O sono da manhã é sempre o mais gostoso, aqueles últimos minutos depois que o sol já nasceu e que o dia está prestes a começar. Normalmente, são nesses momentos em que somos acordados para iniciar um novo dia. “Mamãe…”, a vozinha manhosa e fofa chegou aos sonhos de Claire bem sutilmente, quase como um som de fundo que não chamava muita atenção. “Mamãe… Acorda!”, dessa vez, junto a voz, um pequeno empurrãozinho a fez resmungar. “Mamãe, é o primeiro dia na escolinha!”Então, ela se sentou de uma vez só na cama, abrindo os olhos de súbito e olhando ao redor sem conseguir assimilar muita coisa, como uma máquina que inicia de forma abruta, funcionando de forma meio defeituosa, sem assimilar de fato o que acontecia ao seu redor. “Mamãe, assim vamos chegar tarde!”, dessa vez, a voz fina e manhosa foi acompanhada pelo rostinho da criatura que ela mais amava no mundo. O garotinho de cabelos negros e olhos azuis pulou sobre a cama, engatinhando pelos lençóis até se aconchegar em seu colo, se
“Mamãe, o que é um mauricinho?” Theo perguntou enquanto Sarah caminhava até ele, o pegando nos braços e dando um cheirinho em seus cabelos. “Tia não pode bagunçar, se não os amiguinhos da escola não vão gostar de Theo.”“Mauricinhos são menininhos muito bonitos e fofos”, Claire respondeu para o filho, aproveitando que o menino estava de costas e mostrando o dedo do meio para amiga, que apenas gargalhou. “Vamos, mocinho, você precisa tomar café e sua mãe precisa se arrumar”, Sarah falou, sentando Theo na cadeirinha dele, que era mais alta para que ele alcançasse a mesa com facilidade. “Claire, você precisa ser pontual hoje, deixei aquele projeto do cliente novo com você, o secretário vai lá marcar a reunião oficial hoje de manhã. Bota uma roupa bonitinha, menina.”“E eu por acaso sou você que vive malamanhada?”, o tom acusatório seguido do riso fazia parte da dinâmica das duas que se arrastava ao longo dos anos. Sempre provocavam uma à outra, mas se amavam na mesma intensidade em qu
Trabalho, muito trabalho. Era isso o que permeava a vida de Alexander pelos últimos meses, talvez até anos. Não estava em seus planos assumir tão cedo os negócios da família, mas a morte de seu pai o levou para aquele caminho e, mesmo que não fosse sua vontade, jamais deixaria o império de seu pai ser arruinado depois de sua morte, era o legado dele e era sua responsabilidade passar adiante. Claro, muito havia mudado, já não era um garoto, agora, aos 31 anos, não tinha muito tempo para fazer o que fazia antes, as festas e bebedeiras se tornaram bem menos frequentes e a mídia atualmente o perseguia em busca de envolvimentos amorosos que não existiam. Uma ficada aqui e ali, mulheres que não se interessavam em saber quem ele era e pelas quais ele não tinha nenhum interesse além do carnal. Assim era mais fácil, combinava com sua rotina. Seus passos eram rápidos pelos corredores do andar presidencial da Blake Enterprises, situado no bairro mais caro de Manhattan, aquele, sem dúvida, er
Alexander finalmente ergueu o rosto e os olhos dos dois se encontraram, o CEO uniu as sobrancelhas por um momento, por que ela o estava encarando daquele jeito? Tinha alguma coisa errada com ele? Será que se conheciam? Ela parecia familiar, mas nada além disso, certo?“Bem, vamos começar?”, falou ele, com os ombros erguidos e um olhar sério. “S…Sim, Claro!”, Claire respondeu. Mas, por dentro, se perguntava como daria seguimento a uma reunião estando de frente para o homem que era o pai de seu filho e que ela não via há cinco anos. ***Foram as duas horas mais longas da vida de Claire. Quem diria que fingir que estava tudo bem enquanto tudo estava um caos era tão difícil? Pelo menos ele parecia não tê-la reconhecido. Não o culpava, na verdade, agradecia ao tempo que deu a ela algumas mudanças. Já não parecia uma menininha inocente como antes, tinha um corpo mais voluptuoso, seus cabelos longos emoldurava um rosto jovem, mas, ao mesmo tempo, maduro. Quando finalmente acabou e Clair
Quando o dia de trabalho finalmente acabou, Alexander se viu sentado no banco de seu carro enquanto seu motorista o levava para casa. Enquanto resolvia os problemas da empresa sua mente estava ocupado, mas no momento em que seus pensamentos se silenciaram, ele se lembrou dos olhos verdes de Claire e de como ela ficou nervosa em sua presença. “Por que tão nervosa?”, era a pergunta que tomava seus pensamentos, mas não era a única, porque uma pergunta quase tão frequente quanto esta lhe dava um comichão em seu peito… Por que ele estava tão interessado?Não sabia explicar, mas se convenceu de que estava apenas buscando uma fuga para sua rotina tão cansativa e, atualmente, sem diversão alguma, apenas um conjunto de problemas para resolver dia após dia. “Não é nada de mais”, resmungou para si mesmo, assim que o carro estacionou na frente da enorme mansão dos Blake. O jardim estava iluminado e as janelas da mansão jogavam para fora as çluzes acesas por toda parte. Alexander suspirou, tinha
“Mamãe sabe o que é melhor para você, filhinho…”, ela insistiu, fazendo um bico e um pouco de drama. “Mas não vou insistir agora, vá descansar um pouco e depois falamos mais sobre isso.”Então, Cora o soltou, caminhando em direção as escadas com um sorriso largo de quem sabia que ia conseguir o que queria. Cedo ou tarde, seu filho cederia a ela. 0***Havia duas coisas que irritavam Alexander ao extremo, a primeira era mentira e a segunda era que se metessem em sua vida, e sua mãe fazia a segunda com frequência. Sequer teve paciência para comer seu jantar, na verdade, ele apenas subiu para seu quarto e tomou um banho bem demorado, em seguida, deitou para dormir. Mas, no lugar do sono, o que veio para ele foi a curiosidade, a estranha aflição de que havia algo para saber. Por isso, pegou seu celular e abriu seu I*******m. Mal usava o aplicativo, tinha uma equipe de marketing que cuidava de suas redes sociais para ele. Clicou na barra de pesquisa e, depois disso, digitou o nome “Claire”
“O CEO… O CEO da Blake Enterprises”, enquanto falava, Claire caminhava em direção ao sofá e se deixava cair no estofado passando as mãos no rosto e subindo para os cabelos, tentando controlar a vontade de chorar e surtar. “Fala logo, mulher!”, Sarah apressou, já quase tão nervosa quanto a amiga parecia estar. “É o Alexander… O CEO da empresa é o pai do Theo!”, cuspiu, olhando para o teto em completo desespero. “Sarah eu não posso ver aquele homem de novo, não posso! E se ele descobrir sobre o meu filho? E se ele tentar tirar o Theo de mim?”As palavras pareciam pular da boca de Claire no mesmo ritmo em que seu coração saltava do peito, furiosamente, milhares de hipóteses surgiam em sua mente, diversas realidades com os piores cenários possíveis, em todos eles ela perdia seu menino. “Q quê?!”, por muito pouco, Sarah não gritou, olhando para as escadas para se certificar que Theo não estava ali. “Você tem certeza que é ele? Ele sabe que você é… Você?”A outra balançou a cabeça algumas
“Bom dia, senhor Blake! Desculpe chegar assim”, iniciou, adiantando suas desculpas para tentar amenizar o humor do chefe. “O escritório de arquitetura já está aguardando o senhor. Mas mandaram uma nova representante hoje.”Por um momento, Alex encarou sua secretária sem entender sequer uma palavra do que ela disse. O escritório trocou o representante? Por quê?“Como assim, Ruby?” a pergunta direta fez a secretária encolher os ombros. “Enviaram outra, senhor…” respondeu, olhando para os próprios pés. “Avise que eu não irei atendê-los, não aceito que troquem o representante depois de já termos iniciado as tratativas do negócio. Ou Claire cuida do projeto, ou iremos procurar outra empresa. Entendeu?” seu tom era frio, claramente impaciente e beirando a rudeza. Odiava mudanças não planejadas, principalmente quando a mudança atrapalhava seus próprios planos. “Sim, senhor!”, Ruby não levou mais tempo do que o necessário para sair da sala, correndo para sua mesa e deixando a agenda antes