MelVê-lo surgir do lado de fora, encolhido em seu casaco e soltando uma fumacinha esbranquiçada pela boca devido o frio me faz sentir dó dele. Mas prenda é prenda, certo? E eu realmente estou morrendo de saudades suas. Ao se aproximar, Aiden me puxa ávido para os seus braços e me beija igualmente ávido. O beijo aquece a minha boca e simultaneamente a minha pele. Contudo, não consigo resistir e o puxo mais para mim, mesmo sabendo que elas estão lá em cima, em alguma janela daquele quarto de hóspede nos assistindo. Logo sinto a sua língua invadir a minha boca e droga, a moleza toma conta do meu corpo e o frio não é capaz de aplacar a febre que arde dentro de mim. Seus braços me apertam, me puxam, colando-nos ainda mais e um gemido prazeroso escapa da minha boca. Com o meu coração batendo pra lá de descompassado, me forço a parar o beijo antes que elas tenham a acesso com exclusividade a cena mais erótica e fabulosa de nossas vidas.— Não podemos — digo completamente ofegante e inebriad
AidenPrimeira macha... segunda, eu piso no acelerador e o carro parece alçar voo no asfalto cheio de curvas. A adrenalina que isso me causa é como um calmante que eu pensei não precisar mais. Ela é tão viciante, que é praticamente deixá-la para trás. Correr profissionalmente tornou-se mais do que um simples hobby, é uma parte da minha vida, uma das partes que eu mais gosto. Digamos que essa é a terceira na minha lista de satisfação. Entro em uma curva, depois em outra e já consigo ver a linha de chegada. Inacreditavelmente o meu coração acelera ainda e os meus olhos fitam rapidamente o retrovisor, e consequentemente os faróis refletidos nele. Está na hora do show! Penso passando mais uma macha e piso fundo. A vibração do público me contagia quando praticamente rasgo a imaginária linha da vitória e depois, é quase impossível parar. Continuo correndo, recebendo essa alegria, essa festa de vozes que não para de me preencher, até finalmente perder velocidade e estar nos braços da minha e
AidenNa formatura...Respiro fundo algumas vezes para tentar aplacar o nervosismo que me afoga a cada segundo que a hora se aproxima. Eu devia ter escolhido um momento menos agitado e menos povoado também. Que droga! E se as palavras não saírem da minha boca? E se ela não estiver preparada para dizer um sim? Acho que vou desistir! Penso e me afasto da janela encontrando o Senhor Jones em pé na porta do quarto de hóspedes.— Nervoso? — Faço um sim com a cabeça.— Ainda acho melhor um jantar entre nós — resmungo covardemente ajeitando a gravata no meu pescoço. Samuel se afasta do espaldar da porta e para bem na minha frente. Ele afasta as minhas mãos da gravata e se dispõe a arrumá-la.— Esse é o momento perfeito, Aiden. Não sei se percebeu, mas as mulheres têm uma ideia diferente de romantismo. Elas acreditam no príncipe em cima de um cavalo branco, trazendo flores e bombons, na exposição ao público e com certeza uma declaração de amor assim faz os seus corações baterem mais forte. E
MelMeses depois...— Onde está o vestido?— Espera, ainda não terminei a maquiagem!— Peguem o buquê! Peguem o buquê!Não consigo parar de olhar para todas as minhas amigas agitadas, correndo como malucas de um lado para o outro pelo imenso quarto, tentando me ajudar com os detalhes do casamento. Contudo estou nervosa e ansiosa também, talvez um tanto agitada como elas. Não faço ideia de onde Aiden e o papai estão agora e me pergunto por que os homens sempre perdem o melhor da festa.— Deixe-me vê-la? — Brenice pede, avaliando cuidadosamente a maquiagem no meu rosto, mas é o seu sorriso extravagante que me diz que tudo está... — Perfeito! — Os seus olhos chegam a brilhar.— Eu te disse, eu sou profissional, garota! — Abby ralha feito uma garotinha mimada me fazendo rir. — Agora pode se olhar, amiga. — Ela gira a cadeira de frente para o espelho e... Deus do céu!— Está tudo muito... lindo, Abby! — sibilo completamente extasiada.— Eu disse que transformaria uma princesa em uma rainha
Mel— Como você está, querida? — Mamãe pergunta assim que papai me ajuda a sair de dentro do carro. Ela mexe na saia do vestido tentando ajeitá-la da melhor forma possível e antes de lhe responder, solto um suspiro alto pela boca.— Nervosa. — Resolvo ser sincera, até porque imagino que isso esteja bem a vista no meu semblante tenso. O seu sorriso se projeta bem na minha frente e eu consigo retribui-lo.— Eu me preocuparia se não estivesse. Faça o seguinte, querida. Não olhe para as pessoas, só olhe para o homem da sua vida que estará te esperando em pé naquele altar e tudo ficará mais fácil.— Ouça a sua mãe, Mel. Ela tem experiência. — Papai pede.— Tá! — É tudo que consigo dizer.— Você está tão linda, filhota! — Ela praticamente canta chorosa.— Está pronta, Senhorita Jones? — A promotora de eventos pergunta e eu faço um sim para ela. — Ótimo, houve uma mudança de última hora, mas de resto...— Mudança? Qual mudança — questiono preocupada.— O noivo não está no altar.— Como assim
AidenComo é possível que o dia mais feliz da minha vida tenha se tornado o dia mais aterrorizante também? Eu tive todos os cuidados para isso nunca acontecer, mas ele está acontecendo e não tem nada que eu posso fazer. Lembrar da história que Eve me contou há alguns meses só piora a minha situação. Eu sei que não é a mesma coisa e sei que posso tentar derrubar mais essa barreira, mas o meu corpo inteiro se nega a voltar para aquele quarto e a aceitar as consequências dos meus atos. O mais surpreendente é que eu não consigo voltar ao meu passado para me lembrar o porquê de dizer não para essa gravidez. Simplesmente não ouço os mais meus gritos, não vejo a sua mão se erguendo impiedosa para me bater. Não consigo sentir aqueles dias tenebrosos. O que houve, eles se apagaram? Simplesmente ficaram esquecidos sabe Deus aonde ao longo desses meses? E se me esqueci dos piores momento da minha vida, por que estou fugindo da minha felicidade então? Respiro fundo, transtornado com toda essa con
AidenAlguns meses depois...— A defesa chama Lisa Carter.Atuar como autoridade e decidir a vida das pessoas como advogado tornou-se o meu legado. Portanto decidi que a minha carreira não pode girar em volta do dinheiro, até porque isso é o que não me falta no momento. Portanto, uma vez por semana ajudo famílias com problemas jurídicos que não podem pagar um bom advogado. Chamamos isso de pró-bônus e acredite é a parte que mais me satisfaz. O julgamento acontece dentro de mim, depois me permito a observar os comportamentos, o que eles falam entre si, mesmo que eu não consiga escutá-los. É um conjunto de esquemas que pode me guiar para a vitória certa.— Eu protesto, meritíssimo! — rosno mantendo a voz firme e autoritária, mas com o timbre certo.— Mantido! — O juiz determina com um bater de martelo e eu sinto a satisfação percorrer as minhas veias.Caso vencido! Penso quando propositalmente me dirijo para a corte do júri e faço o relato de uma vida sofrida e carregada de tragédias.—
Sete anos depois... — Vai, filhão! Vai, filhão! Diferente do que presumiu, Aiden se tornou um paizão. E acredite, ele não perdeu uma só madrugada e parecia nunca se cansar disso. Perdi as contas de quantas vezes saí da minha cama pela madrugada e o encontrei sentado na cadeira de amamentação dando mamadeira para o nosso filho, enquanto contava-lhe vantagens sobre as suas aventuras como piloto de corrida, ou sobre os troféus que ganhara praticando o seu hobby preferido no mundo. Algumas vezes me peguei rindo ao vê-lo dormindo na cadeira com Jasper adormecido e aconchegado no seu tronco. Desde então, eles se tornaram amigos inseparáveis e eu mal tive trabalho de levá-lo para a escola, ou para o aniversário de um coleguinha. Como veem, Aiden se tornou mais do que um pai, ele também era o seu companheiro. — Joguei, papai! — Desperto quando o nosso filho grita animado, jogando a bola na sua direção. Eu penso que os traumas simplesmente não existem mais, que Aiden os superou de uma vez a