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Capítulo 5: Cinco anos depois - parte 1

O sono da manhã é sempre o mais gostoso, aqueles últimos minutos depois que o sol já nasceu e que o dia está prestes a começar. Normalmente, são nesses momentos em que somos acordados para iniciar um novo dia. 

“Mamãe…”, a vozinha manhosa e fofa chegou aos sonhos de Claire bem sutilmente, quase como um som de fundo que não chamava muita atenção. “Mamãe… Acorda!”, dessa vez, junto a voz, um pequeno empurrãozinho a fez resmungar. “Mamãe, é o primeiro dia na escolinha!”

Então, ela se sentou de uma vez só na cama, abrindo os olhos de súbito e olhando ao redor sem conseguir assimilar muita coisa, como uma máquina que inicia de forma abruta, funcionando de forma meio defeituosa, sem assimilar de fato o que acontecia ao seu redor. 

“Mamãe, assim vamos chegar tarde!”, dessa vez, a voz fina e manhosa foi acompanhada pelo rostinho da criatura que ela mais amava no mundo. 

O garotinho de cabelos negros e olhos azuis pulou sobre a cama, engatinhando pelos lençóis até se aconchegar em seu colo, seu eterno bebezinho que parecia ficar ainda maior a cada dia. Já era um rapazinho, como ela gostava de dizer, e hoje era o seu primeiro dia na nova escolinha.

Pela janela do apartamento, Claire já podia ver a grande cidade de NY se erguendo. Havia uma imensa vantagem em morar em Upper West side, apesar de ser um pouco caro, nada pagava a vista que ela tinha para o Central Park todas as manhãs. Morar em Manhattan era custoso demais, mas para a área em que ela trabalhava, não havia lugar melhor em NY. 

“Está bem, está bem, já acordei”, sussurrou, ainda com a voz rouca de sono, se abaixando e enchendo o rosto de Theo de beijinhos. “Vamos arrumar você.”

“A tia Sa já acordou, ela já fez o café da manhã. Sabia que ela fez panquecas de dinossauro pra comemorar que vou para a escolinha?”

“Sério? Então, precisamos te arrumar rapidinho para você poder comer as panquecas de dinossauro da tia Sarah”, enquanto falava aquilo, com a expressão mais empolgada que poderia fazer tão cedo, se levantou trazendo Theo para seu colo. 

Às vezes se esquecia que ele já tinha cinco anos, o tempo passava rápido demais e as coisas mudavam ainda mais depressas quando se era mãe. Cinco anos atrás, ela não tinha nada, agora seu bebe estava enorme e ela e sua amiga tinham um escritório no bairro Flatiron, que além de lindo, era bastante acessível aos clientes que tinham. 

Ainda não tinham uma grande cartela de clientes, mas, pouco a pouco, a C&S arquitetura ia construindo seu nome no ramo. Já tinham até um estagiário, quem diria? 

Ainda pensava em seus pais às vezes, mas desde que eles a expulsaram de casa, nunca mais teve contato com nenhum dos dois por escolha própria. Poderia ter procurado por eles, mas nunca sentiu vontade de fazer isso, tinha medo que rejeitassem Theo, que fizessem seu menino sofrer. 

E ele era uma criança tão boa, tão adorável… Qualquer possibilidade de vê-lo triste doía seu coração de mãe. 

“Vamo, vamo!”, Theo apressou, se debatendo levemente até que Claire o soltasse, apenas para correr para o banheiro. 

“Já estou indo, rapazinho!”

Era assustador para ela como ele parecia com o pai, era como ver uma pequena cópia de Alexander. Aquela era a única coisa que ela sabia sobre ele, o nome. Nunca encontrou seu contato, também nunca se esforçou para procurar. Sarah nunca foi a favor dela precisar lidar com a criação de Theo sozinha, mas se não pode confiar em seus pais, como confiaria em um homem com quem só esteve por uma noite? Era melhor que ele não soubesse. 

Quando chegou ao banheiro, Theo já estava dentro da banheira que se enchia de água devagar. Ele sempre foi uma criança bastante independente no que podia ser, era mesmo um rapazinho pequeno e fofo. 

“Mamãe, você vai me levar na escolinha?”, perguntou o menino, enquanto Claire se ajoelhava à frente da banheira para desligar as torneiras e começar a ajudá-lo no banho. 

“Claro que vou”, confirmou, com um grande sorriso. “Vamos tirar uma foto bem bonita antes de você ir, para por no álbum!”

Sarah e ela criaram a tradição de sempre colocar momentos importantes no álbum da família, o álbum que começaram a criar quando Theo nasceu. 

“Eba!”, o menininho gritou, erguendo as mãozinhas e rindo animado. “Espero fazer amiguinhos.”

“Você vai, meu amor”, dito isto, Claire pegou a toalha e o puxou para cima, pousando o garotinho no tapete e o enrolando na toalha. “Muitos!”

Theo apenas sorriu e balançou a cabeça empolgado, então segurou na mão da mãe e os dois foram para o quarto dele. Claire o vestiu com toda dedicação, sempre enviou Theo muito bem arrumado para todos os lugares, tinha pavor de que julgassem seu filho, já que ela mesmo era muito julgada por ser mãe solteira. Nunca quis que nada disso respingasse em seu garotinho. 

Quando desceram as escadas, ela ainda estava de pijama, mas Theo usava uma calça similar a algo como alfaiataria e uma blusa azul de mangas longas, os cabelos negros estavam penteados para trás e os sapatinhos brancos faziam barulho enquanto ele descia os degraus, saltitante. 

“Sua mãe sempre vestindo você como um mauricinho”, Sarah falou rindo, provocando a amiga. 

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