Mel— Como você está, querida? — Mamãe pergunta assim que papai me ajuda a sair de dentro do carro. Ela mexe na saia do vestido tentando ajeitá-la da melhor forma possível e antes de lhe responder, solto um suspiro alto pela boca.— Nervosa. — Resolvo ser sincera, até porque imagino que isso esteja bem a vista no meu semblante tenso. O seu sorriso se projeta bem na minha frente e eu consigo retribui-lo.— Eu me preocuparia se não estivesse. Faça o seguinte, querida. Não olhe para as pessoas, só olhe para o homem da sua vida que estará te esperando em pé naquele altar e tudo ficará mais fácil.— Ouça a sua mãe, Mel. Ela tem experiência. — Papai pede.— Tá! — É tudo que consigo dizer.— Você está tão linda, filhota! — Ela praticamente canta chorosa.— Está pronta, Senhorita Jones? — A promotora de eventos pergunta e eu faço um sim para ela. — Ótimo, houve uma mudança de última hora, mas de resto...— Mudança? Qual mudança — questiono preocupada.— O noivo não está no altar.— Como assim
AidenComo é possível que o dia mais feliz da minha vida tenha se tornado o dia mais aterrorizante também? Eu tive todos os cuidados para isso nunca acontecer, mas ele está acontecendo e não tem nada que eu posso fazer. Lembrar da história que Eve me contou há alguns meses só piora a minha situação. Eu sei que não é a mesma coisa e sei que posso tentar derrubar mais essa barreira, mas o meu corpo inteiro se nega a voltar para aquele quarto e a aceitar as consequências dos meus atos. O mais surpreendente é que eu não consigo voltar ao meu passado para me lembrar o porquê de dizer não para essa gravidez. Simplesmente não ouço os mais meus gritos, não vejo a sua mão se erguendo impiedosa para me bater. Não consigo sentir aqueles dias tenebrosos. O que houve, eles se apagaram? Simplesmente ficaram esquecidos sabe Deus aonde ao longo desses meses? E se me esqueci dos piores momento da minha vida, por que estou fugindo da minha felicidade então? Respiro fundo, transtornado com toda essa con
AidenAlguns meses depois...— A defesa chama Lisa Carter.Atuar como autoridade e decidir a vida das pessoas como advogado tornou-se o meu legado. Portanto decidi que a minha carreira não pode girar em volta do dinheiro, até porque isso é o que não me falta no momento. Portanto, uma vez por semana ajudo famílias com problemas jurídicos que não podem pagar um bom advogado. Chamamos isso de pró-bônus e acredite é a parte que mais me satisfaz. O julgamento acontece dentro de mim, depois me permito a observar os comportamentos, o que eles falam entre si, mesmo que eu não consiga escutá-los. É um conjunto de esquemas que pode me guiar para a vitória certa.— Eu protesto, meritíssimo! — rosno mantendo a voz firme e autoritária, mas com o timbre certo.— Mantido! — O juiz determina com um bater de martelo e eu sinto a satisfação percorrer as minhas veias.Caso vencido! Penso quando propositalmente me dirijo para a corte do júri e faço o relato de uma vida sofrida e carregada de tragédias.—
Sete anos depois... — Vai, filhão! Vai, filhão! Diferente do que presumiu, Aiden se tornou um paizão. E acredite, ele não perdeu uma só madrugada e parecia nunca se cansar disso. Perdi as contas de quantas vezes saí da minha cama pela madrugada e o encontrei sentado na cadeira de amamentação dando mamadeira para o nosso filho, enquanto contava-lhe vantagens sobre as suas aventuras como piloto de corrida, ou sobre os troféus que ganhara praticando o seu hobby preferido no mundo. Algumas vezes me peguei rindo ao vê-lo dormindo na cadeira com Jasper adormecido e aconchegado no seu tronco. Desde então, eles se tornaram amigos inseparáveis e eu mal tive trabalho de levá-lo para a escola, ou para o aniversário de um coleguinha. Como veem, Aiden se tornou mais do que um pai, ele também era o seu companheiro. — Joguei, papai! — Desperto quando o nosso filho grita animado, jogando a bola na sua direção. Eu penso que os traumas simplesmente não existem mais, que Aiden os superou de uma vez a
MelSol, mar, águas límpidas, animais marinhos para salvar, amigos da escola... Ah que saudade disso tudo, de casa, dos meus pais! O mundo universitário às vezes pode ser cruel para uma garota de interior como eu. Do lado masculino o que importa é o meu corpo e as curvas que ele tem, mas do lado feminino a concorrência é tão grande que elas chegam a passar por cima de qualquer um como um trombudo trator desgovernado. Mas a verdade é que não tenho interesse de agradar ninguém aqui. No entanto, para sobreviver na Campbell University é necessário enfrentar algumas batalhas ou encontrar algum refúgio. E sério, um refúgio para a primeira semana de aula até que não seria tão ruim. Penso assim que ponho os meus pés dentro do campus e percebo todos os olhares caírem em cima de mim como se eu fosse uma estrela de Hollywood, mas não se engane, não é exatamente esse pensamento que eles têm de mim. Meu nome é Melissa Jones, mas algumas pessoas mais próximas me chamam de Mel. Como mencionei eu mor
Aiden A vida nunca foi fácil para mim, nada veio fácil, eu tive que lutar para chegar aonde eu cheguei. E acredite, não é nada fácil quando você tem um pai alcoólatra e uma mãe omissa. Se não fosse a minha tia Lina talvez até nem existisse mais. Mas eu nunca desisti, lutei a cada dia, mesmo escutando de muitos que eu nunca chegaria a lugar nenhum. Devo muito a minha tia, mas para me tornar um advogado, preciso ir mais além e nessa parte ela não vai conseguir me ajudar. Não com um salário de costureira e ainda tendo que sustentar a casa sozinha. Contudo, uma noite eu me sentei de frente para ela e disse: estou saindo de casa, tia. Acredite, doeu como o inferno ter que vê-la chorar e me garantir uma vaga no posto de gasolina. Eu simplesmente não podia aceitar, não queria terminar os meus dias em uma bomba de gasolina e quem sabe um me tornar um alcoólatra coo o meu pai. Então arrumei as minhas malas e dirigi por horas até Nova York. Agora eu só precisava garantir o meu sustento e uma va
Aiden— Como foi a sua prova? — Ethan pergunta assim que me acomodo em uma cadeira do refeitório. Olhar para a cara azeda dele me diz muit6o sobre o estrago de uma puta ressaca.— Não foi — ralho bebericando o café forte e amargo, e faço uma careta no processo.— Também não cheguei a tempo. — Ele resmunga ajeitando os óculos escuros.— Eu sabia que não ia dar certo!— Relaxa, cara! A gente recupera. — No fundo ele está certo. É só a primeira nota e eu posso repor sem problemas, mas não posso continuar assim.***Três meses depois...Quando eu era criança tinha um certo fascínio pelas corridas de carro, mas nunca pensei que ela me daria a diretriz para construir o meu futuro. E sempre fui bom no volante, mas Nova York me proporcionou uma experiência ímpar. Eu só preciso saber onde vai rolar com antecedência o dia e a hora, estudar o local, as suas curvas e trilhas para não ter surpresas e garantir a grana. Depois cada um leva a sua parte. Ethan, Richard e Kevin dividem cinquenta por ce
Mel Definitivamente não tem comparação. A vida adulta longe dos pais é completamente louca e eu só descobri isso há poucas semanas convivendo com os meus novos amigos e claro que a Abby fez questão de me mostrar que não temos limites. Mas relaxe, as nossas saídas e curtições em nada tem interferido nas minhas notas. Eu jamais permitiria que isso acontecesse. O fato é que eu estou gostando de ter um pouquinho de liberdade e aprendendo a beber de um jeito divertido e descontraído com eles, coisa que só fazia com o meu pai a beira de uma fogueira nos fins de tarde na praia, porém, de forma bem contida. Sair para dançar? Não, a primeira vez aconteceu bem aqui e juro que nas primeiras horas até bateu um sentimento de culpa. Nossa, acredita que eu quis ligar para casa para pedir desculpas para eles? Mas logo após o meu segundo copo de cerveja eu já era a alegria em pessoa e me esqueci completamente da ousadia de sair do meu quarto quentinho, de largar todos aqueles livros grossos e cheios