Capítulo 7
Linus parecia querer comer Thea ali mesmo.

Desde que se tornou gerente, ele tinha se aproveitado de inúmeras mulheres, aproveitando de seu cargo para lhes oferecer benefícios. A princípio, elas mantiveram o profissionalismo, desconfiando de suas propostas. Entretanto, depois que a primeira cedeu e a outras perceberam que ele cumpria com suas promessas, àquelas que não tinham nada a perder também passaram a se aproveitar da fraqueza de Linus.

Na ocasião, Jane pretendia se beneficiar oferecendo Thea. Por isso, se aproximou da colega e a puxou de lado, dizendo:

― Eu sei que você sofreu, por muitos anos. Mas, você está linda de novo e pode usar sua aparência a seu favor. Não seremos jovens para sempre, sabia? Depois que esse período de ouro acabar, e o nosso já está acabando, nunca mais o teremos de volta. ―

― Eu sou casada e não vou fazer isso. Aliás, eu não preciso fazer nada disso ― Thea se recusou a ceder.

Jane perdeu a paciência:

― Quem você pensa que é, Thea? Você não sabe que é um privilégio que Linus tenha se interessado por você? Se o ofender, pode esquecer qualquer contrato com a Celestial. Para todo sempre. ―

― James... ―

Triste e desanimada, Thea caminhou até o veículo blindado.

Mas, olhando pelo vidro abaixado, James ignorava Linus e Jane e apontava para a entrada do prédio, incentivando:

― Apenas continue ― ele disse, com um sorriso no rosto ― você precisa falar com o diretor, não com um humilde gerente. Apenas ignore-o. ―

― Quem você pensa que é? ― Linus perguntou, olhando para James, com frieza.

Mas, James só precisava dizer três palavras para o gerente-geral:

― Vai à merda! ―

Afinal, ele ainda era o lendário Dragão General das Planícies do Sul e Linus era um completo zé-ninguém.

No escritório do presidente, no oitavo e mais luxuoso andar do edifício do Grupo Celestial, Alex esperava por Thea desde cedo. Mas, ela ainda não tinha aparecido. Extremamente ansioso, ele desceu para o primeiro andar, verificando, na recepção, se uma mulher chamada Thea Callahan havia pedido para vê-lo. A recepção confirmou que ninguém com esse nome havia passado.

“Ah, merda”, ele pensou. Thea era a esposa do Dragão General. Se de alguma forma ele estragasse tudo, nem mesmo o poder que o nome Yates tinha poderia protegê-lo de uma reprimenda.

Alex saiu do prédio, planejando esperar na entrada e, assim que saiu, viu seu gerente falando com duas pessoas. Ele olhou, notou que uma delas era James e estremeceu, involuntariamente, até seus joelhos quase dobrarem. Enxugando o suor do rosto, ele caminhou até eles.

― Gener... ―

Antes que ele pudesse terminar, James olhou para ele e estreitou os olhos. Alex entendeu o recado e parou de falar.

Ignorando Linus, que ainda o ofendia, James se virou para a esposa e disse, com voz suave:

― Aquele não é o diretor? Por que você ainda está parada aqui? Continue. Meu destino depende de você. ―

Thea seguiu seu olhar e viu o homem careca. Os olhos dela se iluminaram e, com passos decididos, a mulher foi em direção a Alex Yates:

― Hahaha, que piada ― Jane disse, com sarcasmo ― o diretor está em seu escritório. ―

Entretanto, Linus tinha uma expressão feia no rosto:

― Thea, deixe-me esclarecer isso, de uma vez por todas. Se não formos para o hotel agora, você nunca conseguirá fazer um acordo com a Celestial, nunca. ―

Para ele, tinha virado questão de honra. Ele queria possuir Thea, nem que fosse somente para humilhá-la. Afinal, todos os contratos da Celestial com empresas da cidade tinham que passar por sua vistoria.

Além das parcerias principais, destinadas aos Quatro Grandes, ele controlava até mesmo os serviços menores. Com sua ordem, ele poderia prejudicar toda a família Callahan.

Alex se aproximou deles e, com uma expressão dura, perguntou:

― Que bagunça é essa? Você não tem trabalho a fazer? ―

Jane e Linus se viraram juntos.

As expressões presunçosas desapareceram de seus rostos, assim que viram Alex.

― S-senhor. ― Linus começou a suar. Se o presidente descobrisse o que ele fazia, perderia o emprego e responderia um processo. Tudo o que podia fazer era rezar para que Alex não tivesse ouvido o que ele havia dito.

Alex abriu os braços, indignado e perguntou:

― O que está acontecendo, aqui? ―

James cutucou levemente Thea, que ainda estava atordoada.

A mulher caiu em si, respirou fundo e disse:

― Muito prazer, Senhor Yates. Sou Thea Callahan, da Eternality. Estou aqui em nome da empresa, para explorar uma colaboração com a Celestial. Gostaríamos de obter algumas ordens de vocês. ―

Como Alex Yates era uma pessoa muito importante, Thea se sentia pequena falando com ele e acabou perdendo um pouco de sua confiança.

Cansington era a capital da medicina nacional e havia milhares de empresas de processamento de medicamentos operando na cidade. Todas essas empresas dependiam de grandes organizações farmacêuticas, como a Celestial, para sobreviver.

Como o Grupo Eternality tinha porte médio, eles ainda não estavam qualificados para trabalhar em contato direto com a Celestial.

Antes de responder Thea, com o rosto vermelho de raiva, Alex se virou para Jane e Linus e vociferou:

― Vou perguntar, mais uma vez. O que vocês ainda estão fazendo aqui? ―

James achou que era a hora de interceder e falou:

― Minha esposa veio para falar de negócios com a Celestial, mas esse gerente queria se aproveitar dela e a assediou. Ele abusou do poder, ameaçando prejudicar a Eternality, caso minha esposa não cedesse a suas investidas promíscuas. Acho que, como uma grande empresa, a Celestial deve lidar com esse assunto, de maneira justa. ―

― É claro ― Alex disse, enojado, e depois de recuperar a compostura, assentiu e disse ― ele está certo. Parece que temos corrupção para erradicar na empresa. Linus Johnson, certo? Vá ao departamento financeiro. Você está demitido. ―

― Quê? ―

Lino ficou chocado. Como ele podia ter sido demitido com tanta facilidade?

― Senhor Yates, isso não é verdade! Não dê ouvidos a ele. A família Callahan tem uma empresa muito pequena para trabalhar conosco. Os contratos da Celestial são destinados a empresas de maior porte. Eles estavam me incomodando, então inventei uma desculpa para afastá-los. Tudo o que faço é em benefício da empresa. ―

― Você quer que eu repita? ― E, virando-se para Jane, continuou ― e você, também, arrume suas coisas e passe no RH. ―

Tendo resolvido a questão com seus funcionários corruptos, Yates se virou para James e Thea e sorriu:

― Senhorita Thea Callahan da Eternality, não é? Venha para meu escritório, por favor. Deixe-me cuidar disso, pessoalmente. ―

Alex gesticulou, educadamente, a chamando e Thea ficou confusa, pensando “Desde quando o diretor da Celestial é tão educado e tranquilo?”

James a incentivou novamente:

― Vá! Esta é uma oportunidade de ouro. Meu destino está em suas mãos. ―

Thea alcançou o diretor e disse:

― Ah, sim. É claro. Sem problemas, Senhor Yates, vamos. ―

Ela ainda estava um pouco nervosa. Em dez anos tinha se acostumado a receber olhares de espanto e que mal prestassem atenção em suas palavras. Mesmo que tivesse aproveitado para adquirir muito conhecimento, lhe faltava experiência e aquela era a primeira vez que conduziria uma negociação. Como se não bastasse, seu batismo de fogo seria com a maior empresa da cidade.

Pensar nisso tudo a fez perder a confiança e ela se virou para James, assustada, movendo os lábios discretamente:

― Querido, eu não acho que consigo. ―

― O Senhor Yates já te convidou. Do que mais você tem medo? ― James sorriu, encorajador e concluiu ― vá em frente. Espero você no carro.

― Senhora Callahan, por aqui, por favor ― Alex curvou-se ligeiramente, dando passagem para que Thea entrasse no edifício, primeiro.

Jane e Linus ficaram arregalados, ainda processando tudo o que tinha acontecido.

Como o grupo era uma grande corporação, a notícia de que Yates tinha saído para receber uma empresária, no estacionamento da empresa, tinha se espalhado rapidamente e os repórteres que ficavam à espreita, esperando aquele tipo de acontecimento, tiraram fotos do momento em que Thea e Yates entravam no prédio.

Afinal, se até os importantíssimos Quatro Grandes, não tinham o privilégio de serem recebidos pessoalmente por Alex, como aquela empresária tinha conquistado tamanho respeito? Quem era ela? Qual empresa ela representava? Por que ninguém a tinha visto antes?

Enquanto tudo isso acontecia, James, entrou no imponente e sinistro carro blindado, sentando no banco do carona, acendeu um cigarro e passou outro para Henry que acendeu e deu uma tragada, perguntando:

― General, tudo isso era necessário? Se você tivesse pedido, Yates teria te passado a diretoria da Celestial na cidade. ―

James soprou um anel de fumaça:

― E por que eu iria querer isso? Para presentear Thea? Ela poderia nem gostar. Tudo o que tenho a fazer é apoiá-la em seus esforços. Além disso, quantas vezes eu tenho que te dizer? Não me chame de General. Aqui é James. ―

― Desculpe, James. É difícil quebrar o hábito. ―

No último andar do edifício do Grupo Celestial, Alex levou Thea para seu escritório e ofereceu uma bebida. Mas, antes que a mulher respondesse, o diretor começou a preparar um chá. Thea ficou chocada e, rapidamente, disse:

― Senhor Yates, deixe-me fazer isso sozinha. ―

― Por favor, sente-se, Senhora Callahan. Eu aprecio fazer o chá. Sinta-se em casa, por favor. ―

Thea não conseguia entender:

― Senhor Yates, estou aqui para falar de negócios... ―

― Sim, sim, eu sei. Tome uma xícara de chá primeiro. Vou pedir a alguém para preparar o contrato agora mesmo. Oh, eu verifiquei o tamanho de sua empresa e acredito que ela e capaz de atender um contrato no valor de cem milhões. Mas, é claro, se você me disser que dimensionei incorretamente o tamanho de sua empresa, posso aumentar esse valor. ―

― O quê? ―

Thea estava atordoada. Ela ainda nem tinha argumentado e Alex ofereceu um pedido no valor de cem milhões de dólares, assim. Desde quando era tão fácil fazer negócios com a Celestial?

Alex notou que a expressão de Thea estava desconfortável e pensou que cem milhões não eram suficientes. Imediatamente, ele disse:

― Não é o suficiente? Eu vou te dar mais. Como quinhentos milhões soam para você? ―

― Não, não, chega. Cem milhões é o suficiente ― respondeu Thea apressadamente, enquanto pensava: “Quinhentos milhões? O que está acontecendo?” Com uma ordem de quinhentos milhões e comissão de 20%, se o negócio fosse concluído, os Callahan obteriam um lucro de cem milhões de dólares.

Entretanto, pelo porte da empresa, seria impossível realizar um pedido tão grande. Alex tinha calculado corretamente e a ordem de cem milhões de dólares exigiria que eles dessem o melhor de si.

Depois de concluída a negociação, Alex foi extremamente eficiente. Em pouco tempo, sua secretária redigiu um contrato, que Thea assinou, ainda em estado de choque.

Antes de ela sair, Alex deu a ela seu cartão de visita:

― Senhora Callahan, este é o meu cartão. Vamos manter contato. ―

Ele nunca mencionou James, uma vez. Pela forma com que Thea se comportava, o empresário notou que ela parecia não saber com quem estava casada e preferiu deixar as coisas nesse pé. Como negociador experiente, ele sabia ler linguagem corporal razoavelmente bem. James não queria que sua identidade fosse exposta. Isso ele sabia.

Thea pegou o contrato e saiu do prédio, sentindo como se tudo o que aconteceu fosse como um sonho febril.

Tinha sido tudo muito fácil. Ela mal falou, mas a Celestial praticamente deu o contrato a ela.

Ela entrou no carro.

― Querido, acho que Alex Yates está tentando fazer algum tipo de caridade. Eu mal disse duas palavras antes que ele me desse um contrato de cem milhões de dólares. Na verdade, ele chegou a oferecer até quinhentos milhões. ―

James sorriu:

― Você deve tê-lo conhecido antes. ―

― Impossível. Nos últimos dez anos, não fiz nenhum amigo ― Thea pensou por um instante e olhou para James, com os olhos brilhando ― querido, Alex só foi legal comigo por causa de você, certo? ―
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