Capítulo 4: Expulsa

A manhã veio e passou muito rápido, e quando o meio dia chegou Claire estava completamente sem fome. Se sentia enjoada, estava com sono, mas assim que seu pai chegou, sua mãe entrou em seu quarto.

“Desça, seu pai chegou com o resultado dos exames”, Moly, mais uma vez, não fez questão de ser simpática com a filha.

Estava tratando Claire como se ela não fosse nada além de uma inquilina em sua casa.

A garota desceu do quarto com a cabeça baixa. Sabia que seus pais saberiam que ela não era mais virgem e que isso mudaria tudo, esperava uma reação péssima deles, já estava pronta para isso.

Mas nada iria prepara-la para o que realmente aconteceria naquela tarde, e Claire sequer imaginava como sua vida mudaria a partir daquele dia.

Quando chegou a sala, seus pais estavam sentados a mesa e os papéis ainda estavam fechados a frente deles. Arthur esperou ela sentar e ignorou quaisquer exames de sangue ou coisas assim, indo apenas para os dois exames que mais o interessavam.

Abriu os envelopes rápido e assim que leu os resultados, seu rosto se fechou. Moly pegou os papéis e os leu, começando a chorar no mesmo instante.

“Mãe… Pai… Eu…”, ela tentou falar, mas antes que continuasse, seu pai jogou os exames na cara dela.

“Você é uma vadia! De quem é essa criança?!”, ele gritou, pegando Claire pelos cabelos e a levantando da cadeira. “De quem é essa criança?”

“O quê? Que criança? Pai, por favor…”, não entendia o que ele estava falando, que criança? Ela acreditou que o maior problema era não ser mais virgem, do que seu pai estava falando?

“Que criança? Sua vadiazinha!”, Arthur a jogou no chão, e Claire chorou ainda mais alto. “Além de ter se entregado a qualquer um, ainda está grávida!”

“Arthur, se acalme…”, Moly tentou acalmar o marido, mas o homem parecia ter sangue nos olhos.

“A culpa disso é sua! Você não educou essa menina direito!”, Arthur apontou o dedo para Moly, furioso. “Se você fosse uma boa mulher, ela não seria uma puta!”

Claire estava em choque. Caída no chão com os olhos arregalados, ela levou uma das mãos a barriga. Estava grávida? Grávida? Só havia feito sexo com uma pessoa, Alexander, ele era o pai do seu filho. Mas já não tinha celular, nem sequer havia salvo o número dele, o bilhete havia se perdido… o que faria agora?

“Saia da minha casa!”, Arthur ordenou, pegando Claire do chão e a arrastando para fora. “Você está morta para mim!”

“Mas… pai! Pai, por favor! Não tenho para onde ir! Por favor!”, Claire implorou, chorando a ponto de soluçar.

Estava apavorada, completamente assustada.

“Pensasse nisso antes de se dar pra qualquer um como uma prostituta!”, Arthur gritou, abrindo a porta da frente e a jogando para fora. “Agora se vire! Não quer ser uma puta? Venda seu corpo e se sustente então!”

Claire estava caída no gramado e a última coisa que viu antes de seu pai bater a porta foi sua mãe chorando as costas dele. Moly não fez nada, apenas chorou enquanto seu marido expulsava sua filha.

“Por favor! Não façam isso! Me deixem entrar!”, Claire chorou, ajoelhada na frente da porta, batendo os punhos na madeira enquanto gritava.

Não se importou em atrair a atenção dos vizinhos, mas seus pais também não se importaram, apenas a deixaram lá.

Ela ficou ali, no gramado, por horas, chorando e implorando por seus pais, mas nada adiantou. Quando percebeu que eles realmente não iriam voltar atrás, ela se levantou, ainda chorando, as mãos tremendo e o corpo fraco.

Caminhou até a rua e seguiu para longe, tentando chegar a algum lugar. Não tinha celular, nem nenhum dinheiro. Quando finalmente encontrou uma loja de conveniência, ela entrou no local, olhando para a atendente e pedindo, com voz trêmula:

“Posso… posso usar seu telefone?”

A atendente olhou para ela com desconfiança, mas Claire estava com os olhos tão vermelhos e molhados que foi impossível não sentir pena.

“Claro… Aqui”, a menina lhe entregou o celular.

O único número que lembrava de cabeça era o de Sarah, e não hesitou em ligar para a única amiga que tinha agora.

“Alô?”, a voz de Sarah estava relaxada e havia som de pessoas conversando ao redor, certamente ela estava na faculdade.

“Sarah… preciso de ajuda”, Claire sussurrou, engolindo em seco e tentando não chorar. “Meus pais me expulsaram de casa.”

“O quê? Como assim?”, do outro lado da linha, Sarah correu para seu carro, deixando seus amigos para trás. “Onde você está? Estou indo te buscar!”

“Estou numa conveniência, perto de casa…”, ela sussurrou. “Por favor… me ajuda…”

“Estou indo, me espera aí!”

***

Sarah não demorou nem vinte minutos para chegar, cortou sinais vermelhos, acelerou acima do limite de velocidade e, quando finalmente estacionou a frente da conveniência, viu sua amiga de pé do lado de fora. Claire estava com os olhos inchados, o vestido meio sujo e seu olhar era completamente vazio e sem ânimo.

“Amiga!”, assim que Sarah saiu do carro e a abraçou, Claire começou a chorar de novo. “O que aconteceu? Foi tudo por causa do cara daquela noite?”

“Não foi só isso…”, Claire tentou responder enquanto Sarah a levava para ao carro.

Quando finalmente estavam dentro do veículo, onde ninguém podia vê-las, Claire olhou para a amiga com os olhos molhados.

“Eu… tô grávida, Sarah!”, confessou, como se aquilo ainda fosse uma realidade distante da dela. “Tô grávida…”

“Naquela noite… no Eclipse…”, Sarah começou, chegando a conclusão do que havia acontecido. “Seus pais te expulsaram?”

“Sim! Eu não sei o que fazer… como vou cuidar dessa criança? Não tenho nada! Nem dinheiro, nem nada!”, estava desesperada, agora não era apenas sua vida, havia um bebê, como ela cuidaria dele? “Não sei onde aquele cara está, não tenho nem celular, nem tenho o número dele! O que eu vou fazer sozinha com uma criança?”

“Ei, você não tá sozinha! Nos vamos dar um jeito, vamos cuidar desse feijãozinho e, juntas, vamos fazer isso dar certo, entendeu?”, Sarah segurou as mãos da amiga com força, estava certa de que, juntas, iam conseguir.

“Você… vai me ajudar?”, Claire perguntou, olhando para a amiga com carinho. “Tô com tanto medo…”

“Juntas, vamos fazer isso dar certo! Vamos conseguir.”

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