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Aiden

— Onde você estava, porra? Por um instante pensei que a polícia tinha te prendido. — Ethan rosna assim que saio do carro. Realmente foi por pouco. Se não fosse aquela estradinha de terra não sei o que teria acontecido, ainda mais quando resolvi atrasar a minha retirada para pegar aquela garota sem noção parada no meio do reboliço de pessoas. O que deu em mim? Não sei. A verdade é que eu nem conheço a garota direito para me importar, mas se quer saber, não há arrependimentos.

— Você sabe como eu sou — ralho presunçoso, erguendo as mãos para o alto.

— É isso aí, garoto! — A rapaziada agita batendo as mãos e de cara Kevin me entrega uma cerveja.

— Aqui está a sua parte. — Ethan mete a mão no bolso lateral do seu jeans e tira algumas notas verdinhas de lá. Com um sorriso largo folhei o pequeno montante e o guardo na minha carteira.

— Estou indo, galera! Preciso de um banho e daqui a três horas tenho que estar de pé e meter a cara nos estudos — falo, deixando o nosso cumprimento de sempre, esvazio a latinha e entrego a chave do carro para Richard.

— A gente se ver amanhã!

— A se se ver — repito e monto na minha moto, colocando o capacete em seguida, e logo ganho o asfalto.

Ter uma vida dupla nunca fez parte dos meus planos, mas confesso que gosto disso. De noite um play boy audacioso que gosta de enfrentar a morte e as suas parafernálias e de dia um simples estudante de direito com todos os seus acertos e erros. E se tem algo que me incomoda são os erros, mas terei de arrumar uma maneira de elimina-los ou o meu currículo não passará de um simples pedaço de papel. Sim, porque com essas notas nenhuma agência de renome vai querer me contratar. Você só precisa separar as coisas, Ethan e ter tempo para as prioridades. Bufo mentalmente. Essas são as que mais estão sendo atingidas por minha falta de atenção. Assim que entro no prédio, o meu celular dar sinal de mensagem e o nome da Brenice brilha na tela.

... Como foi a corrida? Espero que tenha ganhado.

É Senhorita Carter, eu venci como sempre, mas não vamos conversar agora. Respondo em pensamentos ignorando a mensagem e ponho o celular de volta no bolso. Lembrar dos que aconteceu na festa me faz menear a cabeça. E pensar que aquele trágico, porém, engraçado ataque me deu essa noite de sossego. Com Brenice distante, eu tenho mais tempo para mim. A pergunta é... por que lhe dou tanta atenção e por que ainda não a mandei pastar? Preguiça, eu acho, mas dois meses já é tempo demais garanhão. Rosno para mim mesmo assim que entro no meu quarto. Me livro da camisa e a jogo em qualquer lugar. Depois me livro dos sapatos e das meias e me jogo na cama de solteiro. O ronco do meu amigo de quarto me faz revirar os olhos e acesso o I*******m no meu celular. Uma postagem me chama a atenção. Ela tem quase um milhão de likes e me pego rindo do vídeo. Contudo, me pego sorrindo para a garota que aparece no canto da tela, sorrindo e fazendo um gesto de vitória com os dedos. Senhorita Jones você é hilária! Quem diria que um ser tão minúsculo teria essa coragem? Respiro fundo e fecho a tela, apagando a luz do abajur, e apago em seguida.

***

— Senhor Cole, pode aguardar um minuto? — A Senhora Smith pede assim que encerra a sua aula e alguns alunos começam a sair da sala. Suspiro, soltando o ar pela boca porque eu já sei exatamente sobre o que ele quer falar. — Senhor Cole, o Senhor está me devendo um trabalho sobre direitos humanos e na próxima semana teremos uma prova sobre as leis da legislação.

— Eu sei, Senhora Smith...

— Eu me pergunto por que o Senhor se atrasa tanto com as entregas?

— Me desculpe, Senhora Smith...

— Senhor Cole, já se perguntou eu tipo de advogado deseja ser? Porque do jeito que está indo irá trabalhar em um empoeirado arquivo da polícia ao invés de ser um profissional de sucesso. — Apenas balbucio, mas ela arqueia as sobrancelhas me pedindo uma resposta imediata.

— Eu entregarei o trabalho.

— Quando?

— Amanhã. — Ótimo! Porque se passar de amanhã se prepare-se para estudar no feriado. — Merda!

— Com licença, Senhora Smith! — Saio rapidamente da sala e caminho apressado para a lanchonete. Saco! Eu realmente preciso ajeitar essa situação ou estarei ferrado!

— A galera está se preparando para ir ao açude esse final de tarde. — Ethan fala assim que me sento em uma das cadeiras da mesa redonda.

— Eu não vejo a hora! — Carly, uma das amigas de Brenice diz se sentando no seu colo.

— Eu levo as cervejas. — Richard se anima e logo todos eles se envolvem com os detalhes dos preparativos.

— O que foi, amorzinho? Que cara é essa? — Brenice fala manhosa, envolvendo o meu pescoço com os seus braços.

— Não é nada. — Me livro do seu laço e ela suspira.

— Eu te mandei uma mensagem.

— É, eu vi.

— Mas você não me respondeu. Aiden, eu fiquei preocupada com você!

— Não precisava. Você não tem essa obrigação! — A minha resposta faz todos na mesa se calarem.

— O que há de errado com você? Por que está agindo assim comigo? — Ok, está na hora de dar um fim no que ela pensa que temos.

— Eu não sei o que você pensa que nós temos, Brenice, mas a verdade, é que não temos nada. Eu não sou a porra do seu namorado, então larga do meu pé, caralho!

— Ei, o que há de errado, mano? Que bicho te mordeu? — Ethan interpele e eu bufo audivelmente.

— Não é nada! Eu tenho que ir — ralho ficando de pé.

— Ir para onde? Aiden?! — Dou as costas para todos e resolvo pilotar a moto a esmo para pensar um pouco. A verdade é que estou chateado com o meu fracasso. No asfalto eu sou o rei, o campeão, mas os meus sonhos estão indo de água a baixo e isso está ferrado com todos os meus planos. Ok, eles não tem culpa dos meus erros, mas porra, eu não sou de ferro e em algum momento iria explodir! Não volto mais para a universidade. Eu preciso encontrar um jeito de melhorar sem ter que parar os rachas ou ficarei quebrado e a coisa toda terá um fim real.

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