James fez beicinho, impotente, enquanto sua carteira era devolvida, sem o cartão preto.― Traga-me o vestido do meu armário ― disse Thea, mudando de assunto ― há um banquete importante esta noite. ― James se levantou e caminhou em direção ao armário, perguntando:― Qual deles, querida? ― Olhando de longe, para as opções disponíveis, Thea disse:― O branco, com decote em V. ― ― Esse daqui? Eu nunca tinha reparado nele antes, mas vai ficar muito bonito em você! ― James pegou o vestido e levou até a companheira, sondando ― Um banquete importante... Mas, qual será a ocasião? ―― Rowena Xavier está organizando um banquete de leilão. A família possui muitos itens raros e de valor inestimável, então quase todos os participantes são poderosos, de uma forma ou de outra. Então, vou expandir minha rede de contatos, enquanto estiver lá. ―James fez uma pausa quando ouviu isso, mas se recuperou imediatamente.― Precisa que eu te dê uma carona? ― Ele perguntou.― Não, obrigada. Vou peg
Do outro lado da cidade, dezenas de jipes apareceram, cantando pneus, enquanto soldados pulavam, fortemente armados e invadiam a mansão dos Callahan.O pânico irrompeu e Lex, que já tinha ido para a cama, levantou-se, descendo as escadas mais rápido do que seria aconselhável e se aproximou dos soldados, ainda vestindo pijama.― O que aconteceu, senhor? ― Ele perguntou ao líder, com o rosto pálido.― Pegue ele. ― Com a ordem emitida, dois soldados agarraram Lex pelos antebraços e o arrastaram para longe.Os outros familiares, ainda grogues do sono, também foram puxados à força para dentro dos jipes.Enquanto isso, a poucos quarteirões de distância, um grande estrondo irrompeu na casa de Thea. Benjamin e Gladys foram acordados quando os soldados entraram e os arrastaram para longe.No último andar subterrâneo do Hotel Cansington. Thea estava sentada no chão e amarrada em um pilar, assistindo, impotente, enquanto sua família era trazida. Seu avô, Lex Callahan, seu pai, Benjamin, s
Os dois cortes vertendo líquido rubro criavam um forte contraste em sua delicada pele clara. O sangue que escorria em abundância do rosto, descia pelo pescoço, manchando o vestido branco e escorrendo para dentro do decote.A perda de sangue e o medo confundiam os pensamentos de Thea, enquanto lágrimas cristalinas brotavam de seus olhos e aumentavam o ardor em suas bochechas. A jovem estava em total desespero.Diante do general Trent Xavier, todos os sentimentos ruins ganhavam força, mas, mais do que tudo, o ódio se espalhava no peito de Thea. Durante anos a jovem se arrependeu de ter ouvido aquele apelo e sem pensar em mais nada, ter se atirado em um mar de chamas. Afinal, por mais que tivesse salvado uma pessoa, o resultado daquela ação tinha lhe custado dez anos de tormento psicológico e dor física. Até mesmo as pessoas, de quem era mais próxima, foram se afastando até cortar relações. Thea era tratada como se tivesse uma doença contagiosa e até mesmo sua família a rejeitava. Seus
’Fui eu’, eram apenas duas palavras, mas ressoaram pelo salão como um trovão crepitante e ecoaram nos ouvidos dos participantes, afastando todos os pensamentos de suas mentes.Até Trent ficou atordoado. Ele era um vice comandante endurecido pela batalha da fronteira ocidental e tinha travado centenas de batalhas ao lado do próprio Rei Alegre, mas o rugido de James o congelou completamente, tornando-o incapaz de reagir por um instante. Quando finalmente conseguiu se mexer, viu um homem entrando no corredor.A pessoa usava uma máscara de fantasma preta e uma aura de crueldade emanava de seu corpo, como uma névoa fria que se espalhava por todo o salão, baixando a temperatura em alguns graus.― Quem é esse? ― ― É a mesma pessoa com máscara de fantasma que matou Warren Xavier! ― Os convidados reagiam, seus rostos ficando pálidos de choque e terror, enquanto James passava por eles.Eles se lembravam da imagem horrível acontecida meio mês atrás, quando o braço de William Xavier foi ar
Cansington era a capital dos suprimentos médicos, de Sol, e uma das referências mundiais. Ali, havia empresas farmacêuticas no valor de bilhões, bem como milhares de fábricas de processamento de medicamentos. Grandes ou pequenas elas se espalhavam por toda parte, nas grandes estradas ou escondidas em pequenos becos.A Nine Dragons Street era uma rua complicada, no coração de Cansington, onde bandidos se reuniam. Havia lojas de antiguidades, bares, pubs e casas de massagens e, em uma de suas extremidades, havia uma clínica chamada Commom.Foi nela quem Henry encontrou um emprego para acobertar suas atividades e relações com James e poder se manter na cidade. Como James era médico, ao longo dos anos Henry havia aprendido várias de suas técnicas especiais ao tratar de viroses e ferimentos leves.O disfarce de Henry tinha sido providencial, afinal, James e Henry estavam debruçados em uma das mesas para pequenos procedimentos cirúrgicos da Common, observando os cortes no rosto de Thea e
O sol nasceu, brilhando intensamente sobre o mundo. Os cidadãos acordaram, se prepararam e começaram um novo dia, pouco a pouco retomando seus afazeres.No edifício do Grupo Celestial, uma mulher vestida com um terninho riscado, cinza e uma expressão dura e profissional no rosto, entrou no escritório do presidente, como fazia todas as manhãs, para relatar os informes e notícias importantes.― Senhor Yates, algo importante aconteceu ontem à noite. No leilão dos Xavier, Trent torturou Thea e toda sua família. Mas o assassino de Warren Xavier reapareceu e... ― ― Espera! Trent Xavier sequestrou Thea e sua família? ― Alex ficou surpreso quando ouviu isso. Ele continuou com: ― Trent morreu no final? ― ― Sim senhor. De acordo com o noticiário, Trent pretendia exterminar os Callahan antes de vir atrás da Celestial. Mas, no momento em que ele ameaçava matar a Senhora Callahan, perante todos os convidados, o homem da máscara de fantasma apareceu e o matou. ―Alex acenou com a mão, agrade
Mas, Henry ainda se sentia insatisfeito e encheu os pulmões de ar, pretendendo voltar a argumentar. Percebendo isso e sem querer continuar a conversar, James mudou de assunto:— Me dê uns trocados, vou comprar um café da manhã para Thea. Suspirando, resignado, Henry entregou três notas para James— Tudo bem, eu fico de olho nela. — James saiu da clínica e encontrou uma padaria, ali mesmo, na Nine Dragons Street, onde comprou suco de laranja, café com leite e alguns sanduíches. Quando retornou, Thea já tinha acordado. Ela estava deitada na cama, olhando para o teto, com indiferença e o rosto envolto em gaze. James foi até ela, puxando a mesinha para perto da cama e servindo o café da manhã. Quando tudo estava preparado, suavemente, chamou:— Querida, vamos comer? — Thea não respondeu e James pegou na mão dela.— Acabou agora. Está tudo acabado agora. — Thea virou-se ligeiramente para ele, soluçando baixinho. Seu corpo tremia e uma expressão de pânico surgiu em seu rosto.
― Pai ― disse Thea ― Eu estou bem. ― ― Quem está aí, Benjamin? ― Uma voz soou e Gladys apareceu. Entretanto, quando ela viu Thea, seu rosto se tornou sombrio e ela disse, com voz fria ― sua garota maldita, o que está fazendo aqui? ― ― Mamãe... ― ― Não me chame de mãe. Eu não te reconheço como minha filha! ― A mulher olhou com desdém para Thea, cujo rosto estava completamente enfaixado.Gladys tinha sido sequestrada e tratada horrivelmente por causa de Thea. Entretanto, felizmente, Trent estava morto. Caso contrário, os Callahan estariam perdidos. Mesmo assim, quando Lex voltou para sua mansão, estava tão furioso que emitiu uma ordem tirando Thea de sua posição na empresa e expulsando-a da família. Ele até fez um anúncio público de que Thea não era mais uma Callahan.― Gladys, o que você está fazendo? ― Benjamin franziu a testa ― meu pai pode tê-la expulsado da família, mas ela ainda é nossa filha! ― Gladys plantou as mãos nos quadris e respondeu, contrariada:― Quem ousari