O céu era limpo e azul acima das nuvens, e o som constante dos motores do jatinho preenchia o interior da aeronave com um ruído confortável. Após a tempestade dos últimos dias, aquela viagem de volta para Manhattan parecia quase surreal.Theo estava enroscado entre os pais, com a cabeça apoiada na barriga de Claire e os pezinhos esticados sobre a coxa de Alexander, ele não falava muito, mas seus olhos estavam mais tranquilos agora, mesmo com o resquício de medo ainda presente em seus traços delicados.Claire acariciava os cabelos castanhos do filho com dedos leves, olhando para Alexander por cima da cabeça do menino. Ele também a encarava, os olhos dizendo tudo o que ainda não haviam conseguido verbalizar.“Tá tudo bem, meu amor. A gente tá indo pra casa”, murmurou Claire, beijando a testa de Theo.O menino assentiu devagar, apertando os olhos por um segundo como se tentasse segurar as lágrimas.“Eu sonhei com a vovó ontem. Ela tava diferente… sorrindo”, disse com a voz baixinha. “Ela
Nuvens espessas cobriam Manhattan naquela manhã, como se até o tempo respeitasse o luto da família Blake. Um vento frio soprava por entre os túmulos do cemitério particular onde os Blake costumavam enterrar seus entes queridos, discreto, elegante, afastado de tudo e de todos.Claire ajeitou o casaco preto sobre os ombros enquanto caminhava de mãos dadas com Theo. O menino estava sério, com os olhinhos fixos no chão de pedra e as bochechas rosadas pelo vento. Não havia perguntas, não havia medo, apenas silêncio.Alexander já estava parado ao lado do caixão, com as mãos cruzadas à frente do corpo. O rosto estava impassível, os olhos escuros mergulhados em algo que ninguém conseguia alcançar. Eleanor estava logo atrás dele, os braços entrelaçados ao de Sarah, e embora tentasse manter a compostura, a expressão dela estava devastada.Ao longe, Becky estava de pé, ao lado de sua mãe, apesar de toda confusão, ela tinha uma relação boa com Cora, e não podia não sentir a perda da mulher. Não s
Três meses depoisO restaurante era discreto, aconchegante e charmoso, no alto de um prédio em Manhattan. As luzes baixas refletiam nas taças de vinho e a música ao fundo criava uma atmosfera leve, íntima, quase como se o mundo lá fora não existisse por algumas horas.Claire ajeitou a alça do vestido enquanto ria de alguma piada que Alexander acabara de fazer. O som da risada dela foi acompanhado pela de Sarah e Elanor, que estavam sentadas do outro lado da mesa, mais próximas do sofá estofado em veludo azul. A mesa redonda deixava tudo mais íntimo. Quatro taças, pratos quase vazios e sorrisos mais sinceros do que qualquer outro momento nos últimos tempos.“Eu ainda não acredito que a gente tá aqui”, Claire disse, olhando ao redor com um sorriso emocionado. “Depois de tudo… parece um sonho.”“É real”, Alexander respondeu, apoiando a mão na dela. “E merecido.”A empresa ia melhor do que nunca, o escritório de Claire e Sarah tinham grandes contratos e parecia que a vida finalmente havia
O salão principal do Eclipse, o clube mais exclusivo da cidade, estava repleto de pessoas sofisticadas. O som de uma música eletrônica sensual preenchia o espaço, as luzes dançavam em tons de roxo e dourado, enquanto taças de champanhe eram erguidas em meio a risadas abafadas. Claire entrou no ambiente com um passo hesitante, mas determinado.Seu vestido preto de seda brilhava sob as luzes, ajustando-se como uma segunda pele e delineando suas curvas de maneira elegante. As alças finas destacavam seus ombros delicados, e o decote profundo exibia a pele suave e pálida de seu colo. Ela usava brincos pequenos de brilhantes e um colar fino que repousava exatamente no ponto onde sua clavícula se acentuava, um detalhe sutil que atraía olhares.Claire segurava uma taça de champanhe enquanto caminhava ao lado de Sarah, sua melhor amiga, que parecia muito mais à vontade no ambiente.“Relaxa, Claire. Isso não é um tribunal. É só uma festa,” Sarah brincou, apertando de leve o braço da amiga.Clai
Quando o dia amanheceu, Claire abriu os olhos e suspirou, mexendo-se na cama com preguiça. Ainda estava no quarto do Eclipse, e quando voltou a si e se lembrou da loucura que fez na noite anterior, se sentou na cama de súbito e passou as mãos nos cabelos. “Deus, o que eu fiz?!”, a voz de Claire era quase um sussurro, incrédula diante de suas próprias ações. Os flashes da noite anterior ainda estavam vivos em sua mente. Alexander a levou ao ápice do prazer tantas vezes que ela até perdeu a conta, e ela se entregou pela primeira vez a um homem sem que ele soubesse que ela era virgem. Claire não se deu ao trabalho de contar, na verdade, não falaria mesmo se fosse em outra situação, tinha muita vergonha de, aos 23, ainda ser virgem. Ela olhou ao redor e se levantou, ainda estava nua e seu vestido estava jogado no chão ao lado da cama. Tudo estava silencioso e, em cima da mesa de cabeceira, havia um bilhete. “Precisei sair bem cedo. Se quiser falar comigo ou sair de novo, me mande uma
A recepção da clínica onde a família de Claire se consultava estava cheia, mas Moly não se importou com isso, apenas passou na frente de todas as outras pessoas, arrastando Claire pelo braço e parou na frente da recepcionista.“Quero um horário com a Doutora Gupy, agora mesmo”, disse Moly, não se importando em dar bom dia para a recepcionista. “Senhora, qual seu nome?”, perguntou a mulher, um pouco a contragosto. “Preciso ver se ela terá disponibilidade e…”“Moly Dawson”, a mulher disse, direta.Ao lado dela, Claire se mantinha de cabeça baixa e ombros encolhidos. Mal havia dormido, depois que passou mal, sua mãe a mandou para o quarto e ela não comeu nada, mas também não teve fome. Como teria?Ouviu seus pais brigando durante a madrugada, seu pai acusava sua mãe de ser a culpada, de não tê-la educado direito, e sua mãe se desculpava e dizia que estava fazendo seu melhor. E Claire apenas chorava em seu quarto, apavorada, sem saber o que estava acontecendo. Quando amanheceu, assim
A manhã veio e passou muito rápido, e quando o meio dia chegou Claire estava completamente sem fome. Se sentia enjoada, estava com sono, mas assim que seu pai chegou, sua mãe entrou em seu quarto. “Desça, seu pai chegou com o resultado dos exames”, Moly, mais uma vez, não fez questão de ser simpática com a filha. Estava tratando Claire como se ela não fosse nada além de uma inquilina em sua casa. A garota desceu do quarto com a cabeça baixa. Sabia que seus pais saberiam que ela não era mais virgem e que isso mudaria tudo, esperava uma reação péssima deles, já estava pronta para isso. Mas nada iria prepara-la para o que realmente aconteceria naquela tarde, e Claire sequer imaginava como sua vida mudaria a partir daquele dia. Quando chegou a sala, seus pais estavam sentados a mesa e os papéis ainda estavam fechados a frente deles. Arthur esperou ela sentar e ignorou quaisquer exames de sangue ou coisas assim, indo apenas para os dois exames que mais o interessavam. Abriu os envelo
O sono da manhã é sempre o mais gostoso, aqueles últimos minutos depois que o sol já nasceu e que o dia está prestes a começar. Normalmente, são nesses momentos em que somos acordados para iniciar um novo dia. “Mamãe…”, a vozinha manhosa e fofa chegou aos sonhos de Claire bem sutilmente, quase como um som de fundo que não chamava muita atenção. “Mamãe… Acorda!”, dessa vez, junto a voz, um pequeno empurrãozinho a fez resmungar. “Mamãe, é o primeiro dia na escolinha!”Então, ela se sentou de uma vez só na cama, abrindo os olhos de súbito e olhando ao redor sem conseguir assimilar muita coisa, como uma máquina que inicia de forma abruta, funcionando de forma meio defeituosa, sem assimilar de fato o que acontecia ao seu redor. “Mamãe, assim vamos chegar tarde!”, dessa vez, a voz fina e manhosa foi acompanhada pelo rostinho da criatura que ela mais amava no mundo. O garotinho de cabelos negros e olhos azuis pulou sobre a cama, engatinhando pelos lençóis até se aconchegar em seu colo, se