Aiden
— Valeu, Dani! Tchau, galera! — Escuto a voz da minha solução assim que ela sai de um corsa vermelho e a vejo entrar no prédio de dormitórios feminino. Meu coração acelera só de pensar em aborda-la ali mesmo. Mas covardemente não vou. Merda, você precisa resolver isso, Aiden e essa garota é a sua solução. E se ela não aceitar? Quer dizer, ela mal me conhece e as poucas vezes que nos vimos eu fui um babaca assistindo as sandices de Brenice a humilhando. Merda, Aiden, você está fodido, cara! Ok, mas você a ajudou por duas vezes, isso deve valar alguma coisa, certo?
— É, deve valer. — Portanto, me encorajo e caminho para dentro do prédio. Dentro do corredor levo algum tempo andando de um lado para o outro e encarando a porta fechada vez ou outra. Qual é, Aiden, desde quando se tornou um covarde? Respiro fundo, solto o ar pela boca, me aproximo da porta fechada e me forço a bater na madeira.
— Qual é, gente, hoje não vai rolar... — A porta se abre e uma garota de cabelos loiros quase cor de mel, e de baixa estatura surge bem na minha frente. Ela tem... tinha um sorriso rosto que deu lugar a uma nítida confusão. — Aiden?! O que você faz aqui?!
— Eu preciso conversar com você. Será que eu posso entrar?
— Não! — diz taxativa, mas eu não pretendo falar com ela aqui no corredor. Portanto, forço a minha entrada e encaro uma baixinha marrenta.
— Eu prometo que serei rápido! — Ela me fita e mesmo contrariada fecha a porta e faz um gesto de mão.
— O que você quer?
— Então, eu tenho um problema e acho que só você pode me ajudar. — A garota arqueia as sobrancelhas e me lança um olhar torto.
— Que tipo de problema?
— Estou com dificuldade nas três matérias da Senhora Smith.
— Tá, e por que acha que eu posso te ajudar?
— Não é óbvio? Você tem se destacado nas matérias dela.
— A sua namorada também?
— Quem?! — Melissa revira os olhos e se j**a em cima do pequeno sofá.
— A Brenice.
— Ah, ela não é minha namorada. — A garota ri e sério, estou ficando confuso aqui.
— Não é o que ela pensa e a faculdade em peso também. — Rolo os olhos com impaciência.
— Eu posso te pagar. — Vou direto ao assunto.
— Eu preciso do seu dinheiro e de verdade, não tempo para ser sua babá. Procura outra pessoa. — Ela vai até a porta e a abre me convidando a sair. Mas que merda!
— Tudo bem, eu faço o que você quiser. — Outra vez melissa arqueia as sobrancelhas.
— Qualquer coisa? — Opa, estou vendo uma pontinha de interesse aí?
— Qualquer coisa! — Um sorriso absurdamente audacioso se abre no seu rosto e eu juro que engoli uma batida do meu coração.
— Até fingir ser o meu namorado?
— Como é que é?
— O negócio é o seguinte, Senhor Cole. O Senhor tem um problema com Senhora Smith e eu tenho um problema com a sua namorada...
— Ela não é...
— OK! Eu preciso ser popular e você pode me levar isso. — Franzo o cenho.
— Por que quer ser popular?
— Não é óbvio? — Ela usa as minhas palavras contra mim. — Para que a Senhorita Carter finalmente largue do meu pé.
— Ah... — balbucio sem saber o que dizer.
— Eu o ajudo com as matérias e você me ajuda a pular os muros do anonimato. Simples assim. E aí, fechou? — Melissa me estende uma mão e porra, o que eu tenho a perder?
— Ok, eu preciso entregar um trabalho amanhã e na próxima preciso estar preparado para uma prova.
— Trabalho amanhã? — Faço sim com a cabeça.
— Tudo bem! Eu te ajudo, mas quero você entrando comigo na Campbell no primeiro horário. — Puxo uma respiração e aperto a sua mão.
— Fechado!
***
Devo admitir que Melissa Jones sabe prender um homem com eu nos estudos. Na noite passada eu estava louco para criar asas e voar logo após fechar o nosso acordo, mas ela me fez sentar no sofá e em uma fração de segundos espelhou uma sequência de livros de uma espessura assustadora. Não que eu tenha preguiça de ler e eu bem sei que um bom advogado precisa se habituar com as leis e seus parâmetros, mas nesses poucos meses dei lugar a emoção de uma boa corrida e os lucros que ela me trazia e deixei o que mais interessava no esquecimento. Terminamos o trabalho por volta de meia-noite. É, ela não me deu mole não, me fez ler cada parágrafo de pelo menos cinco capítulos consecutivos e ainda encontrou tempo para um debate que me deixou eufórico. E agora estou aqui ma entrada da universidade as sete em ponto a sua espera. Trato é trato! O Corsa vermelho estaciona no pátio e eu me aproximo para começarmos a nossa encenação. Melissa se aproxima parando a poucos centímetros de mim e me olha nos olhos. Ela solta o ar pela boca algumas vezes, parece nervosa e eu não a culpo por isso. Uma coisa é eu ficar com uma garota, leva-la para a cama e mandar ver e outra é eu fingir um relacionamento com um pessoa que mal conheço.
— E então, como vai ser?
— Eu... não sei. Acho devemos entrar de mãos dadas. — É, ela realmente está nervosa. Sem pensar duas vezes lhe estendo a minha mão e ela segura, deixando um leve aperto nela. Caramba, suas mãos estão geladas com uma pedra de gelo!
— Vamos? — Melissa faz um sim com a cabeça e assim que damos o primeiro passo ela para de andar.
— Espera. Ah, me chama de Mel. É assim que as pessoas me chamam e... nada de beijos.
— Como assim? Eu pensei que você queria que eu fingisse ser o seu namorado.
— É.
— Mas namorados se beijam. — Ela fecha os olhos e volta a respirar.
— Ok, você está certo. Então... nada de beijos de língua. — Gargalho.
— É sério?
— É. E não ria de mim.
— Ok, por mim tudo bem!
— Tá! Vamos lá! — E como imaginei que seria, uma turva de estudantes direcionam seus olhares para nós dois. Alguns tem a boca aberta e outros cochicham e aponta para nós. Contudo, a cara dos meus amigos e principalmente da Brenice são impagáveis. Talvez eu tenha algum benefício com essa brincadeira a final.
MelBatom vermelho, ou rosa? Saia ou calça jeans? Cabelos soltos ou presos? Meu Deus, e isso importa? Não é de verdade, Melissa. Ok, estou nervosa. Não é todo dia que marco de sair com um suposto namorado. Merda! A verdade é que eu nunca tive um namorado de verdade na vida. O quê? Eu não tinha tempo para essas coisas, precisava estudar de dia e ajudar o meu pai de noite. Agora isso. Cabeça de vento, é isso que você é! O bom é que eu não preciso beijar na boca. Porque isso sim, seria um desastre ecológico, porque eu nem sei como se faz isso. Ah vai, não me taxa de inocente porque isso eu não sou. Eu só não tenho experiência em certas coisas e vê se mantém esse bico fechado. Esse será um segredinho só nosso. Ralho mentalmente para o meu reflexo no espelho. E quer saber? Nada de batom, um vestido de tecido está de bom tamanho e os cabelos? Um rabo de cavalo serve. Prontinho! Sorrio para o espelho, mas não gosto do que vejo e de quebra faço birra para a minha imagem mostrando-lhe a língua
A noite eu estava sentada no sofá com alguns livros separados em cima da mesinha de centro e tomando uma xícara de chá sem tirar os meus olhos da porta. É, ele está atrasado. Um atraso de quase meia hora. Minutos depois, coloquei a xícara vazia em cima da mesinha e me deitei no sofá e com outra carreira de minutos já estava bisbilhotando através da janela. Ele não vem. Sibilei em pensamentos e me livrei do vestido azul escuro de alcinhas com um cumprimento acima dos joelhos para pôr um pijama, depois arrumei os meus cabelos para prendê-los em um coque frouxo e bagunçado, e calcei as pantufas de coelho para ir guardar todo o material. Idiota! Resmungo frustrada e no segundo seguinte alguém bate à porta.Não! Não pode ser ele, porque se for lhe darei uma boa bronca!— Por onde você andou?! — rosno assim que abro a porta e dou de cara com um Aiden suado e ofegante.— Eu tive um imprevisto, me desculpe!— Imprevisto? Aiden, para isso dar certo você precisa ter compromisso!— Isso não vai
AidenNessa vida eu já fiz de tudo. Trabalhei um tempo como encanador, mecânico, ajudante de feira de rua, frentista de posto de gasolina, mas atuar como ator é a primeira vez e acredito que estou me saindo muito bem. É claro que a parceria contribui e muito para esse sucesso. Baixinha, morena de tom claro e suave, cabelos negros e ondulados que chegam a alcançar metade das suas costas e porra, quando a beijo a deixo molinha! Eu sei que não sou nenhum galã de cinema, mas sei que sou gostoso ao ponto de as garotas suspirarem por mim, mais daí a se entregar plenamente a um beijo tão simples é foda no sentido mais extremo que consigo imaginar. Ou seja, ela não é tão exigente e as minhas notas estão garantidas. Fazer a galera aceitar que estou namorando a Melissa Jones foi a parte mais complicada. Eles sabem que sou exigente com a mulherada. No mínimo elas precisam ter belas curvas, bumbum empinado, coxas grossas na proporção certa e uma cintura fina que eu possa pegar e apertar. A altura
Aiden — Ah... oi! — Ela gagueja.— Oi! O que faz aqui?— Ah, eu... trouxe um bolo de chocolate. — Faço um sim com a cabeça, olhando para o embrulho de plástico transparente em suas mãos e sorrio.— Estou vendo. Como descobriu onde eu moro? — Ela dá de ombros.— Quem não sabe onde Aiden Cole mora? — Meu sorriso se amplia.— Boa resposta! — E de repente ficamos sem assunto. E eu me sinto um babaca porque não sei como reagir a isso. Quer dizer, eu nunca trouxe uma garota aqui. Sério, eu não tinha em mente manter um relacionamento, portanto, o meu cantinho é um lugar restrito para as garotas.— Eu não devia ter vindo. — Ela diz me despertando e faz menção de me dar as costas.— Não, foi perfeito você ter vindo!— Você tem certeza? — Faço um sinal positivo para ela.— Se queremos que eles acreditem que estamos juntos, então, é uma boa você vir aqui. — Ela sorri. Droga, é lindo vê-la assim! — Vem, eu vou te apresentar pra galera. — Levo uma mão a base da sua coluna e a conduzo para dentro
Mel— Você o quê?! — Abby rasga uma interrogação gritante no meio do corredor do shopping. Para a minha sorte ele não está tão cheio, mas ela está certa, é de se admirar quando uma falsa namorada vai à casa do seu falso namorado sem ser convidada. Pior ainda, sem avisar e ainda leva um bolo de padaria para ele. Contudo, não foi tão ruim assim, certo? Eu tive a oportunidade de conhecer um lado meigo do Aiden com exclusividade e aquele cantinho com céu estrelado e tudo mais nem de longe esconde o cara especial que ele é. A pergunta é, por que ele se esconde na figura de um rapaz que não tá nem aí para o mundo? Aiden faz questão de mostrar que se importa com ele mesmo e ninguém mais, mas na verdade, ele não é assim. Me pergunto o que há de errado em se importar com a pessoa que está ao seu lado. Nada, não tem nada de errado em se importar. — Por que você foi lá? — Eis a pergunta que estou me fazendo desde tomei aquela decisão absurda.— Eu sei lá! — A verdade é que eu tive a sua companhi
Mel— Ah, oi!— Nós estamos programando um passeio para esse final de tarde. Não quer vir conosco?— Hum... passeio? — Elas fazem um sim animado para mim. Não é estranho que isso venha assim tão repentinamente? Ou o nosso plano está dando muito certo, ou elas estão armando para mim. — E a Brenice? — Procuro saber.— Oh, querida ela já aceitou o fato de que Você e Aiden estão juntos e concorda que você é uma de nós agora. — Receosa, eu olho para o Aiden, porém, ele tem um sorriso largo e parece acreditar nas meninas, mas não posso esconder que estou com o pé atrás.— Desculpe, meninas, mas tenho um compromisso com o meu namorado para essa noite.— Ah, que pena! Amanhã então? — Chego a balbuciar sem saber o que dizer.— Pode ser. — É isso! Amanhã estarei pisando em um terreno que eu não conheço, mas ficarei de olhos bem abertos.— Por que não foi com elas? — Aiden pergunta assim que as garotas se afastam.— É pra ser sincera? — Ele meneia a cabeça. — Ainda não confio nelas. Você acredit
Aiden— Ok, eu quero que fique aqui perto da minha equipe, tá? — peço para Melissa assim que chegamos ao local do desafio.— Mas, Aiden... — Ela tenta protestar, porém, seguro em seus ombros e a faço olhar nos meus olhos.— Melissa, se acontecer alguma coisa eles protegerão você. Se estiver segura eu saberei cuidar de mim, mas se não... Só... promete pra mim que ficará bem aqui perto deles?— Tá! Mas...— Não se preocupe. Prometo que de onde vocês vão ficar não perderão nenhum lance. — Melissa sorri, mas os seus olhos me encaram de um jeito que parece querer desvendar os meus segredos. Entretanto, eu a beijo rapidamente e me afasto, indo de encontro aos roncos dos motores e ao barulho dos apostadores. Eu sei que mencionei que ficaria bem por alguns meses. O último racha me deixou mais aliviado financeiramente, porém, tudo mudou com um telefonema que recebi mais cedo.— Tudo pronto, Aiden! — Richard grita sobressaindo a toda turbulência desse lugar. Uma estrada que ainda não foi inaugu
Aiden— Vamos dançar?— Não, Mel. Não estou com vontade. — Ela solta uma respiração alta e logo desliza a sua mão carinhosamente pela lateral do meu rosto. O toque suave das pontas dos seus dedos me faz relaxar um pouco.— Vai me contar o que está acontecendo? — interpele. Deus, se ela soubesse, se tivesse noção do buraco negro que está preste a me engolir.— Não está acontecendo nada.— Aiden, eu sei que você não está bem. — Melissa insiste e eu começo a me sentir encurralado. Isso não é bom. A última coisa que preciso agora é de uma garota querendo me desvendar.— O quê, está comigo há algumas semanas e pensa que já me conhece?! — rosno rudemente e ela engole em seco. Que saco! Rolo os olhos com impaciência, mas não com ela e sim comigo porque eu sempre faço a mesma coisa. Me aproximo de uma garota e quando tudo começa a ficar mais íntimo e mais gostoso, a faço afastar-se de mim. É uma maneira de protegê-la de mim mesmo, porém, sempre acabo machucando-as. Contudo, por algum motivo n