O cheiro de Seant nunca iria sair da sua mente. A cidade onde nasceu e cresceu ao lado de uma família era um dos lugares mais belos que já conheceu e também o pior para se continuar visitando.
O carro parou novamente e Tristan desceu assim que a porta foi aberta. Os seguranças estavam por todos os lugares, alguns rostos conhecidos, seu nome sendo proferido o mínimo possível. A pessoa que iria encontrar certamente era muito importante, já que diante de todas as ameaças que sofreu apenas por pensar em voltar a Seant, seu pai havia o mandado novamente para fazer negócios. Ele nem mesmo era o homem que fazia negócios.
A Boate estava cheia; música alta, bebida por todo lugar, mulheres, sorrisos, peitos… E passando por tudo isso lhe restou outro corredor mais estreito, foi guiado até a área VIP onde reconheceu o homem a qual veio encontrar. Revirou os olhos a tempo de vê-lo sorrir assim que sentou e foi servido com uma bebida quente.
— Tristan Benett, é um prazer te encontrar - O homem do outro lado estendeu a mão, mas não recebeu o cumprimento de volta — Seu pai disse que mandaria um representante, então não achei que viesse um dos filhos.
— Ele não confia muito nas pessoas. - Avisou ao outro que assentiu, era uma verdade. — Pode falar o que você quer, mensageiro? Não tenho muito tempo nesse lugar, principalmente, na cidade.
— Não se preocupe com a segurança, pois meus homens estão ao redor da boate cuidando para que a polícia passe o mais longe possível - Tristan tomou toda a bebida pedindo mais uma, não estava com medo da polícia. — Vamos aos negócios.
— Estamos aqui para isso.
— Meu chefe, Calvin Ritchie é dono de algumas boates em Beathan, alguns de seus homens já estiveram por lá. - Tristan deu de ombros. Os outros que cuidavam das boates sempre vagavam de uma a uma buscando informações e tentando destruir a concorrência a todo custo. — E em uma dessas idas, Calvin conversou com Juan, o gerente da boate principal de vocês e propôs uma troca de mulheres.
— Que tipo de troca de mulheres? Elas viraram mercadorias? - Riu.
— As suas boates estão cheias de mulheres de Seant, e vocês da família Benett proibiram qualquer outra boate de terem essas mulheres - isso era verdade. — A busca pelas mulheres daqui é grande demais, e sabemos que não temos essa liberdade para usá-las. - Tristan trocou olharem com seu segurança particular que rodeava aquela mesa por trás dos sofás, pronto para atacar.
— Como você acha que nossa boate é a mais requisitada de todos os tempos? Temos mulheres de qualidade. Juan às escolhe a dedo. - O outro concordou — O que quer propor?
— Um teste, a boate de vocês é bem requisitada, mas eu tenho certeza que não atendem a todos os tipos de clientes, nem todos vão ali em busca das garotas de Seant, e talvez alguns clientes seus, já estejam enjoados. - Tristan estreitou os olhos — Damos a você cinco, seis garotas de cidade diferentes, e vocês deem a nós seis de Seant por alguns dias.
Tristan recebeu outro copo, aquilo não era uma má ideia. Novidades numa boate de prostituição é sempre bem vinda.
— Só que tem um problema - O segurança quebrou o silêncio parando atrás do mensageiro que não se moveu, mas desceu o olhar para a mesa cheia de bebida — As garotas que o seu chefe mantém na boate, são traficadas, o que vamos querer com mulheres traficadas? Mais problemas?
— Traficam tantas e não conseguem uma de Seant? Por medo dos Benett? - Tristan perguntou, se divertindo com a situação.
— Não. É porque elas são… Como posso dizer? - Sua linha de raciocínio não deu tempo de terminar a frase quando escutaram o barulho de um tiro seguido de gritaria.
— Perigosas, a palavra que você busca para definir as mulheres dessa droga de cidade é Perigosa - o segurança gritou da janela de vidro a qual correu para saber o que acontecia. — Vamos embora Tristan, a polícia chegou.
Pegou sua arma correndo em direção à porta, mas ela foi aberta antes de chegar, empunhou a arma rapidamente apontando para os policiais que foram entrando sem parar.
— Abaixa a arma. Temos permissão para atirar - um dos policiais gritou e mesmo assim, o segurança não baixou, foi se aproximando de costas até Tristan que procurou pela coloração diferente dentre os policiais, mas não entrou. — Abaixa, ou vamos atirar.
— Abaixa a arma, Arthuro. - Mandou para o segurança que foi abaixando aos poucos e jogou o objeto em direção a um dos policiais que foram em direção ao homem o algemando rapidamente. — Relaxa! - Sussurrou para o segurança que sorriu enquanto era levado para fora.
— Levanta as mãos, está armado? - O policial começou a revista-lo mesmo sem a cooperação do homem.
— Ao menos posso terminar de beber? - Debochou, ele nem estava tão estressado. — Essa cidade é mesmo uma droga.
— E você continua vindo mesmo sabendo que é procurado e que será preso assim que te encontrarmos.
Nada naquele lugar estava contra as regras da sociedade, uma boate de prostituição era o que mais tinha por toda a cidade. No entanto, o único problema daquela no momento, era que Tristan Bennett estava dentro, e ele não podia sequer pisar em Seant, que o maior erro da sua vida aparecia para acabar com sua saúde mental.
E não demorou a aparecer, seu cabelo loiro amarrado em um rabo-de-cavalo balançando de um lado para o outro, vestida de colete e uma calça apertada. M*****a mulher, era uma perdição, os lábios grossos com gosto de menta, linda como um dia chuvoso doce como uma cereja… Cereja, o apelido que deu a ela quando a via sorrir em sua direção. Ela era com certeza a mais bonita que já conheceu, mas também o pivô de toda a sua destruição, o ódio que com nome e sobrenome, a que acordava a sua pior versão, a inimiga mais perigosa, sua ex-namorada e a mãe da sua única filha… Lilian Stewart.
— Tristan Benett… - Ela gritou assim que o viu, seu olhar ganancioso em direção a ele. Tristan riu de lado, não sabia se gritava de volta, se matava, se pedia para morrer. — Você está preso por tantas coisas que não tenho dedos suficientes para contar - Voltou a caminhar parando somente quando estava na sua frente. — Demorou, mas eu peguei você.
Ele riu mais.
— Você também me pegou na adolescência. Esse circo todo é porque está atrás de uma quarta rodada de sexo selvagem do jeito que você gosta?
— O prendam, por favor, se possível o amordace também. - Deu as costas para sair.
— É sério? É isso mesmo que você quer? Porque eu sei muito bem que seu fetiche é me ver algemado fodendo você com força.
— Cala a boca - Mandou enquanto se aproximava outra vez. — Cala a sua boca. Não estou aqui para falar de intimidades, - Ela sorriu quando escutou as algemas serem fechadas — Está preso por tráfico de armas, drogas, garotas, por uns trinta assassinatos, você vai morrer na cadeia.
— Você não quer que o pai da sua filha morra, não é? - Pela primeira vez naquela fatídica noite, Tristan abriu um sorriso que desconcertou a delegada que ergueu a arma outra vez mirando na cabeça daquele homem. Podia apenas atirar e depois dizer que foi um acidente, mas sendo tão apaixonada por aquele hom- pela profissão, tinha que seguir regras — Li… - Ela arfou sentindo todo o corpo estremecer — Você não me assusta, nem essa tropa de homens que você reuniu para me ver.
— Tem mais homens aqui do que você imagina. O carro que te trouxe, foi apreendido assim que entrou. Os homens do seu amigo ali estão presos e indo para a delegacia nesse momento. Medi seus passos desde que chegou no seu jatinho particular no aeroporto clandestino há dois dias. - Ele foi parando de sorrir.
— Não gosto de ter encontros com você desse jeito. - Ela não ligou — Com tanta gente não podemos falar de sexo, mas podemos falar sobre a Lizzie - Ela entreabriu os lábios e deixando sua arma de lado, ela o socou no rosto fazendo o homem cambalear para trás e ser aparado por outros policiais.
— Para de falar da minha filha - Mandou cheia de ódio para o homem que tornou a lhe encarar, sorrindo, um sorriso com gosto de sangue. — Podem levar esse criminoso. - Ordenou aos subordinados mostrando ao Benett todo seu nojo num olhar direcionado a ele. Lilian assistiu seu caminhar até atravessar a porta e respirou fundo. — Alguém avisa o Cassius para me encontrar na delegacia, eu peguei Tristan Benett.
As paredes pareciam diminuir a cada segundo que olhava para elas. A algema ao redor de seus pulsos começava a doer e isso ele não iria perdoar. Não via a hora de Arthuro aparecer naquela porta o levando embora, e ainda ia reclamar pela demora, no entanto, Tristan entendia o porquê de demorar tanto. Se Lilian achava mesmo que conseguiria um dia prendê-lo, ela está muito enganada. Por muito tempo, Oscar Bennett refez aliados com todo mundo, desde policiais aos promotores, ninguém prenderia seus filhos, pois eles saberiam como se defender dependente de qualquer coisa. Sentado ali no seu estado mais crítico, seus olhos se voltaram para a porta quando a mesma se abriu revelando Cassius, um dos detetives de Lilian, e logo atrás, ela com aquele sorriso sínico, mais alguns minutos e ele mesmo iria arrancar o riso do rosto daquela desgraçada. — Tristan Bennett é bom... Revê-lo? - Cassius parou do outro lado da mesa e jogou uma pasta diante dos dois com um sorriso no rosto, — seja bem-vindo.
Aquela noite não deveria ter terminado daquele jeito. Deveria está sorrindo, comemorando sua tão sonhada prisão, mas nada do que planejou deu certo. Dedicou dias, anos para o momento, só esqueceu que mafiosos jogam sujo demais, usam família, amigos, colegas e tudo que o puder livrar da cadeia. Entrou em casa jogando suas coisas onde podia, precisava de um banho, uma taça de vinho, tudo para fazê-la esquecer de mais um fracasso que logo, logo seria punida. — Mamãe. - A delegada virou devagar em direção à voz que surgiu na escuridão, respirou fundo quando avistou sua filha se aproximar com cautela. — Você chegou tarde. Eu pedi o jantar pra nós duas, mas… — Está tudo bem. Acabei me atrasando, mas estou aqui. Espero que já tenha jantado, não precisa me esperar todas as noites - Lizzie cruzou os braços a encarando dos pés a cabeça — O que foi? Estou bem. E estou aqui. — Está aqui agora. Sei que você tem um trabalho complicado… — A gente pode pular a parte em que você me dar um sermão
O olhar da delegada não mudou. Assistiu seu chefe ir embora com um sorriso no rosto achando que tinha feito seu trabalho muito bem feito, quando na verdade apenas lhe jogou uma responsabilidade que não estava disposta a carregar nas mãos. — Janie Jones… - Cassius murmurou aos poucos jogando-se contra a cadeira — Ela é uma espiã muito boa, e nunca deixou que um dos seus alvos escapasse - Encarou a delegada que quanto mais escutava, mas zangada ficava — Pensa nisso como uma premio, Lilian, ela vai prender o Tristan. — Eu não preciso de uma agente de vinte rostos para prender o Tristan, Cassius, não preciso. - Bradou ao levantar. Caminhou pela sala tentando elaborar um plano em que não tivesse aquela mulher por perto. — Para prender não, mas quem sabe para mantê-lo preso. - Lilian o olhou na mesma hora — A gente o prendeu três vezes nesses últimos anos e ele saiu pela porta da frente como se não tivesse acontecido nada. Sem provas, sem regr
O barulho da música era alto demais para o gosto de Lilian, mas ela deixou de lado enquanto caminhava atrás de Cassius que parecia saber o caminho exato por onde tinha que andar. As pessoas até o cumprimentava e quando mais gente falava com ele, mas Lilian achava estranho está ali dentro com um de seus melhores amigos atrás de uma prostituta de luxo mesmo sabendo que o detetive era casado.Chegaram a um ponto do lugar, e ele conversou com o garçom que os levou para a outra parte da boate, a melhor dela. O corredor era estreito, mas rapidamente revelou-se um lugar luxuoso, com mesas redondas escondidas atrás de cortinas de seda, velas, bebidas caras e gemidos ocultos. Quartos com paredes de vidro que só se via o negror, mas com certeza quem estava do lado de fora via todos que passavam por ali.Típico de uma boate clandestina onde todos podiam ir.— A gente está mesmo no lugar certo? - Lilian perguntou baixinho sabendo que seu corpo estava arrepiado. Devia está atirando em qualquer coi
— Ela é uma mulher arrogante - Lilian bradou assim que abriu a porta da sua casa — Você viu como ela falou conosco? Ela acha que é quem?— Uma agente especial que pode fazer o que quiser na hora que quiser… - Cassius zombou o que era de fato uma verdade que ninguém poderia dizer o contrario.— Se eu não te conhecesse bem, acharia que possivelmente está apaixonado por aquela farsante. Aquela vigarista, aquela falsa que dança em pole-dance como uma rainha.— Não estou. É você quem está com ciúmes porque ela mencionou aquela pessoa.Lilian parou no meio da sala voltando-se ao homem — EU NÃO ESTOU COM CIUMES.— Fica calma. - Pediu o homem, tentando acalmar a fera que atiçou.— ESTOU CALMA.— Mãe? - Lizzie apareceu de repente fazendo os dois a olharem — Oi, tio Cassius. - O abraçou rapidamente. — Falei com Archie na escola hoje.— Sim, ele ficou meio…— Traumatizado? Ele contou e sinto muito por isso.— Tudo isso é culpa daquele encosto, quase mata seu amigo. Não precisa sentir nada, porqu
Jannie entreabriu os lábios, um frio percorreu seu corpo inteiro quando o moreno sorriu em sua direção.— Então garotas, eu vou explicar como as coisas acontecem por aqui. - A voz de Valentin era divertida, alegre demais para a situação em que se encontravam.As cinco garotas estavam novamente diante de uma fila encarando aquele homem que andava e falava de um lado para o outro. Cada uma com suas duvidas, sem saber como agir, ou esperando a hora certa para correr. O que não era o caso de Jannie, no entanto a garota estudava cada canto da sala na esperança de conhecer melhor o território, a parte maior daquele plano já estava concluída, foi escolhida para ir a Muzan a cidade dos Bennett para saber mais sobre eles e finalmente os prender.— Eu sou Valentin Bennett, mas vocês já sabem disso, não é mesmo? Tiveram uma viagem divertida conosco até nossa maravilhosa mansão e a nova casa de vocês. - Parou entre elas com as mãos na cintura, não havia sorriso naqueles rostos e isso lhe perturba
O dia amanheceu belo em Seant. Mais uma semana se iniciava com aquele gosto doce e tranquilidade no ar. E isso era radiantemente bom, até para uma delegada que passou meses, trancada numa sala ao lado dos seus homens mais confiáveis para planejar uma prisão que deu tudo errado. Contudo, estava disposta a esquecer de nove meses da sua vida se aquela nova estratégia desse certo. Até beijaria os pés de Jannie Jones se trancasse aquele homem dentro de uma cela e nunca mais soltasse.Desceu da cama pronta para mais um dia de trabalho, e enquanto se arrumava parada em frente ao espelho, ousou sorrir como há muito não fazia. Desde quando deixou de pentear os cabelos para o lado e mostrar sua franja belíssima, e o decote na camisa branca social que gostava de expor? Fechou os olhos respirando fundo, buscando lá em seu intimo as respostas para suas perguntas mentais e todas elas indicavam apenas uma pessoa. Tristan Bennett.Não era amor que sentia por aquele homem. Claro que falar isso em voz
Assim que fechou a porta atrás de si, um sorriso brotou nos lábios de Jannie. Olhou de um lado para o outro procurando por qualquer pessoa que pudesse lhe ajudar a estudar o local, esperou ali por alguns minutos e quando viu que não iria aparecer ninguém, seguiu sozinha mesmo caminhando sobre o tapete verde que decorava o chão do corredor juntamente com os quadros de alguns dos Bennett passados, ou simplesmente membros da família que ninguém conhecia.Respirou fundo tentando decorar cada rosto e passando lentamente para que Mike ou Julian do outro lado pegasse tudo. Conseguiu ouvir algumas vozes e até gemidos enquanto desfilava pelo corredor e parando ao fim dele, Jannie olhou para baixo. Não podia contar quantos homens estavam armados por ali, até cogitou se esconder, mas não iria fazer isso, não precisava. Tinha que ganhar confiança daqueles homens. Se fugisse, certeza que a trancariam em algum lugar. Quando começou a descer as escadas procurando qualquer assistência, seus olhos enx