11

Mel

Batom vermelho, ou rosa? Saia ou calça jeans? Cabelos soltos ou presos? Meu Deus, e isso importa? Não é de verdade, Melissa. Ok, estou nervosa. Não é todo dia que marco de sair com um suposto namorado. Merda! A verdade é que eu nunca tive um namorado de verdade na vida. O quê? Eu não tinha tempo para essas coisas, precisava estudar de dia e ajudar o meu pai de noite. Agora isso. Cabeça de vento, é isso que você é! O bom é que eu não preciso beijar na boca. Porque isso sim, seria um desastre ecológico, porque eu nem sei como se faz isso. Ah vai, não me taxa de inocente porque isso eu não sou. Eu só não tenho experiência em certas coisas e vê se mantém esse bico fechado. Esse será um segredinho só nosso. Ralho mentalmente para o meu reflexo no espelho. E quer saber? Nada de batom, um vestido de tecido está de bom tamanho e os cabelos? Um rabo de cavalo serve. Prontinho! Sorrio para o espelho, mas não gosto do que vejo e de quebra faço birra para a minha imagem mostrando-lhe a língua. Acho que estou ficando maluca. Sibilo mentalmente levando uma mão a testa e rio das minhas sandices. A buzina me chama escandalosamente e eu corro para a sala, pego os meus livros e a minha bolsa, e saio praticamente voando para o pátio. Acho que vou passar mal. Penso quando ouço as batidas do meu coração dentro dos meus ouvidos. E sabe a pior parte? Os meus amigos não sabem de nada... ainda. Assim que o carro estaciona no estacionamento da faculdade, e saltamos para fora dou uma boa desculpa para eles, e sigo para o nosso ponto de encontro. Todos os alunos devem pensar que chegamos juntos então vale o sacrifício.

— Você está tensa demais, Melissa. — Aiden fala após alguns esclarecimentos e damos alguns passos para a entrada.

— Desculpa, é que eu nunca fiz isso antes! — Ele franze a testa.

— Relaxe, é como namorar de verdade, só que de mentirinha. — Arqueio as sobrancelhas e interrompo a respiração.

— O quê? Não consegue fingir que está namorando? — Incomodada, limpo a garganta.

— Tudo. Esse lance de namorado...

— Espera! Está me dizendo que nunca namorou antes? — O QUÊ?! Não! Sim! Ah, merda!

— Você vai anunciar isso para o mundo todo? — ralho entre dentes e ele me lança uma cara impagável. Isso é ridículo!

— Está falando sério? — respiro fundo. — Ok, desculpa! Só... tenta sorrir, tá bom? — Ele pede e eu faço, porém, ele faz uma careta para mim.

— O quê? O que foi agora?

— Isso é não um sorriso, Melissa. Parece que você está com raiva. — Ele ri e eu rolo os olhos. — Tudo bem! — Aiden sibila e chega perto mais demais. Em seguida ele segura as laterais do meu rosto e se inclina para perto dele.

— O que você está fazendo? — inquiro nervosa.

— Xiu! — Ele solta um som arrastado. — Eu só vou te acalmar um pouco, tá bom?

— Me acalmar? Como... — E fodeu! Fodeu tudo! Porque a sua boca tocou a minha com carinho e lentidão, mas o meu coração está pipocando dentro do meu peito. Depois ele me beijou com uma suavidade espantosa e o meu corpo esquentou assustadoramente, roubando a minha capacidade de respirar. Então o beijo ganhou uma proporção mágica e... gostosa, e todo o meu corpo estremeceu de dentro pra fora. — Mais calma agora? — Ele pergunta com um doce sussurro ainda perto do meu rosto.

— Estou molinha — respondo quase sem forças, levando as mãos ao seu peitoral para me manter em pé, mas o som da sua risada me desperta. — E você está rindo de mim.

— Desculpa! Desculpa! É que não deu pra evitar. É que você é engraçada.

— Ahã! — resmungo chateada.

— Olha, só tenta sorrir e acena para as pessoas que falarem. Só isso.

— Falar é fácil! — retruco e finalmente aparecemos para todos. Todos os olhos estão em cima de nós e confesso que não era essa sensação que eu queria sentir. Eu já falei que odeio ser o centro das atenções, não é? Pois é, estou sendo agora. Olhares surpresos, embasbacados, interessados, curiosos e raivosos. Sim, estou falando da capivara e suas capivaretes. Enquanto caminhamos, Aiden cruza os dedos das nossas mãos e devo dizer que esse gesto roubou toda a tensão dos olhares em cima de nós.

— Viu? Não foi tão difícil assim. — Ele ralha quando finalmente entramos na sala de aula. Forço um sorriso.

— Não foi, mas ainda não acabou.

— Você tem razão. Os meus amigos e os seus vão especular. — Dou de ombros.

— Podemos dizer que começou quando você me salvou na noite do racha.

— Na verdade, não temos que explicar nada para ninguém. Eu gosto de você e você gosta de mim, e isso tudo.

— Você tem certeza? A Brenice...

— Deixa que da Brenice cuido eu.

— Então tá!

***

— Como conseguiu o Aiden para o papel?! — Abby rasga uma interrogação cheia de curiosidade assim que me acomodo na cadeira da lanchonete e imediatamente os outros se inclina para ouvir a minha resposta.

— Digamos que ele caiu de paraquedas em cima dos meus livros. — Eles me olham com se um ET tivesse sentado na frente deles.

— O que isso quer dizer? — Ruby especula, porém, olho para os lados para ter certeza de ninguém está por perto. Me ajeito em cima da cadeira e falo o mais baixo possível. — Nós temos um acordo. Eu o ajudo com algumas matérias e ele me ajuda com a popularidade.

— Santo Deus! Me diz que vai tirar uma casquinha dessa situação? Porque eu tiraria. — Kell retruca e solta um suspiro sonhador. Casquinha? Se só com um beijo o homem sugou as minhas forças, o que aconteceria que arrancasse um pedacinho? Melhor pôr algumas regras e nada de beijos será uma delas. O restante do dia evitamos de falar sobre o namoro de proveta, a final, seguro morreu de velho e eu estou nova demais para morrer.

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