Capítulo 3: Exames

A recepção da clínica onde a família de Claire se consultava estava cheia, mas Moly não se importou com isso, apenas passou na frente de todas as outras pessoas, arrastando Claire pelo braço e parou na frente da recepcionista.

“Quero um horário com a Doutora Gupy, agora mesmo”, disse Moly, não se importando em dar bom dia para a recepcionista.

“Senhora, qual seu nome?”, perguntou a mulher, um pouco a contragosto. “Preciso ver se ela terá disponibilidade e…”

“Moly Dawson”, a mulher disse, direta.

Ao lado dela, Claire se mantinha de cabeça baixa e ombros encolhidos. Mal havia dormido, depois que passou mal, sua mãe a mandou para o quarto e ela não comeu nada, mas também não teve fome.

Como teria?

Ouviu seus pais brigando durante a madrugada, seu pai acusava sua mãe de ser a culpada, de não tê-la educado direito, e sua mãe se desculpava e dizia que estava fazendo seu melhor.

E Claire apenas chorava em seu quarto, apavorada, sem saber o que estava acontecendo.

Quando amanheceu, assim que o consultório abriu, sua mãe a arrastou de casa até ali. Não houve conversa, sem palavras, apenas a arrancou do quarto, mandou que Claire colocasse uma roupa e saíram.

Agora, enquanto a recepcionista encaixava sua consulta no próximo horário, tudo o que Claire queria era fugir.

“Prontinho, a doutora Gupy está esperando por vocês”, a recepcionista falou, indicando o corredor.

“Vamos, menina”, Moly puxou Claire pelo braço e, juntas, entraram no consultório.

“Bom dia, meninas, o de sempre?”, Gupy perguntou, já conhecia as duas mulheres, afinal, Moly trazia a filha para consultas com frequência.

A médica era uma senhora de meia-idade, tinha cabelos grisalhos, usava óculos e um jaleco branco.

“Bom dia, doutora. O de sempre, todos os exames, Claire andou aprontando ultimamente”, Moly falou, empurrando a filha na cadeira. “E ontem passou mal no jantar.”

“Certo”, a doutora começou a anotar os pedidos dos exames. “Está sentindo alguma coisa, Claire?”

“Ela tem estado muito calada e dormido bastante nas últimas duas semanas”, Moly respondeu pela filha.

“Certo, aqui estão os pedidos para os exames, amanhã os resultados estarão prontos”, Gupy falou, sem mais perguntas.

Sabia que Moly não deixaria Claire falar, então não adiantava fazer perguntas a menina, ela não iria responder.

Moly pegou os papéis com grosseria, puxando a filha para cima novamente e saindo pela porta,decidida a fazer esses exames o mais rápido possível.

“Espero não descobrir nada, garota!”, ameaçou, furiosa.

“Não vai descobrir nada, mãe…”, Claire respondeu, chorosa.

As duas foram para o consultório e Claire fez diversos exames, inclusive exames de sangue e até um teste de gravidez. O último exame foi uma consulta com um ginecologista, era um exame visual para saber se ela ainda era virgem.

Por sorte, sua mãe não foi permitida a entrar na sala, mas Claire sabia que isso não a livraria do resultado.

“Senhorita Claire, é isso, não é?”, perguntou o médico.

“Isso mesmo”, Claire respondeu um pouco envergonhada, sem olhar para ele.

“Veja, se for sincera, não precisamos fazer o exame”, o doutor disse. “Você ainda é virgem? Sua mãe solicitou o exame, minha colega me disse, mas imagino que seja muito constrangedor para uma moça de sua idade.”

“É constrangedor sim…”, ela respondeu, ainda sem erguer os olhos. “Não sou… perdi há… bem… duas semanas atrás.”

“Certo, obrigada pela sinceridade”, ele agradeceu, anotando em seus papéis. “Vou precisar informar isso a sua mãe, Gupy explicou a situação, as duas parecem ser conhecidas antigas. Mas se precisar de alguma instrução, pode vir até mim, certo?”

“Sim, doutor”, Claire sussurrou. “Obrigada.”

***

Do outro lado da cidade, no aeroporto, os passos firmes de Alexander escoavam pelo corredor pouco movimento. A entrada para a pista particular onde seu jatinho o esperava era restrita, utilizada apenas para aqueles que tinham dinheiro suficiente para pagar a partida e chegada de seus voos particulares ali.

Apesar de sério como sempre, vestido em seu terno bem alinhado e com óculos escuros que ocultavam-lhe os olhos, quem o conhecesse bem notaria o quão distraído estava, não havia como não notar.

Não prestava atenção em seu caminho, parecia completamente desinteressado em sua secretária, uma moça jovem e muito bem vestida que tagarelava sua agenda de reuniões para a próxima semana, e segurava com força algo em sua mão livre.

“Quando chegarmos à minha casa, mande tudo o que disse por e-mail”, ele disse, sem rodeios, fazendo a mulher se silenciar no mesmo instante.

“Sim senhor”, respondeu ela, apressando o passo para o acompanhar.

Não levaram mais que alguns minutos para entrar no jatinho e, assim que o fizeram, Alexander tomou seu lugar rapidamente e, finalmente, parou para observar o que tinha nas mãos.

Não entendia porque ela não havia ligado, se perguntava se não havia gostado como ele gostou, ou se, como ele mesmo naquela noite, procurava apenas uma aventura.

Não… Aquela hipótese parecia impensável, afinal, uma mulher como ela não parecia em busca de aventuras. Na verdade, ela parecia deslocada no Eclipse, como uma rosa num jardim onde ela era a única flor.

“Então por que não ligou”, as pergunta saiu de seus lábios enquanto observava o pequeno brinco em sua mão, havia levado consigo apenas um deles, como uma pequena lembrança de que a noite foi real.

Por algum motivo, aquela mulher não saia de sua cabeça desde então e, agora, ele não tinha nada dela além daquela joia que Alexander lembrava bem combinar perfeitamente com seus belos olhos.

“Ainda vou te encontrar de novo, garota…”

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