A QUEDA DE MAIS UM PEÃOAntes que ele morresse, a última coisa que ouviu foi a voz de seu amado. A voz do único homem que ela já tinha amado.“ Por Deus, Shayenne, não faça isso!” – e essa foi a única vez que ele a chamou assim e ela soltou um riso engasgado e respondeu, apenas em sua mente:“ Acabou que finalmente te toquei, hein?” – era o que ela queria dizer a ele, mas não o disse, sua boca não se abriu para que falasse isso. Ela tinha terminado por aqui. Era aqui que se findava a amizade e cumplicidade dos dois, e em seguida a explosão quase fez sangrar os ouvidos dele, seus tímpanos doeram com o barulho da explosão.E Shay se fora. Ela se sacrificou por ele. Paco não saberia que ele estava vivo. Não tinha sido alertado por Jânio graças à Shay.De onde estava, Túlio não tinha como ver nada, mas o crepitar do fogo era bem audível em seus fones de ouvido e ele caiu de joelhos há mais de cem quilômetros de onde Shay tinha perdido a vida.— Ah, Deus – ele exclamou com a voz engasgada.
Pela manhã, algumas horas depois, dirigindo o carro de Tatu, chegou à mansão de Paco e apenas foi entrando de cabeça baixa e fingindo falar ao celular. Mesma altura, mesmo porte e vestido igual, passou fácil pelos seguranças do portão e chegou ao escritório do mafioso em minutos e Paco não percebeu de imediato que aquele não era seu fiel Tatu. Ele não deveria ter baixado a guarda depois da morte de Jânio.— Não quero atirar em você como fez comigo – Túlio falou, depois de entrar no escritório dele e trancar a porta atrás de si – Não, nem pense nisso! – Avisou quando viu que o homem deu um passo para perto da mesa, que era onde ficava o botão de pânico. – Preferiria matá-lo de modo mais humano, mas não me importo de lhe meter uma bala na testa como fiz com Tatu.— Você é bom, Boy, eu sempre soube – Paco riu, sabia que ia morrer.— Mas não bom o suficiente para que não atirasse em mim, né? – Túlio apontava a arma para a testa do homem, o dedo firme no gatilho.— São negócios, Boy – Pac
EVOLUÇÃOMais uma rodada de risadas – Mas a mamãe sempre lhe disse que nunca sentiu falta de namorados e que já tinha amado por uma vida, não foi? Agora somos uma família!— Sim, somos uma família perfeita e tenho duas avós! Ganhei na loteria! – gritou eufórico o garoto, agarrando a bisavó pelo pescoço e Layla não poderia estar mais feliz. Jeron e Liz, bem como Hanna, Peter e Fiona, se apaixonaram por Túlio.— Você é um homem de verdade, rapaz – falou Jeron para o genro e pai de seu neto – quando conheceu Cloe, confesso que o odiei. Minha princesinha estava apaixonada por um gangster, um rapaz envolvido com a máfia que nem sequer veio falar com a gente.— E pelo perdão a vocês mais uma vez, senhor Jeron. Mas em minha defesa, eu era um garoto naquela época. E sua família me enfeitiçou, me aprisionou e eu não raciocinava mais.— Ela é apaixonante mesmo, nossa menina – Liz falou orgulhosa da filha. Eram dias de alegria e paz, mas ele viu uma sombra toldar o lindo rosto de Cloe e naquela
ENLACE FINAL— Ah, desculpem, mas vou ter que me interferir! – uma das vendedoras adoráveis da loja, Sônia, entrou na conversa. – Sua mãe e sua avó têm razão, Cloe. É o seu casamento. É o seu dia e ninguém, a não ser você, pode decidir qual cor de vestido quer usar. Veja, olhe esses!Sônia lhe mostrava vestidos maravilhosos em cores extravagantes de roxo, vermelho, azul marinho, tafetá coloridos, sedas e tantos outros.— Verdade – ela falou com um sorriso largo, decidindo-se pelo branco mesmo. Mas ela escolheu um modelo simples e sem babados. Ia até pouco abaixo de seus joelhos, a cintura era cingida por uma faixa delicada de seda. O corpete era transpassado e se ajustava com perfeição ao seu corpo, modelando-o. Túlio filho tinha ficado com o pai e tinha insistido tanto para ir com elas, registrar a compra do vestido, só o pai o convenceu a ficar com ele e lhe disse para deixar só as meninas verem o vestido. Os dois já tinham saído dias antes e escolhido juntos os ternos que usariam.
— Onde diabos você vai, Cloe? – Perguntou, sua melhor amiga, ao vê-la atravessando o corredor da escola e indo de encontro a um burburinho. As amigas estavam combinando de estudarem juntas mais tarde a nova partitura que o professor Oscar havia lhe dado ao final da aula de piano. Estavam animadas e sentindo-se a preferida do professor, já que foi só para as duas que ele liberou a partitura, nem Alana havia recebido a sua e Alana era, sem dúvida, a melhor da classe de aulas de piano. Prometeram que nada as distrairiam do estudo mais tarde e estavam conspirando em voz baixa. — Acho que tem alguém apanhando, Hanna, você não está vendo?! – Cloe continuava descendo os poucos degraus da saída da escola para ver o que acontecia. Quatro caras chutavam um rapaz caído no chão. De onde ela estava, via-se que o rapaz caído tentava proteger o rosto já ensanguentado e os capangas o chutavam nas costas e barriga. – Vamos ajudá-lo!Hanna então a segurou pelo braço com força, antes que terminassem
SINFONIA PARA PIANO N° 5— Olá – ela cumprimentou cada um e quando Túlio entrou e pegou no volante, sentada no banco de trás com os rapazes, ela se voltou para ele. – Não precisam me buscar mais. Foi bom você ter aparecido porque queria lhe falar pessoalmente sobre isso. Agradeço muito, mas não há necessidade disso.— Coloque o cinto – ele falou e a olhou pelo retrovisor. Parecia bem menos ferido, o olho ainda inchado, escoriações no pescoço, mas parecia bem melhor do que da última vez que o vira caído no asfalto quente. – Não é trabalho algum e é o mínimo que posso fazer para agradecê-la, Cloe. Sopapo, Gringo e Canibal estarão sempre a postos para buscá-la caso eu não possa.Ele falou sério, seus amigos estavam em silêncio e Cloe gostou de ouvir seu nome na boca dele. O que diabos estava acontecendo com ela? A imponência dele parecia preencher o automóvel e ela achou melhor ficar calada. Como era normal, já que era levada e trazida da escola todos os dias, sabiam onde ela morava, mas
ATAQUE GRATUITO Túlio a levava para casa depois da luta que ela não assistiu até o final. Entrando no veículo, colocando o cinto, ele se virou para ela e perguntou: — Você está bem? Ele não era mesmo normal por lhe perguntar isso e olhando para fora do carro onde o povo dispersava, ela conseguiu sorrir: — Se eu estou bem? Foi você quem acabou de lutar! Deixe-me ver – ela virou o rosto dele, segurando o queixo dele e olhando-lhe o rosto para que visse se havia ferimentos. – Pelo menos não acertaram de novo seu olho dessa vez. Não vou mais salvá-lo, esteja avisado. Uma vez por vida é o suficiente pra mim. Ele também riu e ligou o carro. Não queria que ela percebesse que o toque dela tinha lhe causado sentimentos diferentes. — Estou bem. Vamos embora? Onde estava indo? — À manicure, mas já devo ter perdido minha hora agendada. Pode me deixar no salão dela mesmo assim. — Gostou da música? – Ele deu uma rápida olhada para ela e continuou dirigindo. — Amei, Túlio! Obrigada, veio bem
UMA CORRIDA DE CARRO AO VIVO! Túlio a deixou na porta da escola de músicas e quando desligou o carro, geralmente ele nem desligava e tão logo ele descia, ele ia embora. Tendo desligado dessa vez o automóvel, olhou para ela e Cloe esperou, sabia que ele queria lhe dizer algo. — Gosta de corridas de carros? – Perguntou meio tímido, coisa rara e Cloe abriu um sorriso para ele. — Adoro! Sempre assisto pela tv aos domingos, mas nunca fui a uma corrida. Por isso você está sempre com esse carro esportivo? — Curto muito carros potentes e esportivos. Vamos comigo à uma corrida hoje à noite? Cloe foi pega de surpresa, não imaginava que ele a convidaria para esse tipo de evento, mas se lembrou que hoje seria a noite em que o professor Oscar lhes daria aula após às dezoito horas. Túlio percebeu a indecisão no rosto dela, achando que ela não gostaria de acompanhá-lo, falou: — Está tudo bem se não quiser ir. — Quero sim, Túlio, acontece que hoje terei aulas à noite e meu professor não anda l