Mel
Você já foi a uma dessas festas de faculdade? Uau! Essa é a minha primeira e mesmo tendo participado de todos os preparativos, estou chocada! Os refletores, a decoração, as mesas, o salão para dança, o palco. Tudo inspira um megaevento, mas a gente sabe que os lados já estão separados, né? Alguns convidados começam a chegar e como a Abby havia imaginado, ninguém sabe quem é quem. Exceto pela capivara glamourosa que faz questão de se destacar. Pena que o bonitinho vai ser atingido pela nossa trama. Ela não larga dele mesmo. Enfim, vamos dar um tempo, a final queremos curtir um pouquinho dessa festa antes de começar todo o babado.
— Ai, eu quero dançar um pouco! — Kell fala se sacudindo toda e logo a turma se anima. Dani com a Kell, o Stan com a Ruby e Robin com a Abby. Sobrei e isso não é bom, mas relevo decido pegar um refresco na espaçosa mesa.
— Você é a Melissa, não é? — Forço a bebida a descer e encaro o gigante parado bem na minha frente. Detalhe, o seu nome é Ethan e eu já o vi várias vezes com a tal da Carly. Exatamente! Ele faz parte da gangue capivaresca.
— E você é o Ethan. — Ele sorri. O que os vilões têm que são tão gostosos?
— Está a fim de dançar? — Nem pensar! Rosno mentalmente.
— Ah... é que... eu...
— Ah qual é? É só uma dança. — Sei, se brincar tem um piso falso no meio do salão. Penso e o encaro.
— Não vai rolar. Não estou a fim. — Seu sorriso se amplia.
— Tudo bem, sem problemas! — Ele se afasta, eu esvazio o meu copo e me pergunto. Simples assim? Sem gracinhas, sem pegadinhas, nada? E se ele estivesse falando sério? Droga, era uma chance boa de pisar no terreno dela! Merda, é isso! Quase duas horas depois e já estávamos nos preparando para o ataque. O nosso alvo está em uma sessão de selfies com o seu queridinho, enquanto o resto está espalhado pela pista de dança ou fodendo em algum beco escuro.
— Pronta?
— Não, mas eu vou mesmo assim.
— Tem certeza? — Faço um sim com a cabeça.
— Dani, prepara o celular.
— Tá!
— Ruby, prepara o balde. — Respiro fundo. — Eu vou fazer a minha parte. O negócio é o seguinte. Eu preciso me aproximar da capivara e puxar um assunto sínico com ela, enquanto o Dani filma o momento exato de lama que a Rubi está trazendo. É claro que eu vou aparecer linda e maravilhosa nesse vídeo, enquanto a dona glamourosa estará com cara de babaca, gritando horrores e toda suja. Detalhe, o vídeo será jogado na internet e todos os alunos da faculdade terão acesso. Se viralizar, eu estou fodida, mas estarei liberta. Se não, estarei fodida e mal paga. — Brenice, nossa como está linda!
— Obrigada, mas não posso dizer o mesmo de você. — Reviro os olhos, porém, sorrio.
— Acredito que ninguém aqui esteja, não é? — A loira abre um sorriso falso.
— O que você quer aqui, Melissa?
— Olha, ela sabe o meu nome? Sério, eu estou pasma com isso. Enfim, eu só queria tirar uma foto com a rainha dessa festa. — Como é chato puxar o saco de alguém!
— Sinto muito, a sessão de fotos encerrou por hoje! — Dou de ombros.
— Juro que será apenas uma foto. E o meu amigo tira para mim. Vem, Dani! — A garota força um sorriso e eu faço uma pouse um tanto afastada e... PA! Em um segundo escuto o resfolegar da garota atrás de mim e Ruby sai correndo como uma louca. Não posso perder essa cena! Portanto, eu me viro e tenho a bela visão de Brenice toda suja, da cabeça aos pés e gritando ensandecida.
— Você! — Ela range apontando para mim e me dou conta de que não devia ter ficado. Que droga, Melissa o plano era fazer acontecer e correr antes que ela recobrasse a sanidade. — Peguem essa maluca! — Ela berra e eu empurro os desavisados que estão com suas câmeras em cima da nossa celebridade.
— Olha ela ali! — Alguém grita e desesperada, corro para os fundos do salão de festa ao invés de ir para a garagem como havíamos combinado.
— Merda! Merda! Merda! — xingo me livrando dos saltos altos pelo caminho e corro a procura de um lugar para me esconder. Contudo, esbarro fortemente em alguém e sou automaticamente jogada no chão. Ofegante, ergo os meus olhos para ver quem se atreveu a aparecer no meio da minha fuga e congelo ao ver o namoradinho da capivara em pé me olhando. Mil vezes merda! Rosno e me levanto com uma velocidade de arrepiar. — Me deixe passar! — Ok, não foi um pedido, eu simplesmente ordenei para o homem que possivelmente vai me torturar até a morte.
— Ou, calma aí! — Empino o meu nariz e o fito os seus olhos rudemente.
— Olha só, ou você me deixa passar, ou... — Procuro por algo para me defender. Um pedaço de pau, uma pedra, qualquer coisa, mas não tem nada aqui além de grama e pequenos arbustos.
— Ou? — Ele me desafia e eu volto a encará-lo.
— Ela está lá atrás! — Alguém grita e o play boy olha na direção.
— O que você fez? — Dou de ombros.
— Não interessa. Vai me deixar passar? — Seus olhos brilham com a pouca luz do lugar e ele volta a sorrir.
— Vem, eu te levo!
— Nem pensar! Você é o namorado daquela... daquela... Eu não vou a lugar nenhum com você!
— Você que sabe! — Ele resmunga me dando as costas e desaparece no muro de sempre-vivas.
— Ali! Ali! Peguem ela!
— Merda! — rosno, fecho os olhos e me jogo contra o muro esperando o forte impacto que não vem e caio de cara no chão do outro lado. Ofegante, ergo a cabeça e os faróis se acendem. Não tenho outra saída. Penso e corro na direção do carro, que canta pneus assim que entro nele. Enquanto o charmosinho ali dirige pelas ruas de Nova York eu procuro olhar para o lado de fora para não lhe dar a chance de puxar conversa e logo sinto o alívio percorrer as minhas veias. Pelo menos ele não me levou para a corte para cortarem a minha cabeça fora. Mas, e depois? Droga, eu não pensei no depois! Bom, o que não tem remédio, remediado está. Já dizia a minha avó. Agora é só esperar.
— Para onde você quer ir?
— Me leve para os dormitórios. Os meus amigos devem estar me esperando lá. — Em resposta ele apenas meneia a cabeça. Em minutos o carro para em um pátio completamente vazio e eu bufo em desespero. — Cadê vocês? — sibilo e pego o telefone no meu bolso.
— Mel, cadê você?! — Abby pergunta assim que me atende.
— Cadê vocês? Por que não estão aqui no pátio?
— Estamos no pátio do prédio do Dani. Espere, nós vamos aí.
— Tá! — Encerro a ligação e sou absorvida pelo som de uma risada masculina.
— Você fez isso? — Mais gargalhadas se espalham pelo ambiente apertado e ele me mostra a tela do seu celular. — Cacete, já tem mais de duas mil visualizações!
— O que?! — Tomo o aparelho da sua mãe e sorrio amplamente para o resultado da minha traquinagem. Meu Deus, os comentários, as curtidas... estou fodida! Me pego rindo ainda mais. Estou muito fodida!
— Não acredito que teve coragem de fazer isso com ela! — Apenas suspiro e devolvo o aparelho.
— Ficou com pena da sua namoradinha? — O ataco.
— Ela não é a minha namorada.
— Hum, não é isso que todos pensam. Vocês sempre juntos, grudados.
— A Brenice é só um passatempo.
— Sei. Acho que precisa voltar para o seu passatempo. Ela deve estar... — O som da buzina do carro do Dani me faz olhar pela janela. — Enfim, eu tenho que ir. — Abro a porta do carro e saio imediatamente para ir ao encontro das minhas amigas.
— Ou, obrigado por me ajudar! — Ele grita ironicamente, porém, ignoro o seu comentário e me jogo nos braços das únicas pessoinhas que me entende nesse mundo.
Mel__ Cara, eu nunca ri tanto na minha vida! — Dani comenta e uma nova onda de risadas divertidas e contorcidas se espalha dentro do Burger, chamando a atenção dos clientes em outras mesas.— Sério, aquela cena foi hilária!— E a cara que ela fez?Esses comentários me fazem pensar nas risadas que deram de mim todas as vezes que aquela vaca aprontou comigo. Mas devo admitir, isso foi épico e caramba, as visualizações já passam de três e isso em menos de uma hora e os likes não estão muito distantes disso, sem falar nos comentários que meu Deus... acho que criei um monstro. Então, vingança nunca foi o meu forte e eu sei que isso terá um retorno estrondoso, e que eu preciso estar preparada para qualquer coisa. O problema é não prever o que vem pela frente. Eu simplesmente terei que estar atenta a cada segundo. Como diz a minha quase centenária avó, pisando em ovos. Mas não vou estragar esse momento com as minhas especulações as cegas. Portanto, ergo o meu copo de cerveja atraindo a aten
MelEu nunca me vi em um... o que é isso mesmo? Um esporte? Vadiagem? Cara, eu estudo direito e, no entanto, estou me metendo no meio de um grupo jovens tomando cerveja e apostando altas notas em uma corrida completamente absurda. E pior, correndo um sério risco de ser presa só de estar aqui. Mas vamos admitir que a adrenalina que essas pessoas fornecem é coisa de louco. O ronco do motor avisa que a corrida começará em alguns segundos. A gritaria e a agitação dos apostadores são excitantes, e para a minha surpresa, Dani é um dos corredores. Stan e Robin se ajeitam em cima de um baú de um caminhão de pequeno porte e nos ajudam a subir. Daqui a visão da cidade é simplesmente fantástica e logo uma garota vai para o meio dos carros, ela faz um charme e dá o sinal para os pilotos. A gritaria junto aos roncos dos motores é ensurdecedora e eu me pego vibrando quando os carros dão a partida. O local escolhido pelos meninos nos dá uma visão ampla da corrida e caramba, eles realmente levam o pr
Mel— Preciso ir ao banheiro — aviso assim que chegamos na metade do corredor.— Quer que eu te acompanhe? — Abby se oferece, mas quer saber? Acho que está tudo de boa por hoje.— Não. Eu não vou demorar. — E nos separamos pela primeira vez desde que a megera louca resolveu pegar no meu pé. Parece suicídio, não é? Mas acredito que depois da vergonha que Brenice passou em público ela deva ficar em sua incubadora por alguns dias. Oh droga, eu não podia estar mais enganada! Penso, quando largo a minha bolsa no balcão e ligo a torneira, molhando levemente o meu rosto e assim que abro os olhos, e me encaro no espelho percebo a porta se abrir atrás de mim. Brenice entra no cômodo com as capivaretes logo atrás dela. Uma das garotas fecha a porta e eu me preparo para o ataque. A loira me olha dos pés à cabeça enquanto caminha sem pressa para o lado, dando espaço para as outras me ilharem. A merda toda é que eu não sou boa de briga. Sério, eu nunca precisei brigar com ninguém na vida, mas se p
Aiden— Onde você estava, porra? Por um instante pensei que a polícia tinha te prendido. — Ethan rosna assim que saio do carro. Realmente foi por pouco. Se não fosse aquela estradinha de terra não sei o que teria acontecido, ainda mais quando resolvi atrasar a minha retirada para pegar aquela garota sem noção parada no meio do reboliço de pessoas. O que deu em mim? Não sei. A verdade é que eu nem conheço a garota direito para me importar, mas se quer saber, não há arrependimentos.— Você sabe como eu sou — ralho presunçoso, erguendo as mãos para o alto.— É isso aí, garoto! — A rapaziada agita batendo as mãos e de cara Kevin me entrega uma cerveja.— Aqui está a sua parte. — Ethan mete a mão no bolso lateral do seu jeans e tira algumas notas verdinhas de lá. Com um sorriso largo folhei o pequeno montante e o guardo na minha carteira.— Estou indo, galera! Preciso de um banho e daqui a três horas tenho que estar de pé e meter a cara nos estudos — falo, deixando o nosso cumprimento de s
Aiden— Valeu, Dani! Tchau, galera! — Escuto a voz da minha solução assim que ela sai de um corsa vermelho e a vejo entrar no prédio de dormitórios feminino. Meu coração acelera só de pensar em aborda-la ali mesmo. Mas covardemente não vou. Merda, você precisa resolver isso, Aiden e essa garota é a sua solução. E se ela não aceitar? Quer dizer, ela mal me conhece e as poucas vezes que nos vimos eu fui um babaca assistindo as sandices de Brenice a humilhando. Merda, Aiden, você está fodido, cara! Ok, mas você a ajudou por duas vezes, isso deve valar alguma coisa, certo?— É, deve valer. — Portanto, me encorajo e caminho para dentro do prédio. Dentro do corredor levo algum tempo andando de um lado para o outro e encarando a porta fechada vez ou outra. Qual é, Aiden, desde quando se tornou um covarde? Respiro fundo, solto o ar pela boca, me aproximo da porta fechada e me forço a bater na madeira.— Qual é, gente, hoje não vai rolar... — A porta se abre e uma garota de cabelos loiros quas
MelBatom vermelho, ou rosa? Saia ou calça jeans? Cabelos soltos ou presos? Meu Deus, e isso importa? Não é de verdade, Melissa. Ok, estou nervosa. Não é todo dia que marco de sair com um suposto namorado. Merda! A verdade é que eu nunca tive um namorado de verdade na vida. O quê? Eu não tinha tempo para essas coisas, precisava estudar de dia e ajudar o meu pai de noite. Agora isso. Cabeça de vento, é isso que você é! O bom é que eu não preciso beijar na boca. Porque isso sim, seria um desastre ecológico, porque eu nem sei como se faz isso. Ah vai, não me taxa de inocente porque isso eu não sou. Eu só não tenho experiência em certas coisas e vê se mantém esse bico fechado. Esse será um segredinho só nosso. Ralho mentalmente para o meu reflexo no espelho. E quer saber? Nada de batom, um vestido de tecido está de bom tamanho e os cabelos? Um rabo de cavalo serve. Prontinho! Sorrio para o espelho, mas não gosto do que vejo e de quebra faço birra para a minha imagem mostrando-lhe a língua
A noite eu estava sentada no sofá com alguns livros separados em cima da mesinha de centro e tomando uma xícara de chá sem tirar os meus olhos da porta. É, ele está atrasado. Um atraso de quase meia hora. Minutos depois, coloquei a xícara vazia em cima da mesinha e me deitei no sofá e com outra carreira de minutos já estava bisbilhotando através da janela. Ele não vem. Sibilei em pensamentos e me livrei do vestido azul escuro de alcinhas com um cumprimento acima dos joelhos para pôr um pijama, depois arrumei os meus cabelos para prendê-los em um coque frouxo e bagunçado, e calcei as pantufas de coelho para ir guardar todo o material. Idiota! Resmungo frustrada e no segundo seguinte alguém bate à porta.Não! Não pode ser ele, porque se for lhe darei uma boa bronca!— Por onde você andou?! — rosno assim que abro a porta e dou de cara com um Aiden suado e ofegante.— Eu tive um imprevisto, me desculpe!— Imprevisto? Aiden, para isso dar certo você precisa ter compromisso!— Isso não vai
AidenNessa vida eu já fiz de tudo. Trabalhei um tempo como encanador, mecânico, ajudante de feira de rua, frentista de posto de gasolina, mas atuar como ator é a primeira vez e acredito que estou me saindo muito bem. É claro que a parceria contribui e muito para esse sucesso. Baixinha, morena de tom claro e suave, cabelos negros e ondulados que chegam a alcançar metade das suas costas e porra, quando a beijo a deixo molinha! Eu sei que não sou nenhum galã de cinema, mas sei que sou gostoso ao ponto de as garotas suspirarem por mim, mais daí a se entregar plenamente a um beijo tão simples é foda no sentido mais extremo que consigo imaginar. Ou seja, ela não é tão exigente e as minhas notas estão garantidas. Fazer a galera aceitar que estou namorando a Melissa Jones foi a parte mais complicada. Eles sabem que sou exigente com a mulherada. No mínimo elas precisam ter belas curvas, bumbum empinado, coxas grossas na proporção certa e uma cintura fina que eu possa pegar e apertar. A altura