Seis

— Ela é uma mulher arrogante - Lilian bradou assim que abriu a porta da sua casa — Você viu como ela falou conosco? Ela acha que é quem?

— Uma agente especial que pode fazer o que quiser na hora que quiser… - Cassius zombou o que era de fato uma verdade que ninguém poderia dizer o contrario.

— Se eu não te conhecesse bem, acharia que possivelmente está apaixonado por aquela farsante. Aquela vigarista, aquela falsa que dança em pole-dance como uma rainha.

— Não estou. É você quem está com ciúmes porque ela mencionou aquela pessoa.

Lilian parou no meio da sala voltando-se ao homem — EU NÃO ESTOU COM CIUMES.

— Fica calma. - Pediu o homem, tentando acalmar a fera que atiçou.

— ESTOU CALMA.

— Mãe? - Lizzie apareceu de repente fazendo os dois a olharem — Oi, tio Cassius. - O abraçou rapidamente. — Falei com Archie na escola hoje.

— Sim, ele ficou meio…

— Traumatizado? Ele contou e sinto muito por isso.

— Tudo isso é culpa daquele encosto, quase mata seu amigo. Não precisa sentir nada, porque ele vai pagar caro por isso. – Lizzie a encarou por um momento e depois Cassius que balançou a cabeça pedindo para deixar para lá.

— Vou sair com as meninas, volto antes das onze, prometo. - Avisou fazendo os olhos de Cassius outra vez cair sobre a garota que a cada dia que passava achava estranho à menina usar roupas de marcas, bolsa e sapatos, maquiagens e andar com colegas que não teriam condição de usar tudo aquilo, ele conhecia a família, os pais, e suas situações. Era estanho, estranho demais.

Mas era apenas ele que via? Porque para Lilian estava tudo bem?

— Quer dinheiro? Carona para voltar para casa? Alguma coisa?

— Não mãe, está tudo bem. Te amo. Volto logo. – Se despediu e saiu.

— Quanto você dar de mesada pra essa garota?

— Lizzie é econômica, ela sempre tem uma reserva. – Contou sem se importar. Cassius estreitou os olhos outra vez olhando na direção, mas nada disse.

— Quando Janie vai começar?

— Há essa hora ela já deve ter entrado com contato com Luke. Ele terá que leva-la para Beathan para ser escolhida pelos Benett.

— Ótimo, espero que dessa vez a gente consiga prender todos, todos, todos eles até o último, incluindo Gildy, e suas filhas que mais parecem filhotes de prostitut4s. - Bradou com mais raiva ainda.

— Eu estou indo, lembre-se que neste momento tudo que temos que fazer é focar em outro lugar, Oscar tem que achar que desistimos depois dessa última vez. Vamos fingir que não tem mais Benett em nossa vida.

— Vou tentar. – Deixou claro para o outro que revirou os olhos e logo se despediu.

-

-

Oscar Bennett era um homem sério.

Tinha seus negócios, problemas e todos eles eram tratados por si, apenas por ele mesmo. Nunca foi um homem de confiar em qualquer pessoa para lidar com suas coisas, isso incluía seus filhos, sobrinhos e as filhas que sequer moravam próximas, mantinha suas princesas longe de tudo e de todos, pois não gostaria de vê-las presas ou nas mãos de homens que não lhe respeitavam, que ele não confiava.

Sobrando assim, seus dois filhos e o sobrinho que sempre esteve por perto, interessado nas mulheres, no dinheiro, fazia tudo o que o tio pedia, era seu talvez mais fiel escudeiro. Nem mesmo seus filhos tinham aquela conexão com o Bennett mais velho.

A ideia de Teodoro abriu sua mente quando soube do desinteresse de sua boate. Estava tão focado nos roubos dos bancos, nas drog4s que iam e vinham, nas arm4s que sempre precisou para eliminar todos que se colocavam em sua frente, que nem ligou para as boates em volta do mundo que possuía, em prioridade, a sua boate de Seant, comandada por Tristan que não podia pisar na mesma que havia uma formiga em seu pé, uma que merecia ser mort4, esmagada, cortada e dividida em partes, para cada vez que sentir raiva, ele descontar em uma diferente.

Sua clientela era vulgar e exótica, homens da alta sociedade entrava e saiam por todo lugar, e esse era um dos motivos por qual a policia jamais fecharia. Mas está em Seant, com mulheres de Seant estava começando a enjoar, e agora, pensando melhor, ele entendia muito bem seus clientes. Luke deu uma ideia ótima, e quando Teodoro chegou lhe contando, mandou Tristan rapidamente para resolver esse problema, foi tão rápido que não pensou direito em um esquema de segurança e deu no que deu.

Apesar de odiar aquela mulher com tanta força, Lilian Stewart fazia seu trabalho muito bem, e era por isso que tinha que m0rrer.

Dois dias após ter Tristan de volta, eles marcaram a viagem para Beathan e hoje chegava à boate de Calvin, escolheria cinco mulheres, as mais bonitas para começar. Ele ia ao meio de seus filhos, os olhos frios passando medo a todos que os encontravam.

Do lado direito Teodoro prestava atenção em cada detalhe, à mão presa na arma na cintura, ele não conseguia se sentir bem ao redor de inimigos, ainda mais quando ele não sabia o que se esperar a qualquer momento. Tristan ia do outro, bocejando, pouco preocupado com o rumo da historia.

Juan vinha mais atrás com as garotas, e Valentin atrás delas, contando quantas vezes já dormira com cada uma. No final do corredor, a última porta foi aberta e Oscar entrou sem parar. Calvin estava o esperando logo na entrada Luke ao lado com seu sorriso sínico de sempre.

— Oscar, seja bem vindo, eu fico feliz que tenha tido tempo de vir nos ver. Eu esperava que fosse mandar um de seus filhos, ou apenas Juan, mas gastou seu tempo vindo.

— Há coisas importantes que precisam de mim para… acontecer – disse e passou o olhar ao redor e parou nas garotas que estavam em fila.

— Eu pedi para Luke escolher as garotas.

— Eu quero escolher as garotas daqui. – Calvin estreitou os olhos — Na minha, ofereci um bônus e quase vinte vieram até mim querendo vir a sua boate. Valentin deu a nota dele de cada uma e escolhi as mais bonitas. – Explicava enquanto caminhava na frente das mulheres de Calvin.

Algumas estavam chorando, outras tentavam cobrir seu corpo de qualquer jeito. Era fim de expediente e a maioria trabalhava poucas horas antes de tudo aquilo. Oscar parou na frente de cada uma, e havia beleza em seus rostos, mas nos olhos, era uma tristeza sem fim, tão maltratadas que sentiu vontade de escolher todas e tentar ajudar. Do seu jeito, é claro.

Foi quando voltou ao seu lugar sem conseguir tirar os olhos delas, para ele, qualquer uma seria uma boa e então se voltou para Valentin.

— Escolha uma. – Mandou, Valentin sorriu alegre, é claro, de mulher ele entendia. Olhou cada uma com os olhos fixo, oh.

— Poderia mandar todas, eu nunca dormir com uma garota de Valcolink.

— De Valcolink? Temos Maria, uma ruiva exótica, exemplar – Calvin mostrou e a garota deu um passo à frente olhando atentamente para todos eles, e focou depois apenas em Valentin que sorria.

— Minha garota – Abriu os braços para a menina que, de tão medrosa, não se mexeu — O que você dar pra essas meninas? – Perguntou aleatoriamente. Um dos compassas de Calvin a agarrou pelo braço a colocando em outra filha, do lado dos Bennett e todos eles assistiam aquilo entendendo pouco a pouco como funcionava o lugar ali.

Antes de escolherem outra, a porta novamente foi aberta, para a o alivio de Luke que estreitou seus lindos olhos ajustando os óculos no rosto. Os poucos dias que passou para trazer os Benett ali quase não foram o suficiente para colocar Jannie Jones na sua lista de garotas sem ninguém naquele lugar questionar. A tornou o terror em menos de quarenta e oito horas deixando todos a par de que a garota de seios fartos e um belíssimo corpo era um grande problema a se livrar. Seria fácil lembrar-se dela se a vissem como a rebelde fugitiva.

— Estamos em reunião. – Luke reclamou e assim que calou a boca, viu Jannie de longe. Estava sendo segurada por um dos seguranças, o cabelo para trás a franja jogada para cima, o corpo coberto de suor e os olhos brilhando. — O que isso significa?

— Achamos a última que faltava – Avisou largando Jannie na sala. Ela tropeçou sobre os saltos, parou para respirar melhor e tentar não socar o cara. Ajeitou o cabelo e o sutiã que saiu do lugar.

— Se escondendo de novo, Jannie?

— Qualquer coisa para sair daqui.

— Pra fila – Mandou Calvin, ela engoliu a seco, começou a caminhar lentamente, passou pelos homens que não tiraram os olhos dela até se colocar na ponta da fila. — Desculpe-me, ninguém mais sabe o que fazer com essa maluca.

Jannie respirou fundo. Tudo naquele lugar era uma desgraç4 total, desde que chegou pela manhã do dia anterior. Ajeitou o cabelo de novo e se colocou em posição de começar seu trabalho. Primeiro, encarou Oscar que assistia a escolha a dedo de Valentin cheio de orgulho. Ele era bonito, tinha traços fortes que denunciavam sua idade, mas era charmoso, com os cabelos batendo nos ombros, era um gato, por assim dizer. Teodoro estava mais atrás, o cabelo longo já chegava perto da bund4, que naquela calça ficava erguida e sexy.

Sério que você está olhando pra bunda de Teodoro Benett? – A voz de Mike na escuta lhe fez rir.

Deixando aquele, ela correu os olhos para Valentin, o engraçado, que ainda escolhia as meninas, segurava na mão de algumas as girando no lugar, era gentil, uma pessoa até animada para o ramo. E por último ela se voltou para Tristan e se assustou quando viu os olhos dele em sua direção.

Ela se desconsertou com o a intensidade de tudo aquilo, os cabelos caídos ao redor de seu rosto, os lábios rosados entreabertos. Havia um sorriso safado, mas aleatório. Não dava para saber do que se tratava. Ele dobrou o pescoço para um lado, ainda a encarando sem parar, tentou desviar para os outros e viu que a terceira garota já tinha sido escolhida. Calvin e Oscar conversavam sobre as escolhas e tudo parecia tão normal.

Um completo nojo.

Abaixou a cabeça tendo a consciência de que tudo que via com seus olhos, Mike, Lilian e Cassius assistiam pela lente de contrato que adotou quando entrou naquele lugar. Quando a ergueu novamente, ousou olhar novamente para Tristan e como da outra vez, ele a encarava, seu olhar era profundo. Temeu ter sido descoberta.

Ah, como ela podia ser? Sempre usou o mesmo disfarce e quando prendia seus bandidos, era conhecida apenas como a garota qualquer, e antes da prisão era fugia pedindo ajuda para outro bandido, pulando de casa em casa, então, não tinha como ele a reconhecer de qualquer canto na sua vida dupla.

— Valentin, se apresse, eu não gosto dessa cidade – Oscar reclamou cortando as explicações de Calvin e seu sobrinho assentiu. Olhou para Teodoro que parecia mais preocupado com os homens naquele lugar do que as escolhas do… Namorado? Amante? Seja lá o que os dois tinham, Oscar fingia não ver, e Gildy fingia não saber dos detalhes.

Ele preferia que fosse assim, nunca negaram, mas nunca disseram que sim. Deixando Teodoro e seus segredos, ele focou em Tristan e estreitou os olhos quando notou a atenção que ele dava na última garota que chegou. Seus pés começaram a se movimentar, passando pelas garotas, por Valentin, Calvin, Luke, Teodoro, sem tirar os olhos do filho. E ele estava certo, os olhos do mais novo estavam em cima da garota da ponta, e foi só quando parou na frente dela, de lado que teve os olhos de seu filho de volta.

Ajustando o casaco longo em seus ombros, Oscar girou para Jannie, era mais baixa, quase quinze centímetros mais baixa que ele. De perto, notou os olhos claros, bonitos demais, como uma perola. Não era de Seant, era diferente, charmosa… Jannie deu um passo para trás, os olhos de Oscar talvez botassem mais medo que os de Tristan, mas com eles ela sentia o pior dos terrores que podiam lhe acontecer se ele a reconhece se soubesse das coisas dela.

— Qual seu nome? - Perguntou ele.

— Janie – respondeu três segundos depois.

— Bonito nome. E quantos anos têm?

— Vinte e quatro. – Respondeu calma, mas sabendo lidar com qualquer situação que fosse acontecer a partir dali.

— Ah, é bonita, é nova, tem olhos diferentes. – Ele sorriu estendendo sua mão a ela, Jannie encarou a mão que esperava sua própria vontade segurar, claro que ela tinha que fazer isso, e ia, mas esperar um pouco para não parecer tão obvio era o certo. Jannie tinha que ser escolhida naquela seleção, mas ficar presa nos olhos de Tristan tirara sua concentração de chamar atenção, porém, nenhum esforço foi feito, Oscar mesmo veio em sua direção.

Sem esperar mais, ela ergueu sua mão para o mais velho e esse sorriu a tirando a fila, caminhou com a mesma sem conseguir tirar os olhos do quadril que subia e descia conforme andava. Os seios grandes cobertos apenas por um fino sutiã cheio de brilho, certamente trabalhava com as garotas poucas horas atrás. O cabelo longo batendo em sua bund4, e a franja que sempre caia no rosto, mesmo que ela brigasse para que ficasse para trás. Oscar só parou de andar quando estava diante de Tristan, encarou o filho e sorriu de canto deixando a menina na sua frente.

— É sua. – Foi o disse antes de dar as coisas e voltar para seu lugar.

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