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Capítulo 5: Cinco anos depois - parte 2

“Mamãe, o que é um mauricinho?” Theo perguntou enquanto Sarah caminhava até ele, o pegando nos braços e dando um cheirinho em seus cabelos. “Tia não pode bagunçar, se não os amiguinhos da escola não vão gostar de Theo.”

“Mauricinhos são menininhos muito bonitos e fofos”, Claire respondeu para o filho, aproveitando que o menino estava de costas e mostrando o dedo do meio para  amiga, que apenas gargalhou. 

“Vamos, mocinho, você precisa tomar café e sua mãe precisa se arrumar”, Sarah falou, sentando Theo na cadeirinha dele, que era mais alta para que ele alcançasse a mesa com facilidade. “Claire, você precisa ser pontual hoje, deixei aquele projeto do cliente novo com você, o secretário vai lá marcar a reunião oficial hoje de manhã. Bota uma roupa bonitinha, menina.”

“E eu por acaso sou você que vive malamanhada?”, o tom acusatório seguido do riso fazia parte da dinâmica das duas que se arrastava ao longo dos anos. 

Sempre provocavam uma à outra, mas se amavam na mesma intensidade em que implicavam o tempo inteiro. Assim como Claire havia mudado muito naqueles cinco anos, Sarah teve suas próprias mudanças. Ela sempre dizia que finalmente seu glow up havia chegado, seu corpo estava mais cuvelineo graças a academia e seus cabelos, agora curtos e negros, davam mais destaque para seu rosto, com certeza era uma mulher linda. 

“Anda ou vai se atrasar!”

Claire praticamente correu para o andar de cima, seus pés descalços tocando o piso de madeira escura apressadamente, quase tropeçando no último degrau, realmente não podia se atrasar. 

O banho foi rápido, não tinha tempo para grandes produções vestiu um terninho azul-claro com uma calça de alfaiataria da mesma cor por baixo, uma blusa branca lisa, dois colares finos dourados no pescoço, um com um pingente de flor simples cravejado por pedrinhas rosadas e outro com um T que sempre usava a letra de seu filho. Os cabelos loiros foram soltos e ela deu tudo de si para deixá-los aceitáveis com um babyliss, então formavam algumas ondas descendo até abaixo do meio de sua cintura, depois uma maquiagem leve que consistia apenas em um pouco de base, blush e um batom nude sutil e por fim, escarpins Salmon e pontas finas. 

Então, Voialá, deixou de ser uma mãe exausta para uma arquiteta ainda exausta, mas ao menos bonitinha, ao menos foi a conclusão que ela chegou se olhando no grande espelho que havia em seu quarto. 

Quando volto para a sala, Theo já havia terminado o café e, assim que a viu, sorriu alegremente. 

“Mamãe tá linda, né, tia Sa?”

“Claro que está, uma gatona!”, Sarah respondeu, pondo a mochilinha de Theo nas costas dele, era azul e tinha um grande dinossauro estampado nela. 

O garoto era completamente aficcionado por dinossauros. 

“Vamos?” Claire perguntou e Sarah empurrou em direção a ela uma vasilhinha com um garfo em cima. 

“Café da manhã!”, Sarah avisou, sabendo bem que se não mandasse nada, Claire ficaria sem comer até o meio-dia. “É pra comer!”

”Sim senhora”, resmungou a loira, com um sorriso, pegando na mãozinha do filho e caminhando até a porta. 

“Tchau, tia Sa!”

***

Não havia experiência mais particular na maternidade que o sentimento que as mães compartilhavam ao deixar os filhos na escolinha pela primeira vez. Eles ainda pareciam tão pequenininhos, tão frágeis para ficarem sozinhos com tantas crianças sob os cuidados de alguém que a mãe sequer conhecia. 

Mas a vida seguia seu curso, bebes não são bebês para sempre, no final. 

Ao menos era nisso que Claire se apoiava enquanto dirigia para Flariton, se esforçando para não chorar e borrar a pouca maquiagem que usava. Precisava trabalhar e Theo precisava conviver com outras crianças, mas ainda parecia antinatural deixar seu bebezinho sozinho num lugar com tantas crianças. 

“Para com isso, Claire, vai ficar tudo bem!”, ela disse para si mesma. 

Cortar o trânsito de Manhattan foi difícil, mas quando estacionou na frente do escritório, viu a placa e sorriu. As janelas já estavam com as cortinas abertas e o prédio já parecia vivo, tinha dois andares e era pintado de branco, a placa com a logo do C&S Arquitetura tinha letras douradas e era preta, tudo monocromático para seguir as tendências do mercado. 

Assim que passou pela recepção, ela sorriu para Felipa, a garota que haviam contratado para trabalhar ali. Subiu as escadas de dois em dois degraus até chegar ao corredor que levava as salas e chegar na sua própria lá dentro, Matteo já esperava por ela. Ele era um rapaz jovem, havia começado a cursar arquitetura e Claire se lembrava como se fosse ontem o dia que ele implorou pelo estágio, quase um ano atrás. Quando se formasse, com certeza seria efetivado na equipe. 

“Tudo bem, dona Dawson? Parece triste”, Matteo tinha um ótimo olhar e, depois de um ano, já conhecia Claire muito bem. 

“Já falei para não me chamar de dona, menino, eu só tenho 28 anos!”, ela reclamou, pela milésima vez, recebendo o café que ele lhe ofereceu. “Deixei meu bebe pela primeira vez na escolinha, coitadinho, nem pude me despedir direito porque tinha que chegar cedo para a reunião com o secretário do novo cliente.”

“Sobre Theo, tenho certeza que ele vai ficar bem, e um menino muito fofinho”, Matteo respondeu, então seu rosto se contorceu numa carranca um pouco insatisfeita. “E, bem, estava te esperando para avisar que o secretário do cliente ligou falando que não viria.”

“Mas que filho da puta!”, xingou enquanto se jogava na cadeira acolchoada. 

“Bem, pelo menos deixou a reunião com o CEO e a equipe de desenvolvimento da empresa marcada para daqui há dois dias.”

“Já?! Eu nem sei o nome do cara!”

“Juntei algumas coisas para você, mas o nome do CEO é Alexander”, Matteo falou, deixando alguns papéis na mesa dela. “Alexander Blake.”

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