ATAQUE GRATUITO
Túlio a levava para casa depois da luta que ela não assistiu até o final. Entrando no veículo, colocando o cinto, ele se virou para ela e perguntou:
— Você está bem?
Ele não era mesmo normal por lhe perguntar isso e olhando para fora do carro onde o povo dispersava, ela conseguiu sorrir:
— Se eu estou bem? Foi você quem acabou de lutar! Deixe-me ver – ela virou o rosto dele, segurando o queixo dele e olhando-lhe o rosto para que visse se havia ferimentos. – Pelo menos não acertaram de novo seu olho dessa vez. Não vou mais salvá-lo, esteja avisado. Uma vez por vida é o suficiente pra mim.
Ele também riu e ligou o carro. Não queria que ela percebesse que o toque dela tinha lhe causado sentimentos diferentes.
— Estou bem. Vamos embora? Onde estava indo?
— À manicure, mas já devo ter perdido minha hora agendada. Pode me deixar no salão dela mesmo assim.
— Gostou da música? – Ele deu uma rápida olhada para ela e continuou dirigindo.
— Amei, Túlio! Obrigada, veio bem a calhar.
— Ficou muito assustada?
— Claro que fiquei, cara, você sempre me assusta, sabia? – Ela falou em tom de brincadeira e ele desviou os olhos da rua só o suficiente para lhe falar com voz séria:
— Você também me assusta.
Cloe não sabia o que responder e ficaram calados até ele a deixar de frente ao salão da manicure.
Cloe passou o fim de semana pensando e revivendo toda a manhã incomum que tivera e na segunda pela manhã, lá estava ele, esperando-a na porta de sua casa para levá-la para a escola. Conversaram trivialidades, como o filme que assistiram no fim de semana e os ensaios dela para um evento que tocaria dali há dois meses. Virou rotina para os dois os momentos em que estavam juntos, ainda que só na ida e volta das aulas dela.
Em uma manhã em que Cloe se levantou mais cedo, após molhar suas plantas, se arrumar, tomar seu café e o esperar, ela notou que estava um pouco adiantada ou Túlio estava atrasado. Resolveu esperá-lo na calçada e logo Milla, Jake e Shay se juntaram à ela.
— Então, ficamos sabendo que está dando de cima do Túlio – Milla, que fazia dias que Cloe não via e nem eram amigas, apenas conhecidas, a abordou e sua postura corporal mostrava que ela estava pronta para briga.
— Desculpe? – Cloe perguntou assustada.
— Desculpe, é o caralho! Cê tava enrabichada com o playboyzinho lá do Sambra, num tava? – Milla levantava a voz e dava passos à frente, ficando mais próxima à Cloe, talvez vendo que a garota recuava, vendo sua suposta fraqueza, a moça parecia crescer. Milla dava quase duas de Cloe, tanto em tamanho quanto em peso. Shay e Jake pareciam querer ver sangue e se preparavam para se juntar à Milla. – Por que então veio se engraçar também pro lado do Túlio?!
— Milla, realmente não sei do que você está falando! – Cloe deu mais um passo para trás. – Namorei Cris uns dias e não estou namorando ninguém no momento, deve ser um mal entendido…
— Uma porra! Cê se acha, vadia, só porque toca piano, se acha melhor que nós aqui. Agora tá dando de cima do Túlio, achando que é a melhor de nós. Se enxerga, vadia, ele é muita areia pro seu caminhãozinho! – Ao dizer isso, Milla pareceu ficar ainda mais inflamada, a voz altíssima e Cloe viu que as três fariam picadinho dela e tentou entrar, abrindo o portão, mesmo de costas, tateava o portão na tentativa de abri-lo e pensava que não daria tempo de destrancar a porta antes delas a atacarem. Não via o carro de Túlio se aproximando, mas ouviu o motor de uma moto.
— Você é metida – Shay contribuía. – Deve tá dando igual doida pro Túlio, mas nós vamos abrir sua boceta de fora a fora com isso aqui! – Shay retirou da cintura, uma faca que até então estava coberta pela camiseta que usava. Cloe tremia e se sentia acuada, iriam acabar com ela e não a ouviam, por isso sabia que nada do que falasse adiantaria. Só tentava entrar em seu portão e se esconder em sua casa. Milla a impediu de passar pelo portão e entrar em sua casa e quando Cloe se virou, a mulher a segurou pelos cabelos com força, impedindo-a de sair.
— Ficou caladinha, né? Quer dizer que quem cala consente! – Enraivecida, Milla torcia os cabelos de Cloe, obrigando-a a se abaixar e ela já esperava a facada, quando o barulho da moto ficou mais alto, o escapamento barulhento anunciava que era uma moto forte e engolindo em seco, Cloe se virou sobre a mão pesada de Milla e viu quando o motoqueiro parou, apoiou a moto no descanso e retirou o capacete. Ela sabia que não era Túlio, pois o motoqueiro era mais alto e ela se deparou com Gringo.
— O que está acontecendo, Milla? – Ele veio andando devagar e Milla libertou os cabelos de Cloe. Shay e Jake também deram um passo para trás.
— Nada, Gringo, estávamos conversando com a Cloe. – Milla sorria para o homem, mas Cloe percebeu que estava assustada. O sorriso de Milla, ainda que falso, sumiu de seu rosto quando viu Túlio parado na calçada. Cloe também não o tinha visto ali. – Túlio? – A voz de Milla saiu esgarçada. Gringo se afastou e se encostou no carro de Túlio, ficou apenas assistindo e esperando ver o que as mulheres fariam.
— Então iam atacar Cloe, ou entendi errado? Será que sou louco? – Túlio espreitava as mulheres, o coração de Cloe nem tinha tempo de se recuperar e ainda batia descompassado.
— Não, é o que estávamos falando para Gringo, íamos conversar com ela, nada mais que isso.
— E são cabeleireiras? Por que você a agarrava pelos cabelos, ou sou mentiroso? Me corrija se eu estiver errado, por favor.
Até Cloe estava com medo dele, a frieza com que olhava para cada uma das três mulheres, mais parecia uma presa prestes a dar o bote e as mulheres sentiam isso. E por um ínfimo segundo em que ele só olhava para Milla, os punhos cerrados ao lado do corpo, claramente furioso, foi o suficiente para que Jake e Shay saíssem correndo e ele as ignorou, concentrando-se somente em Milla e fazendo-a se encolher, a espera dos golpes.
— Creio que dado os fatos, que um ou dois dedos quebrados seriam o suficiente, o que prefere? Cabeça raspada e dois dedos quebrados ou cabelos ilesos e cinco dedos quebrados? – Túlio falava baixo, nem Gringo conseguia ouvir de onde estava, mas Cloe e a mulher ouviam-no muito bem e Milla se ajoelhou desesperada e tremendo. Túlio estava a um passo dela quando Cloe pediu:
— Não! Por favor, Túlio, não a machuque – a voz dela saiu baixa, o pedido era sincero e pareceu o fazer parar, mas não olhava para ela ainda, seus olhos gélidos ainda estavam sobre Milla, ansioso para puni-la, parecia sentir o gosto de sangue. – Por favor, estou atrasada para a aula. – Ela pediu com mais firmeza na voz e mais alto. Ele então a olhou, a expressão se acalmando como que em um passe de mágica, os punhos cerrados sendo relaxados.
— Vamos então? – Ele lhe perguntou, se distanciando de Milla.
— Sim – Cloe correu até o carro dele para tirá-lo dali logo. Gringo ria para eles, relaxado apoado no carro de Túlio, pegou seu capacete e saiu dali acelerando, o motor potente da moto rugindo até que sumisse de vista.
Túlio nem olhou para Milla que permanecia no mesmo lugar, caída de joelhos e pálida como a morte. Abrindo a porta para Cloe, Túlio deu a volta, sentou-se no banco do motorista e foram embora dali.
UMA CORRIDA DE CARRO AO VIVO! Túlio a deixou na porta da escola de músicas e quando desligou o carro, geralmente ele nem desligava e tão logo ele descia, ele ia embora. Tendo desligado dessa vez o automóvel, olhou para ela e Cloe esperou, sabia que ele queria lhe dizer algo. — Gosta de corridas de carros? – Perguntou meio tímido, coisa rara e Cloe abriu um sorriso para ele. — Adoro! Sempre assisto pela tv aos domingos, mas nunca fui a uma corrida. Por isso você está sempre com esse carro esportivo? — Curto muito carros potentes e esportivos. Vamos comigo à uma corrida hoje à noite? Cloe foi pega de surpresa, não imaginava que ele a convidaria para esse tipo de evento, mas se lembrou que hoje seria a noite em que o professor Oscar lhes daria aula após às dezoito horas. Túlio percebeu a indecisão no rosto dela, achando que ela não gostaria de acompanhá-lo, falou: — Está tudo bem se não quiser ir. — Quero sim, Túlio, acontece que hoje terei aulas à noite e meu professor não anda l
BORBOLETAS NO ESTÔMAGO— Está atrasada de novo, está tudo bem, Cloe? – Lívia, sua professora de aritmética e encontra no corredor do colégio e lhe para, segurando-a delicadamente pelo cotovelo, o sorriso sempre amável nos lábios.— Está sim, senhora Lívia. Ando praticando muito algumas aulas de piano, sabe, mas vou procurar não me atrasar mais, prometo.— Que coisa boa, Cloe, fico muito orgulhosa por ser pianista. Só tente unir as duas coisas, meu bem, os dois estudos são fundamentais. Já pensou, uma famosa pianista que viaja o mundo e não sabe contas básicas de matemática? – A professora zombava dela e Cloe sabia que ela a admirava e só estava dando um jeito de lhe chamar a atenção.— Quem me dera ser uma pianista que viaja o mundo inteiro! – Cloe uniu as duas mãos em sinal de oração e sorriu para a professora.— É possível sim, Cloe. Você é muito aplicada nos estudos, só espero que continue assim. – Passando um braço pelo da aluna, instou-a a entrarem na sala de aula.Cloe queria ac
ANTES— Essa bike é sua? – perguntou Silas e Túlio sentiu o estômago embrulhar ao ouvir a voz do menino mais velho. Todos por ali sabiam que Silas era encrenqueiro do bairro, na verdade, Silas nem era do pedaço, mas adorava se aventurar e implicar com garotos mais novos.— É da minha prima. – Mentiu, mesmo sabendo que independente do que dissesse, Silas não ia se importar, a bicicleta poderia ser do Papa, se ele a quisesse, ele a teria.Túlio estava cansado de ouvir histórias acerca de Silas e outros garotos marmanjos nas redondezas e mesmo sendo bem menor que o covarde, ele não entregaria a bicicleta sem lutar.Já imaginava sua avó dizendo “ Por que não entregou a bicicleta de uma vez, menino! Tinha que puxar tanto seu pai?”Tinha conseguido a bicicleta após ajudar Macca e Digo nas matérias no ano interior e foi sob ameaça forte, prometendo quebrar os dentes de Digo, o irmão mais velho de Macca, que lhe prometeu dar a bicicleta caso aos ajudasse nas matérias, que ele finalmente e som
— Mas o quê… ? – Balbuciou.— Não curte gasolina, só álcool? – o garoto lhe perguntou e nessa hora a luz de fora foi acesa, Macca apareceu e se deparou com a cena, tão chocada quanto o marido embriagado e ensopado de gasolina. Ela então olhou para Túlio, a boca aberta, a mão no ventre distendido em proteção automática e o garoto lhe sorriu e lhe ofereceu a caixa de fósforos.— A decisão é sua. Acabe de uma vez com isso e esteja livre das pancadas de uma vez por todas.Macca levou um tempo para sair de seu choque, mas não fez menção de pegar a caixa de fósforos. Maycon, estupefato, pareceu ficar sóbrio em um estalo e se dar conta do que aconteceria. Como a esposa, ele sabia do feito do garoto e que ele não hesitaria em lhe botar fogo.— Quer que eu o faça para você? – Túlio perguntou à Macca e antes que ela respondesse, sentiram o cheiro de urina que exalava de Maycon, se misturar ao odor já forte da gasolina, e o bebum caiu de joelhos implorando pela vida. – Quer, senhora Macca? – Ins
BATIZADO NO FOGO— Você viu, fio – era assim que a avó o chamava. – , a mulher sai de casa agora. O marido não a deixava sair nem no portão, ela não tinha amizade com ninguém da vizinhança, você não se lembra? – perguntou após apagarem a luz e o garoto montar sua cama de ferro ao lado da cama da avó.— Nunca reparei, vó.— Pois tô te dizendo, a mulher era branca quase transparente, agora, vira e mexe, olha lá ela andando por aí, tá até mais viçosa! Logo o bebê nasce, né? Que Deus o traga com bastante saúde e nossa senhora do bom parto dê a ela uma boa hora.Layla até passara a deixar que ele lesse suas apostilas e livros de eletricista de seu pai por uma hora antes de apagar a luz. Macca deu à luz a um menino no final daquele ano, a amizade com Layla cresceu e a senhora foi convidada para ser a madrinha do menino e ficou emocionada. Macca o levava à casa de Layla todos os dias, e a pedia que o benzesse de mau olhado e tantas moléstias que crianças padeciam, segundo Layla, não havia u
CASTIGO VERSUS ANIVERSÁRIOA mãe de Hanna ligou, preocupada e Liz, mãe de Cloe falou com ela por quase uma hora, a decepção lhe escorrendo em cada palavra. Estavam em casa e seu pai, sempre tão calado, parecia procurar as palavras certas para incutir na mente da filha toda a loucura que ela estava fazendo ao começar a namorar, independente de quem fosse agora.— Filha, não é só porque esse rapaz é quem é…— É por isso também, sim, Calo! – gritou Liz. – Esse Túlio vive envolvido com pessoas barra pesadas! Não é um homem que mãe alguma desejaria para sua filha.As lágrimas de Liz caíam profusamente. E Cloe sentiu necessidades de defender seu amado, lhe doía ouvir a mãe falando dele. Mesmo tendo um pouco de razão, não deveria ser tão preconceituosa assim.— A senhora o conhece, mãe?— Ei – o pai interrompeu-a. Estavam na sala de casa, tinham acabado de chegar e ela já sabia que os ânimos iriam esquentar muito ainda. – Não vamos por esse lado, filha.— Qual lado, pai? Estão falando de uma
— Chefe, os manos estão aprontando lá na rota dois – o clima foi quebrado quando Gringo falou alto. Gringo lhe mostrou o celular, Túlio viu alguma mensagem, suspirou e antes que dissesse algo, Gringo falou. – Deixa que a gente resolve isso, é seu aniversário hoje. Vamos, pessoal!Túlio relaxou, os meninos e as meninas passaram pelos dois, bateram uma palma na mão dos dois que ficariam e desceram a Colina rindo e falando entre si.Cloe o tinha só para si agora e novamente se recostou nele. Ficaram em silêncio olhando os amigos descendo, só a silhueta deles era visível e logo pareciam apenas borrões.— Onde paramos? – Túlio se virou novamente para ela, um meio sorriso nos lábios, a proximidade dos narizes a centímetros, ela sentiu novamente o hálito dele a aquecer suas bochechas, mesmo no escuro, ela podia ver que ele olhava para seus lábios, e quando os olhos dele pousaram nos seus, quando ele parou de acariciar os lábios dela com os olhos e passou a lhe adorar os olhos, colocou uma mã
Como um menino a abrir o pacote de presente no dia do aniversário, ele passou os dedos pelos mamilos, sentindo Cloe ofegar ao seu toque.Cloe estava em brasas, cada toque dele em sua pele sensível a deixava mais e mais em brasas.Túlio curtiu mais um pouco aquele corpo, suas mãos subiam pela barriga dela, passeavam pelos seios expostos à luz da lua, subiam pelo pescoço delgado dela, com o indicador ele brincou com os lábios dela, inseriu o dedo na boca dela, umedecendo-o para em seguida passar o dedo úmido pelos biquinhos atrevidos dos seios dela, fazendo a se contorcer de prazer, se abaixando e os soprando. Os bicos respondiam, a corrente elétrica lhe perpassava, torturando-a. Ela o queria. Precisava dele.Cloe levantou um pouco o tronco do chão para tirar a camisa dele e ele permitiu, levantando os braços para facilitar.Ela o beijou com sofreguidão para que ele sentisse o quanto o desejava, o quanto o queria. Mas nem era necessário, o corpo dela lhe dizia, ele sentia a resposta do