Capítulo 13
Do outro lado da cidade, dezenas de jipes apareceram, cantando pneus, enquanto soldados pulavam, fortemente armados e invadiam a mansão dos Callahan.

O pânico irrompeu e Lex, que já tinha ido para a cama, levantou-se, descendo as escadas mais rápido do que seria aconselhável e se aproximou dos soldados, ainda vestindo pijama.

― O que aconteceu, senhor? ― Ele perguntou ao líder, com o rosto pálido.

― Pegue ele. ―

Com a ordem emitida, dois soldados agarraram Lex pelos antebraços e o arrastaram para longe.

Os outros familiares, ainda grogues do sono, também foram puxados à força para dentro dos jipes.

Enquanto isso, a poucos quarteirões de distância, um grande estrondo irrompeu na casa de Thea. Benjamin e Gladys foram acordados quando os soldados entraram e os arrastaram para longe.

No último andar subterrâneo do Hotel Cansington. Thea estava sentada no chão e amarrada em um pilar, assistindo, impotente, enquanto sua família era trazida. Seu avô, Lex Callahan, seu pai, Benjamin, seu tio, Howard, seu outro tio, John, e todos os outros. Ninguém havia ficado de fora.

Assim que chegavam, todos eram arremessados ao chão e amarrados. Eles se entreolhavam em pânico e confusos, sem saber o que haviam feito para ofender os Xavier ou por que estavam presos no subsolo de um hotel.

Trent sentou-se na única cadeira da sala e tragou o cigarro.

― Você sabe por que eu trouxe você aqui, Thea Callahan? ― Ele perguntou com uma expressão fria, enquanto os soldados o observavam.

Ela sabia que não estava perto dos trabalhadores quando a pintura caiu e que as imagens das câmeras de vigilância mostravam o contrário. Então se tratava de uma armação, mas ela não imaginava o motivo.

― General Xavier, não fizemos nada contra sua família. Na verdade, o nosso Tommy é um bom amigo de Joel! Por que você está fazendo isso? Por favor, deixe-nos ir ― Lex se arrastou enquanto implorava a Trent ― se fizemos algo para ofendê-lo, eu prometo que irei pessoalmente compensá-lo... ―

Trent ergueu a mão, interrompendo Lex:

― Thea Callahan destruiu, intencionalmente, uma pintura que valia um ponto oito bilhões de dólares, no banquete do leilão. Vou libertá-lo agora para que você possa liquidar seus bens, Lex Callahan. Consiga-me o dinheiro, em troca do resto de sua família. Se não fizer isso, eu os matarei. ―

― O quê?! ―

― Quase dois bilhões?! ―

― O que diabos aconteceu, Thea?! ―

― Como você destruiu uma pintura que vale tanto?! ―

Os Callahan, chocados, furiosos e ainda amarrados, começaram a lançar insultos a Thea. Eles a acusavam de ser uma maldição para a família e de como ela sempre representara problemas para eles.

Thea, sem revidar a nenhum dos insultos, não tinha nada a dizer contra aquilo.

― Solte Lex Callahan ― Trent ordenou.

O militar tinha investigado a fortuna dos Callahan, antes de agir. Somando todos os seus ativos, incluindo valor de carros e propriedades, os Callahan tinham o exato valor que Trent exigia. Ele os levaria à falência.

Lex caminhou até Thea, assim que foi solto, e deu um tapa em seu rosto, com toda a força:

― Coisa inútil! Você arruinou nossa família! Estamos condenados! ―

Lágrimas escorriam por seu rosto vermelho e inchado:

― Não fui eu, vovô! ― Ela gritou. ― Realmente não fui eu! ―

― Como você ousa argumentar! O General Xavier a acusaria falsamente com que motivo?! ― Lex gritou, batendo nela, mais algumas vezes, com raiva.

Depois que terminou de humilhar a neta, o homem se ajoelhou perante Trent, implorando:

― Por favor, tenha misericórdia por minha família, general Xavier ―

― Misericórdia? ― Trent disse, com frieza ― você teve alguma misericórdia quando Alex Yates começou a nos levar à falência, por causa de uma ligação de Thea Callahan? ―

A compreensão atingiu Thea:

― Você... Você armou para mim?! ―

― Sim ― disse Trent ― E você não pode fazer nada sobre isso. Estou tirando de você toda a fortuna de sua família, de uma forma ou de outra, está tudo acabado. ―

Lex caiu no chão, sua energia o tinha abandonado completamente. Ele parecia ter envelhecido dez anos em um único minuto.

― Estamos condenados! ― Ele lamentou, em desespero ― Os Callahan estão condenados! ―

― Tire esse velho daqui. ―

― Sim, senhor. ―

Dois soldados armados arrastaram Lex, ainda soluçando, para fora da sala enquanto os outros Callahan assistiam, paralisados de horror.

O general Xavier falava sério. Os Callahan estavam condenados, e tudo por causa de Thea.

― Thea Callahan, sua nojenta! Você fez isso conosco! ―

― Por que não abortamos você, quando tivemos a chance?! ―

― Isso é culpa sua! Por que você está arrastando o resto de nós?! ―

― General, não tenho nada a ver com Thea! Por favor, deixe-me ir! ―

― Eu não quero morrer! General Xavier, por favor, deixe-me ir. Foi Thea quem o traiu. Apenas se vingue dela! Mate-a! Mate-a e deixe o resto de nós ir! ―

Os Callahan continuaram implorando. Não havia mais nada que pudessem fazer contra o poderoso Trent Xavier.

Ao ouvir as palavras rancorosas de sua própria família, a vontade de viver de Thea foi destruída e ela desmaiou de emoção. Achando que isso seria um alívio para a jovem, Trent acenou e um de seus soldados despejou um balde de água gelada em Thea que acordou engasgando e cuspindo.

Trent se levantou e se aproximou dela, com uma adaga na mão. Ele ergueu o queixo da jovem e deslizou a lâmina gelada por sua bochecha.

― Thea ― Ele começou, em um tom frio ― dez anos atrás, você invadiu a propriedade dos Caden, enquanto pegava fogo e foi ferida. Mas vejo que você recuperou sua beleza. Agora, diga-me. A pessoa que você salvou do fogo, onde está? ―

― Eu... Eu não sei. ― Thea tremeu, com o rosto pálido.

Trent pressionou a lâmina e sangue brilhante fluiu, um instante depois, tingindo metade do rosto da jovem de vermelho.

― Ahhh! ― Thea gritou de dor, lutando para se libertar. Mas seus membros estavam bem amarrados e seus esforços foram em vão.

Os outros Callahan tremeram de medo e os mais covardes desmaiaram ao ver o sangue.

― Fale logo! Quem você salvou? Ele veio te encontrar? Qual é a sua relação com Alex Yates? Por que ele te respeita tanto? ―

― Não sei! Não sei! Não sei de nada, juro! ― Thea soluçou, enquanto a faca era pressionada, mais uma vez, contra sua pele.

Outra ferida apareceu no rosto de Thea, mas tudo o que ela sentiu foi uma picada quente, depois, o fluido quente mais uma vez escorreu por sua bochecha e pescoço.

― Quem você salvou?! ― Trent rugiu ― Ele veio atrás de você?! ―

Thea ficou pasma, mesmo com o medo. Ela realmente não sabia quem tinha salvado. Ela começou a chorar, e as lágrimas fizeram os cortes arderem.

― Eu não sei! Eu juro! Eu nem sabia que era a propriedade dos Caden! Eu só descobri isso mais tarde! Eu não sei quem eu salvei! Seu rosto estava queimado além do reconhecimento quando o tirei do fogo! Ele pulou no rio e foi arrastado... Não sei quem é! Ele nunca veio atrás de mim, General Xavier! Estou falando a verdade! Por favor, tenha piedade... ―
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