UMA CORRIDA DE CARRO AO VIVO!
Túlio a deixou na porta da escola de músicas e quando desligou o carro, geralmente ele nem desligava e tão logo ele descia, ele ia embora. Tendo desligado dessa vez o automóvel, olhou para ela e Cloe esperou, sabia que ele queria lhe dizer algo.
— Gosta de corridas de carros? – Perguntou meio tímido, coisa rara e Cloe abriu um sorriso para ele.
— Adoro! Sempre assisto pela tv aos domingos, mas nunca fui a uma corrida. Por isso você está sempre com esse carro esportivo?
— Curto muito carros potentes e esportivos. Vamos comigo à uma corrida hoje à noite?
Cloe foi pega de surpresa, não imaginava que ele a convidaria para esse tipo de evento, mas se lembrou que hoje seria a noite em que o professor Oscar lhes daria aula após às dezoito horas.
Túlio percebeu a indecisão no rosto dela, achando que ela não gostaria de acompanhá-lo, falou:
— Está tudo bem se não quiser ir.
— Quero sim, Túlio, acontece que hoje terei aulas à noite e meu professor não anda lá muito animado comigo desde aquele dia. Mas tenho muita curiosidade para ver de perto uma corrida. Quer saber, iremos sim e obrigada por me convidar. – O sorriso que lhe deu, deixou-o mole e aquecido por dentro e então ela desceu do carro animada e ao chegar aos degraus da escada, olhou para trás e ele ainda a olhava, abanando a mão para ele, ela subiu os degraus e foi para a aula. Encontrou Hanna de frente a sala e indo juntas ao banheiro, ela contou tudo para a amiga. O infortúnio que passara, achando que seria linchada por Milla, Shay e Jake e lhe contando também da corrida que iria.
— Minha nossa, Cloe! – Hanna a mirava do reflexo do espelho abismada, lavando as mãos na pia. – Sua vida deu um giro de trezentos e oitenta graus com esse chefe de gangue!
— Fale baixo – ela pediu. – Quer que escutem e retirem minha bolsa? Vamos, preciso dar tudo de mim na aula agora, já que não irei vir à noite.
Hanna percebeu que os olhos da amiga estavam brilhando e isso desde quando conhecera Túlio.
Quando Canibal a buscou dessa vez na aula e não Túlio, ela imaginou que ele devia estar ocupado, ficou entristecida, mas o veria mais tarde. E foi Gringo quem a buscou às dezenove horas em sua casa, Túlio o mandou pára buscá-la e se encontrariam na corrida. Cloe não se permitiu se entristecer ao ver que não era ele a buscá-la de novo, mas cumprimentou Gringo efusivamente.
— Uau, você está fabulosa! – Gringo exclamou quando ela abriu a porta. Ela havia mesmo caprichado; vestia um macacão jeans estilo jardineira e um top branco por baixo, sandálias baixas de tiras amarradas até o meio das canelas, os cabelos pretos estavam amarrados em um rabo de cavalo e a maquiagem leve, dava-lhe destaque, com um batom rosa claro, delineador preto nos olhos e sombra azul, ficara satisfeita com o resultado. Usava brincos de argola prateados, já que prendera os cabelos, optou por exagerar no tamanho dos brincos e estava linda.
Gringo era muito bonito, e de uma maneira diferente de Túlio, pouca coisa mais alto, tinha os cabelos curtos e tão pretos que reluziam e também seus olhos de cílios grandes eram negros como a noite. Não era tão forte quanto Túlio, era mais magro, os dentes largos, queixo quadrado e barba sempre feita, lhe conferia uma beleza mais comum, era, como Hanna costumava dizer, de parar o trânsito, sem dúvidas. Já Túlio tinha uma beleza mais rústica, cabelos à altura dos ombros, caíam em cachos desalinhados, a barba cerrada, olhos azuis, os dentes meio encavalados, era uma perdição, belezas diferentes, mas lindos, sem dúvida alguma.
— Obrigada – ela o agradeceu e pegou no aparador perto da sala sua bolsinha. Voltando para ele na porta, ela notou que ele continuava olhando-a. – O que foi?
— Entendo o motivo do chefe estar tão interessado em você. – Gringo falou e deixou-a sem saber o que responder. Não era a primeira vez que o pegava observando-a e admirando-a e saber que o chefe dele estava realmente interessado nela, deixou-a empolgada.
— Vamos? – Ela pediu, esperando ele sair para trancar a porta.
A corrida aconteceria no estádio Super Star Rancing e quando Gringo lhe disse, ela deu gritinhos de alegria. Principalmente quando soube que se sentaria bem na frente e poderia ver de bem pertinho. Ficou ainda mais empolgada por saber que Túlio era um dos participantes da corrida e agora ela entendia o porquê de não ter ido buscá-la.
Chegaram ao estádio e ela o viu em frente a porta de entrada, falando com pessoas que com certeza eram responsáveis pela corrida. Mesmo estando atento à conversa séria que estava tendo, ela viu os olhos dele se iluminarem ao vê-la. Ao contrário de Gringo que a olhara de cima a baixo, Túlio capturou os olhos dela com os seus e não se desviou até ela estar ao seu lado, parecendo estar hipnotizado.
— Olá. Você está linda!
— Oi, vai correr também? – Ela estava mesmo surpresa. Ficara envergonhada com o elogio dele. Túlio vestia um macacão verde quase fluorescente com nomes de marcas de patrocinadores na frente e atrás e estava esplêndido nessa vestimenta. O macacão o cobria dos pés à cabeça, os braços cobertos até o pulso, os cabelos soltos e rebeldes, os cachos que não permitiam ser domados, conferia uma beleza tão surreal a ele, que Cloe sentiu um frêmito em seu baixo-ventre. Ele tinha o poder de excitá-la mesmo estando coberto dos pés à cabeça.
— Pois é – ele falou e Cloe não quis atrapalhá-lo, seguindo Gringo, subiram as escadas para entrarem no estádio e tomarem posse dos lugares. Alguns motoristas afoitos já se encontravam acelerando seus carros, ansiosos, mal podiam esperar começar. Ela havia sido avisada por Gringo que estava quase na hora de começar quando chegaram e estando já em seus lugares previlegiados, aguardaram e logo foram recompensados com o aviso que saía dos muitos auto-falantes espelhados pelo estádio. Ela podia ver Túlio ao lado do carro, já pronto e encontrou os olhos dele que a procurava nos bancos das arquibancadas.
Ela não sabia que o coração dele, pela primeira vez em uma corrida, batia freneticamente unicamente porque ela estava ali e o assistiria. Transformando o nervosismo em pensamentos voltados à corrida, passou a se sentir invencível e quando a corrida começou, Cloe viu que o carro dele foi o primeiro a sair. Ela era acostumada a assistir às corridas e o narrador dali, falava o mesmo que o dos programas que ela assistia, sua voz saía pelos auto-falantes e ele dizia que Túlio queimara a largada e que isso poderia prejudicá-lo. Mas ele não parava e fazia as curvas desajeitado, como amador e não como o cara que corria há anos! Cloe percebeu que roía as unhas.
— Ele está diferente – falou Gringo no ouvido dela. – Não costuma fazer essas manobras.
Cloe chacoalhou a cabeça em concordância e manteve os olhos fixos na pista de corrida. Só conseguia ver o carro de Túlio. O narrador continuava narrando, falava de cada corredor, cada nome e voltava ao de Túlio, dizendo o mesmo que Gringo havia dito, que ele estava distraído e diferente e quando o carro dele saiu da pista e ela viu fumaça, não consegui segurar um grito e se pôr de pé.
— O que houve? – Gritou ela para ser ouvida por Gringo acima da voz do narrador. Cloe estava enraivecida com o problema que dera no carro dele e o culpava por ter saído tão rápido e ter feito curvas insanas.Planejava xingá-lo, ah, se iria! Mas o próprio narrador respondeu:
— Parece que Túlio está tendo problemas com seu carro, pessoal. Vamos aguardar que ele volte à pista e tente compensar…
A voz do homem se perdeu na mente de Cloe, ansiosa, ela via técnicos e mecânicos acudindo Túlio e os outros participantes passando correndo por ele, ganhando a dianteira. Ela nunca tinha vibrado e sofrido tanto em uma corrida e quando ele voltou à disputa, ela respirou aliviada e novamente ficou histérica e batia o pé no chão, inconscientemente a cada corredor que ele ultrapassou. No que pareceram horas, a corrida estava chegando ao fim e Túlio estava novamente chegando ao primeiro lugar, faltavam apenas três corredores para ele ultrapassar e ganhar e sem perceber que Gringo a assistia, contendo a risada, sem olhar para a pista, ele achava muito mais interessante assistir as reações dela, eram muito mais divertidas, ela se remexia no assento até que gritou e pulou quando Túlio atingiu a linha de chegada como vencedor. Cloe pulava e agarrada a Gringo, fazia-o também pular junto.
O pensamento de acabar com ele sumiu de sua mente quando o viu vencer e quando ele desceu do carro, retirou o capacete, os cabelos cacheados dourados rebeldes soltos, e rindo para ela, veio até ela e Gringo que os esperavam ao lado da pista eveio e a abraçou. Cleo aproveitou aquele momento mágico, a raiva esquecida, a preocupação desaparecida, ela só se deixava ser abraçada por ele que a retirou do chão, as mãos em sua cintura, o cheiro dele se impregnando nela, ela estava feliz. Feliz como não se lembrava de já ter sido antes.
BORBOLETAS NO ESTÔMAGO— Está atrasada de novo, está tudo bem, Cloe? – Lívia, sua professora de aritmética e encontra no corredor do colégio e lhe para, segurando-a delicadamente pelo cotovelo, o sorriso sempre amável nos lábios.— Está sim, senhora Lívia. Ando praticando muito algumas aulas de piano, sabe, mas vou procurar não me atrasar mais, prometo.— Que coisa boa, Cloe, fico muito orgulhosa por ser pianista. Só tente unir as duas coisas, meu bem, os dois estudos são fundamentais. Já pensou, uma famosa pianista que viaja o mundo e não sabe contas básicas de matemática? – A professora zombava dela e Cloe sabia que ela a admirava e só estava dando um jeito de lhe chamar a atenção.— Quem me dera ser uma pianista que viaja o mundo inteiro! – Cloe uniu as duas mãos em sinal de oração e sorriu para a professora.— É possível sim, Cloe. Você é muito aplicada nos estudos, só espero que continue assim. – Passando um braço pelo da aluna, instou-a a entrarem na sala de aula.Cloe queria ac
ANTES— Essa bike é sua? – perguntou Silas e Túlio sentiu o estômago embrulhar ao ouvir a voz do menino mais velho. Todos por ali sabiam que Silas era encrenqueiro do bairro, na verdade, Silas nem era do pedaço, mas adorava se aventurar e implicar com garotos mais novos.— É da minha prima. – Mentiu, mesmo sabendo que independente do que dissesse, Silas não ia se importar, a bicicleta poderia ser do Papa, se ele a quisesse, ele a teria.Túlio estava cansado de ouvir histórias acerca de Silas e outros garotos marmanjos nas redondezas e mesmo sendo bem menor que o covarde, ele não entregaria a bicicleta sem lutar.Já imaginava sua avó dizendo “ Por que não entregou a bicicleta de uma vez, menino! Tinha que puxar tanto seu pai?”Tinha conseguido a bicicleta após ajudar Macca e Digo nas matérias no ano interior e foi sob ameaça forte, prometendo quebrar os dentes de Digo, o irmão mais velho de Macca, que lhe prometeu dar a bicicleta caso aos ajudasse nas matérias, que ele finalmente e som
— Mas o quê… ? – Balbuciou.— Não curte gasolina, só álcool? – o garoto lhe perguntou e nessa hora a luz de fora foi acesa, Macca apareceu e se deparou com a cena, tão chocada quanto o marido embriagado e ensopado de gasolina. Ela então olhou para Túlio, a boca aberta, a mão no ventre distendido em proteção automática e o garoto lhe sorriu e lhe ofereceu a caixa de fósforos.— A decisão é sua. Acabe de uma vez com isso e esteja livre das pancadas de uma vez por todas.Macca levou um tempo para sair de seu choque, mas não fez menção de pegar a caixa de fósforos. Maycon, estupefato, pareceu ficar sóbrio em um estalo e se dar conta do que aconteceria. Como a esposa, ele sabia do feito do garoto e que ele não hesitaria em lhe botar fogo.— Quer que eu o faça para você? – Túlio perguntou à Macca e antes que ela respondesse, sentiram o cheiro de urina que exalava de Maycon, se misturar ao odor já forte da gasolina, e o bebum caiu de joelhos implorando pela vida. – Quer, senhora Macca? – Ins
BATIZADO NO FOGO— Você viu, fio – era assim que a avó o chamava. – , a mulher sai de casa agora. O marido não a deixava sair nem no portão, ela não tinha amizade com ninguém da vizinhança, você não se lembra? – perguntou após apagarem a luz e o garoto montar sua cama de ferro ao lado da cama da avó.— Nunca reparei, vó.— Pois tô te dizendo, a mulher era branca quase transparente, agora, vira e mexe, olha lá ela andando por aí, tá até mais viçosa! Logo o bebê nasce, né? Que Deus o traga com bastante saúde e nossa senhora do bom parto dê a ela uma boa hora.Layla até passara a deixar que ele lesse suas apostilas e livros de eletricista de seu pai por uma hora antes de apagar a luz. Macca deu à luz a um menino no final daquele ano, a amizade com Layla cresceu e a senhora foi convidada para ser a madrinha do menino e ficou emocionada. Macca o levava à casa de Layla todos os dias, e a pedia que o benzesse de mau olhado e tantas moléstias que crianças padeciam, segundo Layla, não havia u
CASTIGO VERSUS ANIVERSÁRIOA mãe de Hanna ligou, preocupada e Liz, mãe de Cloe falou com ela por quase uma hora, a decepção lhe escorrendo em cada palavra. Estavam em casa e seu pai, sempre tão calado, parecia procurar as palavras certas para incutir na mente da filha toda a loucura que ela estava fazendo ao começar a namorar, independente de quem fosse agora.— Filha, não é só porque esse rapaz é quem é…— É por isso também, sim, Calo! – gritou Liz. – Esse Túlio vive envolvido com pessoas barra pesadas! Não é um homem que mãe alguma desejaria para sua filha.As lágrimas de Liz caíam profusamente. E Cloe sentiu necessidades de defender seu amado, lhe doía ouvir a mãe falando dele. Mesmo tendo um pouco de razão, não deveria ser tão preconceituosa assim.— A senhora o conhece, mãe?— Ei – o pai interrompeu-a. Estavam na sala de casa, tinham acabado de chegar e ela já sabia que os ânimos iriam esquentar muito ainda. – Não vamos por esse lado, filha.— Qual lado, pai? Estão falando de uma
— Chefe, os manos estão aprontando lá na rota dois – o clima foi quebrado quando Gringo falou alto. Gringo lhe mostrou o celular, Túlio viu alguma mensagem, suspirou e antes que dissesse algo, Gringo falou. – Deixa que a gente resolve isso, é seu aniversário hoje. Vamos, pessoal!Túlio relaxou, os meninos e as meninas passaram pelos dois, bateram uma palma na mão dos dois que ficariam e desceram a Colina rindo e falando entre si.Cloe o tinha só para si agora e novamente se recostou nele. Ficaram em silêncio olhando os amigos descendo, só a silhueta deles era visível e logo pareciam apenas borrões.— Onde paramos? – Túlio se virou novamente para ela, um meio sorriso nos lábios, a proximidade dos narizes a centímetros, ela sentiu novamente o hálito dele a aquecer suas bochechas, mesmo no escuro, ela podia ver que ele olhava para seus lábios, e quando os olhos dele pousaram nos seus, quando ele parou de acariciar os lábios dela com os olhos e passou a lhe adorar os olhos, colocou uma mã
Como um menino a abrir o pacote de presente no dia do aniversário, ele passou os dedos pelos mamilos, sentindo Cloe ofegar ao seu toque.Cloe estava em brasas, cada toque dele em sua pele sensível a deixava mais e mais em brasas.Túlio curtiu mais um pouco aquele corpo, suas mãos subiam pela barriga dela, passeavam pelos seios expostos à luz da lua, subiam pelo pescoço delgado dela, com o indicador ele brincou com os lábios dela, inseriu o dedo na boca dela, umedecendo-o para em seguida passar o dedo úmido pelos biquinhos atrevidos dos seios dela, fazendo a se contorcer de prazer, se abaixando e os soprando. Os bicos respondiam, a corrente elétrica lhe perpassava, torturando-a. Ela o queria. Precisava dele.Cloe levantou um pouco o tronco do chão para tirar a camisa dele e ele permitiu, levantando os braços para facilitar.Ela o beijou com sofreguidão para que ele sentisse o quanto o desejava, o quanto o queria. Mas nem era necessário, o corpo dela lhe dizia, ele sentia a resposta do
ANGÚSTIACloe não entendia o que tinha feito para ser rejeitada por ele. Seu coração doía quando chegaram ao fim da Colina em silêncio. Ela duvidava que fosse porque ele tinha que resolver algo, como dissera.Quando entrou pela janela de seu quarto, sem que os pais soubessem de sua rebeldia e, só então, quando fechou novamente a janela de seu quarto e se sentou na cadeira da mesinha de seu computador, se permitiu chorar. Os soluços a balançavam e ela chorou até se sentir vazia.Deitou-se torcendo para dormir logo, mas os pensamentos não a deixavam. Julgou que ele não a desejara porque ela era virgem. Quem iria querer transar com uma mulher sem experiência alguma? Como podia uma noite tão mágica e promissora, se transformar tão rápido em desastre?Ela pensou em quando os pais a buscaram no colégio, quem sabe isso pesara também? Claro que pesara! Só podia ser isso, seus pais o assustaram.Sua confirmação veio na manhã seguinte, quando ao se sentar para o café da manhã, seu pai, que mal