Mel
Batom vermelho, ou rosa? Saia ou calça jeans? Cabelos soltos ou presos? Meu Deus, e isso importa? Não é de verdade, Melissa. Ok, estou nervosa. Não é todo dia que marco de sair com um suposto namorado. Merda! A verdade é que eu nunca tive um namorado de verdade na vida. O quê? Eu não tinha tempo para essas coisas, precisava estudar de dia e ajudar o meu pai de noite. Agora isso. Cabeça de vento, é isso que você é! O bom é que eu não preciso beijar na boca. Porque isso sim, seria um desastre ecológico, porque eu nem sei como se faz isso. Ah vai, não me taxa de inocente porque isso eu não sou. Eu só não tenho experiência em certas coisas e vê se mantém esse bico fechado. Esse será um segredinho só nosso. Ralho mentalmente para o meu reflexo no espelho. E quer saber? Nada de batom, um vestido de tecido está de bom tamanho e os cabelos? Um rabo de cavalo serve. Prontinho! Sorrio para o espelho, mas não gosto do que vejo e de quebra faço birra para a minha imagem mostrando-lhe a língua. Acho que estou ficando maluca. Sibilo mentalmente levando uma mão a testa e rio das minhas sandices. A buzina me chama escandalosamente e eu corro para a sala, pego os meus livros e a minha bolsa, e saio praticamente voando para o pátio. Acho que vou passar mal. Penso quando ouço as batidas do meu coração dentro dos meus ouvidos. E sabe a pior parte? Os meus amigos não sabem de nada... ainda. Assim que o carro estaciona no estacionamento da faculdade, e saltamos para fora dou uma boa desculpa para eles, e sigo para o nosso ponto de encontro. Todos os alunos devem pensar que chegamos juntos então vale o sacrifício.
— Você está tensa demais, Melissa. — Aiden fala após alguns esclarecimentos e damos alguns passos para a entrada.
— Desculpa, é que eu nunca fiz isso antes! — Ele franze a testa.
— Relaxe, é como namorar de verdade, só que de mentirinha. — Arqueio as sobrancelhas e interrompo a respiração.
— O quê? Não consegue fingir que está namorando? — Incomodada, limpo a garganta.
— Tudo. Esse lance de namorado...
— Espera! Está me dizendo que nunca namorou antes? — O QUÊ?! Não! Sim! Ah, merda!
— Você vai anunciar isso para o mundo todo? — ralho entre dentes e ele me lança uma cara impagável. Isso é ridículo!
— Está falando sério? — respiro fundo. — Ok, desculpa! Só... tenta sorrir, tá bom? — Ele pede e eu faço, porém, ele faz uma careta para mim.
— O quê? O que foi agora?
— Isso é não um sorriso, Melissa. Parece que você está com raiva. — Ele ri e eu rolo os olhos. — Tudo bem! — Aiden sibila e chega perto mais demais. Em seguida ele segura as laterais do meu rosto e se inclina para perto dele.
— O que você está fazendo? — inquiro nervosa.
— Xiu! — Ele solta um som arrastado. — Eu só vou te acalmar um pouco, tá bom?
— Me acalmar? Como... — E fodeu! Fodeu tudo! Porque a sua boca tocou a minha com carinho e lentidão, mas o meu coração está pipocando dentro do meu peito. Depois ele me beijou com uma suavidade espantosa e o meu corpo esquentou assustadoramente, roubando a minha capacidade de respirar. Então o beijo ganhou uma proporção mágica e... gostosa, e todo o meu corpo estremeceu de dentro pra fora. — Mais calma agora? — Ele pergunta com um doce sussurro ainda perto do meu rosto.
— Estou molinha — respondo quase sem forças, levando as mãos ao seu peitoral para me manter em pé, mas o som da sua risada me desperta. — E você está rindo de mim.
— Desculpa! Desculpa! É que não deu pra evitar. É que você é engraçada.
— Ahã! — resmungo chateada.
— Olha, só tenta sorrir e acena para as pessoas que falarem. Só isso.
— Falar é fácil! — retruco e finalmente aparecemos para todos. Todos os olhos estão em cima de nós e confesso que não era essa sensação que eu queria sentir. Eu já falei que odeio ser o centro das atenções, não é? Pois é, estou sendo agora. Olhares surpresos, embasbacados, interessados, curiosos e raivosos. Sim, estou falando da capivara e suas capivaretes. Enquanto caminhamos, Aiden cruza os dedos das nossas mãos e devo dizer que esse gesto roubou toda a tensão dos olhares em cima de nós.
— Viu? Não foi tão difícil assim. — Ele ralha quando finalmente entramos na sala de aula. Forço um sorriso.
— Não foi, mas ainda não acabou.
— Você tem razão. Os meus amigos e os seus vão especular. — Dou de ombros.
— Podemos dizer que começou quando você me salvou na noite do racha.
— Na verdade, não temos que explicar nada para ninguém. Eu gosto de você e você gosta de mim, e isso tudo.
— Você tem certeza? A Brenice...
— Deixa que da Brenice cuido eu.
— Então tá!
***
— Como conseguiu o Aiden para o papel?! — Abby rasga uma interrogação cheia de curiosidade assim que me acomodo na cadeira da lanchonete e imediatamente os outros se inclina para ouvir a minha resposta.
— Digamos que ele caiu de paraquedas em cima dos meus livros. — Eles me olham com se um ET tivesse sentado na frente deles.
— O que isso quer dizer? — Ruby especula, porém, olho para os lados para ter certeza de ninguém está por perto. Me ajeito em cima da cadeira e falo o mais baixo possível. — Nós temos um acordo. Eu o ajudo com algumas matérias e ele me ajuda com a popularidade.
— Santo Deus! Me diz que vai tirar uma casquinha dessa situação? Porque eu tiraria. — Kell retruca e solta um suspiro sonhador. Casquinha? Se só com um beijo o homem sugou as minhas forças, o que aconteceria que arrancasse um pedacinho? Melhor pôr algumas regras e nada de beijos será uma delas. O restante do dia evitamos de falar sobre o namoro de proveta, a final, seguro morreu de velho e eu estou nova demais para morrer.
A noite eu estava sentada no sofá com alguns livros separados em cima da mesinha de centro e tomando uma xícara de chá sem tirar os meus olhos da porta. É, ele está atrasado. Um atraso de quase meia hora. Minutos depois, coloquei a xícara vazia em cima da mesinha e me deitei no sofá e com outra carreira de minutos já estava bisbilhotando através da janela. Ele não vem. Sibilei em pensamentos e me livrei do vestido azul escuro de alcinhas com um cumprimento acima dos joelhos para pôr um pijama, depois arrumei os meus cabelos para prendê-los em um coque frouxo e bagunçado, e calcei as pantufas de coelho para ir guardar todo o material. Idiota! Resmungo frustrada e no segundo seguinte alguém bate à porta.Não! Não pode ser ele, porque se for lhe darei uma boa bronca!— Por onde você andou?! — rosno assim que abro a porta e dou de cara com um Aiden suado e ofegante.— Eu tive um imprevisto, me desculpe!— Imprevisto? Aiden, para isso dar certo você precisa ter compromisso!— Isso não vai
AidenNessa vida eu já fiz de tudo. Trabalhei um tempo como encanador, mecânico, ajudante de feira de rua, frentista de posto de gasolina, mas atuar como ator é a primeira vez e acredito que estou me saindo muito bem. É claro que a parceria contribui e muito para esse sucesso. Baixinha, morena de tom claro e suave, cabelos negros e ondulados que chegam a alcançar metade das suas costas e porra, quando a beijo a deixo molinha! Eu sei que não sou nenhum galã de cinema, mas sei que sou gostoso ao ponto de as garotas suspirarem por mim, mais daí a se entregar plenamente a um beijo tão simples é foda no sentido mais extremo que consigo imaginar. Ou seja, ela não é tão exigente e as minhas notas estão garantidas. Fazer a galera aceitar que estou namorando a Melissa Jones foi a parte mais complicada. Eles sabem que sou exigente com a mulherada. No mínimo elas precisam ter belas curvas, bumbum empinado, coxas grossas na proporção certa e uma cintura fina que eu possa pegar e apertar. A altura
Aiden — Ah... oi! — Ela gagueja.— Oi! O que faz aqui?— Ah, eu... trouxe um bolo de chocolate. — Faço um sim com a cabeça, olhando para o embrulho de plástico transparente em suas mãos e sorrio.— Estou vendo. Como descobriu onde eu moro? — Ela dá de ombros.— Quem não sabe onde Aiden Cole mora? — Meu sorriso se amplia.— Boa resposta! — E de repente ficamos sem assunto. E eu me sinto um babaca porque não sei como reagir a isso. Quer dizer, eu nunca trouxe uma garota aqui. Sério, eu não tinha em mente manter um relacionamento, portanto, o meu cantinho é um lugar restrito para as garotas.— Eu não devia ter vindo. — Ela diz me despertando e faz menção de me dar as costas.— Não, foi perfeito você ter vindo!— Você tem certeza? — Faço um sinal positivo para ela.— Se queremos que eles acreditem que estamos juntos, então, é uma boa você vir aqui. — Ela sorri. Droga, é lindo vê-la assim! — Vem, eu vou te apresentar pra galera. — Levo uma mão a base da sua coluna e a conduzo para dentro
Mel— Você o quê?! — Abby rasga uma interrogação gritante no meio do corredor do shopping. Para a minha sorte ele não está tão cheio, mas ela está certa, é de se admirar quando uma falsa namorada vai à casa do seu falso namorado sem ser convidada. Pior ainda, sem avisar e ainda leva um bolo de padaria para ele. Contudo, não foi tão ruim assim, certo? Eu tive a oportunidade de conhecer um lado meigo do Aiden com exclusividade e aquele cantinho com céu estrelado e tudo mais nem de longe esconde o cara especial que ele é. A pergunta é, por que ele se esconde na figura de um rapaz que não tá nem aí para o mundo? Aiden faz questão de mostrar que se importa com ele mesmo e ninguém mais, mas na verdade, ele não é assim. Me pergunto o que há de errado em se importar com a pessoa que está ao seu lado. Nada, não tem nada de errado em se importar. — Por que você foi lá? — Eis a pergunta que estou me fazendo desde tomei aquela decisão absurda.— Eu sei lá! — A verdade é que eu tive a sua companhi
Mel— Ah, oi!— Nós estamos programando um passeio para esse final de tarde. Não quer vir conosco?— Hum... passeio? — Elas fazem um sim animado para mim. Não é estranho que isso venha assim tão repentinamente? Ou o nosso plano está dando muito certo, ou elas estão armando para mim. — E a Brenice? — Procuro saber.— Oh, querida ela já aceitou o fato de que Você e Aiden estão juntos e concorda que você é uma de nós agora. — Receosa, eu olho para o Aiden, porém, ele tem um sorriso largo e parece acreditar nas meninas, mas não posso esconder que estou com o pé atrás.— Desculpe, meninas, mas tenho um compromisso com o meu namorado para essa noite.— Ah, que pena! Amanhã então? — Chego a balbuciar sem saber o que dizer.— Pode ser. — É isso! Amanhã estarei pisando em um terreno que eu não conheço, mas ficarei de olhos bem abertos.— Por que não foi com elas? — Aiden pergunta assim que as garotas se afastam.— É pra ser sincera? — Ele meneia a cabeça. — Ainda não confio nelas. Você acredit
Aiden— Ok, eu quero que fique aqui perto da minha equipe, tá? — peço para Melissa assim que chegamos ao local do desafio.— Mas, Aiden... — Ela tenta protestar, porém, seguro em seus ombros e a faço olhar nos meus olhos.— Melissa, se acontecer alguma coisa eles protegerão você. Se estiver segura eu saberei cuidar de mim, mas se não... Só... promete pra mim que ficará bem aqui perto deles?— Tá! Mas...— Não se preocupe. Prometo que de onde vocês vão ficar não perderão nenhum lance. — Melissa sorri, mas os seus olhos me encaram de um jeito que parece querer desvendar os meus segredos. Entretanto, eu a beijo rapidamente e me afasto, indo de encontro aos roncos dos motores e ao barulho dos apostadores. Eu sei que mencionei que ficaria bem por alguns meses. O último racha me deixou mais aliviado financeiramente, porém, tudo mudou com um telefonema que recebi mais cedo.— Tudo pronto, Aiden! — Richard grita sobressaindo a toda turbulência desse lugar. Uma estrada que ainda não foi inaugu
Aiden— Vamos dançar?— Não, Mel. Não estou com vontade. — Ela solta uma respiração alta e logo desliza a sua mão carinhosamente pela lateral do meu rosto. O toque suave das pontas dos seus dedos me faz relaxar um pouco.— Vai me contar o que está acontecendo? — interpele. Deus, se ela soubesse, se tivesse noção do buraco negro que está preste a me engolir.— Não está acontecendo nada.— Aiden, eu sei que você não está bem. — Melissa insiste e eu começo a me sentir encurralado. Isso não é bom. A última coisa que preciso agora é de uma garota querendo me desvendar.— O quê, está comigo há algumas semanas e pensa que já me conhece?! — rosno rudemente e ela engole em seco. Que saco! Rolo os olhos com impaciência, mas não com ela e sim comigo porque eu sempre faço a mesma coisa. Me aproximo de uma garota e quando tudo começa a ficar mais íntimo e mais gostoso, a faço afastar-se de mim. É uma maneira de protegê-la de mim mesmo, porém, sempre acabo machucando-as. Contudo, por algum motivo n
MelMedo. Quando eu era criança e tinha uma imaginação muito fértil, costumava ter medo da minha própria sombra. Era esquisito me sentir perseguida por ela o tempo todo e sempre que eu abria os meus olhos. As vezes o medo era tão grande que eu gritava e corria para os braços do meu pai. É triste pensar que eu vi isso nos olhos do Aiden ontem e por mais que eu quisesse que ele se abrisse comigo e me contasse o que estava acontecendo, ele se tornou um túmulo lacrando qualquer possibilidade de alcançá-lo, mas eu sinto que ele quer que o alcance, que chegue perto e que o resgate do que quer que seja. A prova é tanta, que ele simplesmente deixou parte da sua armadura cair e me permitiu cuidar dessa pequena parte desprotegida. Eu não sabia o que fazer, então me lembrei da canção que mamãe cantava para mim todas as noites. Entoei Twinkle, Twinkle, Little Star sem emitir a sua letra de fato e funcionou. Aiden finalmente estava relaxado e livro que qualquer tormenta, mas ele não se abriu comig