, mas nada do que planejou deu certo. Dedicou dias, anos para o momento, só esqueceu que mafiosos jogam sujo demais, usam família, amigos, colegas e tudo que o puder livrar da cadeia. Entrou em casa jogando suas coisas onde podia, precisava de um banho, uma taça de vinho, tudo para fazê-la esquecer de mais um fracasso que logo, logo seria punida. — Mamãe. - A delegada virou devagar em direção à voz que surgiu na escuridão, respirou fundo quando avistou sua filha se aproximar com cautela. — Você chegou tarde. Eu pedi o jantar pra nós duas, mas… — Está tudo bem. Acabei me atrasando, mas estou aqui. Espero que já tenha jantado, não precisa me esperar todas as noites - Lizzie cruzou os braços a encarando dos pés a cabeça — O que foi? Estou bem. E estou aqui. — Está aqui agora. Sei que você tem um trabalho complicado… — A gente pode pular a parte em que você me dar um sermão
O olhar da delegada não mudou. Assistiu seu chefe ir embora com um sorriso no rosto achando que tinha feito seu trabalho muito bem feito, quando na verdade apenas lhe jogou uma responsabilidade que não estava disposta a carregar nas mãos. — Janie Jones… - Cassius murmurou aos poucos jogando-se contra a cadeira — Ela é uma espiã muito boa, e nunca deixou que um dos seus alvos escapasse - Encarou a delegada que quanto mais escutava, mas zangada ficava — Pensa nisso como uma premio, Lilian, ela vai prender o Tristan. — Eu não preciso de uma agente de vinte rostos para prender o Tristan, Cassius, não preciso. - Bradou ao levantar. Caminhou pela sala tentando elaborar um plano em que não tivesse aquela mulher por perto. — Para prender não, mas quem sabe para mantê-lo preso. - Lilian o olhou na mesma hora — A gente o prendeu três vezes nesses últimos anos e ele saiu pela porta da frente como se não tivesse acontecido nada. Sem provas, sem regr
O barulho da música era alto demais para o gosto de Lilian, mas ela deixou de lado enquanto caminhava atrás de Cassius que parecia saber o caminho exato por onde tinha que andar. As pessoas até o cumprimentava e quando mais gente falava com ele, mas Lilian achava estranho está ali dentro com um de seus melhores amigos atrás de uma prostituta de luxo mesmo sabendo que o detetive era casado.Chegaram a um ponto do lugar, e ele conversou com o garçom que os levou para a outra parte da boate, a melhor dela. O corredor era estreito, mas rapidamente revelou-se um lugar luxuoso, com mesas redondas escondidas atrás de cortinas de seda, velas, bebidas caras e gemidos ocultos. Quartos com paredes de vidro que só se via o negror, mas com certeza quem estava do lado de fora via todos que passavam por ali.Típico de uma boate clandestina onde todos podiam ir.— A gente está mesmo no lugar certo? - Lilian perguntou baixinho sabendo que seu corpo estava arrepiado. Devia está atirando em qualquer coi
— Ela é uma mulher arrogante - Lilian bradou assim que abriu a porta da sua casa — Você viu como ela falou conosco? Ela acha que é quem?— Uma agente especial que pode fazer o que quiser na hora que quiser… - Cassius zombou o que era de fato uma verdade que ninguém poderia dizer o contrario.— Se eu não te conhecesse bem, acharia que possivelmente está apaixonado por aquela farsante. Aquela vigarista, aquela falsa que dança em pole-dance como uma rainha.— Não estou. É você quem está com ciúmes porque ela mencionou aquela pessoa.Lilian parou no meio da sala voltando-se ao homem — EU NÃO ESTOU COM CIUMES.— Fica calma. - Pediu o homem, tentando acalmar a fera que atiçou.— ESTOU CALMA.— Mãe? - Lizzie apareceu de repente fazendo os dois a olharem — Oi, tio Cassius. - O abraçou rapidamente. — Falei com Archie na escola hoje.— Sim, ele ficou meio…— Traumatizado? Ele contou e sinto muito por isso.— Tudo isso é culpa daquele encosto, quase mata seu amigo. Não precisa sentir nada, porqu
Jannie entreabriu os lábios, um frio percorreu seu corpo inteiro quando o moreno sorriu em sua direção.— Então garotas, eu vou explicar como as coisas acontecem por aqui. - A voz de Valentin era divertida, alegre demais para a situação em que se encontravam.As cinco garotas estavam novamente diante de uma fila encarando aquele homem que andava e falava de um lado para o outro. Cada uma com suas duvidas, sem saber como agir, ou esperando a hora certa para correr. O que não era o caso de Jannie, no entanto a garota estudava cada canto da sala na esperança de conhecer melhor o território, a parte maior daquele plano já estava concluída, foi escolhida para ir a Muzan a cidade dos Bennett para saber mais sobre eles e finalmente os prender.— Eu sou Valentin Bennett, mas vocês já sabem disso, não é mesmo? Tiveram uma viagem divertida conosco até nossa maravilhosa mansão e a nova casa de vocês. - Parou entre elas com as mãos na cintura, não havia sorriso naqueles rostos e isso lhe perturba
O dia amanheceu belo em Seant. Mais uma semana se iniciava com aquele gosto doce e tranquilidade no ar. E isso era radiantemente bom, até para uma delegada que passou meses, trancada numa sala ao lado dos seus homens mais confiáveis para planejar uma prisão que deu tudo errado. Contudo, estava disposta a esquecer de nove meses da sua vida se aquela nova estratégia desse certo. Até beijaria os pés de Jannie Jones se trancasse aquele homem dentro de uma cela e nunca mais soltasse.Desceu da cama pronta para mais um dia de trabalho, e enquanto se arrumava parada em frente ao espelho, ousou sorrir como há muito não fazia. Desde quando deixou de pentear os cabelos para o lado e mostrar sua franja belíssima, e o decote na camisa branca social que gostava de expor? Fechou os olhos respirando fundo, buscando lá em seu intimo as respostas para suas perguntas mentais e todas elas indicavam apenas uma pessoa. Tristan Bennett.Não era amor que sentia por aquele homem. Claro que falar isso em voz
Assim que fechou a porta atrás de si, um sorriso brotou nos lábios de Jannie. Olhou de um lado para o outro procurando por qualquer pessoa que pudesse lhe ajudar a estudar o local, esperou ali por alguns minutos e quando viu que não iria aparecer ninguém, seguiu sozinha mesmo caminhando sobre o tapete verde que decorava o chão do corredor juntamente com os quadros de alguns dos Bennett passados, ou simplesmente membros da família que ninguém conhecia.Respirou fundo tentando decorar cada rosto e passando lentamente para que Mike ou Julian do outro lado pegasse tudo. Conseguiu ouvir algumas vozes e até gemidos enquanto desfilava pelo corredor e parando ao fim dele, Jannie olhou para baixo. Não podia contar quantos homens estavam armados por ali, até cogitou se esconder, mas não iria fazer isso, não precisava. Tinha que ganhar confiança daqueles homens. Se fugisse, certeza que a trancariam em algum lugar. Quando começou a descer as escadas procurando qualquer assistência, seus olhos enx
Já era dia quando os olhos escuros de penetrantes de Tristan se abriram buscando reconhecimento total de onde se encontrava. Desde que sua vida passou de normal a ser perseguido por todos os seus inimigos, o acordar todas as manhãs era sagrado, um momento precioso. Entendia que ao menos Deus havia lhe dando mais um dia de vida, mas isso não queria dizer que quando a noite caísse outra vez, ele estivesse com essa mesma sorte ao seu lado. Coisas que aprendeu com o resto de sua família.Sentou na cama tateando o colchão e agradeceu por está sozinho. A garota da noite passada ao menos atendeu ao seu pedido de sair e não voltar mais. Não estava dando muito importância se fora dada em suas mãos ou não. Tudo que conseguia compreender é que seu pai achava que ainda existia amor por aquela mulher que um dia, foi alguém especial. Mal sabiam todos de sua ilustre família, que o que restou para Lilian foi apenas desespero e um terso de respeito.Respeito por criar sua filha sozinha. Por educar e p