“Mamãe, o que é um mauricinho?” Theo perguntou enquanto Sarah caminhava até ele, o pegando nos braços e dando um cheirinho em seus cabelos. “Tia não pode bagunçar, se não os amiguinhos da escola não vão gostar de Theo.”
“Mauricinhos são menininhos muito bonitos e fofos”, Claire respondeu para o filho, aproveitando que o menino estava de costas e mostrando o dedo do meio para amiga, que apenas gargalhou.
“Vamos, mocinho, você precisa tomar café e sua mãe precisa se arrumar”, Sarah falou, sentando Theo na cadeirinha dele, que era mais alta para que ele alcançasse a mesa com facilidade. “Claire, você precisa ser pontual hoje, deixei aquele projeto do cliente novo com você, o secretário vai lá marcar a reunião oficial hoje de manhã. Bota uma roupa bonitinha, menina.”
“E eu por acaso sou você que vive malamanhada?”, o tom acusatório seguido do riso fazia parte da dinâmica das duas que se arrastava ao longo dos anos.
Sempre provocavam uma à outra, mas se amavam na mesma intensidade em que implicavam o tempo inteiro. Assim como Claire havia mudado muito naqueles cinco anos, Sarah teve suas próprias mudanças. Ela sempre dizia que finalmente seu glow up havia chegado, seu corpo estava mais cuvelineo graças a academia e seus cabelos, agora curtos e negros, davam mais destaque para seu rosto, com certeza era uma mulher linda.
“Anda ou vai se atrasar!”
Claire praticamente correu para o andar de cima, seus pés descalços tocando o piso de madeira escura apressadamente, quase tropeçando no último degrau, realmente não podia se atrasar.
O banho foi rápido, não tinha tempo para grandes produções vestiu um terninho azul-claro com uma calça de alfaiataria da mesma cor por baixo, uma blusa branca lisa, dois colares finos dourados no pescoço, um com um pingente de flor simples cravejado por pedrinhas rosadas e outro com um T que sempre usava a letra de seu filho. Os cabelos loiros foram soltos e ela deu tudo de si para deixá-los aceitáveis com um babyliss, então formavam algumas ondas descendo até abaixo do meio de sua cintura, depois uma maquiagem leve que consistia apenas em um pouco de base, blush e um batom nude sutil e por fim, escarpins Salmon e pontas finas.
Então, Voialá, deixou de ser uma mãe exausta para uma arquiteta ainda exausta, mas ao menos bonitinha, ao menos foi a conclusão que ela chegou se olhando no grande espelho que havia em seu quarto.
Quando volto para a sala, Theo já havia terminado o café e, assim que a viu, sorriu alegremente.
“Mamãe tá linda, né, tia Sa?”
“Claro que está, uma gatona!”, Sarah respondeu, pondo a mochilinha de Theo nas costas dele, era azul e tinha um grande dinossauro estampado nela.
O garoto era completamente aficcionado por dinossauros.
“Vamos?” Claire perguntou e Sarah empurrou em direção a ela uma vasilhinha com um garfo em cima.
“Café da manhã!”, Sarah avisou, sabendo bem que se não mandasse nada, Claire ficaria sem comer até o meio-dia. “É pra comer!”
”Sim senhora”, resmungou a loira, com um sorriso, pegando na mãozinha do filho e caminhando até a porta.
“Tchau, tia Sa!”
***
Não havia experiência mais particular na maternidade que o sentimento que as mães compartilhavam ao deixar os filhos na escolinha pela primeira vez. Eles ainda pareciam tão pequenininhos, tão frágeis para ficarem sozinhos com tantas crianças sob os cuidados de alguém que a mãe sequer conhecia.
Mas a vida seguia seu curso, bebes não são bebês para sempre, no final.
Ao menos era nisso que Claire se apoiava enquanto dirigia para Flariton, se esforçando para não chorar e borrar a pouca maquiagem que usava. Precisava trabalhar e Theo precisava conviver com outras crianças, mas ainda parecia antinatural deixar seu bebezinho sozinho num lugar com tantas crianças.
“Para com isso, Claire, vai ficar tudo bem!”, ela disse para si mesma.
Cortar o trânsito de Manhattan foi difícil, mas quando estacionou na frente do escritório, viu a placa e sorriu. As janelas já estavam com as cortinas abertas e o prédio já parecia vivo, tinha dois andares e era pintado de branco, a placa com a logo do C&S Arquitetura tinha letras douradas e era preta, tudo monocromático para seguir as tendências do mercado.
Assim que passou pela recepção, ela sorriu para Felipa, a garota que haviam contratado para trabalhar ali. Subiu as escadas de dois em dois degraus até chegar ao corredor que levava as salas e chegar na sua própria lá dentro, Matteo já esperava por ela. Ele era um rapaz jovem, havia começado a cursar arquitetura e Claire se lembrava como se fosse ontem o dia que ele implorou pelo estágio, quase um ano atrás. Quando se formasse, com certeza seria efetivado na equipe.
“Tudo bem, dona Dawson? Parece triste”, Matteo tinha um ótimo olhar e, depois de um ano, já conhecia Claire muito bem.
“Já falei para não me chamar de dona, menino, eu só tenho 28 anos!”, ela reclamou, pela milésima vez, recebendo o café que ele lhe ofereceu. “Deixei meu bebe pela primeira vez na escolinha, coitadinho, nem pude me despedir direito porque tinha que chegar cedo para a reunião com o secretário do novo cliente.”
“Sobre Theo, tenho certeza que ele vai ficar bem, e um menino muito fofinho”, Matteo respondeu, então seu rosto se contorceu numa carranca um pouco insatisfeita. “E, bem, estava te esperando para avisar que o secretário do cliente ligou falando que não viria.”
“Mas que filho da puta!”, xingou enquanto se jogava na cadeira acolchoada.
“Bem, pelo menos deixou a reunião com o CEO e a equipe de desenvolvimento da empresa marcada para daqui há dois dias.”
“Já?! Eu nem sei o nome do cara!”
“Juntei algumas coisas para você, mas o nome do CEO é Alexander”, Matteo falou, deixando alguns papéis na mesa dela. “Alexander Blake.”
Trabalho, muito trabalho. Era isso o que permeava a vida de Alexander pelos últimos meses, talvez até anos. Não estava em seus planos assumir tão cedo os negócios da família, mas a morte de seu pai o levou para aquele caminho e, mesmo que não fosse sua vontade, jamais deixaria o império de seu pai ser arruinado depois de sua morte, era o legado dele e era sua responsabilidade passar adiante. Claro, muito havia mudado, já não era um garoto, agora, aos 31 anos, não tinha muito tempo para fazer o que fazia antes, as festas e bebedeiras se tornaram bem menos frequentes e a mídia atualmente o perseguia em busca de envolvimentos amorosos que não existiam. Uma ficada aqui e ali, mulheres que não se interessavam em saber quem ele era e pelas quais ele não tinha nenhum interesse além do carnal. Assim era mais fácil, combinava com sua rotina. Seus passos eram rápidos pelos corredores do andar presidencial da Blake Enterprises, situado no bairro mais caro de Manhattan, aquele, sem dúvida, er
Alexander finalmente ergueu o rosto e os olhos dos dois se encontraram, o CEO uniu as sobrancelhas por um momento, por que ela o estava encarando daquele jeito? Tinha alguma coisa errada com ele? Será que se conheciam? Ela parecia familiar, mas nada além disso, certo?“Bem, vamos começar?”, falou ele, com os ombros erguidos e um olhar sério. “S…Sim, Claro!”, Claire respondeu. Mas, por dentro, se perguntava como daria seguimento a uma reunião estando de frente para o homem que era o pai de seu filho e que ela não via há cinco anos. ***Foram as duas horas mais longas da vida de Claire. Quem diria que fingir que estava tudo bem enquanto tudo estava um caos era tão difícil? Pelo menos ele parecia não tê-la reconhecido. Não o culpava, na verdade, agradecia ao tempo que deu a ela algumas mudanças. Já não parecia uma menininha inocente como antes, tinha um corpo mais voluptuoso, seus cabelos longos emoldurava um rosto jovem, mas, ao mesmo tempo, maduro. Quando finalmente acabou e Clair
Quando o dia de trabalho finalmente acabou, Alexander se viu sentado no banco de seu carro enquanto seu motorista o levava para casa. Enquanto resolvia os problemas da empresa sua mente estava ocupado, mas no momento em que seus pensamentos se silenciaram, ele se lembrou dos olhos verdes de Claire e de como ela ficou nervosa em sua presença. “Por que tão nervosa?”, era a pergunta que tomava seus pensamentos, mas não era a única, porque uma pergunta quase tão frequente quanto esta lhe dava um comichão em seu peito… Por que ele estava tão interessado?Não sabia explicar, mas se convenceu de que estava apenas buscando uma fuga para sua rotina tão cansativa e, atualmente, sem diversão alguma, apenas um conjunto de problemas para resolver dia após dia. “Não é nada de mais”, resmungou para si mesmo, assim que o carro estacionou na frente da enorme mansão dos Blake. O jardim estava iluminado e as janelas da mansão jogavam para fora as çluzes acesas por toda parte. Alexander suspirou, tinha
“Mamãe sabe o que é melhor para você, filhinho…”, ela insistiu, fazendo um bico e um pouco de drama. “Mas não vou insistir agora, vá descansar um pouco e depois falamos mais sobre isso.”Então, Cora o soltou, caminhando em direção as escadas com um sorriso largo de quem sabia que ia conseguir o que queria. Cedo ou tarde, seu filho cederia a ela. 0***Havia duas coisas que irritavam Alexander ao extremo, a primeira era mentira e a segunda era que se metessem em sua vida, e sua mãe fazia a segunda com frequência. Sequer teve paciência para comer seu jantar, na verdade, ele apenas subiu para seu quarto e tomou um banho bem demorado, em seguida, deitou para dormir. Mas, no lugar do sono, o que veio para ele foi a curiosidade, a estranha aflição de que havia algo para saber. Por isso, pegou seu celular e abriu seu I*******m. Mal usava o aplicativo, tinha uma equipe de marketing que cuidava de suas redes sociais para ele. Clicou na barra de pesquisa e, depois disso, digitou o nome “Claire”
“O CEO… O CEO da Blake Enterprises”, enquanto falava, Claire caminhava em direção ao sofá e se deixava cair no estofado passando as mãos no rosto e subindo para os cabelos, tentando controlar a vontade de chorar e surtar. “Fala logo, mulher!”, Sarah apressou, já quase tão nervosa quanto a amiga parecia estar. “É o Alexander… O CEO da empresa é o pai do Theo!”, cuspiu, olhando para o teto em completo desespero. “Sarah eu não posso ver aquele homem de novo, não posso! E se ele descobrir sobre o meu filho? E se ele tentar tirar o Theo de mim?”As palavras pareciam pular da boca de Claire no mesmo ritmo em que seu coração saltava do peito, furiosamente, milhares de hipóteses surgiam em sua mente, diversas realidades com os piores cenários possíveis, em todos eles ela perdia seu menino. “Q quê?!”, por muito pouco, Sarah não gritou, olhando para as escadas para se certificar que Theo não estava ali. “Você tem certeza que é ele? Ele sabe que você é… Você?”A outra balançou a cabeça algumas
“Bom dia, senhor Blake! Desculpe chegar assim”, iniciou, adiantando suas desculpas para tentar amenizar o humor do chefe. “O escritório de arquitetura já está aguardando o senhor. Mas mandaram uma nova representante hoje.”Por um momento, Alex encarou sua secretária sem entender sequer uma palavra do que ela disse. O escritório trocou o representante? Por quê?“Como assim, Ruby?” a pergunta direta fez a secretária encolher os ombros. “Enviaram outra, senhor…” respondeu, olhando para os próprios pés. “Avise que eu não irei atendê-los, não aceito que troquem o representante depois de já termos iniciado as tratativas do negócio. Ou Claire cuida do projeto, ou iremos procurar outra empresa. Entendeu?” seu tom era frio, claramente impaciente e beirando a rudeza. Odiava mudanças não planejadas, principalmente quando a mudança atrapalhava seus próprios planos. “Sim, senhor!”, Ruby não levou mais tempo do que o necessário para sair da sala, correndo para sua mesa e deixando a agenda antes
O salão principal do Eclipse, o clube mais exclusivo da cidade, estava repleto de pessoas sofisticadas. O som de uma música eletrônica sensual preenchia o espaço, as luzes dançavam em tons de roxo e dourado, enquanto taças de champanhe eram erguidas em meio a risadas abafadas. Claire entrou no ambiente com um passo hesitante, mas determinado.Seu vestido preto de seda brilhava sob as luzes, ajustando-se como uma segunda pele e delineando suas curvas de maneira elegante. As alças finas destacavam seus ombros delicados, e o decote profundo exibia a pele suave e pálida de seu colo. Ela usava brincos pequenos de brilhantes e um colar fino que repousava exatamente no ponto onde sua clavícula se acentuava, um detalhe sutil que atraía olhares.Claire segurava uma taça de champanhe enquanto caminhava ao lado de Sarah, sua melhor amiga, que parecia muito mais à vontade no ambiente.“Relaxa, Claire. Isso não é um tribunal. É só uma festa,” Sarah brincou, apertando de leve o braço da amiga.Clai
Quando o dia amanheceu, Claire abriu os olhos e suspirou, mexendo-se na cama com preguiça. Ainda estava no quarto do Eclipse, e quando voltou a si e se lembrou da loucura que fez na noite anterior, se sentou na cama de súbito e passou as mãos nos cabelos. “Deus, o que eu fiz?!”, a voz de Claire era quase um sussurro, incrédula diante de suas próprias ações. Os flashes da noite anterior ainda estavam vivos em sua mente. Alexander a levou ao ápice do prazer tantas vezes que ela até perdeu a conta, e ela se entregou pela primeira vez a um homem sem que ele soubesse que ela era virgem. Claire não se deu ao trabalho de contar, na verdade, não falaria mesmo se fosse em outra situação, tinha muita vergonha de, aos 23, ainda ser virgem. Ela olhou ao redor e se levantou, ainda estava nua e seu vestido estava jogado no chão ao lado da cama. Tudo estava silencioso e, em cima da mesa de cabeceira, havia um bilhete. “Precisei sair bem cedo. Se quiser falar comigo ou sair de novo, me mande uma