No entanto, estar grávida daquele idiota não foi a pior parte de tudo que aconteceu entre nós. Todos os nossos momentos íntimos foram filmados, desde o sexo oral no sofá até a perda da minha virgindade no quarto dele. Fui filmada sem nem ao menos desconfiar.
E sabe o que resultou disso? Um pequeno vídeo, que foi divulgado na nossa universidade. Claro que no vídeo o rosto do garoto não aparecia, apenas o meu delirando e gemendo feito uma louca.
Nunca imaginei ser tão humilhada em minha vida, e eu não acreditava que o Lucca tinha ido tão longe, até o ver abraçado com a mesma garota que ele estava comendo em seu quarto no dia anterior, rindo da minha cara de idiota.
Samantha, que também recebeu o vídeo, correu até meu prédio e me encontrou completamente estagnada na escadaria, olhando para Lucca sem qualquer reação, na entrada de meu prédio.
— Você contou a ele? — Ela perguntou e eu neguei.
Ela se preparou para ir até lá, mas eu a parei.
— Não quero que ele saiba. Ele não merece saber. — Disse com as primeiras lágrimas rolando de meu rosto. Ela apenas confirmou e se dirigiu até eles. E tinha certeza de que Lucca não gostaria dessa versão de Samantha.
— Sabe, isso não me surpreende, Lucca. Eu já sabia que você era um cuzão, e ao fazer tudo o que fez, só provou o quanto é escroto. Acredito que nem precisava ter desfocado seu rosto na edição do vídeo, porque todos sabemos que é você. Afinal, minha amiga não é uma cadela no cio como suas amigas.
— E o que isso importa? — Ele a questionou.
— Você foi muito idiota ao pensar que isso não daria em nada, porque se a ideia surgiu de um livro, você devia saber que aqui não é ficção. Aqui, Lucca, é a vida real, e existem leis contra isso. E, advinha, a melhor amiga da garota com quem você resolveu mexer, por coincidência, é a melhor aluna de direito da universidade.
— Você não tem como provar que sou eu nesse vídeo, sua idiota! — Lucca rebateu Samantha.
— O único idiota aqui é você, Lucca, por acreditar que apenas seus amigos são habilidosos com tecnologia.
Nesse momento, o celular de Samantha emitiu um alerta, indicando a chegada de uma nova mensagem.
— Timing perfeito! Deixe-me te mostrar outro vídeo que um amigo meu produziu…
Samantha mostrou a Lucca o vídeo que ele havia divulgado, desta vez sem o desfalque em seu rosto. De fato, Samantha tinha muitos amigos, incluindo alguns que não ficaram satisfeitos em ver uma mulher sendo humilhada daquela maneira.
— Só me entristece pensar no tempo que minha amiga dedicou a ajudar você a melhorar suas notas, porque agora elas não terão mais serventia. Vamos aguardar a reação do reitor quando ele assistir ao vídeo completo. Tenho certeza de que nem você, nem seus amigos terão motivos para rir.
Nesse momento, Lucca avançou em direção a Samantha, porém, após muitos testemunharem aquela cena e por ela ser bem conhecida na universidade, alguns garotos se colocaram ao lado dela, o que fez o avanço de Lucca parar. Ele não era idiota ao quadrado.
— E tem mais… são mulheres como vocês que nos desvalorizam e nos fazem lutar diariamente para mostrar nosso valor. Vocês são uma vergonha para todas nós. — Samantha disse para as duas garotas daquele grupo.
Assim que ela terminou de falar, o reitor e o professor de direito da universidade se aproximaram do grupo para verificar o que estava acontecendo. Afinal, juntou muito aluno ao redor daquela discussão.
— O que está acontecendo aqui? — O reitor perguntou.
— Esse grupo, reitor, divulgou entre nós alunos este vídeo que degradou a imagem de outra aluna. — Ela mostrou o celular aos dois recém-chegados. — Preciso mencionar que no vídeo que todos recebemos, o rosto do rapaz estava oculto por um efeito de desfoque.
— Como você conseguiu o vídeo na íntegra, Srta. Samantha? — O professor perguntou.
— Após alguns contatos com amigos na área de TI, eles conseguiram remover o efeito que escondia o rosto do rapaz.
— Onde está a aluna envolvida nesse vídeo? — Perguntou o reitor.
Eu ainda estava petrificada diante dos acontecimentos e Samantha foi que me fez despertar.
— Alice, venha, você precisa fazer com que esses idiotas paguem pelo que fizeram a você. Ninguém vai mexer com minha melhor amiga e sair impune disso tudo. — Samantha disse.
E assim que me aproximei do reitor e do professor, ela me apresentou a eles, como a aluna vítima do vídeo.
— Essa é Alice Fonseca, reitor. — Samantha me apresentou.
— Bem, os envolvidos, por favor, nos acompanhem até a sala da reitoria, e aos demais aqui presentes, excluam esse vídeo. Se você o divulgar, também enfrentará consequências criminais. É vergonhoso o que foi feito com essa aluna, e todas as medidas cabíveis pela universidade serão tomadas, inclusive o fornecimento de apoio jurídico a ela. — O reitor proferiu.
Aquele foi o ano mais conturbado da minha vida. Como todos éramos maiores de idade, não foi necessária a presença de nossos responsáveis, mas aqueles que quisessem ser acompanhados por algum advogado tiveram permissão para fazê-lo.
Por fim, conforme as normas da universidade, todos os alunos envolvidos e acusados daquele crime foram expulsos por ato indisciplinar, com exceção de mim, que fui a vítima.
Minha mãe, como advogada, entrou com um processo contra todos os envolvidos e, graças ao conhecimento que ela possuía, o caso foi rapidamente julgado e obtivemos uma generosa indenização, especialmente da família de Lucca.
No entanto, o que minha mãe não sabia era que aquela história não havia terminado ali. Quando comuniquei aos meus pais, a minha gravidez, apesar do choque inicial, eles me acolheram. Eu fui clara, informando que registraria aquela criança como mãe solteira.
Recebi todo apoio vindo deles e do meu irmão, inclusive minha mãe perguntou se desejava mudar de universidade. No entanto, como a própria Samantha mencionou, meu único erro foi confiar na pessoa errada. Eu não havia cometido nenhum ato vergonhoso. Mas ainda assim, não foi fácil.
Por dias, queria que tudo aquilo tivesse sido um pesadelo, aqueles pesadelos que, após uma ducha fria, vão para o ralo com todo o nosso medo. Mas não foi bem assim que aconteceu, parecia haver uma rachadura em três partes de mim: a mente, o corpo e o coração.
Não sei com exatidão quantos dias eu passei nesse dilema, mas como tudo na vida tem um fim, a minha tristeza também teria. Recebi mensagens de apoio até mesmo de pessoas que eu nem conhecia na universidade.
Tenho que confessar que chorei várias noites no ombro de Samantha, que sempre fazia questão de me dizer que eu não tinha culpa de nada e que sempre estaria ao meu lado. Até que certa noite minha mãe ligou para saber como eu estava e terminou comentando que aquele idiota havia mudado de país.
Busquei o I*******m dele e vi as várias postagens novas que ele havia colocado sorridente na nova universidade, na nova vida e com a legenda de como ele era um cara de sorte. E o mais extraordinário foi que dessa descoberta obtive forças para voltar a ser quem eu era antes do Lucca.
Foi como se eu tivesse virado uma fênix, que após as cinzas ressurge mais linda do que antes. Cerquei-me de novos objetivos, voltei a focar no que eu desejava, voltei a viver. Parei de me lamentar por uma história de amor que parecia que apenas eu tinha vivido.
Aceitei que apenas quando baixamos a guarda podemos ser atingidos de forma tão certeira, mas que aquele aprendizado havia sido suficiente para mim e que não mais aceitaria confiar minhas expectativas em outra pessoa, além de mim mesma.
Naquele momento, decidi seguir em frente e parar de me lamentar por uma história ruim. Apesar de tudo, essa experiência me ensinou e me fez crescer como mulher. Após alguma semana de todo aquele caos que minha vida se tornou, fui a uma consulta médica.
Apesar dos pesares, eu estava deslumbrada com aquela vida que crescia dentro de mim. Meu corpo, antes com curvas, começava a apresentar mudanças. Aquela vidinha após o primeiro exame de ultrassonografia já era meu ponto gravitacional.
Tudo girava em torno dela e agora, mais do que nunca, estava empenhada em concluir meus estudos e dar um futuro digno para ela. Precisaria de um cronograma especial, pois em algum momento eu precisaria de uma pausa, para trazê-la ao mundo, e não queria ficar para trás nos estudos.
Minha vida parecia que lentamente começava a entrar nos eixos, mesmo que agora minhas expectativas fossem outras. Eu me sentia completa mais uma vez. Pelo que pude observar da vida, dos lugares mais inusitados era que parecia surgir os apoios.
Após oito meses de tudo que aconteceu, tive minha bebê nos braços pela primeira vez, nunca havia sentido emoção tão grande quanto aquela. Era uma linda menina, perfeita. Seu nome era Melissa, minha Mel.
Ela tinha os olhos cor de oceano mais expressivos que já tinha visto, uma marca registrada de Lucca. Conseguia encantar qualquer um que se aproximava dela, como se ela mesma fosse o sol a irradiar tanto brilho. Nunca em minha vida senti um amor tão grande.
Com todo o apoio que estava recebendo, consegui concluir meus dois cursos, e estava orgulhosa de mim mesma por não ter desistido. Era grata a Samantha e aos meus pais por não terem me abandonado e por me ajudarem com Mel.
Tudo que houve com Lucca transcorreu em sigilo jurídico, e minha mãe garantiu que nada poderia ser divulgado em prol do meu futuro. Após conseguir me formar, estabeleci novos objetivos e coloquei minha cabeça no lugar.
DIAS ATUAISNunca quis saber o valor que minha mãe conseguiu com o processo contra a família Sampaio, mas apenas com os juros desse valor minha mãe conseguiu comprar essa casa para mim e para Melissa.Convidei Samantha para morar conosco no início, mas assim que surgiu a oportunidade, ela comprou a sua própria casa na mesma rua que a minha, e basicamente somos vizinhas, além de ser a madrinha de Melissa, minha filha. Incentivada pela terapeuta, quando tudo aconteceu, me matriculei em uma academia de aeróbica. Samantha foi a primeira a me apoiar com isso, dizendo que ficaria com Melissa, enquanto eu fazia minhas aulas. No começo, não fiquei muito empolgada, sentia dores em todo o meu corpo, mas com o tempo ele se acostumou com todo o exercício.Com as minhas excelentes notas e uma carta de recomendação do reitor da universidade, consegui uma vaga de professora em uma conceituada escola. No entanto, precisei passar por uma rigorosa entrevista.Muitos dos alunos daquela escola eram de
No meu armário, sempre mantive uma troca de roupas para qualquer eventualidade, o que facilitou me livrar daquele cheiro horrível que impregnou minhas roupas. Ao sair do vestiário feminino, sabia que precisava encontrar uma maneira de voltar para casa.A opção mais segura seria chamar um Uber, mas mesmo assim estava preocupada e assustada em ficar sozinha com o motorista. Peguei meu celular na bolsa, pensando em ligar para a Samantha e pedir que ela viesse me buscar na academia.No entanto, assim que saí, para minha surpresa, o integrante que havia me defendido estava encostado na parede do vestiário feminino, aguardando aparentemente por mim. Ele já estava de banho tomado e segurava uma mochila.Ao me ver, sua expressão se transformou em alívio, um leve sorriso brincou em seus lábios, e eu retribuí com um sorriso de gratidão. Foi nesse momento que percebi que ainda não havia agradecido por ele ter me defendido.— Você está bem? Percebi que você ficou em choque com aquela situação, ap
Naquela noite, foi difícil pegar no sono. Tive vários pesadelos, e em alguns deles aqueles olhos azuis encantadores me salvavam mais uma vez. Acordei de repente, consciente de que não conseguiria mais dormir.Levantei-me, tomei um banho para afastar o suor e o medo do pesadelo, e comecei a preparar o café. Sabia que não demoraria para minha linda filha se juntar a mim. Tentei seguir normalmente com minha vida e não permiti que aquele fato me afetasse.No entanto, após aquele episódio que realmente me marcou pelo medo, comecei a prestar mais atenção a tudo ao meu redor. Não voltei a cruzar com o Hugo novamente na academia, embora eu nunca o tivesse notado antes daquela infeliz noite.Como ele fazia parte da equipe de crossfit, era provável que ele passasse a maioria do tempo na área externa da academia. Havia um galpão construído especificamente para essa finalidade.Toda manhã, minha maior dificuldade era tirar Melissa da cama. Minha filha não era uma pessoa matinal, dessa forma, o hu
HUGO CASTRODepois de um dia estressante de trabalho, não há nada melhor do que descontar minhas frustrações no crossfit. E hoje, mais do que nunca, eu precisava disso. Apesar da minha pouca idade, dediquei-me muito para alcançar a posição em que estou.Dirigir uma rede de hotéis não é tarefa simples. Gerenciar pessoas é algo que aprecio, mas também é extremamente desafiador. Como presidente, fiz questão de ter conhecimento em todas as áreas.Meu pai sempre me ensinou que, para ser um profissional excepcional, é fundamental compreender todas as funcionalidades da empresa, não se limitando a se destacar em um único setor.Se já não é fácil gerenciar pessoas, some a isso uma mãe controladora e uma ex-namorada que não para de me ligar, enviar mensagens, além de importunar a minha secretária.Além disso, a Dafne é associada da nossa empresa e trabalha na gestão de pessoas, então sempre encontra uma desculpa para nos fazer trabalhar juntos, na tentativa de se aproximar de mim.Dafne Santia
ALICE FONSECAOs dias passaram rápido demais, e eu não tinha mais encontrado o Hugo na academia. Sem perceber, me vi decepcionada. Esse sentimento, que eu não conseguia explicar direito, estava me incomodando, pois, afinal de contas, eu não sabia exatamente quem era Hugo, além do que os tabloides falavam a respeito dele.Não poderia criar expectativas em relação a uma pessoa que eu não conhecia muito bem. Depois de tudo que passei com o Lucca, não poderia permitir que um estranho bagunçasse minha vida assim, ainda mais agora que tinha Melissa. De forma alguma, poderia baixar a guarda em relação aos meus sentimentos.Na escola, estava organizando um trabalho com meus alunos para a feira de ciências. Organizar uma feira dessas com crianças de seis anos era transformar tudo em uma verdadeira brincadeira.Por mais que eu tivesse controle sobre a turma, as crianças seriam sempre crianças. Cada pequeno naquela sala tinha uma personalidade única. Enquanto alguns eram retraídos, outros pareci
Ele apenas balançou a cabecinha, então segurei sua mãozinha e nos dirigimos até a sala da Melissa. Chegando lá, falei com a professora dela, que permitiu que minha filha saísse da sala de aula por alguns instantes.Segurei também a mãozinha da Melissa e a conduzi até onde estava com o Luan. Mesmo com apenas quatro anos, eu sabia que a explicação vinda da Melissa poderia ser reconfortante para o Luan, mostrando que não havia motivo para ele ficar triste.— Mel, esse é o Luan. Ele é aluno da mamãe, e ele está um pouco triste porque os pais dele estão se separando. Eu estava explicando a ele que você é feliz, mesmo apenas com a mamãe. — Dei a oportunidade para a Melissa interagir com o Luan.— É verdade, Luan. A mamãe me ama por ela e pelo papai. Não precisa ficar triste, porque seu papai e sua mamãe vão continuar amando você. E se sua mamãe for igual à minha, ela pode amar pelos dois. — Ela olhou para mim e pude perceber o orgulho que ela sentia por isso.— Mas você não sente falta de s
HUGO CASTROMinha única vontade era destituir Dafne de sua função na minha empresa. No entanto, havia um contrato que eu precisava honrar, uma vez que ela era uma associada.Os erros que ela cometia eram inaceitáveis, sem mencionar os riscos de potenciais problemas de indenização, caso não fossem abordados com extrema cautela.Dafne causou um verdadeiro caos na filial de Portugal. Tudo começou com um problema de comunicação entre ela e o engenheiro da obra em um de nossos hotéis, resultando em uma grande infiltração que nos obrigou a fazer upgrades para acomodar alguns hóspedes.Além disso, ela fez alterações indevidas na planilha de horários dos nossos colaboradores, fazendo com que trabalhassem mais do que suas cargas horárias regulares. Faz quase uma semana que estou trabalhando nessa filial, tentando solucionar esses problemas e evitar ações indenizatórias.Além de toda essa dor de cabeça, tive que conviver com ela durante toda aquela semana para entender onde ela havia cometido o
Não entendia como uma mulher tinha me cativado tão profundamente em tão pouco tempo, mas estava absolutamente encantado por Alice. Mantive o olhar fixo nela, aguardando a minha resposta.— Senti, Hugo, pronto, falei. Agora, pare de me encarar assim, você está me deixando sem graça. — Ela respondeu, rindo levemente.Abri o maior sorriso que tinha. Aquilo me deixou verdadeiramente feliz. A simples resposta dela havia alegrado o meu dia. Ela também tinha sentido minha falta.Quando chegamos à casa de seus pais, ela não me convidou a descer, apenas disse que voltaria rapidamente, então aguardei no carro. Realmente, ela não demorou muito, e uma Melissa muito animada entrou no carro.— Oi, titio! — Ela me cumprimentou feliz.— Oi, princesa, como vai?— Esse carro é seu? — Ela perguntou, admirada.— Sim, e hoje ele vai ser sua carruagem. — Disse sorrindo para ela e ela me devolveu o sorriso.— Hugo, vou aqui atrás com a Mel. Acho mais seguro para ela devido a não ter a cadeira adequada para