O olhar da delegada não mudou. Assistiu seu chefe ir embora com um sorriso no rosto achando que tinha feito seu trabalho muito bem feito, quando na verdade apenas lhe jogou uma responsabilidade que não estava disposta a carregar nas mãos.
— Janie Jones… - Cassius murmurou aos poucos jogando-se contra a cadeira — Ela é uma espiã muito boa, e nunca deixou que um dos seus alvos escapasse - Encarou a delegada que quanto mais escutava, mas zangada ficava — Pensa nisso como uma premio, Lilian, ela vai prender o Tristan.
— Eu não preciso de uma agente de vinte rostos para prender o Tristan, Cassius, não preciso. - Bradou ao levantar. Caminhou pela sala tentando elaborar um plano em que não tivesse aquela mulher por perto.
— Para prender não, mas quem sabe para mantê-lo preso. - Lilian o olhou na mesma hora — A gente o prendeu três vezes nesses últimos anos e ele saiu pela porta da frente como se não tivesse acontecido nada. Sem provas, sem regras, com uma ameaça. Tristan Benett arruma um jeito de sair com tanta facilidade que às vezes o estado não pode fazer nada. Temos que ser mais esperto, está não apenas a um passo na frente. Com essa agente, poderemos está a um km de distância e eles nunca iriam desconfiar.
— Cassius, eu acho que esse não é o ponto…
— E qual é o ponto? Você está sendo orgulhosa demais, olha… Lilian, você reclama quando mencionam a paternidade da sua filha e o quanto ela é parecida com ele. Odeia quando colocam juntos numa mesma frase e não quer misturar o profissional e o pessoal. Mas tocar no nome dele é o mesmo que despertar o espírito do ódio eterno, um ego ferido?
— Ego ferido? O que você está querendo dizer? Que ainda sou apaixonada por aquele homem? Não. Eu não sou apaixonada por ele. - Desviou o olhar mantendo sua pose — Eu odeio aquele homem.
— Sei… Eu vou ligar e marcar um encontro com a Janie, esteja pronta para sair quando precisarmos.
Saiu da sala sem esperar qualquer resposta de sua delegada.
*
— De novo essa mulher? Eu não aguento mais essa pedra no nosso caminho. Diga-me o porquê de a gente ainda não ter eliminado essa delegada que mete o nariz onde não é chamada? – Teodoro andava pela sala, estava com raiva por mais uma vez Lilian aparecer onde não foi chamada fazendo novamente o que sua carreira mandava. — Ah lembrei, porque Tristan Benett, meu irmãozinho não quer matar aquela desgraçada.
— Aquela desgraça é mãe da minha filha. Eu não quero vê-la sofrer. Já basta ter a mim como pai.
— Filha essa que ninguém tem nada a haver – Teodoro resmungou de novo e cruzou os braços — se ao menos se interessasse pelos negócios da família, ela podia ser aceitável, não?
— E como você quer que ela se interesse se não temos uma relação com a garota? – Oscar falou mais grosso do outro lado da sala e Tristan apenas soltou um longo suspiro, — Ainda faz o que mandei? Porque, se alguma coisa acontecer com a mãe, ela vai ter que procurar o papai.
— Trocamos algumas mensagens. Ela parece feliz com uma vida normal. Lizzie só tem dezessete anos, ainda é uma criança.
— Uma criança que pode crescer já sabendo muito bem como comandar tudo em nossa família – Oscar riu de lado — O mais importante agora é que não quero Lilian Stewart ao nosso redor. Vou cuidar disso sozinho, sem mata-la. – Encarou o filho que não disse uma palavra. — Conversou com Luke?
— Calvin pretende ampliar a clientela dele em Beathan, quer mulheres de Seant. – Oscar subiu uma sobrancelha — Veja pelo lado bom, se emprestarmos cinco, teremos cinco para testar. Podemos escolher as mulheres de qualquer lugar e dar uma folga a elas, porque segundo Juan, as mulheres do outro lado são traficadas.
— Felizmente as nossas tem liberdade – Deu de ombros — O que você acha disso, Valentin? – O outro homem que parecia dormir no sofá apenas ergueu a cabeça encarando todos os presentes. — Mulheres novas.
— Eu vou poder testar antes de mandar para o salão? - A parte mais importante para o Benett preguiçoso era saber que quando as mulheres chegavam, elas precisavam ser testadas para saber até onde as mesmas iam. E quem poderia fazer isso melhor que Valentin e Teodoro Benett?
— É seu trabalho, e o de Teodoro também.
— Sabiam que James Reynolds está na delegacia desde manhã em reunião com Lilian Stewart e Cassius Stanley? Certamente vão perder o caso e estaremos livres dessa delegada perturbada.
— Ainda bem. – Oscar olhou para Tristan notando seu jeito cabisbaixo e respirou fundo. — Saiam todos, menos você, Tristan. – Os outros se foram rapidamente. — Eu quero Tristan, que você sinta qualquer coisa, menos pena daquela mulher – O mais novo estreitou os olhos sem entender no começo, mas conforme os segundos iam passando ele entreabriu a boca dando uma risada baixa.
— Acha mesmo que eu tenho pena daquela mulher? Eu queria mesmo era estrangular seu pescoço até vê-la não se mexer mais.
— Ainda sente algo por ela?
Ele ficou sério; será que sentia?
— Sinto. Ódio. Graças a ela minha filha sabe de todas as merdas que eu faço e, além disso, Lilian com certeza deve aumentar e me colocar no inferno. Lizzie sempre busca entender, me liga pra saber, me faz perguntas que nem eu sei responder e tudo isso graças a ela. - Ele levantou — Eu posso não está presente, posso odiar a mãe e tudo que ela trás quando está perto, mas eu amo a Lizzie, mesmo sem me aproximar.
— E você quer se aproximar? – Tristan pensou um pouco e depois assentiu — Eu concordo com isso. É a sua filha. Bom, eu acho que agora você precisa de uma garota pra esquecer esse encontro. Arrume suas coisas e avise aos outros, vamos até Beathan levar as garotas, mande Juan escolher cinco garotas para fazer a troca.
— Vai mesmo aceitar isso com o Calvin? Porque parece bom, mas ao mesmo tempo é uma complicação. Luke não é confiável.
— Ele não é confiável, mas eu sei como o controlar. E você não está cansado de ver as mesmas garotas dançando no palco? Eu concordo com Calvin, precisamos mesmo diversificar, trazer novidades, se é que me entender. – Tristan concordou novamente e saiu da sala.
O barulho da música era alto demais para o gosto de Lilian, mas ela deixou de lado enquanto caminhava atrás de Cassius que parecia saber o caminho exato por onde tinha que andar. As pessoas até o cumprimentava e quando mais gente falava com ele, mas Lilian achava estranho está ali dentro com um de seus melhores amigos atrás de uma prostituta de luxo mesmo sabendo que o detetive era casado.Chegaram a um ponto do lugar, e ele conversou com o garçom que os levou para a outra parte da boate, a melhor dela. O corredor era estreito, mas rapidamente revelou-se um lugar luxuoso, com mesas redondas escondidas atrás de cortinas de seda, velas, bebidas caras e gemidos ocultos. Quartos com paredes de vidro que só se via o negror, mas com certeza quem estava do lado de fora via todos que passavam por ali.Típico de uma boate clandestina onde todos podiam ir.— A gente está mesmo no lugar certo? - Lilian perguntou baixinho sabendo que seu corpo estava arrepiado. Devia está atirando em qualquer coi
— Ela é uma mulher arrogante - Lilian bradou assim que abriu a porta da sua casa — Você viu como ela falou conosco? Ela acha que é quem?— Uma agente especial que pode fazer o que quiser na hora que quiser… - Cassius zombou o que era de fato uma verdade que ninguém poderia dizer o contrario.— Se eu não te conhecesse bem, acharia que possivelmente está apaixonado por aquela farsante. Aquela vigarista, aquela falsa que dança em pole-dance como uma rainha.— Não estou. É você quem está com ciúmes porque ela mencionou aquela pessoa.Lilian parou no meio da sala voltando-se ao homem — EU NÃO ESTOU COM CIUMES.— Fica calma. - Pediu o homem, tentando acalmar a fera que atiçou.— ESTOU CALMA.— Mãe? - Lizzie apareceu de repente fazendo os dois a olharem — Oi, tio Cassius. - O abraçou rapidamente. — Falei com Archie na escola hoje.— Sim, ele ficou meio…— Traumatizado? Ele contou e sinto muito por isso.— Tudo isso é culpa daquele encosto, quase mata seu amigo. Não precisa sentir nada, porqu
Jannie entreabriu os lábios, um frio percorreu seu corpo inteiro quando o moreno sorriu em sua direção.— Então garotas, eu vou explicar como as coisas acontecem por aqui. - A voz de Valentin era divertida, alegre demais para a situação em que se encontravam.As cinco garotas estavam novamente diante de uma fila encarando aquele homem que andava e falava de um lado para o outro. Cada uma com suas duvidas, sem saber como agir, ou esperando a hora certa para correr. O que não era o caso de Jannie, no entanto a garota estudava cada canto da sala na esperança de conhecer melhor o território, a parte maior daquele plano já estava concluída, foi escolhida para ir a Muzan a cidade dos Bennett para saber mais sobre eles e finalmente os prender.— Eu sou Valentin Bennett, mas vocês já sabem disso, não é mesmo? Tiveram uma viagem divertida conosco até nossa maravilhosa mansão e a nova casa de vocês. - Parou entre elas com as mãos na cintura, não havia sorriso naqueles rostos e isso lhe perturba
O dia amanheceu belo em Seant. Mais uma semana se iniciava com aquele gosto doce e tranquilidade no ar. E isso era radiantemente bom, até para uma delegada que passou meses, trancada numa sala ao lado dos seus homens mais confiáveis para planejar uma prisão que deu tudo errado. Contudo, estava disposta a esquecer de nove meses da sua vida se aquela nova estratégia desse certo. Até beijaria os pés de Jannie Jones se trancasse aquele homem dentro de uma cela e nunca mais soltasse.Desceu da cama pronta para mais um dia de trabalho, e enquanto se arrumava parada em frente ao espelho, ousou sorrir como há muito não fazia. Desde quando deixou de pentear os cabelos para o lado e mostrar sua franja belíssima, e o decote na camisa branca social que gostava de expor? Fechou os olhos respirando fundo, buscando lá em seu intimo as respostas para suas perguntas mentais e todas elas indicavam apenas uma pessoa. Tristan Bennett.Não era amor que sentia por aquele homem. Claro que falar isso em voz
Assim que fechou a porta atrás de si, um sorriso brotou nos lábios de Jannie. Olhou de um lado para o outro procurando por qualquer pessoa que pudesse lhe ajudar a estudar o local, esperou ali por alguns minutos e quando viu que não iria aparecer ninguém, seguiu sozinha mesmo caminhando sobre o tapete verde que decorava o chão do corredor juntamente com os quadros de alguns dos Bennett passados, ou simplesmente membros da família que ninguém conhecia.Respirou fundo tentando decorar cada rosto e passando lentamente para que Mike ou Julian do outro lado pegasse tudo. Conseguiu ouvir algumas vozes e até gemidos enquanto desfilava pelo corredor e parando ao fim dele, Jannie olhou para baixo. Não podia contar quantos homens estavam armados por ali, até cogitou se esconder, mas não iria fazer isso, não precisava. Tinha que ganhar confiança daqueles homens. Se fugisse, certeza que a trancariam em algum lugar. Quando começou a descer as escadas procurando qualquer assistência, seus olhos enx
Já era dia quando os olhos escuros de penetrantes de Tristan se abriram buscando reconhecimento total de onde se encontrava. Desde que sua vida passou de normal a ser perseguido por todos os seus inimigos, o acordar todas as manhãs era sagrado, um momento precioso. Entendia que ao menos Deus havia lhe dando mais um dia de vida, mas isso não queria dizer que quando a noite caísse outra vez, ele estivesse com essa mesma sorte ao seu lado. Coisas que aprendeu com o resto de sua família.Sentou na cama tateando o colchão e agradeceu por está sozinho. A garota da noite passada ao menos atendeu ao seu pedido de sair e não voltar mais. Não estava dando muito importância se fora dada em suas mãos ou não. Tudo que conseguia compreender é que seu pai achava que ainda existia amor por aquela mulher que um dia, foi alguém especial. Mal sabiam todos de sua ilustre família, que o que restou para Lilian foi apenas desespero e um terso de respeito.Respeito por criar sua filha sozinha. Por educar e p
Sentou-se ao lado de Teodoro que sorrir de canto e continua a comer. Oscar se concentra em encarar o sobrinho que tenta não rir, mas acaba rindo e retira também óculos o encarando da mesma forma.— A noite foi boa? - Ele assentiu — Achei que as outras garotas que foram colocadas nas mãos de vocês fossem o suficiente, não achei que pegaria até uma que não era de vocês. Aqui nesse lugar, compartilhamos tudo, menos garotas.— Mas eu não posso ver uma garota pedindo para ser f0did4 e ficar calado ou não fazer nada - Valentin avisou aos olhos parando em Tristan — Se você não foi bom o suficiente para ela, eu posso ser, e o Teo também. - Bateu nas costas do outro que só concordou. — E foi incrível. Ela é destruidora.— Eu estou até agora me perguntando o motivo de você ter a mandando embora, porque ela é mesmo incrível. Muito boa de cama. - Avisou Teodoro tomando seu lindo chá preto.— Mas se por acaso for o caso de você não conseguir a fazer g0z4r, pode manda-la para meu quarto que eu faço
Enquanto dirigia nas ruas Seant se lembrou de quando era mais jovem e corria por toda a cidade procurando o vestido ideal para o encontro de uma noite especial com uma pessoa especial. Tentou não se lembrar do ex-namorado, mas era impossível não lembrar que todos os momentos em que viveu como uma adolescente normal eram os mesmos em que corria atrás de uma pessoa, ou que deixava ser guiada pelas palavras de um mentiroso. Até o momento em que descobriu que estava grávida e dali por diante ela nunca teve um dia que não pensasse em como seria sua vida “normal” depois dali.Mas para ser sincero, o que era o viver “normal?” Se apaixonar? Sair em encontros? Ter uma vida a dois? Isso não se caracterizava como normal uma vez que ela tinha tudo o que uma mulher da idade dela merecia, então, o normal estava vivendo agora.Chegou em casa em minutos parando apenas para comprar suas torradas preferidas. Estacionou no lugar de sempre notando dois carros estranhos, não tão estranhos, afinal, as ami