Aiden
A vida nunca foi fácil para mim, nada veio fácil, eu tive que lutar para chegar aonde eu cheguei. E acredite, não é nada fácil quando você tem um pai alcoólatra e uma mãe omissa. Se não fosse a minha tia Lina talvez até nem existisse mais. Mas eu nunca desisti, lutei a cada dia, mesmo escutando de muitos que eu nunca chegaria a lugar nenhum. Devo muito a minha tia, mas para me tornar um advogado, preciso ir mais além e nessa parte ela não vai conseguir me ajudar. Não com um salário de costureira e ainda tendo que sustentar a casa sozinha. Contudo, uma noite eu me sentei de frente para ela e disse: estou saindo de casa, tia. Acredite, doeu como o inferno ter que vê-la chorar e me garantir uma vaga no posto de gasolina. Eu simplesmente não podia aceitar, não queria terminar os meus dias em uma bomba de gasolina e quem sabe um me tornar um alcoólatra coo o meu pai. Então arrumei as minhas malas e dirigi por horas até Nova York. Agora eu só precisava garantir o meu sustento e uma vaga na universidade. Cara, eu não sabia por onde começar até ir parar no meio de uns malucos que estavam apostando um racha. Embarquei na loucura, descolei cem dólares. Bom, encontrei um meio para seguir com a minha vida, agora eu só precisava me manter vivo até lá. Alguns meses depois, estou bem aqui na Campbell University matriculado no curso de direito e garantindo o meu futuro. E como cheguei aqui trinta dias antes de começar as aulas já estou bem enturmado com alguns alunos que fizeram o mesmo, pois eles vieram de longe para estudar.
— Aiden, tenho um novo desafio para você. E aí, tá dentro? — A propósito, o meu nome é Aiden Cole e adoro um bom desafio, melhor ainda quando ele tem uma boa remuneração. Mas não faço isso sozinho. Para encontrar os melhores e os mais bem pagos rachas conto com a ajuda de alguns bisbilhoteiros. O Kevin, é um deles e ainda tem o Ethan e o Richard que me mantém sempre em dia com o motor do carro. — Quinhentos dólares para o vencedor, cara! — Solto um assobio apreciativo para essa informação. Esse com certeza me tiraria do sufoco.
— Onde e quando?
— No próximo final de semana, no abismo da caveira, à meia-noite.
— Sério? Ouvi dizer que é uma estrada bem perigosa. — Bernice, uma patricinha que grudou em mim comenta se aproximando e logo enlaça o meu braço, deixando um pequeno beijo no canto da minha boca. Sabe o lado bom de ser um play boy? As mulheres piram e ficam na sua o tempo todo. Cara, elas te oferecem até a calcinha sem precisar pedir. Entretanto, Bernice é diferente, mas não no bom sentido. Ela é grudenta como um chiclete e está em todos os lugares ao mesmo tempo. Isso espanta toda a azaração, porém, no momento isso não me incomoda nenhum pouco, desde que ela não se sinta a minha dona e nem tente pôr uma coleira, para mim está tudo bem!
— Estou dentro!
— Esse é o meu garoto!
— Eu estive pensando, que tal sairmos para dançar essa noite?
— Essa noite não dá, Brenice. Eu tenho uma prova muito importante amanhã.
— Oh! — Ela solta um gemido manhoso. Brenice Carter é mesmo uma deusa. A garota é sexy pra caralho e tem um corpo que meu Deus, mas eu tenho um foco e não pretendo me desviar dele por nada, nem mesmo por uma loira tão linda e fogosa como essa.
— Prometo que chegaremos cedo no seu dormitório. O que me diz, hã? — Agora me fala se esse convite não é a perdição do capeta? Eu sou homem, porra e estou sedento por uma cerveja gelada e claro, terminar cama com uma garota não é de todo ruim. Mas eu tenho uma prova, porra!
— Vamos lá, Aiden, nós merecemos uma curtição depois de tanto trabalho, cara! — Ethan diz largando uma chave de rosca em cima do balcão. Me sinto tentado a aceitar, portanto, ergo um dedo em riste para todos os olhos esperançosos dentro da oficina.
— Meia-noite estaremos de volta aos dormitórios!
— Fechado, meia-noite! — Ethan concorda, a patricinha sorri satisfeita e eu meneio a cabeça negativamente. Onde estou com a cabeça para me desviar assim dos meus propósitos?
***
Mirage é uma das boates mais badaladas das noites novaiorquinas com todas as suas luzes vermelhas piscando e a fumaça de gelo seco dá a impressão de que estamos na melhor parte do inferno. Se é que você me entende. É aqui que a galera da faculdade se esbarra, não importa o curso, esse é o point e não importa o dia, isso aqui está sempre lotado. Ao nos aproximarmos do balcão Dana, Carly e Elisy as amigas de Brenice se aproximam e como sempre os rapazes tomam posse delas e vão para a pista de dança. Eu peço uma cerveja e sou praticamente arrastado para uma dança assim que a garrafa chega no balcão. Dança vai, dança vem, uma cerveja aqui e outra ali, e as horas se avançam sem eu perceber. A droga toda está em me deixar envolver pelo momento. Sério, quem não gosta de uma curtição?
— Que tal irmos para um lugar privado? — A garota interpelo beijando a minha boca e deslizando a sua língua para dentro da minha. Só digo que não sou de ferro, principalmente quando uma mão ousada sua segura os meus documentos por cima da calça jeans. E não pensei duas vezes. Na verdade, é nessas horas que eu não penso em nada além de lhe dar o que pede. Tudo rolou dentro do banheiro na maior cara de pau e depois disso, voltamos para as bebidas e eu me esqueci do mundo.
No dia seguinte fui acordado pelo som de Måneskin de Tom Morello que me fez abrir uma brecha de olho e após soltar um resmungo, encaro os números do relógio digital em cima do criado mudo. Rasgo um Puta que pariu, saltando imediatamente para fora da cama e no mesmo instante a minha cabeça começa a latejar. Eu sabia que não devia ter ido com eles! Merda! Tomo um banho rápido, visto a primeira roupa que vejo na minha frente e pego uma maçã na fruteira, saindo do dormitório logo em seguida. Por que eu me deixo levar por eles assim? Que droga, Aiden, essa é a sua chance, cara, que vacilo! Sabe o que me deixou puto mesmo? Foi correr feito um louco pelo trânsito agitado de Nova York, depois correr feito um doido pelos corredores da Campbell e assim que alcancei a porta da sala de aula o professor me olhou nos olhos e fechou a porta na minha cara. Um segundo. Um mísero segundo e ele não me deixou entrar. Estou fodido!
Aiden— Como foi a sua prova? — Ethan pergunta assim que me acomodo em uma cadeira do refeitório. Olhar para a cara azeda dele me diz muit6o sobre o estrago de uma puta ressaca.— Não foi — ralho bebericando o café forte e amargo, e faço uma careta no processo.— Também não cheguei a tempo. — Ele resmunga ajeitando os óculos escuros.— Eu sabia que não ia dar certo!— Relaxa, cara! A gente recupera. — No fundo ele está certo. É só a primeira nota e eu posso repor sem problemas, mas não posso continuar assim.***Três meses depois...Quando eu era criança tinha um certo fascínio pelas corridas de carro, mas nunca pensei que ela me daria a diretriz para construir o meu futuro. E sempre fui bom no volante, mas Nova York me proporcionou uma experiência ímpar. Eu só preciso saber onde vai rolar com antecedência o dia e a hora, estudar o local, as suas curvas e trilhas para não ter surpresas e garantir a grana. Depois cada um leva a sua parte. Ethan, Richard e Kevin dividem cinquenta por ce
Mel Definitivamente não tem comparação. A vida adulta longe dos pais é completamente louca e eu só descobri isso há poucas semanas convivendo com os meus novos amigos e claro que a Abby fez questão de me mostrar que não temos limites. Mas relaxe, as nossas saídas e curtições em nada tem interferido nas minhas notas. Eu jamais permitiria que isso acontecesse. O fato é que eu estou gostando de ter um pouquinho de liberdade e aprendendo a beber de um jeito divertido e descontraído com eles, coisa que só fazia com o meu pai a beira de uma fogueira nos fins de tarde na praia, porém, de forma bem contida. Sair para dançar? Não, a primeira vez aconteceu bem aqui e juro que nas primeiras horas até bateu um sentimento de culpa. Nossa, acredita que eu quis ligar para casa para pedir desculpas para eles? Mas logo após o meu segundo copo de cerveja eu já era a alegria em pessoa e me esqueci completamente da ousadia de sair do meu quarto quentinho, de largar todos aqueles livros grossos e cheios
MelVocê já foi a uma dessas festas de faculdade? Uau! Essa é a minha primeira e mesmo tendo participado de todos os preparativos, estou chocada! Os refletores, a decoração, as mesas, o salão para dança, o palco. Tudo inspira um megaevento, mas a gente sabe que os lados já estão separados, né? Alguns convidados começam a chegar e como a Abby havia imaginado, ninguém sabe quem é quem. Exceto pela capivara glamourosa que faz questão de se destacar. Pena que o bonitinho vai ser atingido pela nossa trama. Ela não larga dele mesmo. Enfim, vamos dar um tempo, a final queremos curtir um pouquinho dessa festa antes de começar todo o babado.— Ai, eu quero dançar um pouco! — Kell fala se sacudindo toda e logo a turma se anima. Dani com a Kell, o Stan com a Ruby e Robin com a Abby. Sobrei e isso não é bom, mas relevo decido pegar um refresco na espaçosa mesa.— Você é a Melissa, não é? — Forço a bebida a descer e encaro o gigante parado bem na minha frente. Detalhe, o seu nome é Ethan e eu já o
Mel__ Cara, eu nunca ri tanto na minha vida! — Dani comenta e uma nova onda de risadas divertidas e contorcidas se espalha dentro do Burger, chamando a atenção dos clientes em outras mesas.— Sério, aquela cena foi hilária!— E a cara que ela fez?Esses comentários me fazem pensar nas risadas que deram de mim todas as vezes que aquela vaca aprontou comigo. Mas devo admitir, isso foi épico e caramba, as visualizações já passam de três e isso em menos de uma hora e os likes não estão muito distantes disso, sem falar nos comentários que meu Deus... acho que criei um monstro. Então, vingança nunca foi o meu forte e eu sei que isso terá um retorno estrondoso, e que eu preciso estar preparada para qualquer coisa. O problema é não prever o que vem pela frente. Eu simplesmente terei que estar atenta a cada segundo. Como diz a minha quase centenária avó, pisando em ovos. Mas não vou estragar esse momento com as minhas especulações as cegas. Portanto, ergo o meu copo de cerveja atraindo a aten
MelEu nunca me vi em um... o que é isso mesmo? Um esporte? Vadiagem? Cara, eu estudo direito e, no entanto, estou me metendo no meio de um grupo jovens tomando cerveja e apostando altas notas em uma corrida completamente absurda. E pior, correndo um sério risco de ser presa só de estar aqui. Mas vamos admitir que a adrenalina que essas pessoas fornecem é coisa de louco. O ronco do motor avisa que a corrida começará em alguns segundos. A gritaria e a agitação dos apostadores são excitantes, e para a minha surpresa, Dani é um dos corredores. Stan e Robin se ajeitam em cima de um baú de um caminhão de pequeno porte e nos ajudam a subir. Daqui a visão da cidade é simplesmente fantástica e logo uma garota vai para o meio dos carros, ela faz um charme e dá o sinal para os pilotos. A gritaria junto aos roncos dos motores é ensurdecedora e eu me pego vibrando quando os carros dão a partida. O local escolhido pelos meninos nos dá uma visão ampla da corrida e caramba, eles realmente levam o pr
Mel— Preciso ir ao banheiro — aviso assim que chegamos na metade do corredor.— Quer que eu te acompanhe? — Abby se oferece, mas quer saber? Acho que está tudo de boa por hoje.— Não. Eu não vou demorar. — E nos separamos pela primeira vez desde que a megera louca resolveu pegar no meu pé. Parece suicídio, não é? Mas acredito que depois da vergonha que Brenice passou em público ela deva ficar em sua incubadora por alguns dias. Oh droga, eu não podia estar mais enganada! Penso, quando largo a minha bolsa no balcão e ligo a torneira, molhando levemente o meu rosto e assim que abro os olhos, e me encaro no espelho percebo a porta se abrir atrás de mim. Brenice entra no cômodo com as capivaretes logo atrás dela. Uma das garotas fecha a porta e eu me preparo para o ataque. A loira me olha dos pés à cabeça enquanto caminha sem pressa para o lado, dando espaço para as outras me ilharem. A merda toda é que eu não sou boa de briga. Sério, eu nunca precisei brigar com ninguém na vida, mas se p
Aiden— Onde você estava, porra? Por um instante pensei que a polícia tinha te prendido. — Ethan rosna assim que saio do carro. Realmente foi por pouco. Se não fosse aquela estradinha de terra não sei o que teria acontecido, ainda mais quando resolvi atrasar a minha retirada para pegar aquela garota sem noção parada no meio do reboliço de pessoas. O que deu em mim? Não sei. A verdade é que eu nem conheço a garota direito para me importar, mas se quer saber, não há arrependimentos.— Você sabe como eu sou — ralho presunçoso, erguendo as mãos para o alto.— É isso aí, garoto! — A rapaziada agita batendo as mãos e de cara Kevin me entrega uma cerveja.— Aqui está a sua parte. — Ethan mete a mão no bolso lateral do seu jeans e tira algumas notas verdinhas de lá. Com um sorriso largo folhei o pequeno montante e o guardo na minha carteira.— Estou indo, galera! Preciso de um banho e daqui a três horas tenho que estar de pé e meter a cara nos estudos — falo, deixando o nosso cumprimento de s
Aiden— Valeu, Dani! Tchau, galera! — Escuto a voz da minha solução assim que ela sai de um corsa vermelho e a vejo entrar no prédio de dormitórios feminino. Meu coração acelera só de pensar em aborda-la ali mesmo. Mas covardemente não vou. Merda, você precisa resolver isso, Aiden e essa garota é a sua solução. E se ela não aceitar? Quer dizer, ela mal me conhece e as poucas vezes que nos vimos eu fui um babaca assistindo as sandices de Brenice a humilhando. Merda, Aiden, você está fodido, cara! Ok, mas você a ajudou por duas vezes, isso deve valar alguma coisa, certo?— É, deve valer. — Portanto, me encorajo e caminho para dentro do prédio. Dentro do corredor levo algum tempo andando de um lado para o outro e encarando a porta fechada vez ou outra. Qual é, Aiden, desde quando se tornou um covarde? Respiro fundo, solto o ar pela boca, me aproximo da porta fechada e me forço a bater na madeira.— Qual é, gente, hoje não vai rolar... — A porta se abre e uma garota de cabelos loiros quas